O Grupo Parlamentar do PAN - Pessoas-Animais-Natureza submeteu hoje uma iniciativa legislativa que recomenda ao Governo a suspensão imediata das montarias em todo o território nacional, no seguimento dos recentes acontecimentos na Herdade da Torre Bela que resultaram na morte de 540 animais de grande porte.
Este não foi um evento isolado em Portugal, estando já agendados vários eventos do género para este ano, apesar das limitações impostas pela crise sanitária. No entender do PAN, importa ver esclarecidas várias questões, nomeadamente no que diz respeito à organização e fiscalização destes eventos, bem como ao impacto que têm na salvaguarda da biodiversidade.
Acresce ainda o facto de estar a decorrer um inquérito e processo judiciais para apurar responsabilidades relativamente ao caso na Torre Bela.
[ Esperamos que os culpados pelo massacre da Herdade da Torre Bela sejam severamente punidos, porque esta culpa não pode morrer solteira – I.A.F.].
O projecto de resolução do Grupo Parlamentar do PAN visa, assim:
Consultar a iniciativa legislativa na íntegra aqui.
***
PAN quer educação para protecção e bem-estar animal obrigatória na disciplina de cidadania
Está prevista a discussão no próximo dia 18 de Fevereiro (quinta-feira) uma iniciativa legislativa do Grupo Parlamentar do PAN – Pessoas Animais-Natureza – que insta o Governo a rever a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania e incluir o “Bem-Estar Animal” nos domínios de carácter obrigatório em todos os ciclos de estudos do ensino básico.
Não esquecer que todos os animais, sem excepção, gostam de se sentir bem, tal como nós. Eles merecem o melhor, tal como nós. Porque eles são animais, tal como nós. (Isabel A. Ferreira)
Presentemente este domínio é de carácter opcional e está inserido no 3º grupo da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento. Com esta iniciativa, o PAN pretende também que seja desenvolvido um Referencial de Educação para o Bem-Estar Animal autónomo e independente do Referencial de Educação Ambiental para a Sustentabilidade, dando cumprimento à Lei que proíbe o abate de animais errantes como forma de controlo da população, cuja aplicação tem sido insuficiente, nomeadamente no cumprimento do artigo que define “a integração de preocupações com o bem-estar animal no âmbito da Educação Ambiental, desde o 1.º Ciclo do Ensino Básico”.
Para tal, o PAN propõe que seja criado um Grupo de Trabalho que integre profissionais e cidadãos relevantes das áreas da Educação, Psicologia, Medicina Veterinária, Etologia, entre outras, assim como especialistas em bem-estar e comportamento animal, incluindo representantes de Associações de Protecção Animal, cujas conclusões devem ser apresentadas até ao final do ano escolar de 2020/2021, para que sejam implementadas com urgência.
Bebiana Cunha, deputada do PAN defende que «o Governo está a falhar na educação para a protecção e bem-estar animal, desde logo por considerá-la opcional. O que propomos é que este tema entre na lista de domínios que têm carácter obrigatório na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento e que se criem referenciais pedagógicos específicos para esta temática, garantindo o cumprimento da legislação, uma vez que já passaram mais de quatro anos desde a aprovação deste dever do Estado. Esta omissão da parte do Governo é incompreensível face à evidência de que os maus-tratos e o abandono de animais são um flagelo em todo o país, sendo disso exemplo episódios recentes de massacres ambientais e contra os animais, como os sucedidos em Santo Tirso e na Torre Bela”.
Ainda no entender do PAN, “a protecção e bem-estar animal” foi desvalorizada ao ser incluída parcialmente no Referencial de Educação Ambiental para a Sustentabilidade que, apesar de apresentar conceitos e conhecimentos de bem-estar animal, não os aborda de forma profunda nem com a especificidade que se exige para sensibilizar para os deveres dos detentores e combater o flagelo dos maus tratos e abandono.
Bebiana Cunha conclui que «abordar a protecção da vida animal num contexto ambiental, de preservação das espécies ou numa perspectiva ecológica ou da zoologia não é o mesmo que educar para o fim dos maus-tratos e do abandono ou para os deveres de cuidados para com os animais. Só com Referencial autónomo, não-opcional e alargado a todo o ensino básico se poderá prevenir fenómenos de criminalidade nesta área. Para prevenir é fundamental educar. Este referencial para se tornar eficiente deve ser elaborado por uma equipa transdisciplinar e especializada em bem-estar e protecção animal».
Recordemos este texto de 2016. Infelizmente actualíssimo, comprovando-se que, em Portugal, a EVOLUÇÃO é algo que custa a encaixar, nomedamente, nas mentes dos governantes e dos parlamentares, os quais mantêm acesa a chama desta prática selvática, sem se aperceberem de que não têm lugar no pódio de gente civilizada.
Reportagem espectacular sobre touradas. Todos os argumentos, todos os factos, todas as razões num brilhante trabalho.
"O Touro é um animal que, quando uma mosca pousa no seu dorso... ele afasta-a com a cauda. Ele é hipersensível".
«O touro "bravo" ou de "lide" não é agressivo. Estes animais são, por natureza, tão ou mais afáveis do que os cães. O Fadjen, um mediático touro "bravo", salvo de um ganadeiro Espanhol, é neste momento, um excelente exemplo de que a agressividade genética do touro se encerra num mito propagandeado pela tauromaquia. A etologia, como ramo da zoologia, explica que o comportamento não é determinado pela genética, mas pelo ambiente e interacções do animal. Ou seja, independentemente das características genéticas, o seu comportamento será sempre condicionado, em última análise, pelo propósito e personalidade de quem os cria, tal como acontece com os cães. Para os tornarem, não agressivos, mas mais reactivos de modo a que seja possível toureá-los (ou lidá-los), os ganadeiros criam-nos em sistema extensivo, com pouco contacto com humanos, sujeitando-os a duros "treinos" a todos os níveis, sendo os físicos, dignos de um atleta de alta competição e, de vez em quando, alguns morrem subitamente devido ao exagerado esforço a que são sujeitos. Por vezes, os Touros são drogados com Rompum e Calmivet, duas substâncias anestésicas que administradas em pequenas quantidades, causam um efeito calmante. Mas nem sempre a dose "certa" é bem calculada, levando a que alguns sucumbam à dose excessiva, mesmo antes de entrar na arena.
Há muito que a ciência provou o sofrimento do touro. Todos os seres sencientes, ou seja, os que possuem um sistema nervoso central, grupo do qual faz parte o ser humano, têm a capacidade de experimentar sofrimento físico e psicológico, tal como stress, medo, pânico, angústia e tristeza. Sofrem ainda traumas psicológicos e desenvolvem depressões, bem como afectos e constroem ainda relações com outros seres, incluindo o Homem. Na capacidade de sentir, os animais não são diferentes do ser humano.
O touro "bravo" tem direito à sua integridade física e psicológica e principalmente tem direito a não ser utilizado como objecto de tortura para gáudio de uma minoria que nem sequer é representativa do povo português. À semelhança de tantas outras espécies, o touro poderá perfeitamente viver em liberdade e em paz no seu habitat, nem que seja em zonas protegidas, não sendo também por isso, aceitável o "argumento" da sua preservação como justificação da tauromaquia.
Não é portanto admissível que no século XXI, um país civilizado como Portugal, acolha ainda uma tradição que viola 90% (!) dos pontos considerados na Declaração Universal dos Direitos dos Animais da UNESCO:
1 - Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e à protecção do homem.
3 - Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve nunca ser abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo o acto que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são consideradas crimes contra os animais.
9 - Os direitos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O Homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.
Mas não são apenas os direitos dos animais os que são violados pela tauromaquia.
A psicologia, a psiquiatria e a neurociência provaram que assistir a touradas provoca traumas psicológicos nas crianças, tornando-as tolerantes à violência gratuita e contribuindo para que se tornem adultos agressivos. Este foi um dos argumentos que levou à abolição das touradas na Catalunha, em Espanha, país onde a tradição é muito mais forte do que em Portugal, pela sua origem.»
***
As touradas: Violência, Crueldade, Ignorância, Futilidade
A vergonha de Portugal
Fonte:
http://ruportugal.blogspot.pt/2016/05/brilhante-reportagem-sobre-touradas-em.html
Porque estamos em plena época da aberração tauromáquica, aqui vos deixo mais um excelente contributo do Dr. Vasco Reis, único Médico-Veterinário português que dá a cara pela causa da Abolição das Touradas.
Este texto é baseado na Ciência Médico-Veterinária, na Etologia (disciplina da Zoologia que estuda o comportamento animal) e na experiência profissional e desportiva do autor, escrito por ocasião do II Fórum da Cultura Taurina nos Açores, e que trago à liça por considerá-lo crucial para o esclarecimento daqueles que ainda têm dúvidas quanto ao que é esta “coisa” a que chamam de “tauro (touro) maquia (lucro, dinheiro)”, e que não passa, literalmente, de lucro à custa da tortura de Touros.
Um triste “espectáculo” de baixo nível cultural e artístico, onde Touros e Cavalos sofrem para gozo de um escasso número de sádicos, também de baixo nível intelectual e moral. Valeu a pena? Vieram mais ricos espiritualmente? Encheram a alma com imagens de rara beleza…?
«A verdadeira realidade da tauromaquia»
Por Vasco Reis - Médico Veterinário
O activista Dr. Vasco Reis, na sua luta pela extinção de uma prática que não dignifica a Humanidade.
«Está anunciado o II Fórum da Cultura Taurina com especialistas de 9 países que se reúnem durante 3 dias na Ilha Terceira, a campeã da “afición” no Arquipélago.
Os efeitos do fórum serão evidentes, visto que a tauromaquia é uma modalidade que assenta em primeira linha na exploração violenta e cruel do touro, sempre, e do cavalo nos programas em que ele é utilizado como veículo do actor tauromáquico e obrigado a tornar-se “cúmplice” da lide, sofrendo ansiedade e esgotamento e arriscando ferimento e morte.
O fórum está a ser considerado como um momento de reflexão, de prestígio para os Açores, de promoção da atractibilidade da Região e como reforço do turismo.
Considero que, quanto à influência sobre o turismo, as vertentes serão duas e opostas:
Poderá atrair aficionados, gente que sob a designação de arte, aprecia a violência e as fases impressionantes do massacre do touro e as arrancadas e as fintas do cavalo dominado pelo cavaleiro. Poderá também atrair gente tornada curiosa pela publicidade enganosa da organização.
Por outro lado, irá afastar turistas conscientes e compassivos, que vão preferir outros destinos, onde tal espectáculo de massacre não seja permitido.
Quanto à influência sobre o prestígio dos Açores, só pode ser muito negativa, porque publicita o facto de que a Região Autónoma, parte de Portugal (que também é atingido), pertence ao retrógrado grupo dos únicos 9 países do Planeta, onde touros e cavalos são massacrados legalmente.
Falta referir-me ao momento de reflexão, que bem necessário é e para o qual eu pretendo contribuir com muito empenho, argumentando resumidamente com o que a Ciência Médico-Veterinária, a Etologia e a minha experiência profissional e desportiva me ensinaram.
A ciência, fundamentada na investigação anatómica, fisiológica e neurológica dos animais usados na tauromaquia, confirma o que o senso comum revela: touros e cavalos sofrem antes, durante e depois dos espectáculos tauromáquicos.
O touro é o elemento sempre massacrado da tauromaquia, desde intensa e prolongada ansiedade a partir do momento em que é retirado do campo, seguindo-se repetidos e dolorosos ferimentos, esgotamento anímico e físico e quase sempre a morte em longa agonia.
O cavalo, dominado e violentado pelo cavaleiro tauromáquico é o elemento obrigado a arriscar tudo e a sofrer perante o touro, desde ansiedade, ferimento físico até a morte.
Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga para poderem sobreviver. Sem essas capacidades não poderiam subsistir.
Portanto, medo e dor são essenciais e condição de sobrevivência.
É testemunho da maior ignorância ou intenção de ludíbrio, o afirmar-se que algum animal em qualquer situação possa não sentir medo e dor, se for ameaçado ou ferido.
A ciência revela que anatomia, fisiologia e neurologia do touro, do cavalo e do homem são extremamente semelhantes. Os ADN são quase coincidentes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto e o ferimento.
O especismo é uma atitude que, arrogantemente, coloca o Homem numa posição de superioridade, que lhe permite dispor sobre os animais, como quiser.
A compaixão selectiva visa tratar bem certas espécies (em geral cães e gatos) e menos bem, outras, quase consideradas como objectos.
Os animais não humanos são considerados menos inteligentes do que os seres humanos. Podem estar mais ou menos próximos e mais ou menos familiarizados connosco, mas eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo, ao susto e à dor.
É, portanto, nosso dever ético não lhes causar sofrimento desnecessário.
"A compaixão universal é o fundamento da ética" - um pensamento superior do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.
A tauromaquia está eivada de especismo sobre o touro e sobre o cavalo.
O homem faz espectáculo e demonstração da sua "superioridade" provocando, fintando, ferindo com panóplia de ferros que cortam, cravam, atravessam, couro, músculos, tendões, órgãos vitais, esgotam, por vezes acabam por matar o touro, em suma lhe provocam enorme e prolongado sofrimento para gáudio de uma assistência que se diverte com o sofrimento, a agonia e a morte de um animal.
Isto é comparável aos espectáculos de circo romano, há muito considerado espectáculo bárbaro, onde escravos e cristãos eram obrigados a lutar e a matarem-se uns aos outros ou eram atirados aos leões para serem devorados.
O cavalo é dominado com ferros castigando as gengivas bucais e a língua e esporas mais ou menos agressivas, até cortantes, no ventre.
Esta montada é posta em risco de mais ferimento e de morte, pelo cavaleiro tauromáquico, que o utiliza como veículo para combater e vencer o touro.
O sofrimento do cavalo soma-se aqui ao do touro.
Na tauromaquia, touro e cavalo são excluídos de qualquer compaixão, antes pelo contrário, estão completamente submetidos à violência e ao sofrimento.
E o espectáculo é ainda legal em Portugal e mais oito países, publicitado e mostrado na comunicação social, aclamado, fonte de negócio, de prosa e de poesia. Que tristeza.
Tauromaquia é a “arte” de dominar e massacrar touros e cavalos e organizar com isso espectáculos para recreação de aficionados ou de simples curiosos.
Mas nesta “arte” não são somente touros e cavalos que sofrem.
São muitas as pessoas conscientes e compassivas, que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti educativa, fonte de enorme vergonha e atentatória da reputação internacional de Portugal, obstáculo dissuasor do turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem! Porque fazem sofrer os animais os chamados “artistas”? Dar-lhes-á isso algum gozo?
Será isso admirável, corajoso, heróico?
Com certeza que existem boas e inócuas alternativas para os aficionados, para os trabalhadores tauromáquicos, para os "artistas", para os campos e para os touros e cavalos.
Os campos podem ser utilizados de outro modo.
A raça pode ser mantida sem a cruel tauromaquia.
Os trabalhadores, campinos e ganadeiros podem continuar o seu trabalho.
Os forcados, cujo papel só surge depois do touro ter sido massacrado e esgotado previamente, podem dedicar-se a actividades ou desportos leais e entre iguais, onde valentia, luta corpo a corpo são fulcrais, como o boxe, a luta livre e outros e que exigem espírito de equipa, como o rugby por exemplo, considerado desporto de cavalheiros.
Aconselho, pela sua mensagem, alguns vídeos extremamente informativos, muito influentes no processo que teve lugar no Parlamento da Catalunha de que resultou a votação que levou à proibição de corridas de touros naquela região autónoma espanhola, facto que está tendo enorme repercussão mundial.
Fundamentado no acima exposto, anseio pela proibição das corridas de touros em Portugal e no mundo. Não quero nem posso admitir que qualquer região ou nação seja vergonhosamente conhecida no seu trato aos animais como sendo uma região ou nação bárbara, retrógrada e cruel.
Na certeza de que V. Exas. tomarão em consideração esta minha mensagem assino-me
Vasco Manuel Martins Reis, médico veterinário desde 1967,
Actualmente aposentado em Aljezur.
Permitam-me o seguinte curto extracto do meu currículo, o qual ilustra alguma da minha experiência prática que dita muitas das minhas opiniões:
Trabalhei 7 anos na Suíça, 10 anos na Alemanha, 3 anos nos Açores (na Praia da Vitória, Ilha Terceira, onde existe afición e onde tive de intervir obrigatoriamente no acompanhamento dos touros nas touradas na minha qualidade de médico veterinário municipal) e 21 anos em Portugal Continental.
Trabalhei sempre, entre outras espécies, com bovinos e cavalos.
Fui cavaleiro de concurso hípico completo e detentor de dois cavalos polivalentes.
Conheço bem os cavalos, a sua personalidade e as suas aptidões.
Fui entusiástico jogador de rugby durante três anos.
Vasco Reis»
Nota: escusado será dizer que este saber do Dr. Vasco Reis, entrou por um ouvido e saiu pelo outro, dos que têm o poder de acabar com esta prática bárbara. E isto acontece porque em cérebros mirrados se não entra nem um grão de poeira, como poderá entrar a Sabedoria? (I.A.F.)
Reportagem espectacular sobre touradas. Todos os argumentos, todos os factos, todas as razões num brilhante trabalho.
"O Touro é um animal que, quando uma mosca pousa no seu dorso... ele afasta-a com a cauda. Ele é hipersensível".
O touro "bravo" ou de "lide" não é agressivo. Estes animais são, por natureza, tão ou mais afáveis do que os cães. O Fadjen, um mediático touro "bravo", salvo de um ganadeiro Espanhol, é neste momento, um excelente exemplo de que a agressividade genética do touro se encerra num mito propagandeado pela tauromaquia. A etologia, como ramo da zoologia, explica que o comportamento não é determinado pela genética, mas pelo ambiente e interacções do animal. Ou seja, independentemente das características genéticas, o seu comportamento será sempre condicionado, em última análise, pelo propósito e personalidade de quem os cria, tal como acontece com os cães. Para os tornarem, não agressivos, mas mais reactivos de modo a que seja possível toureá-los (ou lidá-los), os ganadeiros criam-nos em sistema extensivo, com pouco contacto com humanos, sujeitando-os a duros "treinos" a todos os níveis, sendo os físicos, dignos de um atleta de alta competição e, de vez em quando, alguns morrem subitamente devido ao exagerado esforço a que são sujeitos. Por vezes, os Touros são drogados com Rompum e Calmivet, duas substâncias anestésicas que administradas em pequenas quantidades, causam um efeito calmante. Mas nem sempre a dose "certa" é bem calculada, levando a que alguns sucumbam à dose excessiva, mesmo antes de entrar na arena.
Há muito que a ciência provou o sofrimento do touro. Todos os seres sencientes, ou seja, os que possuem um sistema nervoso central, grupo do qual faz parte o ser humano, têm a capacidade de experimentar sofrimento físico e psicológico, tal como stress, medo, pânico, angústia e tristeza. Sofrem ainda traumas psicológicos e desenvolvem depressões, bem como afectos e constroem ainda relações com outros seres, incluindo o Homem. Na capacidade de sentir, os animais não são diferentes do ser humano.
O touro "bravo" tem direito à sua integridade física e psicológica e principalmente tem direito a não ser utilizado como objecto de tortura para gáudio de uma minoria que nem sequer é representativa do povo português. À semelhança de tantas outras espécies, o touro poderá perfeitamente viver em liberdade e em paz no seu habitat, nem que seja em zonas protegidas, não sendo também por isso, aceitável o "argumento" da sua preservação como justificação da tauromaquia.
Não é portanto admissível que no século XXI, um país civilizado como Portugal, acolha ainda uma tradição que viola 90% (!) dos pontos considerados na Declaração Universal dos Direitos dos Animais da UNESCO:
1 - Todos os animais têm o mesmo direito à vida.
2 - Todos os animais têm direito ao respeito e à protecção do homem.
3 - Nenhum animal deve ser maltratado.
4 - Todos os animais selvagens têm o direito de viver livres no seu habitat.
5 - O animal que o homem escolher para companheiro não deve nunca ser abandonado.
6 - Nenhum animal deve ser usado em experiências que lhe causem dor.
7 - Todo o acto que põe em risco a vida de um animal é um crime contra a vida.
8 - A poluição e a destruição do meio ambiente são consideradas crimes contra os animais.
9 - Os direitos dos animais devem ser defendidos por lei.
10 - O Homem deve ser educado desde a infância para observar, respeitar e compreender os animais.
Mas não são apenas os direitos dos animais os que são violados pela tauromaquia.
A psicologia, a psiquiatria e a neurociência provaram que assistir a touradas provoca traumas psicológicos nas crianças, tornando-as tolerantes à violência gratuita e contribuindo para que se tornem adultos agressivos. Este foi um dos argumentos que levou à abolição das touradas na Catalunha, em Espanha, país onde a tradição é muito mais forte do que em Portugal, pela sua origem.
***
As touradas: Violência, Crueldade, Ignorância, Futilidade
A vergonha de Portugal
Fonte:
http://ruportugal.blogspot.pt/2016/05/brilhante-reportagem-sobre-touradas-em.html
Uma verdade que faz dos aficionados uns sádicos.
E era preciso confirmação? Não serão os Touros animais como nós? Não terão eles um sistema nervoso central, tal como nós? Não bastariam estes raciocínios?
Não, para o comum dos mortais estes raciocínios não bastam. É preciso fazer desenhos… e explicar-lhes tim-tim por tim-tim que um Touro é um animal senciente… E mesmo assim…
Todavia, ainda que os bovinos não sofressem, torturar um ser vivo não é diversão para nenhum animal terrestre ou sequer extraterrestre.
Torturar um ser vivo é apenas uma prática de mentes deformadas e insanas.
O que hoje proponho para reflexão é um estudo científico de Jaume Camps Rabadá, Médico-Veterinário. Académico Honorário da Academia de Ciências Veterinárias da Catalunha (ACVC) e Presidente da Academia Catalã de História da Veterinária.
O título do seu trabalho, publicado em Julho de 2105, na Web Center é precisamente o seguinte:
«A genética e a evolução confirmam que os Touros de Lide sentem dor»
Trata-se de uma exposição exclusivamente destinada a divulgar resultados reconhecidos pela maioria dos cientistas e agências internacionais sobre este tema.
O objectivo é confirmar que todos os animais sentem dor, de uma forma ou de outra, e o Touro de lide, não é nenhuma excepção.
***
GENÉTICA:
O genoma bovino, a que pertencem os touros, tem 29 pares de cromossomas, com dois sexos e 27.000 genes (com a mesma actividade existente nos seres humanos, inclusive no que diz respeito ao número total de cromossomas…). E três mil milhões de pares básicos, número igualmente coincidente com o dos seres humanos.
(Dados publicados pela prestigiada revista "Science" 2009).
Existem apenas três subespécies de acordo com a Taxonomia (ramo da Biologia e da Botânica que cuida de descrever, identificar e CLASSIFICAR os seres vivos, animais e vegetais): o Bos taurus taurus; o Bos taurus indicus (Zebu), e a ancestral origem de todos: o Bos taurus. Não é possível aceitar cientificamente algumas espécies domésticas separadas por serem fruto de cruzamentos. Não existe, portanto, uma “espécie” diferenciada para ser “touro de lide”.
(Dados da “Mammal Species of the World”, parte 2079, da “Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica” do ano de 2003).
Dentro do grupo Sentidos, e Etologia e Ecologia, há também dados curiosos: eles têm o mesmos sentidos que todos os outros mamíferos. Têm o sentido do tacto muito desenvolvido, e de modo independente o aspecto sensorial, o da dor e do calor. De resto, os bovinos são mais sensíveis a descargas eléctricas do que nós.
Expressam com mugidos o seu nível de fome, sede, DOR, e chamamentos familiares ou da boiada. São sociáveis para formar manadas, e como em todas elas, há uma escala social, sendo os machos alfa os maiores e com mais cornadura. Apenas a partir de uma selecção prévia e treinamento se conseguem exemplares mais agressivos, embora não esteja comprovado que tenha alguma relação com a DOR.
EVOLUÇÃO:
Desde as primeiras células eucarióticas, existentes desde há mais de dois mil milhões de anos (2.000,000.000), eles sentiram DOR, e é também a minha opinião de que a sentiam mesmo antes. «Sem nenhum tipo de DOR a vida não existiria!!!» (frase que eu assumo...) , desde os primeiros seres vivos de há 2.700 milhões de anos. O LUCA (Last Universal Common Ancestor – Último Ancestral Comum Universal). Faz já um pouco mais de 600 milhões de anos com os seres multicelulares, e levou 200 milhões de anos para aparecerem os mamíferos.
SENTIR DOR faz parte de toda a evolução. As primeiras células, mesmo antes de tudo, tiveram de reagir para sobreviver, embora longe de ser o que hoje chamamos DOR, mas sentiam um incómodo (e o desconforto é uma forma de dor).
Por exemplo: uma pequena alteração no PH do ambiente onde foram geradas, ou a falta da humidade necessária, ou a presença de oxigénio (que era venenoso e agora é vida…).
Foi um exercício gigantesco para superar e conseguir nesses muitos milhões de anos, a existência de vários milhões de espécies animais e vegetais que hoje temos. Isto não teria acontecido sem uma sensação de DOR ou desconforto !!!
Ao longo da evolução foram-se formando tanto a anatomia como a fisiologia, que inclui as acções e reacções ao ambiente externo.
O aparecimento da Genética Molecular foi fundamental para a compreensão da evolução. O ADN é uma molécula longa composta por uma cadeia dupla, com unidades alternadas de açúcar e fosfato. Cada unidade de açúcar é uma das quatro bases de ADN. A cadeia pode dividir-se em duas partes, e cada metade pode sintetizar o complementar. Entre todo este complexo pode determinar-se a mensagem genética da molécula do ADN, dito assim, muito resumidamente. E para iniciar ou finalizar a mensagem, há um trio que indica um início ou um final.
Com o conjunto das mensagens consegue-se um código genético universal. (O que prova a origem comum de todos os organismos vivos...).
Quando existe uma alteração deste código, ou é anulado se não há condições para sobreviver e superar os outros, ou bem que de um modo caótico pode servir para torná-lo mais adaptável ao ambiente ou que se reproduza melhor, o que, ao longo de milhares de anos, leva ao nascimento de uma nova espécie.
A mudança genética que transformasse um ser, na sua base fisiológica, num animal que não chegasse a sentir dor, esta "vantagem" aparente levaria à sua extinção antes de se transformar numa nova espécie.
Os touros de lide são bovinos, e só os utilizam em touradas há apenas um par de centenas de anos, sendo impossível a existência de uma modificação genética, que requer milhões de anos, e assumindo excepcionalmente de que a ausência de DOR fosse imprescindível para a sobrevivência deles (?).
O título da obra de Charles R. Darwin refere a evolução das espécies por selecção NATURAL, e é ainda acrescentado ao títuoo original em Inglês: «On the origin of Species by Means of Nature Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Stuggle for Life» (Sobre a origem das Espécies através da Selecção Natural, ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida).
Onde já no título se indica que só evoluem as espécies que resistem às transformações da vida...
Evolução que não teve, nem poderia ter, a raça de touros de lide.
Portanto, eles sentem DOR, como todas as demais espécies existentes, e também as já desaparecidas.
Jaume Camps Rabadá
Fontes:
http://www.derechoanimal.info/images/pdf/Jaume-Camps-Rabada.pdf