Que Portugal é o de HOJE, passados que são 50 anos sobre uma Revolução que se fez NÃO só para nos dar a Liberdade de sermos Portugueses livres dos grilhões de ferro, com que a ditadura nos acenava?
Quando se fala do 25 de Abril, Liberdade é a palavra que mais ouvimos. Tudo no 25 de Abril vai dar à palavra Liberdade. Contudo, Liberdade NÃO é agora podemos fazer tudo o que queremos, como ouço da boca de gente de todas as idades, e vejo nas atitudes dos políticos que foram eleitos para OUVIR o Povo, mas além de não o ouvirem, só fazem o que querem, e não, o que o Povo precisa que eles façam. E pensar que liberdade é podermos fazer tudo o que quisermos foi o maior erro que se cometeu, estando sempre bem patente nas políticas que se praticaram, nestes últimos 50 anos.
Por isso, HOJE, ainda há tanta gente INFELIZ em Portugal, porque os políticos portugueses NÃO sabem que a Arte de Bem Governar também passa por fazer o Povo feliz.
E o que é a Liberdade?
No meu conceito e experiência, a Liberdade, ou nascemos com ela, ou dificilmente a obteremos pela via de uma revolução florida.
Eu sou do tempo da ditadura, e nunca o ditador poderia cercear a minha liberdade primordial, porque a liberdade faz parte do meu ADN. Nasci livre e sempre mantive a minha liberdade impoluta. Ainda que me encarcerem, eu serei sempre livre. Nasci com asas no pensamento e sempre voei para onde quis, e jamais um cárcere me impediria de voar, de pensar, ou de me sentir livre. Nunca permiti que o ditador se apossasse do meu pensamento ou me arrancasse a liberdade do meu ADN, e me impedisse de ser, de estar e de pensar. E esta é que é a verdadeira Liberdade.
Fui militante anti-fascista, enquanto estudante de Coimbra, e passava todas as informações proibidas, para fora da cidade, nas barbas da PIDE, através de cartas com mensagens codificadas. Apenas a primeira carta foi interceptada. A PIDE apressou-se a enviar-me uma notificação, avisando-me das regras do Estado Novo. Estávamos em 1969, ano da Revolta Académica, na qual participei. Alberto Martins, presidente da Associação Académica de Coimbra, foi preso. Eu tinha chegado do Brasil em 1968, e a PIDE considerou que eu desconhecia as regras. Aprendida a lição, criei um código, e as cartas que se seguiram, inclusive as que iam para o Brasil, não mais foram interceptadas.
As regras da ditadura não cercearam a minha liberdade de ser, de estar e de pensar, porque eu não permiti, pois há sempre um atalho por onde podemos seguir.
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Mais tarde, no ano lectivo de 1973/74, era ainda Bacharel, estreei-me como professora provisória de História e Português, na Escola Frei João de Vila do Conde, instalada num prédio antigo, numa rua da qual já não me lembro o nome. Na minha sala, enorme e cheia de janelas, que dava para a rua principal, chovia tanto que tínhamos bacias a suster a água que caía do tecto, e os pingos da chuva a cair nas bacias perturbavam os alunos e a mim, num suplício insuportável da gota de água. Passávamos frio. Aquele Inverno chuvoso de 1973/74 nunca mais o esqueci. O que nos valeu foi termos um excelente director, o Professor Filomeno Terroso que, a meu pedido, nos arranjou um aquecedor para que não nos transformássemos em paus-de-gelo.
Estávamos em 1973, e na maioria das escolas portuguesas chovia dentro das salas de aula, e as salas eram frias. Isto para salientar que no Inverno de 2023/24, 50 anos mais tarde, ou seja, nos tempos que correm, ainda há em Portugal escolas onde chove dentro das salas de aula, e as bacias ali continuam a aparar a água, tal como em 1973, e os alunos ainda têm de levar cobertores para as escolas, para não morrerem de frio; pelas paredes escorre a humidade que as escurece, as condições sanitárias são péssimas, enfim, seria de esperar que, passados 50 anos da Revolução dos Cravos, TODAS as escolas públicas em Portugal tivessem o estatuto de um lugar ao sol, agradável, que desse gosto frequentar, onde professores competentes transmitissem SABER e não apenas despejassem matéria, e não mentissem aos alunos, quando os obrigam a escrever incorrectamente a Língua Materna deles, e não andassem por aí com os mesmos problemas de instabilidade que os professores há 50 anos também tinham. Quem era do Norte ia dar aulas para o Sul. Quem era do Sul ia dar aulas para o Norte.
Isto não mudou: ainda chove em muitas escolas; ainda há frio em muitas escolas; muitas escolas são um lugar detestável de se frequentar; a maioria dos alunos está desmotivada. Vão para a escola como os bois para o matadouro. Faltam professores, criando-se uma injusta desigualdade no Ensino. Os professores, ocupados em garantir as suas carreiras, algo a que têm direito, nem se apercebem de que estão a formar os analfabetos funcionais do futuro, não se apercebem de que estão a analfabetizar os seus alunos, em vez de os alfabetizar, como é da sua competência.
O que mudou no Ensino, nestes 50 anos?
Houve um retrocesso gigantesco. O Ensino entrou em decadência, logo no dia 26 de Abril de 1975, uma decadência que se estende até aos dias de hoje. O ensino da Matemática está atrasado 30 anos, em relação ao resto da Europa, e os alunos, em Portugal, NÃO estão a aprender a escrever sua Língua Materna, não sabem escrevê-la correctamente. E isto basta para que o retrocesso seja gigantesco.
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No dia 25 de Abril de 1974 fui para a escola, nada sabendo da Revolução. Os meus alunos, do primeiro tempo, já me esperavam no recreio aos berros: «Setora, setora, hoje não há aulas, temos um feriadinho, porque estão a fazer uma revolução». Sabiam mais do que eu.
Recebi a notícia da revolução com lágrimas nos olhos.
Um momento tão esperado, há tanto tempo!
Já poderia escrever nas linhas, o que sempre escrevi nas entrelinhas.
Nas aulas de História já não teria de dizer aos alunos que muita coisa que vinha nos Manuais NÃO era verdade. E isto fazia parte da minha liberdade de ser e de estar diante dos meus alunos, ainda que em ditadura. Eles não seriam enganados. História é História. Não podemos mudar os factos apenas para encher o ego dos que detêm o Poder, e querem reescrevê-la por lhes ser mais conveniente.
Contudo, a Revolução trouxe-nos uma surpresa: acabaram com a disciplina de História. Fomos obrigados a leccionar uma coisa que se chamava Habitação, Vestuário e Alimentação (eram três itens). Não havia manuais sobre estas matérias. Cada professor que inventasse algo para transmitir aos alunos, e eu vi-me, então, obrigada a dar aulas de vestuário, habitação e alimentação, recolhendo os conhecimentos que tinha nessas áreas: roupas de lã, no Inverno. Roupas frescas no Verão, os tecidos, de que eram feitas; telhados inclinados no Norte, terraços no Sul, de acordo com o clima, enfim, o trivial que sabia sobre essas coisas.
Ainda permaneci mais dois anos no Ensino, mas, não aguentando as parvoíces das novas (des)regras escolares, abandonei-o. Eu não servia para andar a brincar aos professorzinhos. A liberdade era tanta, que havia directores que deixavam os alunos jogar à bola na aula. Sentavam-se em cima das carteiras, com os pés no assento. Se eu os repreendesse, levava com a liberdade na cara. A disciplina e o respeito pelos professores deixaram de existir até aos dias de hoje. Como continuar a dar aulas, nestas condições de total bandalheira? Hoje, a indisciplina ainda é uma realidade.
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O que ficou da ditadura?
Passados 50 anos, os que hoje mandam, mandam ditatorialmente. Mudaram-se os tempos, mas NÃO a vontade de construir um País verdadeiramente LIVRE. Muito do que hoje vivemos está cheio dos ecos do passado, e pior, estamos à mercê dos estrangeiros, que andam a mandar nisto tudo. E que o diga (se o quisesse dizer) Marcelo Rebelo de Sousa.
- A censura anda por aí, ainda que camuflada. Os órgãos de informação só informam o que querem ou o que podem, não, o que devem informar, formando.
- No tempo da ditadura existia o tabu da pedofilia. Hoje esse tabu foi derrubado, e substituído por um outro tabu: o do ilegal e inconstitucional acordo ortográfico de 1990, que está a destruir o nosso maior símbolo identitário: a Língua Portuguesa. E os maiores prosélitos desse tabu são o presidente da República, o governo português e os deputados da Nação (aqui com honrosas excepções) e os professores. Esperemos que o novo governo tenha mais lucidez e mude o rumo de Portugal, no que a este TABU diz respeito, porque estamos em vias de perder a nossa IDENTIDADE. Ao menos o ditador António Oliveira Salazar SABIA escrever o Português que, desde Dom Diniz, nunca deixou de ser a Língua Oficial de Portugal. Hoje, os actuais governantes nem sequer escrever sabem. E falar e escrever BEM deve ser apanágio de TODOS os Portugueses, dos autóctones e dos estrangeiros que têm nacionalidade portuguesa, mas não sabem escrever nem falar Português.
- A imposição ditatorial de regras perdura, por exemplo, no que respeita ao AO90, impingido ditatorialmente através de ameaças, sanções e chantagens grosseiras, tão à maneira do Estado Novo!
O que o 25 de Abril trouxe de bom a Portugal?
- O Serviço Nacional de Saúde (SNS que, no entanto, está um CAOS).
- Muitas estradas, que ligam o País de Norte a Sul. E isto foi bom.
- Um índice de alfabetização mais elevado, através do Ensino obrigatório, porém, continuamos a ser o país da Europa com mais analfabetos, e temos o Ensino mais CAÓTICO de que alguma vez há memória, com milhares de alunos ainda sem professor, e a estudar por manuais concebidos por e para idiotas. Na anterior ditadura, que era dita e dura, até doer, e não disfarçada de democracia, como é a actual, isto não acontecia. Os portugueses que saíam das universidades eram cultos. Hoje, a incultura impera, os cromeleques são castelos; a Ínclita Geração eram os Reis Filipes, e disparates como estes são o pão nosso de cada dia. Uma vergonha!
- Existe menos pobreza, mas aos poucos está a alcançar os níveis da pobreza existentes no tempo da ditadura salazarista. Em 2022 existiam 1,78 milhões de pobres em Portugal, mais 81 mil do que no ano anterior. Com a imigração descontrolada pelo aceno “venham para o paraíso português, venham!”, a pobreza e os sem-abrigo aumentaram descomunalmente, e há imigrantes a viverem em tendas, nas ruas, por falta de habitação, algo que o 25 de Abril não conseguiu colmatar, e já vinha da ditadura. Portugal precisa da mão-de-obra barata dos imigrantes, por isso, a política é a do venham, mas durmam na rua! E a FOME é uma realidade no Portugal actual. Temos crianças a passar FOME, 50 anos depois do 25 de Abril.
- Já podemos votar, escolher os representantes do Povo, os quais, no entanto, são eleitos NÃO para representar o Povo e pugnar pelos interesses dos Portugueses e de Portugal, mas para gerir os interesses dos grupos de pressão económica, por isso, ainda somos um país com um pé na Idade Média, porque a esquerda alia-se à direita irmãmente, e, servilmente, por exemplo, servem o lobby tauromáquico, que recebe milhares de Euros para torturar bovinos, Euros que fazem falta, por exemplo, na melhoria das escolas e em tantas outras instalações públicas. Muitos deputados vão para o Parlamento exclusivamente para assegurar os interesses dos lobbies e, pelo caminho, dos seus interesses também. Isto não faz parte da Democracia sonhada em Abril de 1974.
- As mulheres adquiriram alguns direitos que não tinham, mas ainda estão longe da igualdade de direitos que merecem. Hoje, as que cometam adultério já não podem ser mortas, por Lei, pelos maridos, se eles as apanharem em flagrante delito, mas a violência doméstica tem aumentado substancialmente, e as mulheres continuam a ser mortas pelos companheiros...
O que vai mal no Portugal pós-25 de Abril, depois de 50 anos a brincar-se à democraciazinha?
Tanta coisa!!!
O que temos, hoje, NÃO é o Portugal sonhado pelos que aguardavam ansiosamente por uma Revolução que nos libertasse dos grilhões de ferro. Hoje, estamos atados pelos grilhões da ignorância que por aí medra, como uma erva daninha.
Hoje, os jovens qualificados são obrigados a emigrar, porque a Democracia ainda não conseguiu dar-lhes o que eles merecem, depois de 50 anos a celebrarem, em cada 25 de Abril de cada ano, algo que não lhes dá a liberdade de ficarem no seu país.
E os descontentes, neste ano de 2024, são aos milhares. E os infelizes também. E eu sou dos que estão nestas estatísticas.
Portugal é um dos países onde existem mais descontentes por metro quadrado.
Hoje existe MUITA Liberdade, mas Portugal está mergulhado em muitas CRISES:
Crise na Saúde, na Habitação, no Ensino, na Justiça, na Agricultura, na Classe Laboral. Crise política, crise ambiental, crise incendiária, crise climática, crise económica, crise civilizacional, crise identitária. Crises de todo o género. Baixos salários, baixas reformas, custo de vida alto, muitos impostos, muitas taxas e taxinhas, corrupção ao mais alto nível, e Portugal a afundar-se num mar de descontentamento.
Tanta Liberdade a rimar com infelicidade!
Durante a ditadura, Portugal estava orgulhosamente só. Passados 50 anos, Portugal integra a União Europeia, e está vergonhosamente na cauda da Europa.
O 25 de Abril abriu-nos caminhos que, no entanto, foram sendo fechados, à medida que o Poder ia subindo à cabeça dos novos governantes. Os Capitães de Abril foram traídos.
E na sequência de tudo isto:
Devido à política apátrida perpetrada pelos políticos que temos, a liberdade de ser portuguesa é a única liberdade que está em risco em mim. Poderei perder a liberdade de ser portuguesa aos olhos do mundo, mas NÃO perderei a liberdade de sair por aí a voar como uma pomba branca, com um cravo vermelho na mão, a tentar manter a minha identidade... porque a Liberdade sem Identidade deixa um Povo sem alma.
Isabel A. Ferreira
Origem da imagem:
Ser chamado de “arquiteto” (isto lê-se arquitêtu) como vejo por aí escrito, à excepção do jornal PÚBLICO, é morrer duas vezes. E Gonçalo Ribeiro Telles, não sendo um Arquitecto qualquer, merece todo o respeito. É triste vê-lo por aí rotulado de “arquitêto”, como se fosse um grande teto (o mesmo que teta). Isto constitui um arqui-insulto à sua memória.
Gonçalo Ribeiro Telles era um ARQUITECTO paisagista, um HOMEM que tinha uma extraordinária visão ecológica, fundador do Partido da Terra, e com o qual nenhum dos governantes e autarcas portugueses aprendeu o mínimo que fosse.
Portugal perdeu um dos seus mais notáveis activistas ambientais, o qual, no tempo da ditadura salazarista, se revoltou contra o impacto do desordenamento territorial de Lisboa e contra a tentativa de destruição dos espaços verdes. Essa destruição continua activadíssima, por todo Portugal, com autarcas a devastar alamedas e arvoredos, em nome do falso progresso.
Em 1967, aquando das tristemente célebres cheias que mataram dezenas de pessoas em Lisboa, o ArquiteCto Ribeiro Telles revoltou-se também contra o desleixo na construção de habitações, nas zonas mais pobres. Foi igualmente uma voz activa na defesa dos espaços verdes, e autor do projecto do belíssimo jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Prémio Valmor de 1975.
Ministro de Estado e da Qualidade de Vida, Ribeiro Telles foi um grande crítico da plantação intensiva de pinheiros e eucaliptos, considerando esta plantio uma das principais causas dos grandes incêndios que fustigam o país anualmente, devido a uma política assente na economia e não num ordenamento de território sustentável, que ainda hoje não se pratica.
O ARQUITECTO Ribeiro Telles partiu, mas deixou-nos uma herança ecológica. E a melhor homenagem que lhe podem prestar os políticos, que foram para a porta do Mosteiro dos Jerónimos, onde se realizou o seu funeral, dizer palavras de circunstância, é pôr em prática o seu legado ecológico.
Paz à sua alma, e os meus pêsames à família.
Isabel A. Ferreira
Legenda da imagem:
- O que é a democracia? – pergunta o professor.
- Democracia é a liberdade de escolhermos os nossos ditadores – responde a aluna.
Exactamente. Depois de o “25 de Abril” começou-se por aí a dizer que se vive em democracia, e que o povo é quem mais ordena…
Mentira.
Se não, vejamos:
Facto: a grande, grande, grande, muito grande maioria do povo português rejeita as touradas.
E o que acontece? Os portugueses, individualmente ou representados nas associações e grupos e plataformas abolicionistas portuguesas escrevem aos políticos a dizerem da sua rejeição à barbárie e a exigirem a abolição desta selvajaria. E o que acontece?
Acontece que circula por aí que, apesar de a Ministra da Cultura não considerar as touradas uma questão de gosto, mas de civilização e baixar o IVA da tortura para 13 %, pois não pode estar nivelado pelos espectáculos artísticos superiores, o partido socialista prepara-se para contradizer a Ministra e aprovar o IVA de 6% para a tortura de touros, nivelada pelo “Lago dos Cisnes”, mas se Assunção Cristas (CDS/PP) vê nas touradas um bailado, porque não haverá o PS de ver também um bailado nos rodopios das bailarinas enchumaçadas, que atacam touros indefesos na arena, vestidinhas à maneira e com collants cor-de-rosinha?
Escrever a esses cérebros mirrados e não escrever dá no mesmo. Eles têm ideias fixas, e na definição da democracia deles, não cabe a palavra POVO. O povo não tem nada que dar palpites. É o que eles acham. E fazem o que bem entendem. Daí que sirvam o lobby tauromáquico e não o povo, que lhes paga o salário e é forçado a pagar os subsídios aos tauricidas, para que continuem a torturar touros, à nossa custa.
E se não é o povo que mais ordena, então não temos uma democracia, mas uma autocracia socialista, uma vez que são socialistas os mandantes, a qual tem de ser derrubada, tal como foi derrubada a ditadura salazarista.
Isabel A. Ferreira