Eles não sabem que já estão mortos. Deambulam por aí. Sedentos de sangue e de carne trespassada. Embriagados pelo cheiro da morte.
Eles não sabem, mas quando aparecem em público e na televisão, é assim que os vemos…
Horrendos. Desintegrados. Hediondos.
Fonte da imagem: http://mkalty.org/walking-dead/
Eles não sabem que morreram no dia em que nasceram com aqueles maus instintos, que os impedem de ver a luminosidade do Sol, que se debruça delicadamente sobre todas as criaturas vivas do Universo.
Eles não sabem que a fealdade que transportam nas suas já putrefactas entranhas se reflecte na fisionomia deles, quando olham com olhos, que ficaram num passado longínquo, toldados pela nuvem do pó dos tempos, as vidas que são destruídas diante deles…
Eles não sabem que da boca deles, disforme e descarnada, escorre a baba dos sôfregos por sangue de seres vivos, que lentamente sucumbem à tortura atroz a que são submetidos para deleite deles.
Eles não sabem que estão mortos, porque desprezam a Vida, com a força dos raios.
Eles não sabem que são os walking deads da tauromaquia.
Monstros horrendos que aplaudem a morte, simplesmente porque estão mortos por dentro…
Eles não sabem que o Touro moribundo os olha complacente, por ser de uma espécie muito superior à deles…
Isabel A. Ferreira