Sexta-feira, 27 de Novembro de 2009

Meninos escravos no Gana – Eu não sou cúmplice!

 

 

Hoje recebi um e-mail enviado por um amigo meu, com uma petição intitulada EU NÃO SOU CÚMPLICE, com o que se passa com os meninos escravos do Gana, dirigida à nossa Assembleia da República, ao nosso Governo, ao nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O conteúdo da petição poderia referir-se a muitas partes do mundo, onde as crianças são exploradas de toda a maneira, mas esta diz o seguinte:
«Sei dos muitos casos gritantes de crueldade exercida sobre as crianças em todo o Mundo. Sei da impossibilidade de lhes acudir. Mas sei que posso acudir aos Meninos Escravos do lago Volta no Gana. Basta escrever aqui apenas o meu nome. A minha assinatura representa a Esperança para milhares de crianças prisioneiras, com 3, 4 e 6 anos de idade. Meninos que trabalham 14 horas por dia na pesca do poluído lago Volta, escravos dos pescadores que os compram por 30 euros. Que morrem no lago, porque muitas dessas crianças não sabem nadar. Eu vou ajudar a salvá-las. Porque quero pôr termo a este genocídio. Os Meninos Escravos do lago Volta trabalham 14 horas por dia durante os 7 dias da semana. Pagam-lhes com fome e maus-tratos – têm o corpo coberto de cicatrizes. Todos eles sofrem de doenças graves. Não lhes assiste sequer o direito a sentar-se. Sei que desde 2005 vigora no Gana uma lei que proíbe o tráfico humano. Mas a lei não se cumpre. Não quero ser cúmplice deste CRIME! Não quero ser cúmplice desta IMPUNIDADE!O meu nome vai ajudar a libertar estas crianças. Para que, quem pode tome decisões. Para que um massacre destes não volte a acontecer no Gana nem noutra parte do mundo.O meu nome representa a imagem das Crianças Escravas do lago Volta como se fossem filhos meus!»
Assinei esta petição com a esperança de que algo possa mudar na vida destas crianças e de todas as outras que sofrem inconcebíveis horrores; e de que todos os governantes dos países, que se dizem civilizados e detêm poderes para transformar as coisas (se quiserem), se unam num combate justo contra estas crueldades.
Entretanto, aqui deixo um outro apelo, palavras que podem correr mundo, na esperança de que toquem o coração daqueles que têm poder para poder transformar o mundo num lugar onde haja lugar para que todas as crianças possam ser crianças.
 
 
AO HOMEM DO PLANETA TERRA
 (Um recado de criança)
 
Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
 
 
         Começo por dizer-te
         Que ser criança é natural.
         Ninguém nasce já adulto.
         Repara,
         É como qualquer coisa que começa…        
         Nunca viste nascer seja o que for
         Já na sua forma definitiva.
         Tudo começa por ser pequenino,
         E depois lentamente
         Vai crescendo… crescendo… crescendo…
         Olha para ti.
         Dizem que quando nasceste
         Eras pequenino também.
         Não te lembras?
         Usaste fraldas, chupeta e biberão
         E brincaste com carrinhos, bolas e bonecas…
         Despreocupadamente...
         Eu, porém,
         Tenho outras preocupações:
        Preocupo-me contigo, que dizes ser homem...
        Diz-me:
        Até onde pretendes ir?
        Repara:
        Eu sou uma criança,
        Nada sei, preciso de aprender tudo.
        Queres ensinar-me?
         Mas rogo-te:
         Não me ensines tudo o que sabes,
         Ensina-me só o necessário.
         Ensina-me a respeitar o meu irmão
         E a Natureza.
         Preciso deles para viver,
         Por isso, não deves destruí-los.
         Ensina-me também a ser poeta
         Para poder cantar os sentimentos bons
         Que sei estarem escondidos dentro de ti.    
         Ensina-me a cantar as belezas da Natureza,
         A Paz, o Sonho…
         É isso!
         Ensina-me a sonhar, se souberes...
         Quanto a mim,
         Acho que não sei sonhar.
         Vivo apenas a vida que para mim escolheste,
         E não sei o que é sonhar…
         Às vezes,
         Penso que estou num lugar
         Onde o ar é puro para respirar;
         Onde há crianças que brincam
         Riem e são felizes…
         Onde há gente grande que se entende
         E sorri, inclusive para mim…
         Num lugar onde os animais vivem em paz,
         As flores são mais coloridas,
         As árvores mais frondosas,
         E não há poluição,
         Nem armas nucleares,
         Nem ladrões, nem assassinos,
         Nem fome, nem guerra,
         Nem terrorismo,
         Nem torturadores,
         Nem escravatura de crianças...
         Um lugar onde tudo está em perfeita harmonia.
         Então pergunto-te:
         Será isto sonhar?
         É possível?
         Eu não sei…
         Mas se é,
         Gostaria de te pedir que transformasses
         Este meu sonho em realidade,
         Pois sei que se quiseres…
         Consegues realizar todos os sonhos.
         Um dia sonhaste que podias ir à Lua.
         E foste.
         Se pudeste ir à Lua,
         Por que não podes construir
        Também um mundo
Onde eu possa viver tranquilamente?
         Digo viver, sim,
         Porque o que faço actualmente
         É apenas respirar.
         Se não respiro, sufoco…
         Mas penso que viver não é apenas respirar,
         Viver,
         Para mim, que sou criança,
         É  amar, ser amada, brincar,
         Sentir, pensar, sonhar, acreditar,
         Aprender, construir, ter sentido crítico
         E ser feliz em liberdade…
         Reparaste que eu não disse
         Odiar, desaprender, desacreditar ou destruir...
         Penso que essas coisas são indignas de ti.
         De ti,
         Que dizes ser homem, que tens um cérebro
         Diferente do dos macacos;
         De ti,
         Que tens umas mãos concebidas para construir;
         Uns pés que te permitem caminhar erecto
         E não rastejar, como um verme,
         Pelo chão que tu próprio sujas.
         Então por que te comportas
         Como um animal rastejante?
         Repara,
         Eu sou uma criança.
         Sei que um dia serei grande como tu.
         É a lei da Natureza.
         Mas confesso: tenho medo de crescer.
         Quero ficar sempre menino,
         Porque hoje,
         (apesar de ser criança)
         Penso na paz, no amor, na liberdade…
         Com esperança...
Penso apenas em ser feliz, um dia...
         E tenho medo de que, crescendo, como tu,
         Eu me torne igual a ti,
         Que só pensas em guerra, em odiar, em escravizar,
         Que planeias a tua felicidade
         À custa da infelicidade dos outros...
         Mas… Não!
        Tenho de dizer não!
         Nunca serei como tu. Nunca!
         Porque vou aprendendo com os teus erros,
         E vejo que o teu comportamento
         Só leva à destruição.
         E eu,
         Que ainda sou criança,
         Não quero que o mundo seja destruído,
         Porque preciso de viver o meu futuro.
         Tu, que não sabes viver a vida,
         Deves aceitar agora as minhas condições:
         Quero um mundo
         Onde eu,
         Criança,
         Possa amar, ser amada, brincar, sentir,
         Pensar, sonhar, acreditar,
         Aprender, construir, ter sentido crítico
         E ser feliz em liberdade…
         No entanto…
         Vê o que fizeste:
         Transformaste tudo o que era simples,
         Inocente e verdadeiro, num autêntico caos.
         Destruíste a confiança que eu depositei em ti.
         Sabes o que pensam as crianças?
         Pensam que a infância existe em todos,
         E é para ser vivida.
         Ela está dentro de nós.
         Crianças,
         Abri os braços e gritai comigo:
         Também temos direitos!
         Crianças,
         Ponham os pés firmes no chão,
         Não imitem aqueles que se dizem homens,
         E sede aquilo que eles não são.
         … E o menino sonhava…
         E sonhava o menino…
         Mas o que de belo no seu peito existia
         Logo à nascença morria…
         Conheces estes versos?
         Não! Claro! Só pensas em guerras!
         Já não acreditamos em ti,
         Nem queremos ser como tu,
         Porque tu só sabes destruir
         Os sonhos das crianças,
         Do menino que eu sou.
         Olha para mim de frente:
         Tens coragem de me negar
         A vida?
         Sabes do que estou a falar?
         Compreendes-me?
         Tens ideia do que quero? 
         Do que te imploro?
         Quero que inventes coragem
         E comeces a mudar o mundo
         Para que todos os dias
         O Sol possa brilhar
         No jardim da minha infância…
 
publicado por Isabel A. Ferreira às 15:08

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