Contudo, o nosso povo já foi nobre: "Heróis do mar, nobre povo…” e a Nação "valente, imortal...”
Porém…
… hoje, os heróis são os do futebol (até são comendadores); o povo é pobre de espírito (= simplório, ingénuo); a Nação, subserviente, e tão mortal que está em vias de ser asfixiada pelos interesses dos estrangeiros.
E tudo isto são factos indesmentíveis…
Agora andam por aí uns moderneiros (os que têm a mania de que são modernos e não passam de uns refinados ignorantes) a implicar com a letra do nosso Hino Nacional, considerando que o poema já não faz sentido, nos dias de hoje, porque apela à violência, clamando às armas, às armas, pela Pátria lutar, contra os canhões marchar, marchar…
Diz a minha amiga Ana Macedo:
«Não vejo qualquer razão válida para a alteração do hino... Já rebentaram com a língua e com o país, não é preciso rebentar com o hino também... Um hino actual teria de incluir na letra as palavras: Traição, Corrupção etc., para que espelhasse a realidade. Não acho necessário!»
Eu também não vejo nenhuma razão válida para a mudança do Hino.
O que é preciso é saber ler e interpretar, e conhecer a História e a Língua Portuguesas, para se entender o simbolismo das palavras do Hino Nacional Português, ou dos hinos nacionais dos restantes países da Europa.
Infelizmente, acontece que, com tanta ignorância que por aí vai, no que respeita à História e à Língua Portuguesas, os moderneiros acabam por mostrar a raça deles, ou seja, uma raça completamente alienada pela incultura vigente. É que para se ser moderno não implica ser-se ignorante.
A letra do nosso Hino conta-nos a saga de um povo que já foi nobre, arrojado, guerreiro, atributos que se foram esvaindo ao longo dos tempos.
O poema é lindo. A música, poderosa. Um dos mais belos Hinos do mundo.
Não há nada nele que envergonhe Portugal.
Se, hoje, se decidisse mudar a letra aos Hinos Nacionais dos diversos países europeus, a História dos países apagava-se.
Os Hinos Nacionais garantem o futuro dos países, falando do seu passado. Porque sem passado nenhum povo sobrevive à fúria da ignorância do presente.
Esta é a letra do Hino Nacional Português:
Já rebentaram com a Língua, com o País e com a História de Portugal. Se quisessem reescrever o Hino Nacional este teria de ser reescrito nestes moldes, para se dizer da nossa triste realidade:
«Com o voto, com o voto, contra a traição, a corrupção, a parvoíce, a vigarice, o analfabetismo e o retrocesso… atacar, atacar!»
Aqui deixo alguns dos Hinos Nacionais europeus, para que se faça a necessária comparação, e deles se tire as devidas ilações:
Hino Nacional de Portugal
Hino Nacional Francês
Hino Nacional Britânico
Hino Nacional da Espanha
Hino Nacional da Alemanha
Isabel A. Ferreira