Estas coisas têm de ser ditas aos estrangeiros que pensam que Portugal é um paraíso. Que Portugal é o Algarve, Lisboa, Porto, gastronomia e muita bebedeira.
André Silva, deputado parlamentar do PAN não desiste de lutar pelo fim da isenção do IVA nas touradas. Lamenta que «o pão, a fruta, o arroz, as massas ou os legumes estão sujeitos ao pagamento, mas os designados ‘artistas tauromáquicos’ estão isentos».
Num artigo de opinião, publicado pela revista Sábado, André Silva lembra que pela terceira vez consecutiva o PAN propõe “uma alteração ao Orçamento do Estado para revogar a isenção do pagamento de IVA para os profissionais da tauromaquia”, e por três vezes, as forças no Poder (PS, CDU e BE actualmente; PSD e CDS à data da primeira proposta) recusaram a proposta e mantêm a isenção que beneficia as touradas, enquanto muitas outras iniciativas culturais (e não só) são obrigadas a pagar IVA.
André Silva justifica esta proposta considerando que o fim desta isenção «justifica-se não só porque se trata de uma actividade puramente comercial, mas, e sobretudo, porque esta assenta no desrespeito pela sensibilidade de seres humanos e animais, recompensando os maus tratos e aplaudindo a exibição da violência extrema».
Fonte
http://ptjornal.com/andre-silva-pao-fruta-arroz-tudo-portugal-iva-as-touradas-estao-isentas-210374
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A minha amiga, Maria do Carmo Tinoco é que tem razão, quando diz que «Torturadores de animais são mais importantes que o pão o arroz, a fruta, até a água, de todos os portugueses, pelos vistos. Chamar artista a essas criaturas é um insulto para qualquer pintor, escultor, actor, cantor e por aí, fora. Nem sei quem foi a mente brilhante que se lembrou de chamar artistas àquilo...enfim... uma Web Summit num Portugal que se pretende desenvolvido, "artistas da tortura", numa realidade de um Portugal hiper atrasado e vergonhoso...Era bom que alguém dissesse aos da Web Summit que o campo pequeno não serve só para espectáculos de música, dança e outras nobres artes, também serve para práticas medievais, sádicas e pouco dignas. O "pequeno" associado ao nome do edifício deve ter a sua razão de ser. Quando se mancha a arena com o sangue de inocentes herbívoros vê-se a pequenez, a baixeza de quem faz e de quem vai ver. Haja vergonha neste país».
Um texto irónico de Carlos da Torre, sobre a prática de uma “tradição” que avilta a dignidade humana.
Texto de Carlos da Torre
«"Se tourada é cultura, canibalismo é gastronomia" - ironizou há tempos o maestro António Victorino de Almeida. Não terá razão o maestro. Podemos ver este assunto de outra maneira. Compreender a importância cultural da tourada e reconhecer que não é impossível que o canibalismo possa já ter sido gastronomia em alguns momentos históricos em alguns lugares. O que nos poderá também levar às conclusões de que nem tudo quanto é cultura é recomendável e de que nem toda a gastronomia é aceitável. Porém, temos consciência de que estaremos acompanhados numa escala indiscutível na rejeição do canibalismo e que conviveremos com maiores diferenças de opinião no que respeita às touradas. Torna-se aconselhável, por isso, balizarmos a discussão deste assunto com valores de aceitação tendencialmente universal. Valores civilizacionais. Com todas as contradições que sempre existem nestes contextos.
Cremos que o não infligir maus tratos aos animais se inscreve nessa universalidade do nosso tempo, no quadro da dignidade humana. Isto não significa deixarmos de ser carnívoros, que tendo os seus defensores é uma opção considerada por quase todos como excessiva e que é claramente discutível do ponto de vista da saúde humana. Está longe de significar o abandono absoluto de muitas práticas violentas sobre os animais associadas à nossa sobrevivência. Mas tende a consensualizar o repúdio pelos espectáculos centrados no sofrimento dos animais. Exibição de luta entre animais. Ou, como no caso das touradas, em que os animais são condicionados para se apresentarem em arenas com agressividade suficiente, e não mais, para exibições de coragem gratuita de uns e falsos heroísmos de outros. Do touro espera-se que sofra com espectacularidade. Para bem das artes tauromáquicas. Para bem do espectáculo. Para bem dos negócios associados.
E deve continuar assim, porquê? Porque é tradição? Porque é cultura? Porque é arte? Pode ser tudo isso! Mas manter intocável a prática de tradições que aviltam a dignidade humana tal como a concebemos neste tempo, mesmo se em nome da preservação cultural, só pode ser óbvio para quem esteja inconscientemente preso ao passado ou se mova hipocritamente em função dos interesses dos seus negócios presentes.
Com o evidente exagero, é caso para lembrar que preservamos a memória da guilhotina mantendo esses instrumentos em museus. Não lhes damos uso! Deveria ser de outro modo?
Carlos da Torre»
(Texto de opinião publicado no jornal "A Aurora do Lima" em Agosto de 2013)
Fonte:
Vila Franca de Xira apoia com 12 mil euros a arena de tortura da cidade.
Para o bem-estar e a saúde da população local (não esquecemos o caso da legionella) não há verbas.
Mas para este "divertimento" PERVERSO, primitivo, cruel e incivilizado, as verbas não faltam.
E as pessoas do BEM que se lixem!
Não é assim, Senhor Alberto Mesquita, presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira?
Vivemos num país onde as prioridades são a violência, a crueldade, a tortura, fruto da existência de governantes medíocres, ignorantes, de carácter frouxo e com interesses mesquinhos, mas também de um povinho inculto, primitivo, bárbaro e mentalmente atrasado, devido à política incultural e imoral fomentada pelo governo português e pela igreja católica.
E este cocktail de uns e de outros é a maior praga de que sofre Portugal.
No caso de Vila Franca de Xira, uma localidade com um atraso civilizacional bastante acentuado, as coisas pioram, porque são muitas as iniciativas ligadas à selvajaria tauromáquica, que, ao que vemos, é a prioridade do município.
As verbas que se gastam com a tortura de bovinos, para divertir os broncos, poderiam ser canalizadas para fazer evoluir esses mesmos broncos, se essa fosse a vontade de quem pode e manda.
Isto vem a propósito da aprovação por unanimidade (o que é estranho, pois em Vila Franca de Xira não haverá gente na governação, que tenha bom senso e sensibilidade?) em reunião pública do executivo camarário, de um subsídio de 12 mil euros, para pôr a funcionar a arena de tortura lá da cidade. Mais dois mil euros do que no ano passado.
Como se isto já não fosse um atentado à moral e aos bons costumes e á sanidade mental do povo, a empresa concessionária comprometeu-se a tomar medidas que facilitem o acesso de jovens e idosos ao recinto e a promover mais espectáculos noutras praças do país com a participação dos jovens alunos da escola de toureio (leia-se antro de selvajaria tauromáquica) José Falcão, instalada em Vila Franca de Xira.
Estamos a falar de jovens e crianças menores de 18 anos.
Quanto aos idosos, coitados, levá-los a assistir a actos bárbaros também é uma violência .
Alberto Mesquita, presidente do executivo vila-franquense, que curiosamente é do PS, defendeu a proposta com base na necessidade de apoiar uma das imagens de marca do concelho.
Isto é, a imagem de marca de Vila Franca de Xira não é, por exemplo, a gastronomia, um rancho folclórico, uma orquestra, a paisagem, um monumento, uma iniciativa cultural…
Não!
A imagem de marca de Vila Franca de Xira é nem mais nem menos do que a TORTURA DE BOVINOS para divertir BRONCOS.
Isto será razoável?
E Alberto Mesquita, toldado por qualquer obscuridade que o deixou especado na Idade das Trevas, põe tudo a perder quando afirma: «Não há dúvida que a festa brava é a nossa identidade e por isso a nossa obrigação é afirmar a cultura taurina (leia-se cultura dos broncos)».
Tudo isto espremido dá que:12 mil euros vão ser esbanjados para promover a violência, a crueldade, a incultura, o atraso mental, moral e civilizacional, e tudo isto, envolvendo jovens e crianças que, se não forem retiradas deste antro obsceno a tempo, serão os monstros do futuro.
Por tudo isto, aqui fica a Estrela de Ferro para Vila Franca de Xira, cuja imagem de marca é a estupidez no seu estado mais puro.
Sinto muito, Senhor Alberto Mesquita. Mas tortura jamais foi cultura em parte alguma do Universo.
Porque Cultura e Arte são o que o Homem cria para tornar a Humanidade mais sensível, mais inteligente, mais civilizada, mais evoluída, mais bela…
Violência, crueldade, tortura, sangue derramado, ou seja, tudo o que humilha e desrespeita e esvazia a Vida Animal da sua essência primordial, jamais, jamais poderá ser considerado Cultura e Arte.
Vila Franca de Xira está à beira do abismo da incivilidade.
QUE VERGONHA!