Domingo, 8 de Janeiro de 2023

«Bicadas do Meu Aparo – "A Evidência"», por Artur Soares

 

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Fotos: Pedro Nunes (Reuters) e Paulo Novais /Lusa

 

Bem podem estes dois senhores mostrar-se preocupados, porque, na verdade, a actuação dos dois, desde os anteriores mandatos a esta parte, está avaliada muitos zeros abaixo de zero. Precisamos de um PR e de um PM que DEFENDAM os interesses de Portugal e dos Portugueses, o que, de todo, não é o caso. (Isabel A. Ferreira)

 

***

«A Evidência – Porras y Porras»

 

«Salvo raríssimas excepções, pode-se afirmar que o país não vive sossegado, vive com medos diversos, dúvidas aos centos, principalmente desde o ano de 2004 para cá. Do Minho ao Algarve, em qualquer canto, em qualquer sector da vida nacional/quotidiana, há problemas, quezílias, porras a resolver que gastam as pessoas, que as debilitam, as frustram, as destroem.

 

Portugal é, politicamente, um país “sem rei nem roque”, isto é, vive uma democracia que ninguém entende, que não foi referendada, e porque os escolhidos governam com toda a evidência contra os votantes, contra o povo: massacrando tudo e todos, tendo como base uma monstruosa publicidade: do que dizem, dar e fazer, sem nada fazerem e dar.

 

Portugal precisa de Reformas, de Ordem, Organização, Esperança. As pessoas aceitam-nas, desde que não sejam prejudicadas. É assim em qualquer mundo civilizado, em qualquer democracia. Só que em Portugal, não existindo o mínimo de reformas permanentes, as pessoas são ostracizadas, saqueadas pelos escolhidos que deviam defender as pessoas e fica-se com a convicção de que não temos gente na política que inicie reformas e muito mais evidenciam que não as querem. Isso é evidente e “o que é evidente não necessita ser provado”.

 

Temos vivido nestes últimos tempos uma agitação desencadeada pelo Ministério da Educação: dúvidas na capacidade profissional de professores com menos de cinco anos de actividade, exigindo-lhes Provas ministeriais após as suas licenciaturas e/ou doutoramentos. Pessoalmente, não recordo agora a palavra indicada para classificar tal exigência.

 

Entendo que as Universidades são suficientemente sérias e responsáveis pelos Diplomas que passam a quem teve aproveitamento. Esta exigência das Provas Ministeriais aos professores é, indirectamente, um atestado de dúvidas ou de incompetência às Universidades. E estas como reagem? Como se sentem?

 

Pertenci a uma classe profissional durante quarenta anos, que, para subir na carreira tinha de frequentar Cursos de formação, Cursos de actualização, Cursos de reciclagem organizados e pagos pelo Estado e, aí sim, havia a prestação de Provas, face à matéria dada: duas provas escritas e prova oral obrigatória.

 

Agora, Provas (exigidas) sem Formação antecipada aos concorrentes…, no mínimo isso, é ir contra a evidência dos Diplomas Universitários passados. Sendo assim, qualquer licenciado/doutor ao serviço do Estado e, com maior exigência os políticos, deveriam todos prestar provas de competência em “serviço público” porque votados e sem provas de seriedade económica, sem provas de ausência de teimosia e de loucura e, finalmente, sem provas de ausência de madracice.

 

Como dizia o sul-americano Porras Y Porras: “Portugal é uma confusão tal que já nem os sindicatos são devidamente credibilizados”. Estes, colocam-se à frente, atrás e ao lado dos professores. Usam-nos, sugam-nos, vendem-lhes ideias, sonhos e ódios, somente para justificarem os lautos ordenados, subsídios e benesses que têm, que recebem dos Governos e do “patrão-sindicatos”!

 

Entre os muitos profissionais não-sindicalizados, há alguns milhares que sabem que quando um sindicato decreta uma greve, são os sindicatos que pagam aos trabalhadores o tempo da greve; alguns milhares sabem também que os sindicatos procuram empregos para os desempregados; têm creches para albergar os filhos dos sindicalizados; têm advogados próprios para defender conflitos laborais contra os seus sócios, entre outros serviços.

 

Em Portugal os sindicatos criam empregos no sindicato para os mais ladinos; gastam horas aos patrões e ao Estado para fazerem comícios contra o Estado e os patrões e, depois fazem “um Movimento” para organizar a recolha de “colectas- a-entregar “aos que fizerem greve.

 

Sendo assim, apresentada ou testemunhada a experiência da Evidência, pode-se pensar, mas sem evidenciar, que governantes e oposição desta República pouco melhor são que curandeiros ou bruxos, vendedores de algo sem fim à vista ou mentirosos ao serviço de qualquer selvajaria, sem rosto e sem cor.

 

E se a Evidência é uma verdade redobrada, se o que se afirma não precisa ser provado porque é ou está evidente… está doente o país, banalizado o país, sem que se vislumbre medicamentos eficazes que os políticos presentes na Assembleia da República possam arranjar ou fabricar, e curarmo-nos de uma vez por todas.

 

Desse modo, porque é evidente a mediocridade nacional a nível de Reformas, de Ordem, de Organização e de Esperança, faço minhas as palavras de D. Eurico Dias Nogueira, quando há uns anos atrás afirmou: “este ano, os deputados da Assembleia da República, não merecem que se lhes deseje um Bom Natal e um Bom Ano Novo”.

 

(Artur Soares – escritor d’Aldeia)

(O autor não segue o acordo ortográfico de 1990)»

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:43

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Domingo, 24 de Abril de 2022

O que celebramos no 48º aniversário do “25 de Abril»?

 

Gostaria de estar aqui hoje a celebrar o 48º aniversário da “Revolução dos Cravos» com outra disposição, que não esta que me invade, por ter posto demasiadas esperanças de que aquele dia 25 de Abril de 1974 pudesse catapultar Portugal para um sistema político diferente da ditadura que nos foi imposta durante 46 anos, na qual não tive participação alguma, e para um País mais evoluído, ao nível dos países europeus. Mas não posso, porque Portugal, em quase tudo, continua na cauda da Europa, em pleno ano de 2022, desde 1974.

 

Devo estar contente com a actuação dos sucessivos governos, nos quais, a partir daquele dia de Abril, participei com o MEU voto?

 

Não, não posso estar contente. Nem devo, porque estaria a trair os ideais de Abril, muitos deles ainda por cumprir, passados todos estes anos, e os que foram cumpridos, foram muito mal cumpridos. Se houve algumas conquistas, o RETROCESSO pelo qual enveredamos, supera as coisas positivas que a Revolução de Abril nos trouxe.  

 

25 de Abril.png

 

A criança a oferecer um cravo a um soldado, significa “esperança no futuro”. E o futuro que deram às crianças portuguesas e aos jovens, depois de Abril, está a ser assombrado pela MEDIOCRIDADE reinante.

     

Fez-se uma revolução para nos libertar de uma ditadura de direita, fascista, que foi demasiado dura, quanto à LIBERDADE que não tínhamos, para estar, para ter e para ser um Povo com Direitos e Deveres cívicos, como mandam as boas regras de uma sociedade que se quer civilizada e evoluída.

 

Fez-se uma revolução para que o Povo melhorasse de vida, para acabar com a pobreza, com a fome, com o analfabetismo, com a incultura, com a elevada iliteracia, com um ensino e educação decadentes, com uma justiça injusta, com a prepotência então reinante, em Portugal.

 

Reparem que não referi que se fez uma revolução para acabar com a corrupção, com as vigarices, com o compadrio, com a roubalheira ao mais alto nível. Porque isso temos q.b., actualmente.

 

O que se seguiu imediatamente ao «25 de Abril» não foi propriamente uma explosão de liberdade, mas sim, uma explosão de libertinagem, onde o vale tudo valia, e continua a valer.

Porque LIBERDADE é ter consciência de que não se pode fazer tudo o que se quer, quando vivemos numa sociedade em que o todo faz parte de tudo, e que esse tudo é a VIDA, no seu significado mais universal.

 

E tirando o mandato do primeiro Presidente da República eleito, no pós-25 de Abril, General Ramalho Eanes, e o Governo de então, os que lhe seguiram entre PRs e governos e deputados da Nação, começaram a enveredar por trilhos que se foram desviando do CAMINHO PRINCIPAL, até chegarmos ao estado calamitoso em que nos encontramos hoje, ou seja, a isto:

 

País das taxas.png

 

Mas não só isto.

Passados 48 anos, sobre o «25 de Abril», em Portugal,  

 

- continuamos a ter muita POBREZA e FOME, nomeadamente entre crianças;

- continuamos a ter o maior índice de ANALFABETISMO da Europa e um elevado número de ANALFABETOS FUNCIONAIS a ocupar cargos de topo, incluindo entre a classe docente;

- continuamos a ser um país onde a INCULTURA prevalece;

- continuamos a ter um ENSINO e uma EDUCAÇÃO absolutamente caóticos, decadentes e de má qualidade, onde se usam manuais escolares completamente desadequados, elaborados como se as crianças fossem muito estúpidas; a CLASSE DOCENTE (com raras excePções) desqualificou-se, desprestigiou-se, desde o momento em que aceitou, sem pestanejar, e a tal não era obrigada, a ensinar às crianças e jovens uma ilegal mixórdia ortográfica, sem precedentes em Portugal e no mundo, e passou de classe docente a classe INDECENTE. Neste ponto, tenho de concordar com António José Vilela, porque também me deparo com a mesma estupidez e ignorância, nas redes sociais. A quem as nossas crianças estão entregues!!!!  Uma vergonha.

- continuamos a ter um elevadíssimo índice de ILITERACIA, agora espalhada ao mais alto nível; 

 

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-  continuamos a ter uma JUSTIÇA demasiado lenta, demasiado cara e, por vezes, demasiado injusta e falaciosa;

- continuamos a ter o nosso PATRIMÓNIO HISTÓRICO abandonado; assim como ao abandono estão a FLORA, as nossas FLORESTAS, entregues a criminosos incendiários; e também a nossa FAUNA, que é exterminada, por caçadores assassinos; e permite-se que animais sencientes e indefesos sejam massacrados em corridas de Galgos e Cavalos, rinhas de Galos, matanças públicas de Porcos… e que outros,  sejam barbaramente torturados para divertir sádicos e psicopatas da tauromaquia, recebendo esta chorudos subsídios, como se fizesse parte de uma “cultura” privilegiada, enquanto que a verdadeira CULTURA CULTA anda à dependura;  

-  o SNS, uma conquista de Abril, actualmente é um serviço terceiro-mundista, caótico, com milhares de pessoas sem médico de família, a precisar de fazer filas enormes à porta dos Centros de Saúde, de madrugada, à chuva e ao sol, para conseguir uma consulta; espera-se anos por uma consulta de especialização; morre-se sentado numa cadeira de hospital, por falta de atendimento; não há médicos nem há enfermeiros suficientes;

- e o que de menos existe no SNS, existe a mais na FUNÇÃO PÚBLICA, ocupando-se cargos absolutamente inúteis;

- vivemos num tempo em que ainda se TORTURA e MATA cidadãos em instalações do Estado, em nome de uma brutalidade gratuita;

- vivemos num tempo em os ministros de Estado cometem as maiores sandices, e não têm a HOMBRIDADE de se demitirem, como seria da honra e da honestidade, nem sequer o primeiro-ministro de Portugal tem coragem de os demitir, porque a amizade não permite;

- vivemos num país onde pais e filhos, maridos e mulheres, e sobrinhos, primos e amigos ocupam CARGOS na governação, quase como nos tempos da monarquia;

- vivemos num país onde os ESCÂNDALOS BANCÁRIOS são quase o pão nosso de cada dia, e os administradores recebem prémios por MAL administrarem os bancos; e o governo injecta-lhes dinheiros públicos para alimentar vigaristas;

- e a cereja no topo do bolo é o facto de o presidente da República Portuguesa estar a contribuir para a notória PERDA DA NOSSA IDENTIDADE LINGUÍSTICA, violando, deste modo, a Constituição da República, que jurou defender. Uma situação já denunciada à Procuradoria-Geral da República e que foi simplesmente ignorada.

 

Fez-se uma revolução para pôr fim à ditadura salazarista; mas ao menos, António de Oliveira Salazar, nos seus documentos oficiais, apresentava uma grafia escorreita e correCta da Língua Portuguesa, a Língua Oficial de Portugal.

 

Veja-se como o actual presidente da República Portuguesa, em plena era, dita democrática, apresenta os agradecimentos a um Chefe de Estado estrangeiro, numa grafia cheia de erros ortográficos, que não é portuguesa, e que nos foi imposta DITATORIALMENTE, e é ILEGAL, mas que ele defende, com o seu silêncio muito esclarecedor. E o uso daqueletodas e todos” só demonstra uma surpreendente e vergonhosa ignorância da Língua Portuguesa.

 

Fez-se uma revolução para implantar uma “democracia”, que não tem em conta os interesses de Portugal e dos Portugueses, porque os governantes e os deputados da Nação candidatam-se para servir os lobbies poderosos, e fazem ouvidos de mercador à voz do Povo.

 

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Fez-se uma revolução para implantar uma “democracia”, que não tem em conta os interesses de Portugal e dos Portugueses, porque os políticos candidatam-se para servir os lobbies poderosos, e fazem ouvidos de mercador à voz do Povo, e isto é coisa de ditaduras.

 

Afinal, a PREPOTÊNCIA não abandonou Portugal, depois de o «25 de Abril de 1974». Mudou-se o regime. Mas não se mudou a vontade de MUDAR. E quase tudo tem piorado para o comum dos Portugueses, e muita coisa melhorou para os estrangeiros, que são reis e senhores, em terras lusitanas.

 

Portugal vive um tempo de claro retrocesso, com um povo pouco esclarecido, tão pouco esclarecido que deu maioria absoluta a um partido político que tem muitos telhados de vidro na sua governação. E, como sabemos, as maiorias absolutas são uma outra forma de ditadura. A que temos, actualmente, é a ditadura de uma esquerda pouco esclarecida, que ainda não se apercebeu de que trilha o caminho errado.

 

Hoje, temos mais do mesmo. A MEDIOCRIDADE GOVERNATIVA continuará a reinar. Continuaremos com a mesma política pobre e podre, que tem caracterizado a governação, desde há muito.

 

Havia muito mais para dizer. Mas penso que o que disse é o suficiente para reflectirmos no tudo que ainda há a fazer por Portugal.

 

Ainda não é desta vez, e já lá vão 48 anos, que poderei celebrar o “25 de Abrilcomo o dia da LIBERTAÇÃO de Portugal dos jugos, internos e externos, rumo a um futuro onde o Povo Português esteja ao nível de outros povos europeus: com uma plena DEMOCRACIA, na qual a VOZ do POVO faça Lei; com a nossa INDEPENDÊNCIA LINGUÍSTICA; com uma SOCIEDADE mais equilibrada, sem o actual gigantesco fosso entre pobres e ricos; uma sociedade limpa da ladroagem, da corrupção, dos vigaristas, do compadrio; uma sociedade com todos os DIREITOS ASSEGURADOS, e também todos os DEVERES a ser cumpridos.

 

Só então poderemos celebrar a tão mal aclamada LIBERDADE.

 

Para já, somos apenas a CLOACA da Europa.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:50

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Sexta-feira, 12 de Junho de 2020

O Padre António Vieira, erguendo a sua voz contra os colonos europeus, dedicou a sua vida aos escravos, negros e indígenas brasileiros

 

Mas a ignorância é a mãe da estupidez. Sempre foi, em tudo.

 

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Quem, ontem, vandalizou a estátua do Padre António Vieira, erguida no Largo Trindade Coelho (Bairro Alto - Lisboa), além de vândalo(s) é (são) ignorante(s) ao mais alto grau.

 

É no que dá os governos menosprezarem o ESTUDO DA HISTÓRIA, que querem apagar, por motivos dos mais estúpidos, até porque a Humanidade tem uma História, e goste-se ou não das barbaridades que se cometeram, em nome dos homens ou em nome dos deuses, elas existiram, e têm de ser recordadas para que as gerações futuras não as repitam, se bem que haja quem não consiga aprender o mínimo dos mínimos.  

 

E uma coisa é erguer-se estátuas a indivíduos que na sua época foram “heróis”, outra coisa é perpetuar a memória dos actos que esses "heróis" cometeram contra a Humanidade, e isso faz-se através do estudo da História, sem a apagar e não a lendo à luz dos valores do século XXI d. C. Num futuro muito longínquo, isto é, se houver futuro,  talvez os "heróis" do nosso tempo também sejam desconsiderados e anulados pelos crimes cometidos contra os seres humanos, contra os seres não-humanos e contra o Planeta.

 

Não foi o caso do Padre António Vieira, que ergueu a sua voz contra os colonos europeus, e dedicou a sua vida aos escravos, aos negros e aos indígenas brasileiros.

 

E a National Geographic, num texto escrito em Bom Português, dá-nos uma pequena lição de História, acerca do padre António Vieira, que qualquer um, que esteja interessado, pode aprofundar com a ajuda de uma Enciclopédia.

 

Espero que os nossos governantes tenham aprendido alguma coisa, com este triste episódio, e tratem de incluir, no currículo escolar, o estudo da História, e não apenas pedaços da História, que mais convêm a quem não tem uma visão global da Humanidade e do seu percurso, para que possamos ter um futuro livre de um vírus chamado estupidez, que anda a atacar países como os EUA e o Reino Unido e, ao que parece, Portugal também.

 

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«Padre António Vieira, defensor dos Índios»

 

A descoberta do Brasil provocou o choque entre duas culturas em diferentes estados de evolução. Entre conquistadores e conquistados, a voz do padre António Vieira ergueu-se contra os abusos dos colonos europeus.

 

Nasceu em Lisboa em 1608 e viajou muito novo com a família para São Salvador da Bahia.

 

Com 15 anos, iniciou o noviciado na Companhia de Jesus e, aos 26, foi ordenado sacerdote. Na hora de fazer os votos, Vieira terá acrescentado um quarto voto especial: o de dedicar a sua vida aos escravos, negros e índios do Brasil.

 

Com a Restauração, viajou para Lisboa e permaneceu na Europa durante os 11 anos seguintes. Tornou-se Pregador de Sua Majestade, confidente e amigo pessoal de Dom João IV, e os seus sermões cedo causaram sensação na capital. Em Novembro de 1652, o padre António Vieira trocou a vida cortesã da Europa pelas paragens remotas da selva amazónica, onde viu a oportunidade de realizar a sua verdadeira vocação num território que via os escravos, os índios e os negros como a sua principal riqueza.

 

Nove anos depois, o conflito com os colonos atingiu um ponto insustentável. Vieira foi expulso com os jesuítas do Maranhão e embarcado à força para Lisboa. Os índios perdiam um dos seus mais fervorosos defensores.»

 

Fonte:

https://nationalgeographic.sapo.pt/historia/actualidade/1719-padre-antonio-vieira-defensor-dos-indios?fbclid=IwAR3R6tNQOWU9_ZcaWoK8zCjsABrpyYgBv4H6D5X4vQ-OPbgGhKd3EV4VMtM

 

***

«Repondo alguns factos históricos:

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Sinceramente, até desconfio que quem vandalizou a estátua do Padre António Vieira, em Lisboa, foram os neonazis do "Bosta!" para incendiar os ânimos (uma técnica típica neonazi...); mas, seja como for, é importante repor aqui os factos históricos.



António Vieira foi um pensador muito avançado para o seu tempo. Não era um colonialista, até foi expulso do Brasil por se opor aos colonos, ao modo como escravizavam e oprimiam os ameríndios e os africanos, e pregou e escreveu copiosamente contra a escravatura. Foi também perseguido pela Inquisição por ter uma visão de síntese espiritual inclusiva e multicultural que se opunha ao anti-semitismo e anti-islamismo do 'santo ofício' português.


Em suma, se há uma figura histórica portuguesa que em absoluto não merece o rótulo de colonialista e esclavagista é precisamente o Padre Vieira.


É preciso afirmar aqui que, se fosse vivo, António Vieira, homem vertical e corajoso, estaria pregando e escrevendo contra o fascismo, o nacionalismo, o racismo e o monoculturalismo do extremismo ideológico.


Portanto, os neofascistas nacionalistas que tenham o pudor de não instrumentalizar essa figura que se situa nos antípodas da sua miserável visão fanática monocultura racista.



E os activistas anti-racistas que aprendam História, e canalizem a sua energia para o futuro, apreendendo as lições da História que nos diz que quem gosta de apagar, decapitar e vandalizar vestígios do passado são precisamente os fascistas... Não é através do niilismo destruidor que algo de evoluído e benéfico poderá ser construído. Os fins não justificam os meios; os meios devem já em si prefigurar os fins que desejam.



Ainda umas palavras sobre o derrube e decapitação de estátuas em vários países na esteira de 'protestos' ‘anti-racistas’.

O passado não pode, ou deve, ser apagado, seus aspectos negativos devem ser ultrapassados aqui e agora dentro do Espírito humano, criativamente e construtivamente sublimados e transmutados, apreendendo as suas lições, e evoluindo através delas.

A História é o longo percurso de aprendizagem da espécie humana, percurso feito de muitos erros e horrores, mas um caminho que também possibilitou que paulatinamente ideias luminosas como os direitos humanos, a democracia, o multiculturalismo, o universalismo, o anti-racismo, a inclusão, pudessem expandir-se e enraizar-se. Não deitemos fora o bebé com a água suja do banho!

Viva o exemplo espiritualista luminoso do Padre António Vieira! Abaixo todos os extremismos! Todos os fascismos (que existem em ambos os extremos ideológicos)!
Paz e Unidade!

Miguel Santos»

 

Fonte:

https://www.facebook.com/MiguelSantosescritor/photos/a.617760231734790/1540741862769951/?type=3&theater

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:21

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Domingo, 31 de Maio de 2020

A sociedade portuguesa de hoje é o reflexo da política desastrosa de todos os governos que já detiveram as rédeas do Poder

 

(Eis um texto escrito em Abril de 2015. Se o escrevesse hoje, não lhe retiraria uma vírgula. Como é triste comprovar que Portugalnão anda nem desanda, há tanto tempo!)

***

Portugal está em pleno retrocesso. Em tudo.

O estado da Educação, o estado da Cultura, o estado Social, o estado da Saúde, o estado do Estado é absolutamente caótico.

Qualquer dia regressamos às cavernas, porque as trevas obscurecem as mentes, ainda por evoluir, dos que conduzem o destino do país…

Almada Negreiros dizia que «Isto [Portugal] não é um país. É um sítio. E ainda por cima, mal frequentado!» Como estava certo, Almada Negreiros, que viveu entre 1893 e 1970.

 

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O País anda chocado com a violência contra crianças de tenra idade que são barbaramente assassinadas pelos seus progenitores ou por quem tem à sua guarda a vida dessas crianças.

 

O País anda chocado com a onda de violência doméstica cometida por indivíduos que se entregam ao álcool, na maioria caçadores que, escasseando a caça nos matos, têm de dar gosto ao dedo no gatilho, e vingam-se nas crianças, nas mulheres e nos idosos, o elo mais fraco de uma sociedade assente na prática consentida da violência e da crueldade contra seres vivos. Qualquer ser vivo que viva.

 

A violência dessa gente é treinada nos animais indefesos que o governo português exclui do Reino Animal, considerando-os “coisas” que podem ser torturadas com crueldade.

 

(E isto não sou eu que afirmo).

 

Os progenitores são responsáveis por 45% dos maus tratos às crianças. Dizem as estatísticas.

 

As comissões de protecção de menores não funcionam. Dizem que não têm verbas, mas as verbas existem, por exemplo, quando se trata de patrocinar as chamadas “escolas” de toureio, antros de violência que transformarão essas crianças nos monstros do futuro. Este é um tipo de maus tratos psicológicos que trará graves consequências para a saúde mental dessas crianças.

 

E quem se importa? As crianças não votam...

 

Todo o ser humano que exercer crueldade, mais tarde vai vivenciar em si toda a crueldade que exerceu. Que não haja dúvidas sobre isso!

 

A política portuguesa de educação é pobre. É dirigida a um conhecimento infrutuoso, que não serve para a vida. É ministrada como se as crianças, os adolescentes e os jovens fossem muito estúpidos. E mais empobrecida ficou com a imposição ilegal do AO90, que empobreceu a Língua Portuguesa, atirando-a para a valeta e fabricando milhares de semianalfabetos.

 

A Educação Cívica deveria ser obrigatória, a começar pelos políticos que não sabem o que isso é.

 

Vivemos numa sociedade com gente muito insólita a deambular por aí, sem o mínimo sentido do SER.

 

No nosso país, civismo, evolução, cultura culta e ética são palavrões obscenos, impronunciáveis, e dos quais os políticos evitam falar.

 

Nunca tivemos tanta corrupção em Portugal.

 

É porta sim, porta sim...

 

Um mal que afecta essencialmente a gente chamada "graúda". E eu pergunto-me: porquê? Esses “graúdos” passarão fome? Passarão sede? Dormirão debaixo da ponte? Precisarão assim tanto de se corromperem?

 

E pensar que quando morrerem nada levarão com eles a não ser o esqueleto e aquilo que são (ou foram enquanto vivos!) ou seja NADA, e disso terão de prestar contas ao Poder Cósmico.

 

Portugal não evoluiu. Fez-se muitos progressos tecnológicos. Porém, as mentalidades, na generalidade, ficaram especadas num passado, já muito passado, a cair de podre.

 

Sempre existiram no mundo mentes brilhantes. Desde a Idade da Pedra.

 

Se hoje podemos andar de automóvel, é graças a alguém que num tempo muito, muito recuado, inventou a roda.

 

Mas ainda hoje, continuamos a ter escravos, a fazer guerras em nome de deuses, a praticar crimes contra a Natureza, contra os animais humanos mas também não-humanos, contra a Humanidade, contra as Crianças, contra as Mulheres, contra os Velhos...  

 

Enfim, hoje, deslocamo-nos de avião, mas existem muitas mulheres que ainda morrem esfaqueadas e baleadas pelos próprios maridos, e crianças assassinadas por quem as gerou.

 

E a prática da violência e da crueldade tem legislação, em Portugal.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:15

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Sexta-feira, 17 de Abril de 2015

A sociedade portuguesa de hoje é o reflexo da política desastrosa de todos os governos que já detiveram as rédeas do Poder

 

Portugal está em pleno retrocesso. Em tudo.

O estado da Educação, o estado da Cultura, o estado Social, o estado da Saúde, o estado do Estado é absolutamente caótico.

Qualquer dia regressamos às cavernas, porque as trevas obscurecem as mentes, ainda por evoluir, dos que conduzem o destino do país…

Almada Negreiros dizia que «Isto [Portugal] não é um país. É um sítio. E ainda por cima, mal frequentado!» Como estava certo, Almada Negreiros, que viveu entre 1893 e 1970.

 

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O País anda chocado com a violência contra crianças de tenra idade que são barbaramente assassinadas pelos seus progenitores ou por quem tem à sua guarda a vida dessas crianças.

 

O País anda chocado com a onda de violência doméstica cometida por indivíduos que se entregam ao álcool, na maioria caçadores que, escasseando a caça nos matos, têm de dar gosto ao dedo no gatilho, e vingam-se nas crianças, nas mulheres e nos idosos, o elo mais fraco de uma sociedade assente na prática consentida da violência e da crueldade contra seres vivos. Qualquer ser vivo que viva.

 

A violência dessa gente é treinada nos animais indefesos que o governo português exclui do Reino Animal, considerando-os “coisas” que podem ser torturadas com crueldade.

 

(E isto não sou eu que afirmo).

 

Os progenitores são responsáveis por 45% dos maus tratos às crianças. Dizem as estatísticas.

 

As comissões de protecção de menores não funcionam. Dizem que não têm verbas, mas as verbas existem, por exemplo, quando se trata de patrocinar as chamadas “escolas” de toureio, antros de violência que transformarão essas crianças nos monstros do futuro. Este é um tipo de maus tratos psicológicos que trará graves consequências para a saúde mental dessas crianças.

 

E quem se importa? As crianças não votam...

 

Todo o ser humano que exercer crueldade, mais tarde vai vivenciar em si toda a crueldade que exerceu. Que não haja dúvidas sobre isso!

 

A política portuguesa de educação é pobre. É dirigida a um conhecimento infrutuoso, que não serve para a vida. é ministrada como se as crianças, os adilçeswcentes e os jovens fossem muito estúpidos. E mais empobrecida ficou com a imposição ilegal do AO90, que empobreceu a Língua Portuguesa, atirando-a para a valeta e fabricando milhares de semianalfabetos.

 

A Educação Cívica deveria ser obrigatória, a começar pelos políticos que não sabem o que isso é.

 

Vivemos numa sociedade com gente muito insólita a deambular por aí, sem o mínimo sentido do SER.

 

No nosso país, civismo, evolução, cultura culta e ética são palavrões obscenos, impronunciáveis, e dos quais os políticos evitam falar.

 

Nunca tivemos tanta corrupção em Portugal.

 

É porta sim, porta sim...

 

Um mal que afecta essencialmente a gente chamada "graúda". E eu pergunto-me: porquê? Esses “graúdos” passarão fome? Passarão sede? Dormirão debaixo da ponte? Precisarão assim tanto de se corromperem?

 

E pensar que quando morrerem nada levarão com eles a não ser o esqueleto e aquilo que são (ou foram enquanto vivos!) ou seja NADA, e disso terão de prestar contas ao Poder Cósmico.

 

Portugal não evoluiu. Fez-se muitos progressos tecnológicos. Porém, as mentalidades, na generalidade, ficaram especadas num passado, já muito passado, a cair de podre.

 

Sempre existiram no mundo mentes brilhantes. Desde a Idade da Pedra.

 

Se hoje podemos andar de automóvel, é graças a alguém que num tempo muito, muito recuado, inventou a roda.

 

Mas ainda hoje, continuamos a ter escravos, a fazer guerras em nome de deuses, a praticar crimes contra a Natureza, contra os animais humanos mas também não-humanos, contra a Humanidade, contra as Crianças, contra as Mulheres, contra os Velhos...  

 

Enfim, hoje, deslocamo-nos de avião, mas existem muitas mulheres que ainda morrem esfaqueadas e baleadas pelos próprios maridos, e crianças assassinadas por quem as gerou.

 

E a prática da violência e da crueldade tem legislação, em Portugal.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:03

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Sexta-feira, 20 de Setembro de 2013

EIS O IMENSO AMOR QUE OS TAURICIDAS E AFICIONADOS "SENTEM" POR UM TOURO

 

VARGAS LLOSA (escritor) diz:

 

 "O TOURO É TRATADO COM IMENSO AMOR, AINDA QUE OS ANIMALISTAS O IGNOREM» 

 

O que os tauricidas e aficionados têm é inveja do ser digno e viril que um BOVINO é, e eles não são

 
 

Repare-se no “amor imenso” que estas criaturas tenebrosas "sentem" pelo Touro…

 

É preciso ser cego mental e demente para dizer tal parvoíce.

 

Vargas Llosa naturalmente perdeu o juízo.

 

A sua mentalidade é primitiva. Não consegue discernir as coisas.  

 

A sua demência é visível nestas palavras que não condizem com a imagem que diz mais do que as palavras de mil Vargas Llosas.  

 

É preciso que esta “essência” tauromáquica seja denunciada.

 

O mundo precisa de saber quão dementes são estas criaturas, para poder extirpar esta praga social, e colocá-las no lugar onde devem estar: num manicómio.

 

MAS PRIMEIRO TEREMOS DE DERRUBAR OS GOVERNOS INSANOS QUE PERMITEM E APOIAM ESTA INFÂMIA  QUE INSULTA, OFENDE E AGRIDE A HUMANIDADE.

 

Fonte:

 

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10151662359908511&set=a.10150489521753511.368297.53140173510&type=1&theater

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:27

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Segunda-feira, 8 de Abril de 2013

COMO UM BANDO DE COVARDES TORTURA AO AUGE UM TOURO QUE RESISTE, COM A DIGNIDADE DE UM VERDADEIRO HERÓI

 

 

Depois de infinitas estocadas de um covarde, o Touro finalmente verga-se à morte heróica, e um bando de sádicos, bêbados e necrófilos aplaudem e espumam a babugem da estupidez.

 

 

 

E ainda há governos que apoiam isto.

 

E a igreja católica que, se diz seguidora de Cristo, é cúmplice disto.

 

E isto é o que de mais baixo existe na escala da crueldade cometida por gente que tem a pretensão de ser “humana” e se diz católica.

 

***

 

AQUI FICA O DESAFIO DO ARSÉNIO PIRES: QUE APAREÇA UM SÓ TAURICIDA A DEFENDFER RACIONALMENTE O QUE SE VÊ NESTE VÍDEO.

 

UM SÓ BASTA.

 

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:41

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Segunda-feira, 23 de Fevereiro de 2009

Ser escritor em Portugal

 

Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
 
 
 
(Aspecto da sessão de abertura do Correntes d'Escritas, com o escritor Ascêncio de Freitas em primeiro plano)
 
 
É sempre com grande interesse que, na Póvoa de Varzim, acompanho o encontro de escritores de expressão ibérica, denominado Correntes d’Escritas, que este ano celebrou a sua 10.ª edição, com participantes de Portugal, Angola, Argentina, Brasil, Cabo Verde, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, México, Moçambique, Peru, São Tomé e Príncipe e Uruguai, com auditório completamente cheio, numa época em que a Literatura parece estar em agonia.
 
O meu interesse por este evento abrange várias facetas: primeiramente conhecer de perto os escritores e a sua obra; ouvi-los divagar sobre variadíssimos temas, e, à margem deles, anotar o que se diz, observar o que se faz, o que se aplaude e o que se desaprova, e evidentemente, estou também atenta aos interesses que fazem mover a grande engrenagem destas Correntes, particularmente, os interesses dos editores portugueses (quase sempre os mesmos).
 
O saldo, certamente, é positivo, em todos os aspectos.
 
Nestes encontros, porém, temos de tudo um pouco: temos aqueles escritores que verdadeiramente o são, isto é, escrevem para os seus leitores e quando estes os interpelam, são simpáticos, conversam, até fazem perguntas, e nós, como seus leitores, ficamos agradados. E temos os outros: aqueles que escrevem para eles. São antipáticos, e fogem dos leitores como o diabo da cruz. São os que, depois de “fazerem o nome” transformam-se em vedetas, sobem aos seus pedestais, e é dali que nos falam, ou então não falam, limitam-se a encolher os ombros, como quem diz estou demasiado alto para te ouvir. Estes, claramente, decepcionam os seus leitores, e não são, de modo algum, os verdadeiros escritores.
 
Como acompanho desde a segunda edição estas Correntes, habituei-me já a separar o trigo do joio, e do “trigo” selecciono os melhores grãos, e tiro proveito do que realmente me interessa.
 
De tudo isto ocorreu-me divagar sobre o que é ser escritor em Portugal.
 
No meu entender, a arte da escrita banalizou-se. Hoje, qualquer um que tenha um livro publicado é tido como um “escritor”. E eles nascem por aí como cogumelos. Basta aparecer na televisão, com uma vidinha mais ou menos turbulenta ou escandalosa, e logo dali nasce um “livro”, a vender milhares de exemplares, porque o que interessa aos editores é ganhar dinheiro. «A Cultura que se lixe», como os meus ouvidos já tiveram a infelicidade de ouvir. Proteger a Língua Portuguesa ou divulgar a Literatura propriamente dita, já não é da competência dos editores. Pelo menos de alguns.
 
Então, além da proliferação de livros que contam vidinhas e escândalos, os “escritores” da moda, os best-sellers, são os que andam por aí: badalados e mediáticos. A sua sobrevivência depende do mediatismo. Sem esse mediatismo não sobreviveriam. E até há quem fale em “escritores parasitas”, isto é, aqueles que pagam a alguém para escrever livros e depois colhem os louros.
 
É preciso estar no lugar certo, no momento certo, com a pessoa certa para que possa singrar-se no mundo da escrita.
 
Um dia, ouvi (ou li, não sei agora precisar) José Saramago dizer que se o escritor faz um trabalho de escrita, não deveria ter um salário de acordo com o trabalho que realiza? A escrita é a “mercadoria” do escritor, a única coisa que ele tem para vender, então por que não lhe pagam o justo valor?
 
Talvez porque não haja um “justo valor”. Põe-se o problema das horas de trabalho: como contabilizá-las? Existe uma certa frustração na realização do trabalho da escrita (pelo menos no que me diz respeito): gastam-se horas, dias, semanas, meses e até anos a escrever uma obra, que depois fica na gaveta porque ou não se é suficientemente mediático ou não se tem um bom padrinho, para ter o direito de publicá-la; ou se a publicamos não recebemos o justo pagamento. Os intermediários são tantos, que para o criador sobra a ínfima parte. Isto em Portugal, porque lá fora, o escritor recebe uma quantia razoável antes de ser publicado, e depois uma percentagem sobre os exemplares vendidos, o que é muito mais justo. Desse modo, impõe-se ao editor o dever de divulgar a obra, para este poder reaver o dinheiro investido e mais algum.
 
Em Portugal passa-se exactamente o contrário. Se queremos ser editados pagamos ao editor e este, não tendo investido nada, nada tem a perder, logo, nada faz para divulgar a obra, e esta, sem divulgação, acaba por ficar encalhada, por muito interessante que seja.
 
Há quem pense que a escrita (as Artes em geral) não é para ser paga. É algo que transcende o materialismo. No entanto, quando o apelo da escrita nos invade terá de ser amarfanhado pelas necessidades da sobrevivência?
 
 
A escrita requer determinadas condições: silêncio, isolamento, lugar envolto pela natureza e disponibilidade de horas (todas as horas só para a escrita). As dificuldades económicas do escritor (e dos artistas em geral) são a vergonha das sociedades, dos governos. Há muito desrespeito pelo seu trabalho. Parece que ele tem a “obrigação” de escrever e sobreviver apenas do ar que respira. A Cultura é ainda uma questão menor.
 
Hoje em dia, ninguém investe num desconhecido, ainda que a escrita desse desconhecido tenha qualidade. O que interessa é vender, e só vende quem se mostra, quem aparece, quem acontece, quem…
 
No entanto há tão bons escritores portugueses, que nunca são referidos nos jornais, nas revistas da especialidade, na televisão. E eu pergunto-me: porquê?
 
Os escritores contemporâneos meus preferidos são o Fernando Campos, o Luís Rosa, o Altino do Tojal, a Luísa Dacosta, entre outros. No entanto quem ouve falar acerca destes mestres da Língua Portuguesa?
 
Um dia, fui apresentada a um senhor editor de uma conceituada editora portuguesa, na altura da loucura do Big Brother. Ao ser apresentada disseram: Esta é uma escritora que faz edições de autor. E eu acrescentei: Faço edições de autor porque não vou ao Big Brother. O editor disse: Sabe, foi uma encomenda de uma grande superfície…
 
A encomenda era um livro do rapaz que mais mal falava (logo escrevia) no tal programa televisivo. Mas foi um best-seller. Tive a curiosidade de ler um excerto, quando fui a uma consulta médica e dei de caras com uma revista, onde se fazia parangona ao livro, logo na capa. Fiquei horrorizada com a “literatura” à qual a tal conceituada editora dava cobertura. Uma editora que já me havia recusado um texto. Não quero dizer com isso que eu seja uma “Saramago”, mas considero que a minha escrita é um pouquinho melhor do que a do tal rapaz.
 
E se quero ser editada por uma editora tenho de pagar o preço de ser escritora em Portugal. Assina-se um contrato, que nunca é cumprido pela editora. E não há lei alguma que obrigue as editoras a cumprir o que está estipulado no contrato. E as contas que deviam fazer-se semestralmente, passa-se um ano, passam-se dois, passam-se três e o escritor que viva do ar que respira, abundante e gratuito…
 
Será este um modo de servir a Cultura, em Portugal?
 
Isabel A. Ferreira
 
 
publicado por Isabel A. Ferreira às 19:27

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