Como? Não, não é cozinhar um pato, até porque adoro patos a deslizar nas águas, e não nos pratos.
É fazer um pato, um acordo, a condizer com o acordo ortográfico de 1990.
É que se há quem apresente fatos em vez de factos (do Latim factum), e atos, em vez de actos (do Latim actus) porque não se há-de fazer um pato em vez de um pacto (do Latim pactum)?
É que nunca entendi os critérios que levaram os acordistas a substituírem facto por fato (e não me venham dizer que é apenas no Brasil, porque não é) e acto (do Latim actus) por ato (do verbo atar) mas não fazem patos. Porquê isto…assim…? Apenas porque sim?
Se praticamos um ato, por que não fazer um pato?
E é esse pato que venho propor.
Estão a ver esta imagem? Conseguem ver como as Línguas Inglesa, Alemã e Francesa estão bem aplicadas?
Mas se repararmos no Benvindo que o Intermarché utilizou para, alegadamente, se expressar em Língua Portuguesa, espalhou-se ao comprido.
Isto lido assim à letra, significa que apenas quem se chama BENVINDO (nome próprio de homem) é welcome, willkommen e bienvenue ao hipermercado. Conclusão: como eu não me chamo Benvindo, não fui fazer compras ao Intermarché.
Mas não é isso que importa. O que importa é que quem fez o cartaz, sabe como se escreve bem-vindo nas outras línguas, mas não sabe bem-receber, ou seja, escrever bem-vindo em Língua Portuguesa. E os Ingleses, Alemães e Franceses (bem) recebem como deve ser. E nós não. Vejam se os Alemães têm peneiras contra consoantes duplas. Mas se willkommen fosse uma palavra portuguesa, já estaria reduzida a wilkomen, para facilitar a vida aos cabeças-duras.
E já vi pior: Já vi no site de um Hotel, na Internet, um BEMVINDO assim… muito escarrapachado, como se fosse uma preciosidade linguística.
E isto não será grave? Não é gravíssimo?
É que a política acordista do corta os hífens aplica-se à balda. Aliás, tudo no AO90 se aplica à balda. Cada um escreve como calha, como quer, como lhe dá na real gana, a começar pelos governantes, cujos textos são um autêntico monumento à ignorância da Língua (Oficial) Portuguesa (e não estou apenas a referir-me à ortografia acordista, refiro-me também á ortografia não alterada que poucos dominam).
Posto isto, regressemos ao pato.
Os senhores governantes permitem-me que eu, na qualidade de ex-professora de Língua Portuguesa, vá à Assembleia da República ditar-vos um texto escrito inteiramente segundo as regras do AO90?
E o que proponho para o pato é o seguinte: se todos os deputados derem zero erros no ditado, isto é, se todos escreverem corretamente ("currêtâment") conforme a ortografia acordizada, eu deponho as armas, e dar-me-ei por vencida.
Mas como estou convencida de que a esmagadora maioria, se não a totalidade dos senhores deputados, darão montes de erros ortográficos, ao aplicarem o AO90, que querem IMPINGIR-NOS a todo o custo, ao custo da perda da nossa própria IDENTIDADE, eu proponho que mandem às malvas o AO90, reponham a Língua Portuguesa nas escolas, devolvam a Portugal a sua dignidade de País livre e soberano, e com a vossa escrita façam o que quiserem, uma vez que não conseguem escrever correCtamente.
Querem e gostam de escrever mal, escrevam. Mas não pretendam que os Portugueses embarquem nesse barco furado que é o AO90, nomeadamente as crianças a quem estão a enganar cobardemente.
Ou então não fazem o ditado que sugiro, e decidem, uma vez por todas, acabar com esta fantochada do AO90, esta escrita à balda, que está a generalizar-se.
E um Povo que não sabe escrever é simplesmente analfabeto ou semianalfabeto.
Aceitam fazer este pato comigo? Aceitam este desafio?
Aguardo uma resposta. Não uma resposta directa, obviamente. Mas uma ATITUDE firme e honesta acerca deste triste e pobre episódio da nossa História recente: a substituição de uma Língua íntegra (por uma Língua também é a sua GRAFIA) por um arremedo ortográfico estrangeirado, que nos esmaga a identidade.
Isabel A. Ferreira
Com o objectivo de colaborar e apoiar as iniciativas que os “bombeiros” voluntários de Elvas realizam, o Intermarché adquiriu cem acessos para o Festival Taurino a decorrer na arena da tortura.
Os bilhetes comprados pelo Intermarché vão ser distribuídos pelos clientes numa promoção criada para este efeito.
BOICOTE TOTAL AO
Senhores responsáveis pelo INTERMARCHÉ:
Fiquei bastante estupefacta com o facto de a vossa empresa estar a apoiar expressamente um "espectáculo" de horror e tortura, absolutamente contra a corrente dominante de um numeroso grupo de consumidores que se preocupam não só com as vossas políticas ambientais e de responsabilidade social, mas também com factores relacionados com o bem-estar animal.
Deste modo, resta-me lamentar o facto de ver uma empresa como a INTERMARCHÉ (onde não mais colocarei os meus pés, e como eu muitas outras pessoas) sujeitar-se a boicotes de consumidores, pelo facto de apoiar a to9rtura de Bovinos, em pleno século XXI, contra toda a evidência imparável da evolução necessária e inerente a um país em que apenas uma minoria (mesmo muito minoria...) inculta e ignorante persiste em perpetuar uma prática que horroriza, é negada e afasta 97% dos seus concidadãos.
Agradeço, a vossa tomada de consciência e afastamento de futuros eventos como este da Tourada dos “bombeiros” de Elvas.
Enquanto não o fizerem o boicote á vossa empresa continuará.
Isabel A. Ferreira