Devido a uma carta que recebi, tive de me deslocar nos primeiros dias de Junho passado, à cidade de Hobart, capital da Ilha South East, sob administração da Austrália.
O autor da carta, amigo antigo, solicitou a minha presença urgente na referida Ilha, uma vez que lhe garantiram somente quatro a cinco meses de vida e queria que fosse seu herdeiro de quinhentos mil euros. Antecipadamente transferiu-me a importância necessária para as deslocações e iniciei viagem, acompanhado de dois bagageiros e dois seguranças.
O meu amigo Komiscua é um homem de setenta anos, baixo, testa alta, nariz de papagaio, de olhos rasgados, orelhas curtíssimas e com dentes de tamanho mínimo, acriançados. Mas é inteligentíssimo!
Licenciado em filosofia, numa das melhores universidades da Grécia; em psicologia, no Canadá e, em sociologia, na Alemanha, Komiscua é homem simples e grande democrata, parece-me. Enriqueceu como administrador de uma empresa de electricidade, sem ter habilitação para tal! Mas é inteligente!
Chegado a sua casa, fizemos a festa possível, falamos de política, de religiões, do covi-19 em Portugal e, como não podia deixar de ser, falamos da nossa presença na União Europeia.
-- Sabes, grande amigo -- disse Komiscua -- sei que o teu país vive em crise há mais de quarenta anos. Há muitos pobres, muita sacanisse e tacanhice política, jactância, burlões etc. E eis a razão por que, desconfiando que és também um pobre de Portugal, quero fazer-te meu herdeiro. Mas o grande mal - continuou Komiscua - é que os homens inteligentes do teu país se têm recusado a exercer política em Portugal, por sempre se ter apresentado infecciosa, rapace, e, tantas vezes, políticas ingénuas e impostas.
-- Mas o povo português vota livremente e escolhe os governantes! - Interrompi-o.
“-- Isso é simplesmente fachada! Os políticos e os vossos partidos políticos, não trabalham, não têm pés nem mãos, caçam, comem e rastejam como a serpente: não se formam, não se educam, não lhes interessa o povo. São raposas à porta das capoeiras.
Nas Repúblicas como a nossa – continuou - só resulta um único estilo de democracia: sorteamos um Régulo por um ano, autoridade máxima. Depois numa roda, chamada a "Roda dos Governantes", colocamos os nomes de todos os elementos com mais de quarenta anos até aos sessenta, para serem sorteados e governar. Uma criança de oito anos, de seis em seis meses tira da Roda os nomes necessários para formarem governo e sorteamos ainda os elementos do Parlamento, que exercem por seis meses o mandato. Esta democracia avançada permite que todos tenham possibilidades de governar, uma vez que os anteriormente sorteados jamais terão possibilidades de segundo mandato. Tal sistema, inspirado, aceite e implantado (democraticamente) por mim, permite a não existência do clientelismo, do compadrio, das camarilhas, das negociatas, da fuga às obrigações, da prostituição embuçada nos serviços públicos e ministérios, etc. Neste sistema, tudo é perfeito porque todos os sorteados têm pouco tempo para serem transgressores”.
-- Mas -- interrompi. E se algum dos sorteados sair parvo ou perverso, incompetente ou madraço?
-- Bem -- respondeu Komiscua. Aqui todos ganham bem. Depois os governantes ganham por mês vinte vezes mais daquilo que ganham como empregados. Por isso o povo é exigente e, dificilmente há madraços, mentirosos ou incompetentes. Nesta Ilha, somente um género de pessoas não entra na "Roda dos Governantes: que são os loucos, uma vez que a Ilha exige homens que sirvam o povo. No teu país governam os loucos e os pretensiosos.
-- Desculpa, Komiscua, a interrupção. Mas na Ilha há presos políticos?
“- Nós cá damos absoluta prioridade aos anseios e às necessidades do povo, em primeiríssimo lugar! Temos por toda a Ilha salas de ensino com os melhores professores do mundo para falarem de todas as religiões e de todos os ideais políticos. Só que, se existir um professor que tente influenciar, obrigar ou comprar qualquer ilhéu para seguir certa religião ou ideal político, é preso.
-- Vamos lá ver, Komiscua. -- Nada disseste dos incompetentes ou madraços que possam ter sido governantes! - Interroguei.
“-- Cá na Ilha quando se provar incompetência e madracismo nesses governantes, são destituídos do lugar, comunica-se a toda a Ilha e, de seguida, são colocados nus, numa jaula de ferro bem forte, por trinta dias, na cidade mais próxima do governante defeituoso e dá-se-lhe a comida mínima dia-sim-dia-não”.
Passei três dias na Ilha do Komiscua e, durante a noite pensava na democracia local e nos conselhos dados a aplicar no meu país. Respeitei o dia e a hora da partida e, na bagagem foi guardado o cheque da herança anunciada.
Apresentado no Banco o cheque para receber, verificou-se que lhe faltava uma assinatura.
(Artur Soares – escritor d’Aldeia)
(P.S.: o autor não segue o actual acordo ortográfico).
[Um delicioso naco de boa prosa, onde o Portugal que NÃO temos é exposto com um humor requintado - Isabel A. Ferreira]
Origem da imagem:
A caldeirada
Como pertenço ao grupo dos “técnicos de lazer”, minha mulher, democraticamente, só decidiu que eu devia colaborar na elaboração dos serviços culinários de casa. Assim, tocou-me preparar uma caldeirada de peixe e uma sopa. Meti pés ao caminho e já na rua liguei à minha comadre Ortelinda para me dar umas dicas sobre a caldeirada, p’ra fazer figura perante minha mulher, como jeitoso cozinheiro.
Deslocado à peixaria, disse à “técnica da carne do Mar” – assim se intitulou – que pretendia peixe para caldeirada e que chegasse para dois. “Pois sim senhor” – respondeu a técnica.
- “Pode levar um pouco de Perca do Nilo, que é do Uganda e também uma rodela de pescada do Chile; posso-lhe cortar uma lasca desta Dourada grande, que é da Grécia e, também fica divinal a caldeirada se lhe juntar uns cinco ou seis camarões e uma pernita de polvo, que são de Marrocos. Também tem aqui truta salmonada, embora não ligue bem, mas é portuguesa, ali para os lados de Paredes de Coura”.
A “técnica da carne do Mar” deu-se conta que eu estava absorto, olhando para o gelo que envolvia o peixe e alertou para que me decidisse. E trouxe toda a peixeirada que seleccionou.
Nas compras para a sopa, não deixei de pensar que sou pouco apto. Vou comer caldeirada com peixe de vários países e não os conheço, pensei. O Uganda, o Chile, Marrocos aqui tão perto e a Grécia… hei, caramba, a Grécia!!! E Portugal, país que vou conhecendo, onde nasci, que amo, que tive várias ocasiões para ter de dar a vida por ele, não me dá peixe para a minha caldeirada a não ser a truta de Paredes de Coura!
Frente aos expositores que continham os legumes para a sopa, podia escolher couve-galega, alho e batata franceses, grelos, nabos portugueses e, melão para sobremesa, de Espanha.
Melão de Almeirim ou melão “casca de carvalho” do Minho, zero! Procurei tomates para a caldeirada, havia alguns de tamanho normal e muitos dos pequeninos, mas tomates portugueses não. Permaneci triste e pensativo dentro do híper.
Sem me aperceber da sua chegada, tocou-me o Abrantes no ombro e perguntou se estava perdido. Que não, que pensava em nabos.
Foi-se o Abrantes e ruminando a situação de semiperdido no híper dizia a mim mesmo: convidam na televisão ao consumo de bens nacionais. E onde estão os pescadores, os barcos e o mar para termos peixe como os outros? Tem de ser mesmo uma caldeirada internacional ou então feita com os velhos chicharros e tirones (verdinhos).
Mas então a sopa também ter de ser internacional? Pois tem, uma vez que os donos dos híperes não têm tempo de ouvir na televisão o “consuma o que é nacional”. Então, comprei apenas nabos para a sopa e calda de tomate para a caldeirada.
Nabos, pois cheguei à conclusão de que nabos em Portugal é o que mais há e têm mau aspecto. A calda de tomate, porque tomates a valer é o que menos temos e são pequeninos e, os tomates grandes que existiam, eram estrangeiros, muito berrantes, de pouco miolo e de aspecto duvidoso.
Quanto ao grelo havia-os em todos os corredores. Não sei donde eram, mas muitos, maltratados, e o grelo fresco que se podia adquirir já outros o tinham em seu poder. Assim, para além do problema de não termos mar para pescar, temos também um problema agrícola.
Voltei a ligar à comadre Ortelinda para me dar os retoques finais. Fiz a caldeirada e a sopa e disse à mesa que iríamos um dia aos países que pescaram o peixe que estávamos a comer. Era nossa obrigação fazê-lo.
Quanto à sopa, se a agricultura estivesse organizada, é verdade que teríamos nabos a menos no país, mas controlados, teríamos mais tomates e os grelos escusavam de se ver maltratados.
Ainda procurei bananas da Madeira, que são pequeninas e muito saborosas e ananás dos Açores. As bananas eram do Equador, grandes como pepinos e, o ananás da Costa Rica, mais caro do que o nosso açoriano. Nada disto trouxe, pois eram já internacionalizações a mais.
Logo, é importante que haja mar e agricultura organizados no país, para que os peixes grandes não comam a raia miúda e para que nabos, tomates e o grelo existam com equilíbrio.
Artur Soares
(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)
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[O que só demonstra ser um cidadão português inteligente, ao cumprir a Lei vigente - Isabel A. Ferreira]
O PAN - Pessoas-Animais-Natureza deu hoje entrada no Parlamento de um projecto de lei que prevê o fim da interdição da permanência e circulação de animais de companhia nas praias, mediante a alteração do regime do ordenamento e gestão das praias marítimas, passando assim a ser permitido o acesso de animais de companhia a praias.
Praia das Amoreiras, a primeira praia para cães foi inaugurada no concelho de Torres Vedras, em 2020.
A este propósito refere Inês Sousa Real, porta-voz e deputada do PAN que os animais de companhia fazem cada vez mais parte integrante das famílias. Toda e qualquer medida que promova e facilite a integração dos animais na vida dos seus tutores, em particular numa época em que sabemos que existe a necessidade de deslocarem com o agregado familiar, promove, consequentemente, o combate ao abandono, que continua a ser um flagelo no nosso país, que se agrava especialmente no período de Verão. Permitir que os animais de companhia acompanhem os seus tutores também nas férias e nas actividades de lazer poderá ter um impacto significativo na diminuição do crime de abandono de animais de companhia, para além de ser uma componente na socialização dos animais e promoção do contacto com a natureza dos próprios e dos seus tutores.
E acrescenta ainda que em países como Espanha, por exemplo, toda a costa tem praias disponíveis para que os tutores e os seus animais de companhia possam circular e permanecer. Em países como a Itália ou a Grécia, os cães podem estar nas praias, devendo os seus tutores observar as regras em vigor.
Com a presente proposta, o PAN pretende que o actual regime legal passe a contemplar a demarcação das zonas autorizadas à permanência e à circulação de animais de companhia, desde que se cumpra as obrigações legais existentes, como por exemplo a necessidade de utilização de trela nos espaços de circulação comuns de acesso à praia e presença do tutor ou a obrigatoriedade de recolha de dejectos, devendo ser promovida a colocação de pontos de recolha e ainda a disponibilização de pontos de abeberamento para animais nos acessos à praia e que se evite também horas de maior calor, salvaguardando o bem-estar dos animais.
Em Portugal, encontram-se registados cerca de três milhões de animais de companhia no Sistema de Informação de Animais de Companhia, sendo que se estima que cerca de metade dos lares têm, pelo menos, um animal de companhia.
«Fomos obrigados a deixar a “fast-vida”, a correria, o massacre da competição e do tempo sem tempo. Com burnout, agora, só os profissionais de saúde. E se pudéssemos aproveitar para mudar?»
Um texto de leitura obrigatória.
Por:
Isabel do Carmo/Jaime Teixeira Mendes/João Durão Carvalho/Martins Guerreiro
«Médicos, um engenheiro hospitalar e um militar, integrados em respectivas associações, entendem juntar-se para em conjunto exprimir que esta pandemia nos coloca problemas políticos que dizem respeito ao Estado em geral e ao Estado social em particular, ao desempenho dos vários actores políticos nesta crise e ao nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS). Colocam-se também questões sociais e até filosóficas mais latas, relativas ao ser humano no ecossistema e no modo de vida.
Vários pensamentos esperam do Estado coisas diferentes. Alguns esperam segurança e voz de comando. Outros, como nós, esperam, para além disso, o funcionamento do Estado social. O que é que este significou e significa. Foi a seguir à Segunda Guerra que o Estado Social se corporizou. As decisões dos governos das democracias foram tomadas após grandes movimentos das massas trabalhadoras em geral e dos sindicatos em particular. Portugal, Espanha e Grécia ficaram debaixo do tapete das democracias e bem sabemos as consequências. O espírito que atravessou as democracias, com liderança do Reino Unido e dos países escandinavos, consistiu na nacionalização das grandes indústrias e do caminho-de-ferro. Num levantamento de estruturas de habitação, de saúde e de educação a partir do Orçamento Geral do Estado. Constituído este a partir de impostos progressivos de acordo com o rendimento. Foi um grande salto para diminuir a desigualdade entre as pessoas, com a qual elas nascem. Foram precisos 30 anos para Portugal, após Abril de 1974, adoptar a mesma estrutura, estabelecendo-se informalmente após a revolução, mas só se tornando lei em 1978. O SNS estabeleceu-se e a sua concepção é idêntica à do Reino Unido e dos países escandinavos. Chama-se beveridgiana porque o seu legislador em Inglaterra foi Beveridge. Os outros países da Comunidade Europeia também têm cobertura universal mas na base de seguros obrigatórios ou segurança social.
O problema é que a nossa legislação foi na contra-onda que entretanto se estabelecia na Europa e nos EUA em 1979/80, com R. Reagan e M. Thatcher. Para esta última, segundo as suas palavras, não havia “sociedade”, só havia “indivíduos”. A partir daí o pensamento progressivamente hegemónico foram as privatizações das fontes de rendimento do Estado e a redução progressiva dos serviços públicos a favor da “concorrência” com os privados. Porque o espírito foi e é: mercado, concorrência, individualismo. Está expresso na Lei de Bases da Saúde de 1993, aprovada por um parlamento com maioria de direita.
O nosso medíocre cavaquismo foi o thatcherismo luso, inspiração para uma grande parte da direita portuguesa. Liberais, com várias designações, que falam contra a “carga fiscal” (ressalva-se as dificuldades das pequenas e médias empresas), sabendo que é daí que vem dinheiro para a educação e a saúde, falam contra as “taxas e taxinhas”, quando são aplicadas às bebidas açucaradas, são os que falam em “menos Estado, melhor Estado” (mas qual é que escolhem?). Infelizmente, a pandemia veio demonstrar o que é ter ainda algum Estado social ou não ter nenhum, como acontece nos EUA.
A resposta da Direcção-Geral da Saúde (DGS) e do Ministério da Saúde (MS) foi adequada, serena e resistente ao desgaste do trabalho exaustivo, e dos ataques directos ou enviesados. Duas mulheres sem experiência de uma pandemia, porque ninguém a tem, enfrentaram a crise com inteligência e coragem, tomando medidas proporcionais. O primeiro-ministro tem a liderança necessária com a mesma sabedoria. Realce-se o conhecimento transmitido por cientistas portugueses, virologistas, infecciologistas, pneumologistas, epidemiologistas ao nível do melhor pensamento internacional. Não é por acaso. Tiveram formação e experiência no SNS. Os profissionais de saúde têm feito um trabalho extraordinário com risco de vida, como se constata pelo número de infectados em percentagem superior ao da população em geral. Continuem nesse caminho de generosidade e profissionalismo.
Não é de estranhar, mas é de denunciar o aproveitamento político daqueles que acham o momento bom para atacar a DGS e o MS, evidenciando carências que existem e outras que poderão vir a existir. Mais não fazem do que alarmar, lançando o pânico. Não é boa altura para guerrilhas. É igualmente de denunciar todos os aproveitamentos comerciais de grandes empresas fornecedoras.
Nós sabemos que há muitas questões a colocar no futuro relativamente ao SNS: orçamentação, estrutura hospitalocêntrica, necessidade de auto-suficiência em grande parte dos meios auxiliares de diagnóstico nos Cuidados Primários e articulação destes com os centros hospitalares, retenção dos jovens especialistas no serviço público através de estímulo material (muitos estão agora nas urgências dos privados e bastante falta nos fazem no SNS), substituição e actualização tecnológica de equipamento. Destacamos a perda de 4000 camas de agudos no SNS desde 1995 (de 25.000 para 21.000), agora com 2,1 camas por mil habitantes, macas nos corredores e taxas de ocupação superiores a 90% em vez dos normais 85%. Camas públicas e privadas, temos 3,3 camas por mil habitantes, a França tem 6,2 e a Alemanha 8,2 (Fonte: Eurostat, 2017). Consequência de muitos anos de politica neoliberal com enorme investimento e crescimento dos serviços privados. Para que servem agora? Seria interessante perguntar porque só a 23 de Março os hospitais privados, Luz e Lusíadas, admitem doentes com covid-19 . O que é que têm feito aos doentes com covid que lhes aparecem? E os ventiladores da CUF vieram sozinhos ou com doentes? É certo que a CUF no Porto e na Infante Santo ofereceram-se para entrar na rede. Mas a que preço? E qual é o preço dos testes que fazem? Os serviços privados ofereceram-se também para receber doentes não contaminados para libertar camas do público. A que preço? E qual é o jogo do mercado no fornecimento de materiais de defesa da desinfecção? Tudo isto devia ser transparente.
Verifica-se também que a União Europeia só serve para regular mercados financeiros. Não tem nenhum mecanismo para actuar em casos de pandemia ou catástrofe humanitária. Acentuam-se já as assimetrias dos países do sul da Europa em relação aos do norte. A falta de solidariedade europeia contrasta com a solidariedade da China e Cuba. O tempo é de solidariedade e não de egoísmos nacionais ou de grupo.
No meio do infortúnio torna-se dia-a-dia evidente, através dos contactos à distância, que as pessoas estão a gostar de se sentir no colectivo, que encontraram tempo e paciência para a família, que os sentimentos bons ressurgiram, o desfrute da arte erudita e popular aconteceu. Fomos obrigados a deixar a “fast-vida”, a correria, o massacre da competição e do tempo sem tempo. Com burnout, agora, só os profissionais de saúde.
E se pudéssemos aproveitar para mudar?
É também altura para lembrar que não vivemos sozinhos na terra. Não somos os reis do Universo, nem este é humanocêntrico. Os vírus e muitos outros seres vivos coexistem connosco num ecossistema. Não é Satanás, nem uma conspiração. É o acaso ou é aquilo que cabe no nosso enorme desconhecimento. Mas será a ciência, a divulgação, a paixão de saber que, tal como o vírus, não podem ter preço nem fronteiras, a permitir que se vença este inimigo, tal como já foram vencidas muitas bactérias e como foi prolongada a esperança de vida nos países desenvolvidos.»
Isabel do Carmo, médica, professora da Faculdade de Medicina de Lisboa, associada da Associação de Médicos Portugueses em Defesa da Saúde (AMPDS); Jaime Teixeira Mendes, médico, presidente da AMPDS; João Durão Carvalho, Engenheiro, membro da direcção da Associação de Técnicos de Engenharia Hospitalar Portuguesa; Martins Guerreiro, almirante, militar de Abril
Fonte: https://www.publico.pt/2020/03/27/sociedade/opiniao/virus-estado-social-modo-vida-1909170
Por
Prótouro – Touros em Liberdade:
«O jornal “Expresso” de ontem publicou em manchete que o deputado socialista João Pedro Alves vai apresentar um projecto-lei para modificar as touradas em Portugal de modo que as mesmas sejam feitas com velcro tal como acontece nos E.U. A. (Califórnia e Texas) e no Canadá. A Grécia não tem touradas nem com velcro nem sem velcro tal como o jornal menciona. A única tourada que se realizou na Grécia teve lugar nos anos 70 organizada por um tauromafioso português.
Afirma o jornal que o senil Manuel Alegre acha interessante e que a “prótoiro” e o PAN acham que é uma solução possível.»
«Quando lemos a manchete tivemos de imediato a certeza que o PAN jamais aceitaria tal solução como possível, porque estamos a falar de um partido que apresentou um projecto-lei para abolir a tauromaquia, projecto esse que foi rejeitado pelo parlamento.
E não estávamos errados porque de imediato o PAN se apressou e bem a desmentir tal declaração.
Resta portanto saber no que à “prótoiro” diz respeito se a mesma aceitaria tal solução possível como o jornal afirma ou não. O presidente da “prótoiro” Paulo Pessoa de Carvalho afirma que jamais disse tal coisa o jornalista afirma que o que publicou é exactamente o que o mesmo lhe disse.
E com este diz que disse os aficionados entraram em parafuso porque para os mesmos a possibilidade de touradas com velcro é inaceitável já que é transformar a suposta cultura e arte num circo.
Se as touradas com velcro são um circo – note-se que somos absolutamente contra as mesmas porque embora os bovinos não sejam dilacerados por bandarilhas são sujeitos a altos níveis de abuso e stress – então a pergunta que se impõe é porque é que os tauricidas portugueses aceitam participar nas mesmas no E.U.A. e no Canadá e não aceitam tal prática em Portugal?
A resposta é simples porque o dinheiro que esta escumalha recebe fala mais alto. Já o dissemos várias vezes a tauromaquia não é arte nem cultura é um negócio, negócio sujo em que o único inocente é o animal explorado, torturado e morto num espectáculo de terror que enche o bandulho a todos os terroristas que vivem do mesmo e que delicia todos bandalhos que o aplaudem!
Prótouro
Pelos touros em liberdade»
Por todo o mundo esta gigantesca onda civilizacional já corre a passos velozes…
Em Portugal marca-se passo…
É inconcebível que se mantenha enjaulado durante toda uma vida, este magnífico animal, nascido para ser livre na savana ou nas florestas…
No próximo dia 21 de Dezembro será debatido na Assembleia da República o projecto-lei que resulta de vários meses de estudo e reuniões com várias entidades e ONGs nacionais e internacionais, visando a proibição de utilização de animais, de qualquer espécie, em circos.
Segundo comunicado do PAN, «a proposta prevê que após a aprovação da lei seja proibida a aquisição ou reprodução de animais para além dos já previstos na Portaria 1226/2009, de 12 de Outubro. Para os animais actualmente detidos pelos circos estabelecer-se-á uma moratória, por um lado, para que os circos se possam adaptar a uma realidade sem animais e, por outro, para que haja tempo para se reencaminharem os animais para reservas. Os tratadores/ treinadores dos circos que cedam gratuitamente os animais ao Estado terão direito a um apoio para efeitos de reconversão profissional. Será ainda estabelecido um regime contra-ordenacional para o incumprimento da lei e para os casos mais graves será prevista a criminalização de certas condutas.
Apesar de em diversos países já existir legislação que proíbe a utilização de animais nos circos como são os exemplos de Chipre, Malta, Grécia, Holanda, Bélgica, Áustria, Itália entre outros na Europa e no Mundo, Portugal tem agora a oportunidade de dar mais um passo para um relacionamento mais ético com os animais.
Vários circos e promotores culturais têm vindo a abdicar dos espectáculos que utilizam animais das mais diversas formas. Os Coliseus de Lisboa e do Porto já o fizeram, adoptando uma decisão ética e de consciencialização da sociedade ao deixar os números artísticos entregues, exclusivamente, a seres humanos.
Nos últimos anos tem havido uma crescente discussão sobre o uso de animais em circos. Isto reflecte-se em várias alterações legislativas sobre esta matéria sendo que, até agora, 19 países da UE adoptaram limitações ao uso de animais em circos, assentes num amplo consenso académico fundamentado por consistentes argumentos científicos. Esta discussão adquire particular relevância nos períodos festivos com um aumento da oferta de espectáculos de circo um pouco por todo o país. É importante fazermos escolhas informadas sobre o tipo de actividades que escolhemos para nos divertirmos e para entreter e educar as nossas crianças. A declaração do Intergrupo do Bem-Estar e Conservação de Animais sobre os efeitos da vida de circo em animais selvagens, de Setembro de 2015 apresenta as principais implicações para o bem-estar de animais selvagens numa vida de circo, que vão do confinamento extremo de espaço, à impossibilidade de expressão dos seus comportamentos naturais, à separação precoce da progenitora, à restrição forçada das interacções sociais, aos treinos rigorosos e comprovadamente desconfortáveis para os animais e às viagens frequentes que perturbam os seus ritmos naturais entre outros constrangimentos.
É relevante recordar que o ano passado a TripAdvisor anunciou que deixou de ser possível comprar bilhetes para atracções que envolvam animais selvagens. O maior website de viagens do mundo não vai vender mais entradas para centenas de atracções nas quais os turistas estão em contacto directo com animais selvagens ou espécies em vias de extinção que estão em cativeiro e numa iniciativa que coloca a responsabilidade social à frente do lucro e que contribui para uma sociedade civil mais participativa e organizada.
“Os animais explorados nos circos são meras sombras daqueles que se encontram na natureza. Os animais que se encontram nos circos devem ser resgatados e colocados em reservas onde possam recuperar e preservar a sua integridade. As pessoas devem ser sensibilizadas e incentivadas a escolher apenas circos onde não haja animais”, refere André Silva, deputado da Assembleia da República, pelo PAN.
***
Força PAN, pode ser que desta vez a Lucidez consiga entrar na Assembleia da República.
Porque a verdadeira Arte Circense é apanágio exclusivo do Homo Sapiens Sapiens.
Fonte:
https://pan.com.pt/comunicacao/noticias/item/1479-pan-agenda-projeto-lei-abolir-animais-circos.html
(ADVERTÊNCIA: Este Blog rejeita automaticamente a ortografia brasileira, preconizada pelo falso acordo ortográfico de 1990, que foi imposto ilegalmente aos Portugueses. Este Blog adopta a Língua Oficial de Portugal – a Língua Portuguesa, na sua matriz culta e europeia.)
Coronel João Marquito (Vogal do Conselho Nacional da AOFA) dixit:
«Parece impossível... No final do século passado, enquanto o combate aos incêndios florestais foi uma "Missão", a Força Aérea Portuguesa operava os meios aéreos em Portugal, mas quando esse combate passou a ser um "Negócio" arrumaram-se os C-130, os kit MAFFS para os equiparem ficaram a apodrecer, os bombeiros exaustos, os meios de substituição não aparecem e... o flagelo continua.
Quais as vantagens? A centralização dos meios aéreos na Força Aérea com custos reduzidos para o erário público, bem como a poupança em termos de manutenção (dado o background existente) e uma logística dos meios incomensuravelmente mais rápida e operacional.
Parece que, conforme noticiado em 09 Junho 2016, o MAI recusou entregar à Força Aérea, a gestão e operação dos meios aéreos de combate a incêndios, bem como os de emergência médica, optando por manter o actual estado de coisas, com várias entidades, várias frotas, cada uma no seu "interesse" e custos acumulados para todos, incluindo contratação dentro e fora do país.
Espanha, EUA, Grécia, Croácia, Marrocos, são exemplos de países onde os meios aéreos de combate a incêndios são operados pela Força Aérea local. Parece impossível...
Fonte:
PODEMOS? CLARO QUE PODEMOS!
Milhares de espanhóis na “Marcha da Mudança”, em Madrid, no passado 31 de Janeiro
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Como toda a gente sabe, a Península Ibérica é constituída por dois países: um Gigante (Espanha) e um Anão (Portugal), isto territorialmente falando.
Entre o Gigante e o Anão existem diferenças óbvias, mas também algumas semelhanças.
Uma das maiores diferenças está na mentalidade do povo que habita o Gigante. Um povo que sai para as ruas, em massa, e grita o seu desespero como verdadeiros lutadores.
O povo que habita o Anão, sim, faz umas manifestações para dizer do seu desagrado, contudo, na maioria das vezes, em vez de gritar palavras de ordem fortes, que possam abanar o sistema (que está podre e quebradiço), carregam garrafões de vinho, montam grelhas para assar febras, levam sanfonas e cantam Grândola Vila Morena.
Ora os governantes ao verem tal manifestação, pensam: «Este é um povo alegre, que come, bebe e canta. Está tudo bem, portanto!»
O povo, que habita o Anão ibérico, manifesta-se com cantorias, e na hora da “verdade” vai votar nos mesmos. E esses mesmos sabem disso, e não se esforçam nada para evoluírem. Fazem que fazem, e legislam despudoradamente para favorecer os lobbies mafiosos que adejam ao redor da Assembleia da República, quais abutres.
E o povo que habita o Anão, se bem que não aplauda esse enxovalho, finge estar farto, mas no momento em que podem dizer NÃO, através do VOTO, dizem um rotundo SIM aos mesmos, e tudo permanece igual.
Há quem pretenda avançar, mas com gente amarrada a laços do passado, não me parece que cheguem a lado algum.
Ao contrário, o povo que habita o Gigante ibérico começa a despertar. Agiganta-se. Grita nas ruas PODEMOS!
Lá existe uma alternativa poderosa.
Um jovem arejado das ideias, que pertence ao século XXI depois de Cristo, cavalga o vento da mudança e, com a ousadia dos grandes guerreiros, varre o fétido mofo que empesta o Gigante, e do qual o povo já está farto.
O Gigante ibérico segue a revolução iniciada na Grécia, com um outro jovem arejado das ideias e que, aconteça o que acontecer, já abriu uma portada, por onde entrou uma lufada de ar fresco, e depois disto, a Europa não mais será a mesma.
Resta o Anão ibérico adormecido na modorra de um passado já gasto e sem futuro, ACORDAR e cavalgar a onda do vento forte e cálido que está a fazer tremer os alicerces de uma Europa envelhecida, cheia de vícios e incapaz de criar um horizonte luminoso, onde possamos construir novos sonhos para o futuro.
Podemos? Claro que podemos!
Mas é preciso OUSAR a mudança.
Se pretendem visitar países como Portugal, Espanha, França, Grécia, Chipre, Itália, Roménia, Bulgária, Sérvia, Albânia ou Turquia, cuidado! as imagens com que podem vir a deparar-se não são fáceis de digerir…
If you plan to visit a country such as Spain, Greece, Cyprus, Italy, Portugal, Romania, Bulgaria, Serbia, Albania or Turkey, be warned! The images that you may be facing are not easy to digest
O cavalo Xelim, do torturador português Rui Fernandes, estripado numa arena em Sevilha, acabou por morrer…
Xelim, the horse of the Portuguese torturer Rui Fernandes, gutted in an arena in Seville, eventually died ...
ABRAM O LINK E HORRORIZEM-SE COM O QUE PERMITEM NUMA EUROPA QUE SE DIZ CIVILIZADA
OPEN THE LINK AND SHOCK YOURSELVES WITH WHAT IS ALLOWED IN AN UNTRUTHFULLY CIVILIZED EUROPE
http://www.occupyforanimals.org/european-tourist-countries--the-ugly-truth.html
Os países europeus turísticos mais conhecidos são também aqueles com a mais marcante crueldade contra os animais
The best known European tourist countries are also those with the most important animal cruelty
BOICOTEM O TURISMO NESTES PAÍSES ONDE REINA A SELVAJARIA
BOYCOTT THESE COUNTRIES WHERE SAVAGERY IS USUAL
Fonte:
Touradas.
(História de crueldade em que todos os argumentos para tentar justificar a continuação deste espectáculo bárbaro, baseado numa falsa tradição, nunca serão convincentes).
Desde a pré-história até aos dias de hoje, homem e touro partilham um espaço onde deveriam coabitar de uma forma saudável e respeitosa.
O touro foi símbolo mitológico na Grécia antiga, e actor principal, em espectáculos repletos de tortura e sofrimento, os quais perduram ainda nos dias de hoje nuns quantos países do mundo, onde a dita evolução social e mental mais parece pertencer aqueles tempos retrógrados.
A península ibérica durante a Idade Média, foi palco de batalhas que careciam de milhares de homens. Exigia-se portanto, treino intensivo a homens e cavalos, cujas funções careciam de destreza, técnica e coragem.
Essa filosofia foi aproveitada naquela época pelos toureiros, baseando-se na luta entre o homem e o touro, e sempre com o objectivo principal, o de matar o touro sem que o toureiro ficasse ferido nessa cruel lide.
O touro encarnava na perfeição um suposto inimigo, que de forma enérgica e espontânea, dava luta a toureiros e peões que auxiliavam a lide do cavaleiro. Entretanto, o que começou como um mero exercício defensivo e preparativo para batalhas corpo a corpo, foi-se encarnando no que se entende por "sortes" (cada um dos actos que o toureiro executa na lide de um touro com o intuito de o matar).
Imposta esta arte de matar na ordem, cada uma das sortes foi transformada, de simples e rudimentar até à progressiva perfeição das formas com que esta crueldade era levada a cabo. A lide deixou de se basear na preparação do touro para a morte e foi dando passos para que a crueldade fosse feita com outra classe, á medida que se ia aplicando mais estética em cada um dos seus actos, até convertê-los em criações pré-concebidas, sem nunca renunciar á sua mais primitiva e última razão: o domínio e a morte do touro a pé ou a cavalo.
Defender as touradas como tradição cultural e matar um animal aos poucos como prova de valentia ou diversão requer uma boa dose de cinismo.
No entanto, acreditar que a sociedade actual precisa desse tipo de entretenimento é sinal de atraso, digno de quem ainda vive na Idade Média.
Fonte:
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E repare-se: os países que iniciaram este ritual taurino, hoje, nenhum deles o mantém.
Apenas povos atrasados, como os portugueses, espanhóis, franceses, venezuelanos, mexicanos, peruanos e colombianos e estão ainda agarrados a algo que foi ultrapassado pela evolução.