INCONCEBÍVEL!
Desta vez em São Miguel, na freguesia de Água de Pau, concelho de Lagoa, em nome de Nossa Senhora dos Anjos que, com Nossa Senhora de Guadalupe e tantas outras Santas devem estar a chorar lágrimas de sangue no Céu…
Não serve de desculpa escudarem-se na lei irracional que permite esta selvajaria.
As leis parvas não são para cumprir. Nunca.
Exmo. Reverendíssimo Senhor Dom António de Sousa Braga
Eis-me novamente a apelar à racionalidade da Igreja Católica.
No próximo dia 9 de Agosto, vai realizar-se uma vacada na freguesia de Água de Pau, Concelho de Lagoa, nos Açores, para Nossa Senhora dos Anjos…
Isto será uma iniciativa cristã ou satânica?
Deixo esta pergunta à consideração do Senhor Bispo.
Não aceito que V. Reverendíssima se desculpe e se escude atrás de uma lei irracional que legaliza esta selvajaria.
A Igreja Católica deveria dar o exemplo e repudiar publicamente estas iniciativas, que Jesus Cristo condenaria veementemente.
Deus não criou os bovinos para servirem de diversão a sádicos.
Uma vez mais apelo a V. Reverendíssima para que intervenha junto do pároco local e da comissão de festas para que a referida vacada não se realize.
É dever da Igreja Católica contribuir para a cristianização e evolução moral deste povo ainda tão ignorante, que vive num passado medieval.
O tempo da “santa” Inquisição já lá vai. Mas se existisse, estes que ultrajam o nome dos Santos, em nome da estupidez, não iriam parar à fogueira?
Com o meu mais veemente repúdio, aguardo que V. Reverendíssima tome em conta estas linhas,
Isabel A. Ferreira
Exmo. Reverendíssimo Senhor Dom António de Sousa Braga:
Está prevista a realização de duas touradas à corda na Ilha Graciosa, nos próximos dias 2 e 3 de Agosto, integradas nas festividades de Nossa Senhora de Guadalupe (que deve estar a chorar lágrimas de sangue).
Considerando que a Igreja Católica deveria ter uma posição clara relativamente às touradas, que foram condenadas e proibidas, numa Bula ainda em vigor, pelo Papa Pio V, que as considerava «espectáculos alheios de caridade cristã»;
Considerando a crise socioeconómica em que os Açores estão mergulhados, à qual não ficam imunes as paróquias que se debatem com falta de recursos, e onde até se passa fome;
Considerando que a «tauromaquia é a terrível e venal arte de torturar e matar animais em público, segundo determinadas regras; traumatiza as crianças e adultos sensíveis; agrava o estado dos neuróticos atraídos por estes espectáculos e desnaturaliza a relação entre o homem e o animal, afrontando a moral, a educação, a ciência e a cultura» UNESCO, 1980;
Considerando que as touradas em nada contribuem para educar os cidadãos para o respeito a ter com todos os seres da criação divina, além de causarem sofrimento aos mesmos e porem em risco a vida dos adeptos de tal selvajaria;
Considerando que as touradas em nada promovem o turismo culto e de qualidade, que se quer para a Graciosa e para o Arquipélago dos Açores;
Venho manifestar a V. Reverendíssima, o meu mais veemente repúdio pela inclusão de uma “diversão” selvagem e cruel, como é a das touradas, sejam em que modalidade for, num programa de uma festividade da Igreja Católica, “diversão” essa que origina sofrimento, sem qualquer justificação, aos animais, e ferimentos e mortes aos adeptos dessa selvajaria, e repudiar também o mau uso de dinheiros da comunidade católica da Graciosa.
Esperando que V. Reverendíssima leve em conta estas linhas, que dizem do sentimento da esmagadora maioria dos açorianos, dos portugueses em geral e de milhões de cidadãos do mundo civilizado, e contribua para a evolução moral, cultural e religiosa desse Arquipélago, fico com a esperança de que elimine destas festividades e do território açoriano, definitivamente, este costume bárbaro e cruel, que não dignifica os Santos e Santas em nome dos quais se tortura um animal, que esteve presente no Nascimento de Jesus Cristo, naquele estábulo, em Belém… há 2014 anos...
Isabel A. Ferreira