Nota prévia: todos os que me conhecem sabem que sou apartidária (deste facto provém a minha LIBERDADE), mas não sou apolítica, daí que absorva de cada partido político apenas o que cada um apresenta de melhor, porque todos eles, da esquerda à direita, têm coisas boas, coisas menos boas e coisas muito más. Foi com base nesta minha posição que me propus a fazer uma análise marginal à sessão solene, que hoje teve lugar no Parlamento, comemorativa do 46º aniversário do 25 de Abril.
Os que me conhecem, também sabem que nada tenho contra os cidadãos que são pais e cônjuges, e decidem ir para a política. Como sou muito exigente e só quero o melhor para o meu País, exijo que os políticos sejam tão bons na política, como são bons pais e cônjuges. O que nem sempre acontece, e então sou severa para com os políticos que não fazem política com Dignidade e Honestidade. Contra os pais e cônjuges que eles são, nada tenho.
25 de Abril sempre, mas não contra o Povo!
Foto: Tiago Petinga - Lusa
A primeira observação que me ocorre fazer é a seguinte: muito democraticamente, hoje, no dia em que se celebra as tão propagadas Democracia e Liberdade, que os Capitães de Abril nos proporcionaram, a Deputada Joacine Katar Moreira, eleita por uma determinada fatia do Povo Português, foi impedida de usar a palavra. Não houve uma alminha sequer que, a exemplo de outras ocasiões, propusesse que se abrisse uma excePção, para que a deputada Joacine, no dia em que se celebra a Liberdade e a Democracia, pudesse dizer de sua justiça, ainda que eleita por uma minoria. Tinha esse direito, hoje. Não é para aqui chamado o facto de ela já não pertencer a um partido político. O que aqui interessa é que hoje, no dia em que se comemora a Liberdade e a Democracia, em Portugal, uma deputada da Nação, eleita pelo Povo, muito democraticamente, na Casa que se diz ser da Democracia, que é também a Casa do Povo, foi impedida de usar a palavra. E isto tem um nome: atitude ditatorial.
O primeiro convidado a chegar foi o ex-presidente Ramalho Eanes, de cravo na lapela. Nem todos trouxeram cravos. E estão no seu direito. Ninguém veio com máscaras, para o Parlamento. Parece que abriram o teCto do hemiciclo de São Bento, para não parecer um recinto fechado, e não ser obrigatório o uso de máscaras, como o é para o comum dos mortais portugueses, em recintos fechados.
Apenas o Director Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP), superintendente Manuel Magina da Silva, chegou a São Bento com a sua viseira, como é da boa prática. Mas retirou-a, quando se sentou na Galeria, e verificou (digo eu) que era o único.
Nas Galerias estavam apenas 14 convidados, entre eles o ex-presidente da República, General Ramalho Eanes, D. Manuel Clemente, Patriarca de Lisboa, Fernando Medina, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, um representante da Associação 25 de Abril, entre outros. Nem todos os que foram convidados aceitaram ir.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, chegou sem cravo. Lá dentro deram-lhe um cravo, e foi com ele na mão que entrou no hemiciclo, mas logo o pousou algures, e nunca mais foi visto com ele.
A distância entre as pessoas, enquanto estiveram sentadas, foi respeitada. Enquanto estiveram de pé, foi ao molhe, em amenas cavaqueiras, sem máscaras ou luvas. É assim mesmo. Isto para demonstrar que o coronavírus não quer nada com o Parlamento Português. Não entra ali, porque Ferro Rodrigues não permite tal ousadia.
Depois de ouvido o Hino Nacional, o Presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, fez um discurso a cair de velho e pobre, começando pelo uso da tal linguagem inclusiva, que anda por aí a ser divulgada como se fosse algo muito chique, mas nada, nada, mesmo nada erudito, e que ora é, ora não é: começou com Portugueses e Portuguesas, como se os Portugueses não representassem UM POVO, onde estão incluídas as mulheres. Até porque, mais adiante e por variadas vezes, Ferro Rodrigues referiu Portugal e os Portugueses, deixando de fora as portuguesas, e os cidadãos do mundo inteiro, excluindo as cidadãs, e isso não se faz… E esta linguagem parola é algo que me provoca urticária, de tão virulenta que é.
Enfim, Ferro Rodrigues começou o discurso evocando o vírus, que impediu uma celebração com todos; fez-se um minuto de silêncio pelos mortos da Covid-19, e o resto foi mais do mesmo.
Seguiram-se os discursos dos representantes do Povo, por ordem crescente de representação, na Assembleia da República, à excePção, como já foi referido, daquele povo representado pela deputada Joacine Katar Moreira.
Primeiro foi João Cotrim Figueiredo, do partido Iniciativa Liberal, que, sem cravo na lapela, fez um discurso diferente, com algo novo a dizer: leu a carta que escreveu ao seu filho, nascido há 18 anos, precisamente no dia 25 de Abril. Uma bela carta, a um filho a quem se pede que lute pelo futuro, pela liberdade, por um mundo melhor do que aquele que ele, como pai, não foi capaz de lhe deixar. Gostei bastante deste discurso, que não sendo político, foi humano.
Seguiu-se André Ventura do Chega, também sem cravo, e que fez um discurso assente em verdades, e as verdades não são de direita, nem de esquerda. As verdades são apenas verdades, e quando são verdades a que o Povo está atento, estes discursos têm um poder que os velhos discursos, ditos e reditos, já não têm. ATENÇÃO a isto!
Cuidado! Muito cuidado! Abram os olhos! Acordem para a realidade. A verdadeira Democracia não tem donos. São precisas novas políticas e um 25 de Abril renovado, de outro modo, os sonhos sonhados naquele 25 de Abril de 1974 serão engolidos pelos que chegam ao Povo, e o pesadelo regressará, se já não regressou.
Seguiu-se José Luís Ferreira, do PEV, com cravo na lapela. Ele disse que para trás ficou um povo triste e um país a cheirar ao mofo. Será que, na realidade, esse país ficou para trás? Não me parece. Penso que José Luís Ferreira dourou demasiado uma pílula amarelada, já gasta pelo tempo, e louvou demasiado o SNS, que antes do coronavírus era um autêntico caos. Hoje só não é caos porque milhares de pessoas, por medo, deixaram de procurar o SNS. E o esforço brutal que todo o pessoal médico e paramédico está a fazer nos hospitais, com poucos meios e protecção individual escassa, é de louvar. São eles os verdadeiros heróis disto tudo. Vamos ver o que se seguirá à pandemia. Vamos ver se o SNS aguentará o que aí vem.
Veio depois, Inês Sousa Real, do PAN, com um cravo na mão, e se não fosse aquele distintas e distintos convidados (então e as convidadas?) e aquele todas e todos no final, como se Todos não significasse HUMANIDADE, onde estão incluídos eles e elas, eu teria aplaudido o discurso. Abordou as questões do ambiente e do desprezo pelos animais, que mancham a democracia portuguesa. Lembrou aqueles que hoje, não puderam celebrar o 25 de Abril porque estão confinados ou mortos à conta da Covid-19. Não são estas cerimónias que garantem a Democracia, referiu Inês. Pois não. Mas também não é com o modismo da linguagem inclusiva que resolverão o problema das mulheres. Não é através desta linguagem apoucada que elas se integrarão na sociedade, no trabalho, nos cargos políticos e empresariais, na vida. É apenas com atitudes. As palavras de nada servirão.
Telmo Correia, falou pelo CDS, sem cravo, e apresentou um discurso coerente, com o qual concordei, porque ali não entrou política, mas bom senso. O facto de 110.228 pessoas estarem contra estas celebrações (não contra o 25 de Abril, é preciso dizer isto alto) não foi uma questão ideológica, porque não foi, mas tão-só uma questão ontológica. E os que se empenharam em celebrar a Liberdade e a Democracia, não respeitaram o que se exigiu ao Povo. O Parlamento deve respeitar os Portugueses, e este é um mau exemplo. Telmo Correia fez um discurso de protesto, com o qual tive de concordar, porque o meu conceito de Democracia engloba a vontade do Povo, quando ele se manifesta contra as imposições ditatoriais de quem, por eles, foram eleitos.
E estou-me nas tintas para os que dizem que com isto eu favoreço "os da direita". Desta vez, os que se dizem de esquerda, comportaram-se como se fossem da direita. E dizer a verdade não é favorecer. É simplesmente dizer a verdade. Certo?
Veja-se esta imagem. Correram duas petições: uma, contra a celebração do 25 de Abril por motivos óbvios; outra, a favor, por motivos que poderiam ser adiados, porque, afinal, o 25 de Abril não foi celebrado por quatro vezes, e nenhuma esteve ligada a uma pandemia desta dimensão. É bem certo que o promotor da petição contra, não fez chegar o documento ao Parlamento, e fiou-se não facto de que bastava os parlamentares visualizarem a petição para decidirem fazer a vontade de 110. 228 portugueses, porque isso seria um acto democrático, pois era avontade de uma boa fatia do Povo Português. Mas isso não serviu de nada. Como poderia, num regime ditatorial, disfarçado de democracia?
E como hoje, se celebra a Democracia e a Liberdade, os parlamentares entenderam que eles também tinham a liberdade de fazer o que muito bem entendessem, não respeitando o que o Bom Senso de milhares de portugueses ditou, nem sequer, as recomendações sanitárias, em recinto fechado.
Seguiu-se Jerónimo de Sousa, do PCP, com cravo à lapela, o velho guerreiro, e o deputado mais antigo da AR, o qual considerou que o 25 de Abril não seria apagado sem esta celebração no Parlamento. Não, não seria. O seu discurso foi coerente como sempre foi. Aliás, devo dizer que admiro a honestidade deste senhor, mas nem sempre concordo com ele, porque falha, por exemplo, quando apoia o lobby troglodita, a pensar nos votos. Falou do Povo, e o Povo é quem mais ordena, mas desta vez, não ordenou coisa nenhuma. Um discurso quase igual aos que sempre proferiu.
Moisés Ferreira, do Bloco de Esquerda, também com cravo na lapela, fez um discurso morno, não acrescentando nada de novo a esta celebração; aliás como Rui Rio (sem cravo) pelo PSD e Ana Catarina Mendes (com cravo) pelo PS. Três discursos iguais a si próprios, que nada nos disseram de novo, a não ser palavras de circunstância, que todos estamos cansados de ouvir.
Fechou a cerimónia Marcelo Rebelo de Sousa, que perdeu o cravo. O seu discurso centrou-se na preocupação de justificar esta celebração, e pouco mais. Foi mais um discurso, à Marcelo. Uma desilusão. Esperava muito mais.
Para terminar, uma curiosidade: a Itália, também comemora, precisamente hoje, o 25 de Abril dos italianos, para eles hoje, foi dia de celebrar a LIBERDADE, os 75 anos (não os 46, como nós) da libertação do nazi-fascismo. E celebraram esta data, cantando à janela e às varandas o "Bella Ciao", entre outros hinos.
Um belo exemplo, de como celebrar em conjunto, uma tão importante data, e, como ouvi dizer a um velho guerreiro italiano: «Hoje não é dia de celebrar a Liberdade, mas de combater o inimigo que nos tirou a liberdade.»
Mas nem todos têm esta lucidez e sabedoria.
Sugestão de leitura: clicar no link:
Isabel A. Ferreira
Se o Orçamento de Estado já é MAU, e se a esse MAU acrescentarmos o facto de estar escrito em MIXORDÊS, o que diz da gigantesca tragédia linguística que assola o nosso desventurado país, que faz-de-conta-que-tem-uma-língua, então o OE2020 é péssimo.
Uma vez mais as palavras VERGONHA e VERGONHOSO podem ser aplicadas com toda a propriedade, porque em mais nenhum país do mundo, tal insulto a uma Língua Materna, acontece.
A quem querem os governantes portugueses fazer de parvos?
Deixo-vos com o texto de Francisco Miguel Valada, que começa por citar o escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano Umberto Eco, que diz o seguinte:
«Ora, questa frenesia dell’apparire (e la notorietà a ogni costo, anche a prezzo di quello che un tempo era il marchio della vergogna) nasce dalla perdita della vergogna o si perde il senso della vergogna perché il valore dominante è l’apparire, anche a costo di vergognarsi?»
«Ora, esse frenesi de aparecer (e notoriedade a todo custo, mesmo ao custo do que antes era a marca da vergonha) nasce da perda da vergonha ou perde-se o sentido da vergonha, porque o valor dominante é a aparência, mesmo à custa de se envergonhar?» (Umberto Eco)
Isabel A. Ferreira
Foto: Tiago Petinga/Lusa [http://bit.ly/36HQkRp]
Um texto de Francisco Miguel Valada
«Contra o Orçamento do Estado para 2020»
«É impossível alguém rever-se no OE2020, a não ser que ande a espalhar o caos ortográfico. Efectivamente, a mixórdia de 1990 tem um dos seus pontos altos anuais no momento em que o ministro das Finanças entrega ao presidente da Assembleia da República um texto que o primeiro obviamente não escreveu e o segundo certamente não lerá. Baseio esta minha hipótese num facto: estes são exactamente os mesmos protagonistas dos momentos simbólicos do OE2016, do OE2017, do OE2018 e do OE2019.
Se Mário Centeno e Eduardo Ferro Rodrigues tivessem escrito ou lido as propostas de 2016, 2017, 2018 e 2019, provavelmente não teríamos o caos de 2020 que aqui vos deixo, sob a forma de pequena amostra:
caráter geral (p. 231) e carácter geral (p. 123);
setor público (p. 194) e sector público (p. 188);
atualizações dos escalões (p. 249) e actualizações salariais (p. 62);
despesa efetiva (p. 73) e despesa efectiva (p. 70);
Programas Orçamentais e Políticas Públicas Setoriais (p. 61) e Programas Orçamentais e Políticas Públicas Sectoriais (p. 61): sim, na mesma página;
setores e funções (p. 84) e entre sectores (p. 136);
acordos coletivos (p. 17) e serv. colectivos (p. 91);
exigência da fatura (p. 197) e remanufactura (p. 198)- sim, rimavam: mas isso era antigamente;
eletricidade (p. 194) e electricidade (p. 207);
largo espetro (p. 157) e espectro internacional (p. 211);
gestão de ativos (p. 292) e gestão de activos (p. 294);
proteção social (p. 170) e protecção social (p. 114);
ação social (p. 100) e acção social (p. 91);
Direção (p. 224) e Direcção (p. 220). (*)
Como este exercício de entrega e recepção é meramente simbólico, pois as personagens deste ritual (já interpretadas por duplas como Vítor Gaspar e Assunção Esteves, Maria Luís Albuquerque e Assunção Esteves ou Centeno e Ferro Rodrigues) não dão o devido valor ao texto (o valor intrínseco de qualquer texto só pode ser extraído se ele for de facto lido), não vale a pena insistir no exercício de leitura e de escrita.
Portanto, convém que o poder político dê o único passo lógico para termos uma ortografia clara, sem ambiguidades, uma ortografia com carácter, com sector, com sectores, com facturas, com protecção, com acção e com direcção.
Como o Acordo Ortográfico de 1990 falhou (cf. 2012, 2013, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020), regressemos à ortografia de 1945, sff.
Obrigado e até para o ano.»
Fonte:
https://aventar.eu/2019/12/17/oe2020/#comments
(*) Questão: quem é capaz de afirmar conviCtamente que as palavras grafadas a vermelho pertencem à Língua Portuguesa? E se não pertencem, como todos sabemos que não, o que estão a fazer num documento oficial do governo português? (Isabel A. Ferreira)
«Ferro Rodrigues é a maior VERGONHA do Parlamento»
Uma vez mais tenho de concordar com João Tilly
O essencial é invisível aos olhos (Saint-Exupéry), e é igualmente invisível nos bolsos. Porém, é o essencial que confere humanidade à nossa sociedade.
(Uma análise política a propósito dos incumprimentos de Portugal).
A notícia é de inícios de Setembro, e “puxei-a” para o dia de hoje, porque está tão actual, como estará daqui a 20 anos, se as políticas continuarem a ser as mesmas, o que é bem provável que sejam, dada a composição da nova/velha legislatura que hoje começa.
Porque, caros leitores, a esmagadora maioria dos deputados da Nação (com algumas caras novas, mas muitas outras já muito velhas) e os quase os mesmos do executivo, é provável que nada farão para mudar o que está mal em Portugal, pela amostra do que se passou nos últimos quatro anos: tantas e tantas contestações e eles a fazerem ouvidos de mercador, como se isto fosse possível em Democracia!
(E depois do conveniente interregno no período da campanha eleitoral, as contestações estão aí novamente).
Enquanto estou aqui a escrever isto, o computador dá-me uma notícia “fresca”: a Assembleia da República acaba de eleger o seu novo presidente, com 178 votos a favor e 44 em branco. Adivinhem quem? Esse mesmo, o antigo, Ferro Rodrigues, isto, para variar.
Nada de bom se augura para os próximos quatro anos. As dificuldades vão ser enormes. E o próximo velho governo, que amanhã tomará posse, nada trará de novo, pelo que já pudemos comprovar, com os principais ministérios, nas mesmas mãos, com provas já dadas da maior incompetência: Saúde, Educação e Negócios Estrangeiros.
Teremos um “novo” governo que nos trará a continuidade do que de pior se fez e continuará a fazer (pelo já demonstrado) neste nosso desventuradíssimo país. Porque nem só do vil metal vive o homem. E é só nele que o velho governo e os da geringonça centram os seus discursos.
O essencial é invisível aos olhos (Saint-Exupéry), e é igualmente invisível nos bolsos. Porém, é o essencial que confere humanidade à nossa sociedade.
Não sei se será o caso de dizer: os meus pêsames!
Isabel A. Ferreira
Para ler a notícia completa sobre o Incumprimento de Portugal, clicar neste link:
EQUIDADE?
Mais um excelente texto de Teresa Botelho, no Blogue Retalhos de Outono.
Texto de Teresa Boltelho
Aqui está uma palavra das mais faladas e menos cumpridas!
Presumo que na maior parte dos casos ela se assemelhe mais a uma espécie de sedativo administrado em doses industriais aos mais incautos e distraídos nestas andanças políticas que se contentam com meras falácias ditas por quem os sabe controlar, coisa que comigo já não cola, no entanto, pelo sim pelo não, fui investigar e fiquei surpreendida por existir no nosso Parlamento, uma Subcomissão de Ética, com uma página quase em branco, não sei se por funcionar em sigilo, ou se a ética de todos os deputados, cuja "palavra faz fé", não pode ser posta em causa, mesmo quando alguns e não são poucos, os que pisam o risco...
Foi igualmente com surpresa que tomei conhecimento de um caso que esbarra com as normas do nosso Parlamento, mas que nem comentaria, se a tal "equidade", fosse mesmo a arma democrática aplicada em todos os casos de falta de respeito dessa Casa, o que não acontece e mas mais uma vez reconheço que por aí, as coisas são cada vez menos lineares...
As redes sociais, têm sido, sem dúvida, a maior inimiga desta pobre "democracia", porque por entre as "fake news" e as sérias, lá se vai sabendo qualquer coisinha que nos deixa a pensar.
Sem saber precisar a data da ocorrência, mas relembrando o que lhe deu origem, um grupo de precários que se manifestaram nas galerias contra o ex-primeiro ministro Passos Coelho com profunda indignação, quebrou a ética parlamentar, interrompendo de forma ruidosa os trabalhos.
Até aí, estamos de acordo, porque não se pode fazer "baderna" num lugar de respeito, mesmo quando quem se revolta não tem onde cair morto/a, porque o Estado lhe sonegou o sagrado direito ao trabalho e a uma vida digna, contudo, só uma mulher foi a julgamento e nem a precariedade da sua situação a salvou de uma multa de quase mil e quinhentos euros, para não ir presa, já que a justiça dos fracos é mais pesada, embora a de outros, nem por isso...
Como é evidente, não é este o caso que me fez vir aqui indagar à Subcomissão de Ética a sua actuação, porque ainda sei separar poderes, mas o que não sei e gostava de saber, é onde está a equidade de tratamentos dados a uma precária desesperada por falta de pão e a uma deputada que pinta as unhas no hemiciclo, coisa que eu nem me passaria pela cabeça fazer à frente dos meus alunos, numa sala de aula.
Lembro igualmente quando se discutiam as bebidas açucaradas, no dia 24 de Novembro de 2017 e o deputado do PAN mostrou alguns exemplos de embalagens sem adição de açúcar, como foi indigna, arrogante e vergonhosa a forma jocosa com que o Sr. Presidente Ferro Rodrigues, lhe cortou a palavra, mandando-o "desmontar a tenda".
Igualmente própria de certos debates em países do 3º Mundo, foi também a postura do deputado Carlos César e dos seus apoiantes, quando da discussão da "abolição da caça à raposa e saca rabos", no passado mês de Outubro, com piadas ofensivas aos mais de vinte mil portugueses signatários da petição em causa.
Poderia sem dúvida continuar a recordar outras posturas impróprias de um Parlamento que deve respeito ao povo que nele deveria confiar, mas que nem a Subcomissão de Ética se atreve a criticar, talvez porque o termo (ética) não existe mais, nessa Casa que deveria ser um exemplo de decoro e de respeito.
Falta-me, contudo, referir o último capítulo da indecência e da falta de democracia existente nesse majestoso edifício, onde a boçalidade atingiu o seu expoente máximo com um toque de tourada, olés, forcados do Rato, aplausos e cumprimentos à saída!
Exmos. Srs. Deputados indigitados, para uma suposta Subcomissão de Ética:
Que penalidade foi, ou será dada a um deputado que quebra as regras de decoro que tem faltas injustificadas, pouco ou nada participa nos debates e é ainda suspeito de ter recebido favores para assistir a um jogo do Euro 2016 em França, possivelmente em classe executiva?
Até quando se desacredita e se consentem estes comportamentos abjectos numa Assembleia da República que tem como dever representar e respeitar todos os portugueses e não apenas os egos inflamados de alguns senhores pagos por todos nós?
Atrevem-se a responder?
Teresa Botelho
Fonte:
Há primeira vista, este lugar até poderá ser confundido com uma arena onde se realizam touradas; mas daí a ser realmente transformado numa arena, como aconteceu, é preciso não ter o mínimo sentido ético...
A mulher que, em 11 de Março de 2015, gritou a Passos Coelho, a partir das galerias da Assembleia da República, “Metes nojo ao povo” e “Demissão”, foi condenada a seis meses de pena de prisão, substituíveis por uma multa de 1440 euros.
O juiz que que a condenou disse que o país precisa de “cidadãos empenhados”, mas que “a sociedade não pode permitir que a sua actuação se faça dentro da Assembleia da República”.
Na altura, ouviu-se a Presidente da Assembleia da República dizer repetidamente: façam favor de respeitar o Parlamento; façam favor de respeitar o Parlamento; façam favor de respeitar o Parlamento…
Bem, o que esta senhora fez, não se faz DENTRO da Assembleia da República. Foi um acto condenável. Ponto.
O que o deputado social-democrata Luís Campos Ferreira fez, usando o telemóvel para tocar toque de entrada de touros, quando os deputados aprovaram a redução do IVA para as touradas, algo que o senso comum condena, como se o Hemiciclo fosse o campo pequeno, também não se faz, DENTRO da Assembleia da República. Foi também um acto condenável, com a agravante de ter vindo de um deputado da Nação, que devia dar o exemplo de Educação, Respeito, Cultura e Ética, e não deu. Ponto.
Mas não se ouviu o presidente da Assembleia da República, o socialista Ferro Rodrigues, dizer: faça favor de respeitar o Parlamento, porque o que aconteceu, foi um tremendo DESRESPEITO pelo Parlamento, pela Nação, pelos Portugueses: transformar o Hemiciclo numa pra de touros. Mas Ferro Rodrigues limitou-se a achar piada.
Logo, se a senhora foi condenada, pelo acto condenável que praticou, DENTRO da Assembleia da República, o deputado social-democrata Luís Campos Ferreira DEVE também ser condenado pelo seu acto condenável: por desrespeito ao Parlamento. Ou haverá dois pesos e duas medidas para estas questões de DESRESPEITO pelos símbolos da Nação?
Sabem o que penso disto tudo (embora não interesse a ninguém)?
Penso que todos os governos pós - 25 de Abril foram maus. Porém, este, liderado pelo socialista António Costa, tem sido francamente mau e bastamente leviano. Brinca-se demasiado com coisas muito sérias.
Isabel A. Ferreira
Fonte da notícia de 2015, com vídeo-áudio: