Como a cegueira mental estrangula a capacidade de discernir de um aficionado.
E dizer que Moita Flores já pertenceu à Polícia Judiciária e não aprendeu nada com a violência que lhe passou pela frente…
«Uma imagem vale mais que mil palavras para descrever o seu júbilo ao ver um animal ser torturado»…
Bem Prega Frei Tomás ou Melhor Moita Flores
Moita Flores, escreveu um artigo no jornal “Correio da Manhã”, datado de 16 de Junho, intitulado “Matança”.
O artigo é um ataque à escalada de violência a que todos assistimos hoje em dia. É um facto que vivemos numa sociedade cada vez mais violenta e é um facto que essa violência deve ser analisada em todos os contextos. Um deles, é o do machismo e marialvismo que é inerente a todos que são aficionados.
Esse machismo, que se traduz não só na dominação das mulheres mas também dos animais, é sem dúvida responsável pela sociedade violenta que temos hoje em dia.
Três afirmações de Moita Flores e que destacamos a negrito, mostram a hipocrisia de alguém que ataca a violência, mas que propositadamente se esquece que uma das causas dessa violência, se deve ao facto de continuarmos a permitir a tortura de animais para entertenimento de alguns.
Primeira: “As mulheres propriedade, as mulheres com dono eterno, as mulheres sem direito aos seus direitos.”
Na realidade, essa é a sina de muitas mulheres que são namoradas, casadas ou vivem em união de facto quer com toureiros quer com aficionados.
Segunda: “Nuno Crato, tão pressuroso em reformas, há muito que deveria ter percebido que é na escola que se exercem as primeiras palavras que podem expurgar esta violência maldita vinda do Portugal primitivo.”
Ora nem mais, é a escola que educa e que forma as crianças a serem adultos responsáveis e não violentos, mas quando um país permite que tauricidas invadam as escolas para formatarem essas crianças a serem violentas, então não podemos esperar que a violência maldita seja expurgada!!!
Porque de facto a educação para a cidadania passa pela compaixão e essa compaixão passa por ensinar as crianças a serem sensíveis com o seu próximo e com os animais. Ora quando se ensina a uma criança que torturar animais numa tourada é fixe e é aceitável, então, não estamos a expurgar a violência mas sim a fomentá-la.
Terceira: “E enquanto não for assim, continuaremos a produzir putativos doutores da violência, do analfabetismo e do terror. Pois a ignorância é a maior inimiga da dignidade humana, a crueldade assassina o mais grave sinal deste primitivismo boçal que faz do País um caldeirão de sangue e morte.”
Sr. Moita Flores, com essa afirmação, tirou-nos as palavras da boca e sabe porquê, porque V.Exa., descreve na perfeição o porquê de termos um primitivismo boçal, porque quando uma minoria da qual o senhor faz parte, pretende impingir a este país uma forma de estar na vida que passa por rejubilar com a tortura de animais numa praça de touros, então, está aberta a porta para a crueldade assassina.
Você melhor que ninguém sabe que um criminoso não nasce criminoso, forma-se. Tal deve-se não só ao meio em que foi criado mas também à educação que lhe foi dada. Se educamos as futuras gerações a serem insensíveis ao sofrimento animal, rapidamente se tornarão insensíveis ao sofrimento humano, daí até se tornarem assassinos é meio caminho andado.
Porque o senhor sabe, tal como nós sabemos, que violência gera violência e que alguém educado sob o signo da violência se tornará violento e que o mundo que você tanto admira e defende, ou seja o mundinho aficionado, é um poço de violência.
Prótouro
Pelos touros em liberdade»
Carta aberta de Ernesto Barroso ao Dr. Moita Flores
Exmo. Sr. Dr. Francisco Moita Flores:
Chamo-me Ernesto Barroso. Não sou escritor (sou um simples e anónimo empregado de escritório de uma firma de seguros). Tenho dois filhos e não tenho netos. Não sou presidente seja do que for, nem escritor, nem autor de enredos de telenovela. Nem inspector da judiciária ou de qualquer outro órgão de defesa nacional. Sou um simples e anónimo português, defensor da extinção das touradas e…não lhe admito que julgue que tem o direito de me chamar analfabeto!
Relativamente ao seu comunicado de 05.09.2010, referente à iniciativa da Frente de Acção Pró Taurina, e na qualidade de um que defende a extinção deste tipo de espectáculo que, toda a gente minimamente civilizada deste mundo, compreende que os animais são sujeitos a sofrimento desumano – infligido por…humanos; Venho apresentar resposta a alguns considerandos que V. Exa. faz, tanto ao que se refere à acção das touradas em si, como contra aqueles que, pela sua consciência – e livres de o fazer, por viverem num país democrático – defendem a extinção das touradas.
A determinado espaço da sua prosa, invoca “O touro bravo (bravo porquê se é criado em ganadarias – locais vedados e dirigidos pelos granadeiros?), fera negra, símbolo da morte (que lhe é infligida pelo Homem…seja porque razão for, não é justificação para que lhe sejam infligidos ferimentos em espectáculos onde a cambada ri e se diverte com o sofrimento do animal) e do medo (porquê? Desde quando um animal que é deixado em paz no seu habitat é ameaça para as pessoas?) olhava-nos arrogante e valente.”(arrogante? Porque será? Porque o “bicho acha que é mais que os outros seres vivos? Ou porque é confinado a um espaço físico, onde é criado às custas das venturas e desventuras dos seus criadores, à mercê das suas disposições ou indisposições? Quem é o arrogante nesta história?) e valente…sim, valente, a tentar defender a sua vida e o seu espaço, como qualquer outro animal faz e tem o direito de o fazer quando atacado, até o próprio homem, como V. Exa. decerto faria se acaso V. Exa. ou a sua família estivesse em perigo. A arrogância e a bravura de um animal justificam as touradas? O facto de haver ganadarias onde se cria gado, justifica um espectáculo onde se persegue e fere um animal…por representar arrogância e bravura? Então quem é mais arrogante? O touro ou quem o leva para um espectáculo para mostrar que é tão ou mais valente que o “bicho”?
V. Exa. escreve “Numa arena, em cada combate, vence a vida ou vence a morte. Não há meio-termo. Esta dimensão trágica do simbólico enredo taurino está presente em todas as manifestações populares, nomeadamente, nas largadas, que arrebatam milhões de entusiastas que procuram apostar a vida, nem que seja numa corrida medrosa com o touro a quinhentos metros de distância…” O que V. Exa. se esqueceu de acrescentar foi que numa corrida de touros, o animal está encurralado dentro de uma arena, onde é desafiado a combater (não é por vontade própria), rodeado de animais (humanos) que dão largas aos seus stresses e aos desesperos da vida, gritando e aplaudindo alguém que se quer mostrar valente ao ponto de enfrentar… uma fera - domesticada e criada em cativeiro).
O que V. Exa. se esqueceu de acrescentar é que a morte de que fala neste ponto é, invariavelmente, a do touro. Porque, quer ele consiga ripostar, ou não; quer consiga ferir ou matar algum dos seus antagonistas, acaba sempre em postas, depois do espectáculo porque, como dizem as pessoas da faena, um animal lidado não pode voltar a sê-lo porque acaba por apanhar as manhas do adversário e torna-se…perigoso (esta do torna-se perigoso é de gritos, vindo de alguém que vive às custas do sofrimento do touro). E, desde quando “Esta dimensão trágica do simbólico enredo taurino está presente em todas as manifestações populares” Todas? O circo; o futebol; os espectáculos de música; teatro; dança, também Sr. Dr? Afinal de contas quem é o analfabeto?
Um pouco mais à frente V. Exa. indica que “as culturas urbanas radicais desprezam os campos e desprezam os seus costumes, gostos, atitudes psico-afectivas.” Como se quem vive no e do campo tenha que, obrigatoriamente ser criador de touros ou gostar e/ou defender as touradas…caso contrário ainda é considerado um radical, membro de uma qualquer Al-Qaeda da agricultura pró-vida activa. E apelida de “Culturas, ou microculturas radicais…” a quem defende o fim das touradas. Ou seja, de uma forma pomposa e de prosa fácil (normal para um escritor) V. Exa. quer dizer que quem é contra aquilo que V. Exa. defende (quem defende a vida em oposição á morte; que defende a extinção de um espectáculo que inflige sofrimento e dor) é um radical. Então, eu considero que V. Exa. e todos aqueles que defendem o seu ponto de vista são radicais e extremistas, porque defendem a morte e o sofrimento, tal como qualquer outro grupo radical deste mundo, que defende que o fim a que se propõe justifica os actos, mesmo que esses actos signifiquem dor e morte – tal como extremistas islâmicos ou radicais Espanhóis e/ou Irlandeses bem conhecidos da opinião pública. A única diferença entre V. Exa. e os seus apoiantes, é a que os vossos actos são permitidos e ainda por cima motivo para espectáculo, tal como acontecia na idade média quando os criminosos eram motivo de reunião dos seus concidadãos, para assistirem à execução da pena – tal como os touros, alguns desses supostos criminosos, por vezes, eram tão, ou menos, criminosos, do que aqueles que ditavam as penas e aplicavam as sentenças – assim como aqueles que, actualmente, ditam a sorte dos touros que são lidados nas arenas.
Mais à frente V. Exa. refere-se àqueles que defendem a extinção das touradas como “Limpando a hipocrisia, a nenhum interessa os direitos dos animais, nem os direitos dos homens. Gritam o folclore politicamente correcto e giro!” É engraçado que em todo o texto que V. Exa. escreve, justifica a sua posição como defensor de um direito (o de matar outro ser vivo) por parte daqueles que são considerados o topo da cadeia alimentar, pelo simples facto de se tratar de cultura (?) e depois vem dizer que são os seus antagonistas (neste caso) que fazem o folclore. É engraçado que V. Exa. nunca se refere ao facto de estar a defender as touradas, por ser o Pres. da Câmara de uma edilidade que em 12.07.2010 reuniu 12 mil espectadores numa arena, para ver lidar touros, resultando daqui uma entrada de capital assinalável relativamente aos bilhetes vendidos para o espectáculo.
É engraçado que V. Exa. não faz referência ao facto de ser o Pres. da Câmara de um edilidade que, de acordo com pesquisa na Internet tem 10 (entre 36 - quase 50%) empresas de abate de animais em Portugal. Diga-nos Sr. Presidente da Câmara. Quem é que está aqui a ser politicamente correcto? Quem defende a extinção de um espectáculo que representa a falência de empresas registadas na edilidade a que V. Exas. preside? Ou quem vem, ao abrigo da cultura e tradição, justificar um espectáculo de dor; sofrimento e; morte, por causa dos dividendos económicos, sociais e políticos que daí advêm?
V. Exa. indica ainda que “Apenas contra a pretensa violência contra os touros bravos - (lá está V. Exa. outra vez com o bravo) - nem pelo outro argumento comodista e repetido de que não são contra o abate dos animais mas sim contra o espectáculo que, no caso português, nem os abate.” Então e Barrancos? E Monsaraz? Então e o que acontece com os touros depois de lidados? São devolvidos aos pastos para se reformarem, em paz e sossego querem lá ver? Um animal que foi acossado; picado, maltratado pelo Homem é libertado para depois sempre que vir um desses homens o atacar não? Não admira que V. Exa. considere que os defensores da extinção das touradas são analfabetos. “Maior hipocrisia não existe”, escreve V. Exa. logo de seguida. Realmente é verdade…da sua parte. “… já não há paciência para ser insultado por uma horda de analfabetos.” Escreve V. Exa. quase de imediato. Quem é que V. Exa. julga que é? Porque é ex-inspector da judiciária? Tenho um amigo que também o é. Porque se diz escritor? Eu também conheço quem escreve e leio livros. Por escrever enredos de telenovela? Tirando talvez as touradas é do piorzinho que se pode assistir numa televisão.
Por ser Presidente de uma Câmara, de um Concelho onde a vida e a morte dos animais está intimamente ligada à subsistência dos seus munícipes e à realização de espectáculos de sofrimento e morte? Julga-se no direito de ofender quem se opõe às suas convicções? E depois vem chamar aos seus antagonistas de radicais? Então o que é que o Sr. é? Um pacífico defensor do sofrimento; dor e…morte de animais. E todos os que são contra, são radicais e analfabetos. Não é assim? Já que estamos numa de analfabetos, recomendo a V. Exa. a visualização de http//anvetem.blogspot.com/2009/05/mvm-santarém.sessenta-cabeças-de-gado.htgl e da edição noticiosa da SIC de 13.09.2010, nomeadamente da notícia sobre touros de morte no castelo de Monsaraz. Favor notar a paixão e fervor quase religioso da “inteligente” que foi entrevistada, ao dizer “É tão bonito ver o touro matar” referindo-se à morte do touro. Se é este o tipo de gente que V. Exa. admira – que defende as touradas e a morte dos touros – então tenha V. Exa. todo o prazer em ficar rodeado por este tipo de pessoas inteligentes, enquanto nós, os analfabetos defensores da extinção das touradas, ficamos com a nossa falta de estudos e estupidez natural.
V. Exa. indica ainda “E sei que o combate passa por afirmar a defesa dos símbolos, dos valores, dos ritos, das cargas simbólicas que consolidam a nossa secular matriz identitária. E esse combate, feito de muitas frentes de luta, tem numa delas os “talibãs” que em nome dos direitos dos animais procuram destruir os animais, a economia que os sustenta e os animais sustentam, além da cultura a eles imanentes.”
V. Exa. deve mesmo pensar que o povo português é uma cambada de analfabetos, capazes de engolir prosa fácil e repleta de terminologia própria de escritor. Ó Sr. Pres. da Câmara. Então os talibãs não são aqueles que cometem atentados…contra os humanos? Então a economia toma conta dos animais? E de que forma não é Sr. Escritor? Dá-lhes vida, cria-os, e depois abate-os ou manda-os para dentro de uma arena para serem sujeitos a um espectáculo de sofrimento e morte. E também lhes “trata da saúde”, não é? E de que maneira. Uma secular matriz identitária? Sim. Claro. Também as feiras e romarias que não têm corridas de touros o são e não necessitam das touradas para sobreviverem. Também os espectáculos desportivos; musicais; de teatro, de dança, são um símbolo da identidade de um povo. E não resistem sempre aos tempos e às mudanças de hábitos das pessoas, para continuarem a existir, sem a necessidade de mostrarem sofrimento; dor e…morte.
Finalmente V. Exa. termina com um convite à associação daqueles que querem “…definitivamente mostrar ao país que não nos submetemos à ditadura do “hamburger” urbano (não precisava de entrar neste pormenor – quem lê o seu texto, vê de imediato que V. Exa. gosta é de “bife”, ainda que o mesmo venha do corpo de um animal que foi maltratado numa arena, antes de ser abatido). A propósito, muitos (talvez a maioria) dos defensores da extinção das touradas são vegetarianos e, um dos inimigos “figadais” (espero que tenha apreciado esta alusão ao fígado dentro do contexto de luta – tem que admitir que tem um certo ar de escritor de novelas, mesmo que baratas) deles são as firmas de hambúrgueres, como a Mcdonald por exemplo. V. Exa. continua “…Sem intolerância” (para quem apelida de horda de analfabetos aqueles que são contrários às suas convicções, até nem está nada mal não é Sr. ex inspector da judiciária), “em nome da liberdade” (esqueceu-se de acrescentar que isto significa matar publicamente sem ser preso por isso, nem pagar imposto – mas se for apanhado a urinar na via pública apanha por tabela) “…mas também em nome dos direitos naturais sagrados que nos tornaram portugueses” (Ah. Então é um direito natural e SAGRADO matar. Bolas e eu que pensava que as religiões defendiam o amor e a concórdia. Caraças. Começo a pensar que V. Exa. tem toda a razão. Eu devo ser mesmo um analfabeto – “que nos tornaram portugueses”, e eu que não sabia que o direito sagrado de matar animais é que define a minha condição de ser português. Raios partam isto Dr. Moita Flores, vou já começar pelo gato da minha vizinha – o sacana do bicho de vez em quando não me deixa dormir e, se isso faz de mim mais português do que os outros, vou já tratar-lhe da saúde).
Dr. Moita Flores. O facto de o Sr. ser tudo aquilo que muito pomposamente faz questão de mostrar no seu texto referente à Acção Pró Taurina, não lhe dá o direito de chamar analfabeto a quem defende o contrário daquilo que são as suas convicções. Assim como o facto de V. Exa. ser presidente da câmara municipal de um concelho cuja economia está bastante assente na criação; comercialização; e abate de animais, não me dá o direito de o apelidar de assassino sem escrúpulos, por defender espectáculos de sofrimento e morte, com a intenção de defender a economia do povo que o escolheu.
Assim sendo, convido-o a colocar-se mais na pele do animal – a besta – de que defende o sofrimento em praça pública, e a morte. V. Exa. acha que o animal não tem sentimentos? V. Exa. considera uma visão natural e aceitável um touro ensanguentado e espetado por bandarilhas a ser perseguido continuamente num redondel, com gritos e apupos da populaça, sedenta de sangue? V. Exa. considera isto um direito cultural e identificativo do Ser Português? Experimente V. Exa. um dia ser espetado por bandarilhas e depois perseguido numa arena até ficar sem forças e sem sangue. Depois venha explicar ao povo o que é que isto tem a ver com ser português. (Eu, de boa vontade me volutario para ser o que lhe espeta as bandarilhas). E considera-se V. Exa. um ser inteligente? Nem todos os graus de doutoramento do mundo; nem todos os cargos políticos ou sociais do país; nem todas as retóricas que V. Exa. escreveu ou venha a escrever o impedem de ser considerado pelos seus concidadãos e pela sua raça como alguém que defende o sofrimento; a dor e…a morte, em nome de uma economia – essa sim cada vez mais da cultura do “hamburger” urbano, ávida de sangue de quem quer que seja, considerando que os dividendos justificam os meios e os actos CRIMINOSOS que potenciam os fins.
Portimão, 2010-09-21
Ernesto Barroso (orgulhoso analfabeto português)
Conheci-o um dia, na Póvoa de Varzim. Foi à Cooperativa «A Filantrópica», na sua qualidade de Polícia, falar sobre a Droga e as suas consequências.
Tivemos, os dois, uma conversa interessante, profunda, acerca do sofrimento dos pais de toxicodependentes, os quais preferem vê-los mortos-mortos do que mortos-vivos. E isso feria a sua alma de homem-polícia.
Começou aí a minha admiração pelo Dr. Moita Flores. Nessa noite conheci um homem sensível. Coisa rara nos tempos que corriam (e ainda correm).
Depois vieram os filmes na TV, dos quais gostei muito. Vieram os livros, bem escritos. E a minha admiração continuou intacta.
Até ao dia 25 de Agosto de 2010, quando o Dr. Moita Flores divulga uma Petição a favor do «Massacre de Touros». Muito bem escrita, aliás. Um apelo brilhante ao que chama os “Direitos da Terra”. Quase convence as pedras dos caminhos campestres, bordejados de flores amarelas, que os seus pés pisaram na infância.
Quase.
Mas não convence. Sabe porquê?
Porque o que lhe interessa não é defender o «Massacre de Touros» (vulgo touradas) a que chama Festa Brava, nem sequer o respeito pelos Direitos do Homem casados e em sintonia com os Direitos da Terra. Linda, esta frase. Gostei.
O que o Dr. Moita Flores defende é pura e simplesmente isto: uma “festa”, dita brava, em que um mamífero superior, que possui sistema nervoso central, tal como o Dr. Moita Flores, é massacrado até quase virar um picado de carne a sangrar por todos os orifícios que lhe fazem quando lhe espetam as farpas.
Quando diz que defende «os valores da Terra, da Vida e dos ritos exorcizadores da Morte, em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, dos pastores e dos campinos, da economia agrícola e animal associada à Festa e ao espectáculo, em nome do PROGRESSO com Memória, em nome do DESENVOLVIMENTO sem perder o sentido da História», está a querer enganar quem?
Defender os valores da Terra, da Vida dos ritos exorcizadores da morte? Da morte de quem? Da sua, Dr. Moita Flores, ou da do Touro?
Em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, quando estes são sangrados lentamente, durante umas duas horas, impiedosamente, numa arena, cheia de criaturas a babarem-se diante do sangue desses mesmos animais?
Defender pastores, campinos? A quem quer enganar?
Da economia agrícola e animal associada à Festa e ao espectáculo, em nome do PROGRESSO com Memória, em nome do DESENVOLVIMENTO sem perder o sentido da História?
O que é isto?! Está a querer fazer do povo Português parvo?
Fale-me antes na DEFESA dos lobbies poderosos, dos ganadeiros e de outros, à custa da tortura e do massacre de animais magníficos. Isso sim.
O Dr. Moita Flores perdeu toda a sua razão quando diz: «Cheguei à idade onde já não há paciência para ser insultado por uma horda de analfabetos».
Horda de analfabetos? Quem? Nós? Os que defendem a VIDA, a CULTURA CULTA, a CIVILIZAÇÃO?
«Cheguei à idade da tolerância mas também ao tempo onde, mais do que nunca, acredito que só é possível salvar os Direitos do Homem se com eles salvarmos os Direitos da Terra».
Outra bela frase, para constar nos seus romances.
Quem pretende enganar com os Direitos do Homem e da Terra?
Nós falamos de DIREITOS DOS ANIMAIS.
Já viu bem o que pede que assinem na sua petição? Vou repetir: «Convido-vos a todos. Aos meus irmãos homens, às minhas irmãs mulheres, que afirmem por este abaixo-assinado fora, este combate pela CIDADANIA e pelos DIREITOS DA TERRA para que ninguém se amedronte perante a gritaria histérica de alguns.
CIDADANIA? Qual? A do direito a torturar um animal?
DIREITOS DA TERRA? Quais direitos da terra? Os direitos da terra beber o sangue derramado pelos Touros e pelos Cavalos quando estão a ser massacrados?
Quem são os histéricos aqui?
São os que gritam «BASTA DE MASSACRAR ANIMAIS», ou os que gritam “OLÉS” quando uma farpa fura o corpo do Touro e um jorro de sangue lhe escorre pelas costas, e mancha a terra que há-de “beber” esse sangue?
Veja a incongruência das suas palavras: «E fazem abaixo assinados, procurando destruir sem compreender, protestar quando a verdadeira essência do seu protesto são as suas PRÓPRIAS CONSCIÊNCIAS.»
Que consciências? Não somos nós que massacramos animais. As nossas consciências estão tranquilas. A sua não está?
E diz mais o Dr. Moita Flores: «Nem é o sofrimento do animal, como eles dizem, que os move. Pois se o fosse, estariam aos gritos em todos os locais em que se “fabricam”com hormonas, frangos, vacas, ovelhas para alimentar a cidade. Estariam às portas dos grandes matadouros escutando os urros de milhares de animais que adivinham o cheiro da morte. Estariam nas barricadas contra as guerras que matam homens e crianças, na linha da frente da luta pelo renascimento do campo e das culturas rurais, na linha da frente contra a violência doméstica.»
Anda cego e surdo, Dr. Moita Flores? Só lê e vê o que lhe interessa? Quem luta pela abolição do «Massacre de Touros», luta igualmente por todas as formas de tortura praticada contra seres humanos e seres não-humanos, em igual medida. Só não vê quem não quer ver. Só não sabe quem não quer saber.
E em seguida o Dr. Moita Flores diz esta barbaridade: «Não! Nada disto. Apenas (são) contra a PRETENSA violência contra os touros bravos. Nem pelo outro argumento comodista e repetido de que não são contra o abate dos animais mas sim contra o espectáculo que, no caso português, nem os abate. Maior hipocrisia não existe. Nem paciência para discutir a fé de angustiados.»
PRETENSA, Dr. Moita Flores? Esburacar um animal com farpas até o fazer sangrar é “pretensa violência”?
Pois quanto ao abate, do mal, o menos. Nesse aspecto os espanhóis são mais “humanos”, abatem logo o Touro na arena, e não o deixam em sofrimento atroz dias seguidos.
Os hipócritas aqui quem são, Dr. Moita Flores? Pretende chamar “água” ou "sumo de tomate" ao sangue derramado do Touro?
Fé de angustiados, Dr. Moita Flores? Linda frase, para constar nos autos de fé, dos “outros que tais”, em outros tempos.
E agora vem o mais inconcebível: «É a minha crença profunda. E sei que o combate passa por afirmar a defesa dos símbolos, dos valores, dos ritos, das cargas simbólicas que consolidaram a nossa secular matriz identitária.»
Símbolos? Valores? Ritos (medievais)? Matriz identitária? Por quem é Doutor! Portugal não precisa de se identificar com a barbárie. Já lhe basta a incompetência e a falta de Ética dos governantes.
E esta então é hilariante: «E esse combate feito de muitas frentes de luta, tem numa delas os ‘talibãs’ que em nome dos direitos dos animais procuram destruir os animais, a economia que os sustenta e os animais sustentam, além da cultura a eles imanentes».
Talibãs? Então, agora já sei quem me chamou “talibã”, escondido sob um pseudónimo, no meu Blogue!
Em nome dos animais procuram destruir os animais? Iliteracia pura.
Já a economia que sustenta uns tantos à custa do Massacre de Touros, aí fale-me disso. A abolição desta tortura vai mexer nos bolsos de muita gente, que os tem a abarrotar com dinheiro manchado de sangue.
Cultura a eles imanentes? Que cultura? A Cultura da Morte?
DESILUDIU-ME COMPLETAMENTE, Dr. Moita Flores.
Sei que está-se nas tintas para a minha consideração, bem como eu estou-me nas tintas por me chamarem “talibã”. Direi como D. Manuel Martins, antigo Bispo de Setúbal, a quem um dia ouvi salientar: «se ser comunista é defender os direitos dos mais necessitados, então eu sou comunista».
Se ser talibã é DEFENDER os direitos de todos os animais humanos e não-humanos, então eu sou TALIBÃ.
Com muito gosto.
Web site da imagem de Moita Flores: estig.ipbeja.pt