Um excelente texto acerca da verdadeira realidade tauromáquica, que subscrevo inteiramente:
Por JOÃO SIMÕES
«Caros senhores: não queiram fazer parte da História. Daqui a umas boas centenas de anos, quando os vossos bárbaros genes se dissiparem pela demografia mundial, as touradas vão ser vistas como prova, que não é por haver uma sociedade muito evoluída que havia discernimento para olhar para a gritante igualdade que caracteriza a relação entre homem e animal.
Senhores defensores de touradas: não há homem que eu respeite mais que o meu Pai. Português que adorava touradas. Português que se levantava da mesa a meio de um almoço, apenas para não me ouvir falar nos direitos de um animal, que neste caso é o touro.
Ora bem, após vários anos de argumentação, finalmente apercebeu-se da escabrosa retrocidade implícita numa tourada, e deu ouvidos ao seu filho, nessa altura, já formado em Engenharia Zootécnica. Eu sei do que falo. Já fiz vigilância a 2 touradas e o horror passa muito além das farpas. Desde o transporte, à privação de água, ao fornecimento de sal aos animais (os bovinos são literalmente "viciados" em cloreto de sódio), que leva a uma debilidade, que no entanto não é perceptível , pois como todos infelizmente recordamos, o animal entra sempre em grande fulgor na arena certo?
Ora isto deve-se ao facto de serem criadas incisões na zona perineal, e nos cascos, na zona interdigital, onde de seguida é aplicado um ácido ou, de novo, cloreto de sódio, comum sal de cozinha... Demente.
Já viram uma criança que corre desesperada depois de se ter aleijado, enquanto grita pela mãe? É exactamente o mesmo reflexo. Um "boost" de adrenalina e lá vai o animal, em agonia.
Todos vocês, pró-touradas, pensam efectivamente nisto? Talvez achem que é mentira... Talvez não pensem nisto para não se sentirem desconfortáveis... Talvez apreciem tanto as roupas dos dementes que lá andam, onde de mão dada, se dão o glamour e o sangue...
Recuso-me a aceitar esta herança nacional!
Para todos os que põem os valores económicos acima dos valores humanos, tenho a solução para o vosso argumento. A carcaça de um bovino bravo é classificada como "S" que é simplesmente a mais exigente classe de qualidade de carcaças a nível Europeu. Qualquer carcaça com esta validação tem as portas abertas para qualquer restaurante de qualquer 6 Estrelas Michelin.
Ora, se fosse criado um canal de exportação de raças autóctones (nacionais), o vosso inacreditável argumento do touro se extinguir com fim da tourada, cairia por terra. Se eu pagar a qualquer ganadeiro, mais por um touro para carne que um touro para tourada, a vossa câmara de tortura out-door iria por água abaixo em menos de 2 anos. Os pseudo-moralistas que actualmente defendem, ao verem mais altos rendimentos numa alternativa à tourada iriam mudar de opinião enquanto o diabo esfregava um olho.
Coisas que acontecem a pessoas que não defendem uma causa mas sim um interesse. Quando um dia eu estiver entre a tortura de ser bravo na arena e a morte, por favor, dêem-me a morte.
Ser português não é ser infame, e eu sou Português e recrimino todas as «touradas» deste mundo, pois todas elas partilham um único princípio: o total desrespeito pelo Animal e pela Humanidade.»