Autor: Filomena Marta
Fonte:
http://animasentiens.com/vamos-mudar-ideias-sr-presidente-marcelo-rebelo-sousa
Estávamos em 2013, mais propriamente em Janeiro desse ainda não muito distante ano, pelo menos não tão distante que nos leve a esquecer palavras (mal)ditas. (1)
Estava instalada a polémica sobre a exigência da morte de um cão por ter mordido uma criança pequena em circunstâncias obscuras e mal explicadas, cheias de contradições, numa questão que infelizmente terminou na tragédia da morte da criança. Vai daí, algumas pessoas incivilizadas e desinformadas desataram aos berros a clamar pela morte do cão.
Factos. A criança muito pequena entrou numa cozinha às escuras onde o cão dormia, tropeçou no cão e o animal reagiu instintivamente mordendo. O cão era (é) um animal de potente força mandibular. A criança era muito pequena e supostamente a mordida foi na zona do crânio. A autópsia não foi conclusiva sobre ferimentos derivados de mordedura de um cão, mas sim por traumatismo craniano. O animal, quando foi retirado pelas autoridades para ser lançado para um canil tão abjecto como são os canis municipais, demonstrou uma atitude submissa e dócil. Enquanto muitos clamavam histericamente pela morte do cão, alguns mantiveram a inteligência e consciência intactas e fizeram tudo ao seu alcance para travar a morte do cão. O cão, felizmente, foi salvo e entregue à guarda de uma Associação de Protecção Animal.
Mais factos. Milhares de cães e gatos (e uma imensidão de animais selvagens e de criação) são diariamente espancados, abusados e vítimas das mortes mais requintadamente terríveis, em actos perpetrados por humanos, sem que haja qualquer comoção e castigo.
Ainda mais factos. Na supradita data dois indivíduos com voz activa como comentadores de televisão diziam, com as devidas diferenças de vocábulos entre o boçal e o erudito, que “o ser humano mais asqueroso/hediondo vale mais do que o animal mais amado”. O autor do “asqueroso” é o igualmente Daniel Oliveira. O autor do “hediondo” é o senhor que hoje é Presidente desta nossa triste República e que, espantemo-nos, recebeu de presente da Força Aérea um cachorro Pastor Alemão de 3 meses!
Ao princípio pensei que teria sido a Força Aérea a cometer um deslize ao oferecer um cão a quem tem em tão rudimentar conta um animal, mas depois disseram as notícias que tal surgira da vontade demonstrada pelo Presidente em ter um cão. Por que será, é um mistério. Porque Obama também tem? Porque as Casas Reais geralmente têm vários animais de estimação? As dúvidas sobre as nobres intenções desta “adopção” são obviamente muitas e justificadas pela barbaridade já dita.
Será para ficar bem “na fotografia”? Ou será que este homem, que até é inteligente (e a quem relutantemente dou o benefício da dúvida, aceitando que é um Ser Humano imperfeito como todos os outros e que pode dizer coisas impensadas – não retiradas de contexto, como alguns já tentaram aventar, pois basta aceder à gravação do programa -, destituídas de sensatez) vai mudar de ideias? Será que o Sr. Presidente vai aprender que o animal mais amado vale mesmo muitíssimo mais do que o “ser humano mais hediondo”?
Sim, porque seres humanos hediondos não são seres humanos, são coisas que andam a poluir o planeta e a gastar oxigénio e água preciosos. São pedófilos (pior do que isso, são monstros que violam bebés!), são assassinos em série, são escória sem humanidade ou sentimentos. Qualquer cão, mesmo o mais sarnento, vale mais do que essas criaturas deformadas. O animal mais amado, então, não tem sequer comparação.
Mas nem é preciso ir tão longe. O animal mais amado vale tantas vezes mais do que o vulgar vizinho malformado e sem carácter.
E então? Vamos mudar de ideias, Sr. Presidente Marcelo Rebelo de Sousa?!
Vai o pequeno Asa dar-lhe asas para outros voos de consciência?
(1)
http://animasentiens.com/duplamente-triste
http://animasentiens.com/tragedia-bebe-cao-beja
http://animasentiens.com/desilusao
http://animasentiens.com/humanos-asquerosos
Esta manhã, ao pretender ouvir as notícias do dia, fui surpreendida ao ler em letras garrafais (mas muito garrafais) no rodapé, na TVI24 “Marcelo Presidente”…
O quê???? As eleições já se realizariam? Dormi durante três dias, e hoje será segunda-feira, dia 25 de Janeiro?
Tive de averiguar.
Mas não. Hoje é sexta-feira, dia 22 de Janeiro.
Que susto! Que alívio!
Pensei que tivesse perdido a oportunidade de não votar em quem a comunicação social quer que os Portugueses votem.
Assim, descaradamente. À margem da Ética jornalística. Por encomenda.
A manipulação é demasiado evidente. Vergonhosa.
A imparcialidade é escandalosa.
A Democracia em Portugal terá sido substituída pela Prelocracia, ou seja, pelo governo da imprensa?
É triste reconhecer que quem governa realmente Portugal não é o povo. Mas os lobbies a quem governantes e órgãos de comunicação social se vergam descaradamente.
A verdade é que Marcelo, de todos os candidatos, é o mais popular, o mais conhecido, porque andou anos a fazer campanha política na TVI. Mas isso não significa que Marcelo seja PR antes das eleições, até porque em todas as sondagens online, Marcelo está atrás de Sampaio da Nóvoa.
Não haverá nenhum português que não conheça os tremoços, mas isso não significa que os tremoços sejam a iguaria mais presente na mesa dos portugueses.
Nem tudo o que reluz é ouro.
A campanha eleitoral pecou pela imparcialidade dos jornalistas.
Perguntas cruciais que deveriam ter sido feitas aos candidatos não foram feitas.
Um candidato a qualquer cargo público deveria comportar-se na campanha do mesmo modo que se comportaria se já tivesse sido eleito e já ocupasse esse cargo.
O que se viu foi muita imposturice. Atitudes muito popularuchas que, uma vez ocupado o Palácio de Belém não se repetirão, porque quem o ocupar será o Presidente da República, e não o candidato que quer ser o Presidente da República, e para isso faz qualquer coisa para enganar o povo, como engraxar sapatos na praça pública, andar de comboio, comer e beber nas tascas…
Faria tal coisa depois de eleito?
Mas a imposturice não foi transversal a todos os candidatos. Nem sequer as atitudes popularuchas. Houve quem se apresentasse num jeito popular, mas genuíno. E isso não é defeito É feitio. Se serve ou não para ocupar palácios… é outra história.
Só espero que o Povo Português não vá atrás das fanfarronices de fanfarrões, e saiba distinguir o trigo do joio, para que não tenhamos no palácio de Belém o bobo de uma corte que já não é corte.
Está nas mãos do eleitorado português votar no candidato que mais lhe parece conveniente, e não naquele que a comunicação social elegeu antes das eleições.