A Democracia tem destas coisas: nem sempre o que parece, é.
Ontem, os Portugueses foram a votos, e decidiram pôr Portugal em banho-maria, embora se tivesse dado um passo em frente que, na minha modesta opinião, merece ser destacado:
Os grandes vencedores das eleições legislativas 2015 foram, sem qualquer dúvida, o Bloco de Esquerda e o PAN.
Porquê?
Porque Portugal perdeu. A abstenção de 43,07% nestas eleições foi a maior de sempre. Um enorme desastre.
Porque a coligação PSD/CDS/PP perdeu a maioria absoluta (elegeu 104 deputados).
Porque o PS perdeu estas eleições (tem apenas 85 deputados).
Porque a CDU perdeu para o Bloco de Esquerda (com 17 deputados).
Porque uma série de pequenos partidos simplesmente perderam…
Quem ganhou então?
O Bloco de Esquerda, que de oito deputados passou para 19. Grande vitória!
E o PAN que nunca se sentou na Assembleia da República, e tem agora um deputado. Grande vitória também!
E esta é que é a grande verdade.
Não chega para revolucionar o governo. Não chega. Mas chegará para fazer alguma mossa.
E é isso que os que votaram no Bloco de Esquerda e no PAN esperam destes partidos: que façam alguma mossa.
Os outros pequenos partidos só atrapalharam: contribuíram para que se dispersassem votos, que eram necessários para uma mudança radical na governação. Espero que cada um faça agora uma reflexão séria sobre o papel que não representaram nestas eleições, e desistam a favor de um partido de esquerda que tenha viabilidade e possa ser a grande alternativa aos da direita: PSD/CDS/PP e PS (que perdeu credibilidade ao aceitar para líder um oportunista direitista).
Existe uma enorme carência de liderança à esquerda.
Os partidos que já passaram pelo governo mostraram-se, todos eles, com um pé fincado num passado que ficou parado no dia 24 de Abril de 1974.
A abstenção de 43,07% só prejudicou Portugal.
Uma grande fatia do povo português está-se nas tintas para quem governa o país.
Agora não se queixem. Não têm esse direito. Os que não votaram irão pagar a factura desse alheamento. Quem serão os abstencionistas?
Não sabemos ao certo. Mas poderão estar entre os que andaram nas ruas a contestar o governo PSD/CDS/PP? Poderão. É que nem sempre a treta diz com a careta.
A enorme contestação às políticas débeis e desastrosas em todos os sectores da vida pública, realizadas pela coligação PSD/CDS/PP não se notou grande coisa nas urnas: apenas no facto de ter perdido a maioria.
Ainda assim, 36,8% dos portugueses votaram nessa coligação tão contestada.
E 32,4% votou no PS, que também já demonstrou a sua incompetência no poder.
Os portugueses, que votaram no Bloco de Esquerda e no PAN e nos outros (demasiado) pequenos partidos, que só serviram para partir Portugal em pedacinhos, fizeram uma boa tentativa para mudar alguma coisa.
Mudaram. Mas era preciso muito mais. Puseram mais bloquistas no poder. E um elemento do PAN.
Foi muito bom, mas isto não chega para que possa haver uma mudança drástica no rumo da governação.
As expectativas não são as melhores. A coligação ganhou, mas terá muita dificuldade em governar. Dizem os entendidos, que este governo não tem pernas para andar.
Andará aos tropeções. A manquelitar, como um coxo.
É bem provável.
Então, chegou o momento de reflectir.
Temos estes partidos:
PAF, PS, BE, CDU, PAN no poder, sem poder de decisão soberano.
E mais estes…
PSD, PDR, PCPT/MRPP, L/TDA, PNR, MPT, PTD-MAS, NC, PPM, JPD, PURP, CDS, CDS-PP-PPM, PPV/DC, PTP, PDA, “pedaços” de forças sem força alguma nos destinos do país. Para que servirão tantas pequenas "forças"?
O futuro é incerto. E agora, Portugal?
Isabel A. Ferreira