(A lei portuguesa “proibia” crianças menores de 6 anos a assistir a touradas… Como podemos ver nesta imagem, temos ali até um bebé de colo, com a chupeta na boca…
Além disso a “sorte de varas” é uma modalidade proibida e no entanto está bem visível a sua publicidade.
Quem estará encarregado de fazer cumprir as leis em Portugal? Poderemos confiar nas autoridades? Não me parece… I.A.F.)
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Comunicado do MCATA:
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/2014/02/a-proposito-das-recomendacoes-da-onu.html
A propósito das recomendações da ONU
O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) congratula-se com o reconhecimento por parte do Comité dos Direitos das Crianças da ONU de que a tauromaquia é um espectáculo violento que coloca em risco a saúde física e mental das crianças que assistem ou participam nela.
Que a tauromaquia é um espectáculo violento é um facto de inegável evidência. Na arena o animal é progressivamente torturado, sofre o espetar de ferros de 6 cm, os seus músculos do pescoço são seccionados e perde uma abundante quantidade de sangue. Ao que ainda é preciso acrescentar toda a tortura a que o animal é submetido antes e depois do espectáculo, onde acaba por ser abatido.
São conhecidos vários estudos realizados por psicólogos de diferentes países que alertam para os riscos existentes para a saúde mental das crianças que são obrigadas a assistir à violência dos espectáculos tauromáquicos. Podemos citar, por exemplo, os estudos do Dr. Jean-Paul Richier, que recentemente enviou ao presidente do governo dos Açores e à Assembleia Regional uma carta alertando para esses perigos.
O MCATA considera também positiva a medida do governo da República de elevar para doze anos a idade mínima para assistir a espectáculos tauromáquicos, ainda que ache que esta medida é claramente insuficiente pelo facto de não proteger as crianças a partir dessa idade. No entender de diversos estudos, a assistência a qualquer espectáculo violento desta natureza nunca deveria ser permitida a menores de 16 anos.
O MCATA quer ainda alertar para a grave situação de desrespeito pelos direitos das crianças que se vive repetidamente na ilha Terceira. Ano após ano, durante as Sanjoaninas é organizada, na praça de touros, uma “tourada para crianças”, espectáculo sangrento onde os touros são submetidos à tortura das bandarilhas e onde participam crianças em contacto directo com os mesmos. Também é organizada na rua uma “espera de gado para crianças”, onde estas são expostas a um evidente perigo físico. Além do referido, é ainda possível verificar em todas as touradas organizadas na ilha Terceira a presença ilegal de crianças menores de seis anos entre os espectadores, chegando-se ao cúmulo de, em algumas touradas, ser oferecida a entrada gratuita aos menores de dez anos.
Todas estas situações têm sido repetidamente denunciadas pelo MCATA. Mas o governo regional e as autarquias, financiadores destes eventos, nunca tomaram as devidas medidas para proteger as crianças, naquilo que constitui um vergonhoso desrespeito pelos seus direitos.
O MCATA confia em que, para bem das crianças e do progresso civilizacional, a recente decisão da ONU venha a fazer reflectir as autoridades regionais e locais e se traduza na tomada de medidas que acabem com a vergonhosa situação existente nos Açores.
Comunicado do
Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
26/02/2014
Esmiucemos esta “preocupaçãozinha” da ONU, que não me parece nada coerente com as “recomendações” que sugeriu a Portugal
(Origem da foto: http://www.anda.jor.br/13/07/2013/touradas-podem-ser-uma-semente-de-violencia-para-criancas-e-jovens)
Lemos que a ONU alerta Portugal para os riscos das escolas de toureio para crianças.
O que será uma “criança” para a ONU?
Se a tauromaquia transgride a Declaração dos Direitos das Crianças, porquê a ONU adverte Portugal para rever a idade com que elas podem ingressar nas “escolas taurinas” (em Portugal existem 12), não acautelando a menoridade que acaba apenas aos 18 anos?
Só neste ponto existe uma incoerência atroz, uma vez que as “escolas taurinas” são antros de tortura e de violência, onde crianças (algumas menores de seis anos), adolescentes e jovens aprendem a tourear a pé e são ensinadas a lutar usando capa e espada, recebendo aulas teóricas e práticas, manuseando bandarilhas verdadeiras, que ferem e fazem sangrar bezerros bebés vivos, pondo em risco a integridade física (é da natureza animal humana e não humana a autodefesa) e mental dessas crianças, que também aprendem a matar touros, sendo realizadas deslocações a Espanha para que os menores possam experimentar a sensação de matar um animal, o que é o culminar da violência gratuita, incutida em mentes ainda em formação, que comprovadamente coloca em perigo a saúde mental das crianças e jovens.
Se a ONU recomenda que se protejam os menores da violência das touradas, primeiro, reconhece que as touradas constituem uma actividade violenta, e segundo, deveria, por isso, exigir o encerramento imediato de tais antros de tortura e violência, que são as escolas de toureio, e não “recomendar” o aumento da idade para se ingressar nelas.
Lê-se que o Comité dos Direitos das Crianças das Nações Unidas aconselhou Portugal a criar legislação que restrinja a presença de crianças em touradas, quer como participantes quer como espectadores, mostrando preocupação com os efeitos na saúde física e mental dos menores.
Só o facto de a ONU reconhecer que a tourada tem efeitos nocivos na saúde física e mental dos menores, o que deveria fazer era aconselhar a proibição e não a restrição da presença de crianças até aos 18 anos, em touradas.
Posto isto, parece-me de uma insensatez incompreensível que a ONU, “preocupada” com a saúde mental e física das crianças expostas á violência das touradas tenha “recomendado” que em Portugal se “aumente” para 12 anos a idade de ingresso nas “escolas de tortura” e participação nas corridas, e que “aumentem” a idade mínima de seis anos para assistir a tais espectáculos sanguinários (o que já está previsto na lei existente, e que ninguém cumpre, pois até bebés de colo vão às touradas).
Se a tauromaquia é considerada uma actividade violenta, deveria ser simplesmente abolida, porque até para adultos ela é nociva, pois tem o “dom” de desumanizar o que devia ser humano.
Esta seria a atitude mais racional.
Daí recomendarmos à ONU que recomende aos governantes portugueses e aos governantes dos restantes sete países que ainda mantém esta prática sanguinária e cruel, a abolição total de todas as modalidades tauromáquicas.
Até porque os seres humanos devem manter-se humanos, os bovinos não são animais selvagens e perigosos, nem os Direitos das crianças ficaram aqui acautelados.
Fonte:
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3674572