Copyright © Isabel A. Ferreira 2008
Um dia, decidi escrever uma trilogia de contos que dediquei a meninos que existiram na vida real e de comum tiveram uma Infância Perdida.
A primeira história intitulei-a de A História Fantástica de Pepino, porque realmente fantástica foi a vida na qual me baseei, daquele menino de rua que um dia, lá muito atrás, ao início de uma tarde de Verão, encontrei a deambular pela Avenida de Roma, em Lisboa. O menino aproximou-se de mim. Tinha fome. Disse-me. Precisava de comprimidos para dormir, porque, quando dormia, não precisava de comer. Pediu-me para ir comprá-los à farmácia.
O pai estava preso, e a mãe internada no hospital, com uma doença grave. Vivia sozinho há algumas semanas, num dos bairros de lata que circundavam a cidade. Passei toda aquela tarde com ele, num snack-bar, onde, enquanto comeu o que quis, me contou a sua história, cheia de sonhos que nunca viria a realizar…
À segunda história dei o título de Era uma vez… Um menino sem vez... Esta história cresceu em mim, depois de ter visto na televisão, em Setembro de 1999, a fuga de um grupo de timorenses para as montanhas, por ocasião do grande massacre que então ocorreu em Timor. Nesse grupo, ia um menino que caiu num buraco, e aquela imagem, que passou na televisão vezes sem conta, impressionou-me. E imaginei, então, como seria a vida de um menino timorense, num cenário de invasão de território. Um menino a quem os homens não deram vez. Nem todos os meninos têm vidas alegres, como vós, nem todas as histórias acabam bem…
O Anjelito de …Um menino sem vez… gostava de ouvir a sua mãe contar-lhe histórias, como qualquer menino, enquanto trabalhava nos arrozais. Um dia vieram os invasores e a sua vida mudou. Foi então que apareceu Feijãozinho…
A terceira história intitula-se O Menino Guerreiro. Baseia-se na vida real de um pequeno soldado da Serra Leoa (um minúsculo país africano, banhado pelo Oceano Atlântico) que tive oportunidade de ver numa impressionante reportagem na televisão, há um par de anos atrás. O repórter, africano, correu um sério risco de vida para a realizar. Fez de conta que era um dos «maus» e foi filmando todos os «feitos» desses homens maus, para depois dar a conhecer ao mundo como vivem e sofrem os meninos guerreiros.
Porque penso que a infância deve ser vivida sem fome, sem invasões, sem violência, sem guerras; porque há crianças que perdem a infância mesmo antes de a terem vivido, com estas três histórias pretendo dizer a todos os Pepinos, a todos os Anjelitos e a todos os Meninos Guerreiros que vivem na sombra, à margem da humanidade, simplesmente isto: Vós sois os meus verdadeiros heróis, e eu não vos esqueci.
Estes livros podem ser adquiridos através do e-mail: