Sábado, 27 de Junho de 2020

«"Testes de Bravura a Campo Aberto”: Acosso e Derrube e Lances de Varas no Cachaço»

 

Um relato impressionante de cobardia, de crueldade, de violência cometidas contra inocentes, inofensivos e indefesos bovinos, em nome da estupidez em que a tauromaquia está assente.

Envergonho-me dos governantes e deputados da Nação, com assento na Assembleia da República (um lugar que devia ser de HONRA) cúmplices desta prática inominável, asquerosa, repulsiva, desprezível, digna de monstros  mas não de HOMENS.

 

E enquanto tivermos "gente" , também repulsiva, na Assembleia da República, a apoiar esta prática repugnante,  Portugal será um país terceiro-mundista, medievalesco, cavernícola e desprezível! 

 

Isabel A. Ferreira 

 

Garrochas Acosso e Derrube.png

 

 Por Marinhenses Anti-touradas

 

Em Portugal, praticam-se atrocidades nas ganadarias que não são do conhecimento geral. Entre estas, contam-se supostos testes de bravura dos bovinos machos.

Uma das modalidades dos supostos testes de bravura dos jovens bovinos que se pratica “a campo aberto” nas ganadarias de Portugal inclui acosso e derrube seguido de lances de varas no cachaço.

O Acosso e Derrube (também chamado de “acosso e derriba” ou, em espanhol, “acoso y derribo”) assenta na perseguição e inflicção de sofrimento a animais. Perseguem-se (acossam-se), espetam-se e fazem-se cair (derrubam-se) bovinos.

Os intervenientes principais, entre os que participam livremente, são pessoas montadas em cavalos. Cada uma destas pessoas está munida de uma vara longa que tem um comprimento de 2,5 a 3,7 m e uma ponta de metal que pica (e fere, obviamente).


Tudo decorre numa parcela de terreno duro, idealmente com 1500 metros de comprimento por 100 metros de largura, que se inicia num curral (designado por curral de saída) ou numa arena, e termina num outro curral (designado por curral de paragem), no qual os bovinos costumam pastar e dormir na(s) véspera(s) da cruel “prova”. Os bovinos referidos são machos com idades compreendidas entre 1 a 2 anos.

Os jovens animais começam por ser colocados em grupo no curral de saída (ou arena). Depois, cada um deles é separado do grupo e perseguido individualmente, em direcção ao curral de paragem, por, pelo menos, duas pessoas, auxiliar e garrochista, munidas das referidas varas.

Figura 2
A auxiliar força o bovino a correr ininterruptamente e sempre em frente pelo menos 500 metros, enquanto lhe vai batendo com a vara. Quando este, já a galopar, começa a evidenciar sinais de cansaço, a garrochista dá-lhe mais umas pancadas com a vara, até que faz o seguinte: espeta-lhe violentamente a ponta da vara/garrocha nos quartos traseiros na zona da anca, empurrando-o e levantando-o e derrubando-o. Este procedimento é repetido várias vezes.

Figura 3
É demasiado evidente que o acosso e derrube causa ferimentos e sofrimento neurológico e psicológico a estes seres sencientes. Como facilmente se percebe, origina também a morte a curto prazo de muitos deles. Uns morrem de imediato no local, por quebra do pescoço, por exemplo. Outros sofrem lesões graves, desde perfurações do ânus ou dos rins a fracturas nas pernas ou na coluna vertebral, que, mesmo que não os matem, ditam que sejam mortos. A morte (em breve) é também a consequência de uma nota negativa neste atroz teste.

Figura 4
A nota no teste ser negativa ou positiva, depende de diversos factores. O mais valorizado é a atitude do jovem bovino assim que se levanta, após cada queda, perante um incitamento a correr em direcção ao curral de saída. Assim sendo:

- Se o bovino tiver boa memória e resolver ignorar quem o está a provocar, tomando a decisão de dar meia volta e de se dirigir para o curral onde pastou e dormiu tranquilamente na véspera, na esperança de que aí o deixem em Paz, tem nota negativa;

- Se, pelo contrário, o raciocínio do animal for que se perseguir os indivíduos que o feriram talvez os consiga afastar e ver-se assim livre deles, é provável que tenha nota positiva.

Após uma nota positiva nos testes de acosso e derrube, é frequente que os bovinos tenham de suportar também testes de lances de varas no cachaço. Por vezes, estes testes decorrem logo ali, o que não quer dizer que não venham a ser repetidos também num tentadeiro (re-tenta).

Figura 5
Na imagem acima, percebe-se que o bovino que está a ser picado no cachaço, ainda está a sangrar das feridas que, uns minutos antes, lhe provocaram quando lhe espetaram a garrocha para o derrubarem.

Ao serem repetidamente picados, agora no cachaço, e até também mais atrás, por mais uma vara, que termina usualmente numa pirâmide quadrangular altamente traumática e lhes rasga e perfura a pele, a carne e os músculos, estes animais que estão a ser testados sentem dores fortíssimas. Fazendo por libertar-se da vara, empurram o cavalo montado pelo picador, o que faz com que a vara lhes perfure ainda mais o corpo e os deixe severamente feridos e enfraquecidos. Note-se que há indivíduos que são golpeados mais de uma dúzia vezes, consoante aquela que for a vontade do ganadeiro, de quem os resultados finais deste teste dependem sobremaneira.

Figura 6
Entre o que se faz aos cavalos do alto dos quais os picadores desferem estes golpes na parte mais dianteira dos bovinos, percebe-se que lhes vendam os olhos e lhes colocam um peitoral – que se sabe que é muito pesado e que lhes dificulta os movimentos. Não é difícil de perceber que os cavalos que são utilizados para este efeito ficam frequentemente com lesões, resultantes das investidas desesperadas dos bovinos, e, muitas vezes, das inevitáveis quedas.

Figura 7
Na sequência de todos estes testes referidos, há vários cenários possíveis. Refiram-se alguns. Há bovinos que sendo (ou não) ainda toureados “a campo aberto” ou no tentadeiro, e passando (ou não) por ainda mais testes no tentadeiro, ficam para sementais. Há outros que sendo (ou não) toureados algures na ganadaria, são mortos, sabe-se lá onde e como. Há também aqueles que passando (ou não) por ainda mais testes em tentadeiro, e sendo (ou não) ainda toureados na ganadaria, mas, neste último caso, sempre sem que lhes sejam cravados ferros, ficam destinados a, um dia, serem levados para uma tourada de praça.

O acosso e derrube tem uma certa visibilidade enquanto desporto equestre regulamentado praticado nalgumas comunidades autónomas de Espanha. Talvez por este motivo exista uma certa tendência para se pensar que já nunca se inclui, desde o século passado, nos testes de "bravura" feitos nas ganadarias. Mas inclui.

As figuras 2, 3 e 4 são imagens de acosso e derrube enquanto teste de bravura. Há registo de acções de formação recentes destinadas a maiorais e futuros maiorais cujos programas foram tornados públicos e dos quais faz parte a descrição das funções dos maiorais das ganadarias do Alentejo (Portugal) e da Estremadura (Espanha), incluindo no âmbito do acosso e derrube enquanto teste de bravura. Há até publicações relacionadas com tais acções de formação com descrições pormenorizadas sobre estes testes que, não restem dúvidas, ainda se fazem em Portugal.

Sejam quais forem os testes efectuados aos jovens bovinos, nada os justifica. Os próprios ganadeiros costumam concordar que "acertar na escolha de um bom toiro semental é quase uma 'lotaria'" (Manuel Pontes Dias, Ganadeiro) e "nem sequer é possível determinar se um toiro que parece ideal quando está na ganadaria irá manter as mesmas características em praça" (Vasco Brito Paes, Veterinário). Além disso, em Portugal, acossar e derrubar bovinos ou picá-los sem intenção de os derrubar, das formas acima descritas, não é legalmente permitido, seja no contexto referido, seja, por exemplo, por diversão, durante meros convívios no campo. É algo que deve ser investigado e passar a ser fiscalizado.

Ainda se vão conseguindo encontrar alguns vídeos na Internet com imagens muito duras de derrubes de bovinos. Segue-se um vídeo dos menos difíceis de visualizar, onde se assiste a acosso e derrube na Herdade das Esquilas, Portugal.  
 
 

 
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Fonte: 
https://mgranti-touradas.blogspot.com/2020/06/testes-de-bravura-campo-aberto-acosso-e.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+MarinhensesAnti-touradas+%28MARINHENSES+ANTI-TOURADAS%29

 
publicado por Isabel A. Ferreira às 16:40

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