Penso que todos os Portugueses Pensantes ficaram estupefactos com o discurso que o Presidente da República de Portugal fez, no passado dia 10 de Junho, esvaziado da portugalidade que a celebração do Dia de Camões exigia. Como foi possível!!!!
As críticas brotam nas redes sociais, como cogumelos em dias de chuva.
Portugal tem um Presidente da República sem o mínimo sentido de Estado, estando apenas ao serviço dos estrangeiros.
Luís de Camões, que com tanto Engenho e Arte cantou a nossa Portugalidade, na sua obra mais universal «Os Lusíadas», deve estar a sentir-se traído, lá onde estiver, por ter visto ir por água abaixo, logo no Dia que lhe foi dedicado, (caso único no mundo), todo o esforço, todo o empenho, todo o sacrifício que fez para dar a portugal e mais tarde ao Mundo o seu Poema Épico, ao ouvir as palavras que lhe soariam de traição à sua Pátria e à sua Língua.
E essa traição está bastante evidente no discurso que Marcelo Rebelo de Sousa, sem o mínimo pudor, proferiu no Dia 10 de Junho de 2025.
Via e-mail, recebi um texto intitulado «Tenha vergonha Professor Marcelo...», que passo a transcrever mais abaixo, porque também sublinho tudo, tal como refere Filipe Neves ...
E sublinho tudo, porque, na realidade, o actual presidente da República, foi o pior presidente que Portugal já teve desde Dom Afonso Henriques.
O que estará a levar o Chefe de Estado Português a ficar para a História como um traidor, um apátrida um desafecto de Portugal?
Isabel A. Ferreira
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Discurso de Marcelo Rebelo de Sousa no 10 de Junho
«Tenha vergonha Professor Marcelo….
O senhor reduziu a Nacionalidade Portuguesa a uma questão sanguínea ou de pureza de raça, como se de cavalos ou burros estivesse a falar, matéria para a qual, acredito, o senhor é doutorado, mas, Ser Português é muito mais que isso, em primeiro lugar é carregar 900 anos de História no lombo, é saber distinguir entre umas papas de sarrabulho e um arroz do mesmo, é distinguir um Vinho do Porto dum Madeira, é degustar um Leitão à Bairrada e umas tripas à Moda do Porto, saber a origem dos Ovos-moles ou do Cozido das Furnas, saber o que é o Pão de Padronelo ou uma sopa à Alentejana…. E que dizer do Vira do Minho ou do Cante Alentejano?
E o Fado?
Já ouviu falar de Fernando Pessoa ou Eça de Queiroz?
E que tal Vitorino Nemésio ou José Hermano Saraiva?
E tantas, mas tantas coisas que nos distinguem que a sua sapiência é pequena para tanta riqueza!
Tenha vergonha Marcelo Rebelo de Sousa, o senhor sempre foi um privilegiado e, agora, vendeu a sua alma como Miguel de Vasconcelos já o havia feito!
O senhor não honra seu pai nem seu padrinho, pessoa que a certa altura disse que muitos dos que queriam alcandorar-se ao Poder nem para criados de quarto serviriam, e olhe que em relação a Sua Excelência, ele acertou mesmo na mouche.
Só me pergunto se o senhor tem feito este papel ignóbil porque tem o rabo preso ou se está mesmo senil!"»
11/06/2025 Luís Franqueira.
Fonte: https://www.facebook.com/share/p/16A8EbpjUw/
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10 de Junho
«Dia de Camões, de Portugal, da Língua Portuguesa e dos Portugueses!».
Impõe-se que justifique este meu modo de aludir ao Dia 10 de Junho.
Dia de Camões – por se assinalar no dia 10 de Junho, o dia da morte de Lvís Vaz de Camões, que, pela monumentalidade do seu Poema Épico «Os Lusíadas», mereceu ter um dia Nacional, o Dia de Portugal para o celebrar.
Dia da Língua Portuguesa – Língua de Camões, que continuará a ser celebrada no Dia 10 de Junho, pelos Portugueses, por ter sido Camões o que elevou mais alto a Língua de Portugal, e só foi retirada destas celebrações, quando em 2019, a 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO decidiu proclamar o dia 5 de Maio de cada ano como "Dia Mundial da Língua Portuguesa", esquecendo-se de assinalar que se refere à Língua ACORDIZADA, que nada tem a ver com Camões, com Portugal e com os Portugueses.
Dia dos Portugueses, simplesmente, NÃO Dia das Comunidades Portuguesas, para poder englobar aqui TODOS os Portugueses, um Povo feito de muitos Povos: os que vivem em Portugal e os que vivem na diáspora, e não só os das Comunidades Portuguesas no estrangeiro. Nós, que vivemos em Portugal, também merecemos ser celebrados. Ou não?
Isabel A. Ferreira
Do discurso de Lídia Jorge, depreendo que o estudo da História, tão negligenciado nos tempos que correm, e pelos vistos, também no tempo de escola da escritora, faz muita falta.
Espero que todos os oradores em Portugal aprendam com os erros cometidos nos discursos do nosso descontentamento, efectuados por Lídia Jorge e Marcelo Rebelo de Sousa, (o discurso de Marcelo esteve no mesmo tom) no dia em que celebrámos Camões, a Língua Portuguesa [retirada destas celebrações depois da imposição ilegal do AO90], de Portugal e dos Portugueses [porque não assim? estando aqui incluídos os das Comunidades Portuguesas na diáspora, de contrário parece que os que cá vivem, não existem, ficam de fora da celebração].
Remexer no passado, para culpar os que vivem no presente, não me parece normal. Do modo como hoje se fala da escravatura, até parece que foram os Portugueses que a inventaram. A escravatura sempre existiu, em todas as civilizações, desde a Antiguidade: egípcia, persa, grega, romana, muçulmana, asiática, africana, entre outras, em contextos históricos diferentes, e nessas civilizações, os escravos tanto eram negros como brancos, como de todas as etnias dos países invadidos pelos conquistadores de cada época.
Não percebo esta preocupação com a escravatura do passado, quando, hoje, em pleno século XXI d. C., existem imigrantes escravizados a viverem em território português. Não são propriamente escravos, mas são escravizados pelos novos senhores de toda a espécie. Para não falar na existência do tráfico humano, e na exploração de escravas sexuais, não direi por todos os cantos e esquinas do nosso País, mas quase.
Disto a tal esquerda woke não fala. Não interessa?
A questão da escravatura tem milhares de anos, e não se limita aos escravos que Portugal explorou, num tempo em que era prática comum entre muitos povos “de bem”.
Abomino a escravatura. Nem sei como foi possível alguma vez existir, desde tempos remotíssimos. Mas existiu. E eu, evoluí, e só tenho que denunciar a escravatura dos tempos que correm, e deixar na paz dos mortos, os escravos de outros tempos, os quais, por muito que condenemos a sua escravidão, não traremos, de novo, à vida, para terem uma vida livre. Mas os actuais escravos precisam da nossa ajuda para se libertarem do jugo dos novos senhores.
Passemos à análise do Historiador português João Pedro Marques.
Isabel A. Ferreira
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«Considerações sobre um discurso de Lídia Jorge»
Por
João Pedro Marques
11 de Junho de 2025
in https://observador.pt/opiniao/consideracoes-sobre-um-discurso-de-lidia-jorge/
Não foram os portugueses que inauguraram “o tráfico negreiro intercontinental em larga escala”. Não repita nem espalhe aos quatro ventos informações falsas. Já bastam as que a esquerda woke injecta.
Numa passagem do seu discurso no passado dia 10 de Junho, a escritora Lídia Jorge acentuou, adequadamente, as múltiplas origens do povo português. Disse, a esse respeito, o seguinte: “Consta que em pleno século XVII 10% da população portuguesa teria origem africana. Essa população não nos tinha invadido. Os portugueses os tinham trazido arrastados até aqui, e nos miscigenámos. O que significa que por aqui ninguém tem sangue puro. A falácia da ascendência única não tem correspondência com a realidade. Cada um de nós é uma soma do nativo e do migrante, do europeu e do africano, do branco e do negro e de todas as outras cores humanas. Somos descendentes do escravo e do senhor que o escravizou”.
Passemos por cima do dado percentual errado — Lídia Jorge terá eventualmente confundido população portuguesa no século XVII com população de Lisboa no século XVI. Segundo Arlindo Manuel Caldeira a percentagem de escravos e negros livres, em Portugal, situar-se-ia entre os 3 e os 4%. Passemos, também, por cima de um curioso esquecimento relativamente aos árabes, isto é, aos asiáticos, que — esses, sim — nos invadiram, e muito antes do século XVII já constituíam parte significativa da população portuguesa. Somos a soma não apenas do europeu e do africano, mas também do asiático.
Mas tudo isso são detalhes. O que importa acentuar é que a escritora tem razão no resto que afirmou nesta breve passagem do seu discurso. Discurso que provocou reacções desencontradas, com o Chega, pela voz de André Ventura, a contestar, e a esquerda a vir para as redes sociais e, quase que imediatamente, para os jornais, a celebrar e a apoiar estas afirmações de Lídia Jorge. Contudo, essa esquerda não terá reparado que está a entrar em forte contradição (a esquerda é muito dada a não se prender com essas minudências). É que, se de facto, nós, portugueses, descendemos dos africanos e dos europeus, dos escravos e dos seus senhores, por que razão é que essa mesma esquerda que rejubila com o discurso de Lídia Jorge, apoia e exige, por outro lado, reparações pela escravatura? Se não somos apenas descendentes dos senhores, mas também daqueles que eles traficavam ou mantinham em escravidão, teremos de pagar reparações a quem? A nós próprios?
Fica a pergunta e passo adiante porque o discurso de Lídia Jorge suscita-me uma segunda questão, bem mais importante. É que numa outra passagem da sua intervenção, a escritora, referindo-se ao local do Algarve em que discursava e mais especificamente à questão dos Descobrimentos versus escravatura. Disse o seguinte:
“No início da Idade Moderna, Lagos e Sagres representaram tanto para Portugal e para a Europa que a sua volta se constituíram mitos que perduram. Sagres passou assim para a História e para a mitologia como lugar simbólico de uma estratégia que mudaria o mundo. Mas existe uma outra perspectiva, como é sabido, e hoje em dia o discurso público que prevalece é sem dúvida sobre o pecado dos Descobrimentos e não sobre a dimensão da sua grandeza transformadora. É verdade que a deslocação colectiva que permitiu estabelecer a ligação por mar entre os vários continentes e o encontro entre povos obedeceu a uma estratégia de submissão e rapto, cujo inventário é um dos temas dolorosos de discussão na actualidade. É preciso sempre sublinhar, para não se deturpar a realidade, que a escravatura é um processo de dominação cruel tão antigo quanto a humanidade, o que sempre se verificou foi diversidade de procedimentos e diferentes graus de intensidade. E é indesmentível que os portugueses estiveram envolvidos num novo processo de escravização longo e doloroso. Lagos, precisamente, oferece às populações actuais, a par do lado mágico dos Descobrimentos, também a imagem do seu lado trágico. Falo com o sentido justo da reposição da verdade e do remorso, por aqui se ter inaugurado o tráfico negreiro intercontinental em larga escala, com polos de abastecimento nas costas de África, e assim se ter oferecido um novo modelo de exploração de seres humanos que iria ser replicado e generalizado por outros países europeus até ao final do século XIX. Lagos expõe a memória desse remorso”.
Passemos de novo por cima de erros incompreensíveis, mas persistentes por terem aparentemente ficado calcificados em muitas mentes. É que, de facto, Lídia Jorge, não foram os portugueses que inauguraram “o tráfico negreiro intercontinental em larga escala”. Não repita, por favor, nem espalhe aos quatro ventos, mais informações falsas. Já bastam as que a esquerda woke aqui injecta. O tráfico negreiro de grande dimensão entre continentes foi inaugurado pelos povos de religião muçulmana que já a partir do século VIII traficavam escravos negros — escravas, sobretudo — de África para a Ásia e, depois, para a Europa.
Lídia Jorge afirmou também que “sempre houve quem repudiasse por completo a prática (da escravatura) e o teorizasse”, e que Gomes Eanes de Zurara, que escreveu a Crónica da Guiné, em 1448, e nos deixou uma descrição detalhada da chegada do primeiro grande número de escravos africanos a Lagos, quatro anos antes, seria contra aquela “degradação”. Mas está completamente enganada e a reproduzir, sem ter disso consciência, suponho, uma lengalenga woke que é falsa de cabo a rabo.
Sim, Zurara comovia-se com o espectáculo da partilha e com o afastamento forçado de pais e filhos. Contudo, como qualquer homem do século XV, logo acrescentava que, com o correr do tempo, e uma vez acalmada a dor da separação inicial, os escravos eram socialmente integrados, cristianizando-se, aprendendo os ofícios e acabando até, por vezes, por adquirir a liberdade. Para Zurara, a salvação das almas e a introdução à civilidade cristã legitimavam o acto escravizador e isso ficará claríssimo para quem, em vez de acreditar no que Lídia Jorge disse no seu discurso, ler as palavras do próprio cronista, que são as seguintes: “É assim que onde antes viviam em perdição das almas e dos corpos, (os negros) vinham de todo receber o contrário: das almas enquanto eram pagãos, sem claridade e sem lume de santa Fé; e dos corpos, por viverem assim como bestas, sem alguma ordenança de criaturas razoáveis, que eles não sabiam que era pão nem vinho, nem cobertura de pano, nem alojamento de casa; (…). Ora vede que galardão deve ser o do Infante (D. Henrique) ante a presença do senhor Deus, por trazer assim à verdadeira salvação não somente aquestes, mas outros mui muitos que em esta história ao diante podeis achar!”.
Não, Lídia Jorge, no século XV (e noutros, claro) não houve gente, que eu saiba, a insurgir-se contra o tráfico negreiro. A contestação a esse tráfico e à escravidão só se tornou comum a partir do último terço do século XVIII.
Mas deixando de lado esse e outros erros, o que quero dizer é que não estou certo de que a perspectiva que prevalece entre os meus concidadãos seja a do “pecado dos Descobrimentos”. E também duvido que o seu sentimento dominante seja o do “remorso” pela existência do tráfico e escravidão dos negros. Mas admitindo, por mera hipótese académica, que assim seja, a pergunta que quero fazer a Lídia Jorge e a todos os portugueses é a seguinte: serão essas perspectivas e esse eventual remorso adequados? É que os Descobrimentos tiveram um lado luminoso, positivo, que sucessivas levas de bem-pensantes se têm encarregado de denegrir e enterrar. Seria importante que, neste 10 de Junho que passou, Lídia Jorge tivesse dado tanto realce a esse lado, como o que, indo nas modas culturais da actualidade, resolveu dar à trágica história do envolvimento português na escravatura.
Mas talvez Lídia Jorge não saiba, que o remorso a que se refere, já teve o seu tempo, já foi sentido e vivido, no século XIX. Foi nessa época que os ocidentais, entre os quais os portugueses, se deram conta da crueldade e do erro que a escravatura constituía, e decidiram pôr-lhe fim. Em Setembro de 2017 escrevi um artigo no Público intitulado “Quantas vezes terá Portugal de pedir desculpa?” em que mostrei, como já mostrara nos meus textos académicos e como outros autores continuam a mostrar, que a partir de 1840, Portugal alinhou decidida e sinceramente no combate ao tráfico de escravos. Por isso, renovo a pergunta a Lídia Jorge e aos portugueses: quantas vezes terá Portugal de pedir desculpa? Não nos bastou o remorso do século XIX? Eu acho que bastou. E acho que continuar com este muro de lamentações em 2025, 150 a 200 anos depois de ele ter sido percorrido e demolido, é não só incompreensível, como flagelante e masoquista.
«Não é dia de celebração.
É dia de denúncia.
Não há polimento possível que retoque o que não tem ponta por onde se lhe pegue. É um exercício fútil tentar ancorar algo no vácuo: a ideia de a ortografia navegar à mercê das ondas do elemento mais indomável, flutuante, contingente, mais variável geográfica, temporal e individualmente que há na língua – a pronúncia, evidentemente.
Revogue-se o «Acordo».
Manuel Matos Monteiro
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Penso que a melhor maneira de evocarmos o “10 de Junho”, Dia de Camões e da Língua Portuguesa, de Portugal e dos Portugueses, é expor ao mundo exemplos da RESISTÊNCIA que está em curso, e que é um bom exemplo de que em Portugal ainda temos gente suficientemente corajosa para lutar pelo seu património linguístico, desprezado por quem tem o dever constitucional de o defender.
A actual sociedade portuguesa é composta por quatro grupos de pessoas: os que mandam; os que obedecem; os que se resignam; e os que resistem, insistem e persistem. E será este último grupo que expulsará os vendilhões da Língua Portuguesa e que devolverá a Portugal a sua Identidade Linguística.
Os governantes portugueses têm de ser pulverizados com as verdades irrefutáveis sobre a inutilidade do AO90, e que não há como rebater, até que compreendam que estão a ser os algozes da Língua Portuguesa, e é como algozes que ficarão para a História se nada fizerem para anular o inconcebível e ilegal acordo que está a esvaziar a Língua Portuguesa da sua individualidade.
A Identidade portuguesa, tal como a identidade de todos os países livres do mundo, é a Língua, muito mais do que o território. A Língua de um Povo é a coluna vertebral da sua Identidade, citação de Jacques Attali, economista e escritor frncês.
Não saberão os governantes portugueses desta verdade tão óbvia, tão óbvia, que até uma criança consegue avaliar?
Os textos seleccionados para evocar este “Dia de Camões e da Língua Portuguesa” foram-me enviados no âmbito do APELO que um Grupo Cívico de Cidadãos Portugueses aos quais já se juntaram Brasileiros, enviou ao Presidente da República, e vai continuar a enviar até que o AO90 seja eliminado do território português. As palavras destes cidadãos dizem do estado d’alma de quem sofre, ao ver que não temos, em Portugal, governantes que defendam, como é do seu dever constitucional, a nossa Identidade, com quase mil anos de história, assente na nossa Língua, com mais de 800 anos de existência.
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Este texto evocativo do Dia de Camões e da Língua Portuguesa vai ser enviado ao Presidente da República, ao governo e aos Deputados da nossa pobre Nação, que tem a infelicidade de estar a ser invadida por uma gigantesca onda de ignorância, sem precedentes, em toda a existência do Reino, do Império, da República, da Ditadura e da actual pseudo-democracia de Portugal.
Evoquemos a NOSSA Língua Portuguesa, com palavras de profundo repúdio pela vil tentativa de, através da imposição ILEGAL do AO90, destruir o NOSSO Património Linguístico, aquele que, mais do que o território, constitui a coluna vertebral da nossa identidade.
Isabel A. Ferreira
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Textos de subscritores do APELO:
«Concordo em absoluto que reúna num texto as contribuições dos subscritores e o publique no seu Blog a enviar para o PR, que neste momento só vê Lulas e mais Lulas. Por isso, é bom deixar passar a febre da lulice aguda e logo, logo a seguir ao 25 de Abril , enviar de novo para o PR e agora via CTT o APELO e a nova lista de subscritores que, felizmente, continuam a chegar.
Não podemos desistir. A razão está do nosso lado e a força bruta está do lado contrário. É urgente, inclusive, enviar o seu Blog, como sempre o tem feito, para todos os continentes onde há portugueses e que muitos possam dar a sua contribuição nesta justa luta. Há, certamente, milhões espalhados um pouco por todo o mundo que abominam o infame AO90 e não o utilizam, porque é irracional, confuso, facilitista, absurdo, tendo nascido no meio de sombras sinistras, lobbies, jogos de poder inacreditáveis. Aliás, a história do infame está por fazer e não serão os que o pariram e o impuseram ao país de forma totalitária que terão alguma vez discernimento e capacidade para escrever tal história. Esta tem de ser escrita. E já vai bem longa. Estou neste momento a lembrar-me, por exemplo, do trabalho gigantesco que a Isabel teve em reunir especialistas na matéria, juristas, psicólogos, jornalistas, historiadores, para enviar o resultado do trabalho para a UNESCO, repudiando o infame AO. Era bom tornar pública também a resposta desta organização que talvez tenha tido alguma credibilidade num tempo passado, mas que actualmente deixa muito a desejar...
[A resposta da UNESCO foi curta, grossa e dúbia, então, pedimos que nos esclarecesse, pois o que nos disseram não tinha pés nem cabeça, nem sequer era atingível, para podermos esclarecer os Portugueses. Até hoje estamos à espera da resposta – I.A.F.].
A desobediência civil é a arma mais poderosa que temos ao nosso dispor. Basta de medos. São estes que agradam à força bruta, ao totalitarismo e não à razão e à inteligência humanas.
É a obediência dos povos que alimenta a tirania dos governos (Agostinho da Silva). As obras deste grande filósofo português deviam ser inseridas nos currículos durante toda a escolaridade obrigatória. Talvez a sociedade portuguesa acordasse do marasmo em que foi obrigada a mergulhar ao longo de dezenas de anos de sucessivos desvarios governamentais e atentados contra a Cultura Portuguesa.
Saudações anti-acordistas SEMPER
Idalete Giga (livre-pensadora)»
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Olá,
O meu nome é António Miguel Pinto dos Santos.
Sou cidadão português, nascido e criado, mas no momento vivo em Londres há já 9 anos, neste momento trabalho como gerente de restaurante.
Adoro literatura sempre gostei de ler e não acredito no que está a acontecer em Portugal.
Já partilhei os factos com amigos daqui e ninguém acredita que um governo tenha a coragem de destruir a nossa identidade e a nossa herança cultural e literária para benefícios económicos. Nunca na vida passaria pela cabeça de um político inglês mudar a forma de escrever e consequente a forma de falar dos cidadãos para poderem beneficiar financeiramente de pressupostas vendas aos Estados Unidos.
Eu até nem acredito que algum dia as empresas portuguesas claramente os média vão vender alguma coisa ao Brasil que já não vendam agora.
Até porque teriam primeiramente de ensinar à população brasileira a apreciar a nossa cultura.
Os portugueses não se manifestam, são uns acomodados eu sempre que posso subscrevo apoios e partilho campanhas a promover o fim do AO90, mas não me parece que as pessoas tenham interesse em proteger a nossa cultura.
No Reino Unido existe uma biblioteca e um teatro em cada esquina. Na cidade do Porto de onde sou existem duas bibliotecas.
Desculpe o desabafo, não acredito como os portugueses não se sentem incomodados com a situação que eu vejo como maquiavélica, vil, como se pode reinar com tanta ignorância no século XXI. O enriquecimento financeiro acima de tudo.
Temos um nível muito baixo de educação e de cultura quando comparado sobretudo com os países do norte da Europa.
Parabéns pelo trabalho muita força e não desista eu acredito que se nós não conseguirmos as próximas gerações vão corrigir os erros cometidos hoje é o que se observa nos países mais avançados as gerações com nível mais elevado de educação entendem a importância de proteger a sua identidade a sua cultura e respeitar os antepassados.
Tudo de bom e muita esperança.
António
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«Tudo quanto seja para anular o absurdo e o caótico "acordo ortográfico", é de insistir. O gang que se apoderou e o vendeu a interesses inexplicáveis, estão pela exaustão a levar a água ao seu moinho. O primeiro-ministro ao dizer publicamente "temos pena de não falarmos com o vosso sotaque", espelha o ideal em como a ilegalidade germina nas mentes traidoras. O "temos" refere-se a nós, portugueses, o que por mim, não tem o aval para o dizer. Quanto ao sr. Presidente da República se dedicasse mais atenção (sendo um homem das letras) pelo cargo que ocupa, não pode alegar desconhecimento do estado actual da Língua Portuguesa e em como tem sido aviltada. É imperioso que seja abanado, para acordar.»
Pedro Jorge Carvalho
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«Prezada Dr.ª Ana Sousa Dias [Provedora do TelespeCtador]
Nós sabemos que houve um governo que ordenou que órgãos dele dependentes passassem a usar o AO90 mesmo antes de o seu uso ser obrigatório.
Devido a sabe-se lá quais pressões, firmas privadas também aderiram.
Tudo isto é triste, embora haja muita gente, como eu, que se insurge contra a falta de lógica e aberrações nessa mixórdia (expectável e expetativa é um exemplo gritante).
Ora eu sou espectador do Jornal Nacional da Rede Globo brasileira, e assim sou testemunha de factos enervantes e humilhantes.
Jornalistas brasileiros adquiriram o hábito (vindo do brasileiro comum) de dizer um 'i' que não existe entre duas consoantes. Exemplos há muitos, mas bastava ter assistido ao discurso do Presidente Lula para ter ouvido um "ábisurdu".
Esse vício, essa deturpação do Português num país que não aprovou o Acordo, deveria ser suficiente para que o uso dele fosse considerado como uma subserviência a quem deveria aprender a falar aquilo que é a língua oficial do país.
Ainda pior que essa inserção oral duma letra que não existe é o seguinte:
Enquanto a RTP (e outros órgãos) escreveria agora "detetada", ouvi uma jornalista da Globo dizer "dêtêquitáda"!
Isto prova que no Brasil continuam a escrever propriamente "detectada" (mas deturpando a pronúncia), enquanto os palermas dos portugueses escrevem (e até dizem!) da maneira que pensam ser brasileira...
Isto enquanto um PM é suficientemente tonto para dizer o que disse sobre o sotaque brasileiro (falando pelo povo!) e um PR que acha graça a tentar imitar brasileiro, o que fez Chico Buarque ficar de boca aberta, espantado com a insanidade...
Onde quero eu chegar?
Que até morrer vou continuar desgostado com o país onde cresci, mas que agora acho que não presta...
Escrever acordês, nunca, jamais!
Cumprimentos cordiais,
C. Coimbra (Toronto - Canadá)»
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«A Língua de Portugal, que aqui nasceu e aqui vive há séculos, é nossa! Cabe-nos a nós, portugueses, respeitá-la, conhecê-la, 'vivê-la' e transmiti-la aos nossos descendentes, na sua integridade, sem a adulterarmos ao sabor da ignorância e da prepotência políticas. Os povos a quem a deixámos, fruto da nossa História comum, são livres de a usarem e dela cuidarem como entenderem.
Nós não demos aos políticos, que temos vindo a eleger, o direito de se apoderarem da Língua de Portugal, para com ela negociarem e lhe imporem o linguisticamente indefensável Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), que a desfigura e está a destruí-la, como se pode verificar todos os dias!
Felizmente há portugueses que não se calam e clamam bem alto o seu amor à nossa língua e a imperiosa necessidade de abolir, de vez, o vergonhoso AO90 - deixo-vos com uma intervenção vibrante e firme, em defesa da língua de Portugal. Vejam e ouçam este vídeo:
https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/em-luta-pela-lingua-portuguesa-nao-ao-431104
Maria José Abranches
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«O nosso maior tesouro
Nunca é demais realçar que a Língua é um dos instrumentos fundamentais da identidade de um povo. Cada vez mais os jovens comunicam através de interjeições, estrangeirismos vários ou distorções gramaticais. O próprio acordo ortográfico tem revelado várias incongruências e insuficiências. Para além de ser tecnicamente insustentável e juridicamente inválido, é politicamente inepto e materialmente impraticável. Para além de não ter cumprido os objectivos primordiais de unificar e simplificar a língua portuguesa entre os Estados onde é língua oficial, bem como as disfunções linguísticas e jurídicas e até inconstitucionalidades que enferma.
A valorização e enriquecimento da língua é vital para o desenvolvimento e memória de um povo. Importa envolver as comunidades académica, literária e científica, todos os que trabalham com a Língua Portuguesa, com vista à definição de princípios e objectivos gerais que conduzam à dignificação, valorização e enobrecimento da Língua Portuguesa.»
Alfredo Fernandes
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«Olá, Isabel.
O meu nome é Cláudia Maria Raposo Coiteiro e este é o meu email de contacto. Sou Socióloga de formação e exerço as profissões de Formadora, Consultora e Coach. Há 8 anos que vivo em Luanda e felizmente cá não existe essa coisa do ‘aborto ortográfico’.
Força! Esta iniciativa [o APELO ao PR] é muito importante para se tentar repor as coisas no lugar certo.
Muito obrigada.»
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«Penso que Angola é o último reduto da Língua Portuguesa, e quem aí está, não tem de levar com a gradual degradação da Língua, que mete dó até às pedras da calçada portuguesa. Os que dizem que "não vale a pena" nunca fizeram avançar o mundo. Por vezes, basta UM dizer que vale a pena, para que o mundo dê um passo em frente.
Os NINS também nunca fizeram avançar o mundo. São zombies que andam por aí, à deriva, impedindo uma evolução mais acelerada.
Isabel A. Ferreira
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«Quero só contribuir com duas notas:
1 - Esta primeira nota é meramente uma opinião pessoal. Tal como já o tinha comentado num contacto inicial com a Isabel, embora sobre argumentos contra o AO90, sou mais apologista de recorrermos aos argumentos que nenhum acordista pode rebater – a saber, todos os constrangimentos linguísticos que antes não havia e agora há (como as múltiplas grafias que passaram a existir onde antes só havia duas, por exemplo); todas as arbitrariedades e inconsistências do AO90 (em coisas que antes estavam bem definidas); a ilegalidade da implementação do AO90; a falácia da maior projecção da língua de Portugal na comunidade internacional; a falácia da maior facilidade de publicar autores portugueses no Brasil; e muitas outras que correspondem a factos registados em várias fontes. Existem inúmeros sites anti-acordistas que fizeram levantamentos destas e outras razões para se revogar o AO90, justificando-as de forma inequívoca e inegável.
Entendo perfeitamente que haja alguns de nós que se sintam ofendidos no seu patriotismo com esta questão mas, se já vimos que quem defende esta patranha se está bem nas tintas para o respeito pela Língua, querermos apelar ao brio que possam ter por Camões, Pessoa, Eça ou outros dos nossos grandes autores, vai cair no vazio.
Não quero com isto minimizar a importância que dão ao assunto, apenas me parece que é uma questão mais facilmente rebatível e "relativizável" do que os factos que possamos apresentar (e que são muitos).
2 - Esta nota é para dar conta de outros tipos de resistência que podemos aplicar.
Sou tradutor de profissão e, sempre que tenho clientes novos, NUNCA escrevo com AO90, nem mesmo nos testes de tradução que me pedem (quando se trata de agências).
Apenas uso AO90 quando me dizem que é a norma que seguem e, nessa situação, explico que, sendo eu contra (e explicando que o sou pelos constrangimentos linguísticos que acarreta), seguirei a norma, mas que SEMPRE, em situações em que haja dupla grafia, adoptarei a do AO45 e, sempre que posso, fujo como o Diabo da Cruz de usar anormalidades como "pára" sem acento ou "veem".
As agências portuguesas, por ignorância ou preguiça, já quase todas seguem o AO (e sei que, por exemplo, as legendagens para a RTP têm mesmo de seguir o AO90).
Acontece que, recentemente, obtive um cliente novo estrangeiro que, após o teste, me corrigiu "reflecte" para "reflete". Expliquei-lhe o porquê da minha opção ortográfica, que o AO90 dificultava a compreensão do texto, que, além do mais, era ilegal e que, em boa consciência, não podia como profissional da língua recomendar o seu uso. Fiquei agradavelmente surpreendido quando me disseram que desconheciam essa situação e confiaram no meu juízo.
Além de ter sido um bálsamo para os olhos poder traduzir conteúdos em Português correcto e LEGAL, serviu para perceber que muita gente só adopta o AO90 porque DESCONHECE que não deve, nem tem de o fazer.
Foi um pequeno gesto de luta "passiva", mas que se for repetido noutras áreas, contribuirá para manter a luta viva, até que o malfadado AO90 seja enterrado de vez.»
Bruno Afonso
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«Apenas a talho de foice, concordo que para além da resistência activa, também a resistência passiva é importante.
Até 2021 (desde 1975) leccionei na Universidade de Lisboa (ISEG) e nunca apliquei o novo (mas mau e inútil) Acordo, quer nos textos pedagógicos que eram distribuídos aos alunos, e que constituíam textos de apoio às disciplinas, quer nos enunciados dos exames e outros documentos.
Também registo que nunca fui admoestado, nem objecto de reparos, por ninguém, incluindo, naturalmente, os diversos órgãos de gestão, científicos e pedagógicos da Escola.
O único que me "admoesta" é o corrector do meu I_Phone, mas não lhe obedeço.»
Manuel Ramalhete
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«Fui professora de Português e Francês e sou contra o AO90 desde que ele foi publicado no Diário da República. Cheguei a ir ouvir Malaca Casteleiro, a quem perguntei publicamente se as nossas crianças e jovens tinham algum atraso mental, uma vez que ingleses, alemães, franceses, italianos e outros conseguiam aprender ortografias muito mais complexas do que a nossa. Reformada desde Janeiro de 2006, a minha luta no ensino deixou de ser possível. Em 2008, ainda tentei alertar a Associação de Professores de Português (APP) e a FENPROF, em que estava sindicalizada, para a necessidade de promoverem um debate a nível nacional sobre esta questão: não serviu de nada! E não posso entender que os professores aceitem passivamente colaborar na 'vandalização' do Português!»
Maria José Abranches Gonçalves dos Santos
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«Cada qual resiste como pode. Eu por exemplo redijo documentos oficiais, entre eles convocatórias, actas, sumários, propostas, etc., em Português correcto. Quando me vêm com a história dos erros, simplesmente ignoro e faço como quero.
É continuarmos. Água mole em pedra dura... (mas atenção: do outro lado, a água mole em pedra dura também se aplica. Sobretudo se começarmos a dispersar)».
Alexandre Figueiredo
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«Desmontar toda a teia desde o inicio, que segundo li de 27 pareceres duma comissão que analisou a proposta inicial para um pseudo-acordo ortográfico, recebeu 25 negativos e somente dois positivos, sendo um deles de Malaca Casteleiro um dos cozinheiros do festim. Bastava isto para saber como, quem e porquê se continuou o aviltamento já planeado, que é a imposição do dialecto brasileiro como o português instalado de pedra e cal. A traição à cultura portuguesa, à riqueza da nossa ortografia está cada vez mais espelhada na educação escolar, na imprensa, nas TVs e a ter o efeito de dominó nas redes sociais e na Google que começa a estar/está manipulada sem freio, o corrector automático é uma prova disso.»
Pedro Jorge Carvalho
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«PARABÉNS!
Tendo alguém como a Isabel, a lutar como defensora da Língua Portuguesa tal como eu a aprendi, e tão patriota como eu na oposição à bandalheira de uns quantos "intelectuais" e políticos que não bastando estar a afundar Portugal outrora Glorioso, procuram também mutilar a Língua de Camões, desde que com isso se possam considerar aquilo que não são nem virão a ser o que possam ter sonhado, e perdoados pelo crime da traição à Pátria, que é a Nossa Verdadeira Língua, faz-me sentir orgulhosamente mais português.
Não serei eu que não tendo literacia e menos ainda aptidão para escrever, que deixarei também de lutar contra os Vilões que a eles querem que nos associemos.
Tenho quase 85 anos, e mais de metade da minha vivência fora de Portugal, mas nunca abdiquei de ser fiel aos meus dignos antepassados, procurando manter a minha nacionalidade original e defender a integridade, a honra e o nome da Nação que me viu nascer, embora por ela tivesse sido rejeitado, tendo como "castigo" emigrado e encontrado para mim e minha família, uma vida cheia de sucesso, apreço e reconhecimento.
Com um cordial e patriótico abraço,
De Sydney -- Austrália,
Manuel da Costa»
[Apenas os apátridas NÃO são patriotas, Manuel da Costa – Isabel A. Ferreira]
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Devido à lista de nomes já ser demasiado longa, o Blogue não comporta a extensão do texto, de modo que publicarei a lista numa publicação à parte e apensarei aqui o link:
Leiam o que António Mota diz a este respeito. E eu não posso deixar de estar mais de acordo!
Os iludidos políticos portugueses vivem numa bolha onde a realidade não entra.
Isabel A. Ferreira
Origem da imagem: Internet
Por António Mota
in https://www.facebook.com/antonio.mota.12139
«OH, MARCELO! OH, COSTA! OH, PORCA MISÉRIA! IDE TODOS À.»
1.
Vi, algures aqui pela internet, umas fotografias publicadas por alguém que eu conheço. Santo Deus! Fiquei tão triste. É tão ridículo. Uns tanquinhos, uns jeepinhos, um helicópterozinho, mais umas merdas. Mas que raio de País. O que vão comemorar a 10 de Junho? E em Braga? Lá que façam isso em Lisboa, ainda vá que não vá. Mas em Braga?
2.
Vão comemorar o Dia de Portugal? Está bem. Mas que Portugal? Portugal o que é? É um país independente? Não. E hoje estou mal disposto, e não me venham com a merda de que hoje ninguém é independente. Não somos mais que um pequeno ignoto cantão, desprezado e abandonado por seus próprios dirigentes políticos, que se honram de serem terceiros secretários de Espanha, quartos de França e quintos da Alemanha, sendo Berlim a capital de toda a colónia dos EUA, chamada Europa. Não são as Forças Armadas as garantes da independência nacional? Por que se prestam a mais esta encenação circense? Ou basta-lhes aquela fitinha na boina, os desfilezinhos para engalanar qualquer anedota, ou para irem ganhar uns tostões doados caritativamente porque vão garantir a paz depois da guerra feita?
3.
Vão comemorar o Dia de Camões? Mas qual Camões, se todos os dias os nossos políticos assassinam a nossa cultura, incluindo a literária, retirando-a das escolas, reduzindo Os Lusíadas a meia dúzia de tretas, tiradas de episódios desgarrados, e sem uma conexão do todo? Mas qual Camões, se os nossos políticos não entendem sequer o valor literário e cultural de Camões e de Os Lusíadas em termos de Literatura Universal? Mas qual Camões, se já o sanearam do ensino, e querem sanear ainda mais?
4.
Vão comemorar essa riqueza inestimável que é a Língua Portuguesa? Como se atrevem a sugerir sequer isso apenas, estes políticos que temos travestidos de tudo, incultos, irresponsáveis, vadios, câmaras de ar cheias de metano, que aprovaram ilegalmente um Acordo Ortográfico, sem qualquer pudor, desprezando a história, a cultura, a tradição, o estudo, a democracia e, não contentes, o impuseram indignamente à socapa, impondo-o, de novo ilegalmente, nas escolas, na função pública, na merda dos jornais subservientes sempre à espera do subsídio, nos jornais particulares, prostitutas de esquina, que a tudo obedecem? E vergonhosamente, na televisão, até nas legendas, que qualquer detentor da quarta classe no tempo do fascismo faria melhor? Ai pensavam que o problema era o Sócrates? O Sócrates era apenas o Kan-klux-klan a quem tiraram a carapuça, mas os encapuzados lá continuam no seu caminho autocrático, fascista, sebenta, mentiroso, analfabeto e hipócrita.
5.
Vão comemorar a diáspora, como se isso fosse o orgulho de um desígnio nacional, quando, na verdade, desprezam a comunidade emigrante e a sua descendência? Na verdade, a diáspora elege quatro deputados, manda dinheiro para os bancos, que não fica protegido, organiza uns ranchos folclóricos como pode, e organiza umas festas para receber com algum estrondo o desprezo que os visita. E viva! E viva o senhor presidente! E vira, Maria. E até ó despois. Onde estão as escolas portuguesas? E as universidades portuguesas? E as escolas portuguesas para servirem as comunidades emigrantes, honrarem a Língua Portuguesa, e divulgá-la, honradamente, como merece?
Oh, Marcelo! Oh, Costa! Oh, porca miséria! Ide à!
Texto brilhante! 💚
A fina flor da ironia! Só mesmo António Lobo Antunes para escrever de modo tão genial o que vai na alma de muitos portugueses.
Um texto publicado por Emilia Vicente, no Facebook, em 9 de Maio de 2019 , mas actualíssimo.
O que nos vale é quem nem todos são lambe-botas...
«Agora sol na rua a fim de me melhorar a disposição, me reconciliar com a vida.
Passa uma senhora de saco de compras: não estamos assim tão mal, ainda
compramos coisas, que injusto tanta queixa, tanto lamento.
Isto é internacional, meu caro, internacional e nós, estúpidos, culpamos logo os governos.
Quem nos dá este solzinho, quem é? E de graça. Eles a trabalharem para
nós, a trabalharem, a trabalharem e a gente, mal agradecidos, protestamos.
Deixam de ser ministros e a sua vida um horror, suportado em estóico silêncio. Veja-se, por exemplo, o senhor Mexia, o senhor Dias Loureiro, o senhor Jorge Coelho, coitados. Não há um único que não esteja na franja da miséria. Um único. Mais aqueles rapazes generosos, que, não sendo ministros, deram o litro pelo País e só por orgulho não estendem a mão à caridade.
O senhor Rui Pedro Soares, os senhores Penedos pai e filho, que isto da bondade as vezes é hereditário, dúzias deles.
Tenham o sentido da realidade, portugueses, sejam gratos, sejam honestos, reconheçam o que eles sofreram, o que sofrem. Uns sacrificados, uns Cristos, que pecado feio, a ingratidão.
O senhor Vale e Azevedo, outro santo, bem o exprimiu em Londres. O senhor Carlos Cruz, outro santo, bem o explicou em livros. E nós, por pura maldade, teimamos em não entender. Claro que há povos ainda piores do que o nosso: os islandeses, por exemplo, que se atrevem a meter os beneméritos em tribunal.
Pelo menos nesse ponto, vá lá, sobra-nos um resto de humanidade, de respeito.
Um pozinho de consideração por almas eleitas, que Deus acolherá decerto, com especial ternura, na amplidão imensa do Seu seio. Já o estou a ver:
- Senta-te aqui ao meu lado ó Loureiro
- Senta-te aqui ao meu lado ó Duarte Lima
- Senta-te aqui ao meu lado ó Azevedo
que é o mínimo que se pode fazer por esses Padres Américos, pela nossa interminável lista de bem-aventurados, banqueiros, coitadinhos, gestores que o céu lhes dê saúde e boa sorte e demais penitentes de coração puro, espíritos de eleição, seguidores escrupulosos do Evangelho. E com a bandeirinha nacional na lapela, os patriotas, e com a arraia miúda no coração. E melhoram-nos obrigando-nos a sacrifícios purificadores, aproximando-nos dos banquetes de bem-aventuranças da Eternidade.
As empresas fecham, os desempregados aumentam, os impostos crescem, penhoram casas, automóveis, o ar que respiramos e a maltosa incapaz de enxergar a capacidade purificadora destas medidas. Reformas ridículas, ordenados mínimos irrisórios, subsídios de cacaracá? Talvez. Mas passaremos sem dificuldade o buraco da agulha enquanto os Loureiros todos abdicam, por amor ao próximo, de uma Eternidade feliz. A transcendência deste acto dá-me vontade de ajoelhar à sua frente. Dá-me vontade? Ajoelho à sua frente indigno de lhes desapertar as correias dos sapatos.
Vale e Azevedo para os Jerónimos, já!
Loureiro para o Panteão já!
Jorge Coelho para o Mosteiro de Alcobaça, já!
Sócrates para a Torre de Belém, já! A Torre de Belém não, que é tão feia. Para a Batalha.
Fora com o Soldado Desconhecido, o Gama, o Herculano, as criaturas de pacotilha com que os livros de História nos enganaram. Que o Dia de Camões passe a chamar-se Dia de Armando Vara. Haja sentido das proporções, haja espírito de medida, haja respeito.
Estátuas equestres para todos, veneração nacional. Esta mania tacanha de perseguir o senhor Oliveira e Costa: libertem-no. Esta pouca vergonha contra os poucos que estão presos, os quase nenhuns que estão presos como provou o senhor Vale e Azevedo, como provou o senhor Carlos Cruz, hedionda perseguição pessoal com fins inconfessáveis.
Admitam-no. E voltem a pôr o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado, de onde o obrigaram, por maldade e inveja, a sair.
Quero o senhor Mexia no Terreiro do Paço, no lugar D. José que, aliás, era um pateta. Quero outro mártir qualquer, tanto faz, no lugar do Marquês de Pombal, esse tirano. Acabem com a pouca vergonha dos Sindicatos.
Acabem com as manifestações, as greves, os protestos, por favor deixem de pecar.
Como pedia o doutor João das Regras, olhai, olhai bem, mas vêde. E tereis mais fominha e, em consequência, mais Paraíso. Agradeçam este solzinho.
Agradeçam a Linha Branca.
Agradeçam a sopa e a peçazita de fruta do jantar.
Abaixo o Bem-Estar.
Vocês falam em crise, mas as actrizes das telenovelas continuam a aumentar o peito: onde é que está a crise, então? Não gostam de olhar aquelas generosas abundâncias que uns violadores de sepulturas, com a alcunha de cirurgiões plásticos, vos oferecem ao olhinho guloso? Não comem carne, mas podem comer lábios da grossura de bifes do lombo e transformar as caras das mulheres em tenebrosas máscaras de Carnaval.
Para isso já há dinheiro, não é? E vocês a queixarem-se sem vergonha, e vocês cartazes, cortejos, berros. Proíbam-se os lamentos injustos.
Não se vendem livros? Mentira. O senhor Rodrigo dos Santos vende e, enquanto vender o nível da nossa cultura ultrapassa, sem dificuldade, a Academia Francesa.
Que queremos? Temos peitos, lábios, literatura e os ministros e os ex-ministros a tomarem conta disto. Sinceramente, sejamos justos, a que mais se pode aspirar?
O resto são coisas insignificantes: desemprego, preços a dispararem, não haver com que pagar ao médico e à farmácia, ninharias. Como é que ainda sobram criaturas com a desfaçatez de protestarem? Da mesma forma que os processos importantes em tribunal a indignação há-de, fatalmente, de prescrever. E, magrinhos, magrinhos mas com peitos de litro e beijando-nos uns aos outros com os bifes das bocas seremos, como é nossa obrigação, felizes."
Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2361917250541002&set=a.124500150949401&type=3&theater
Amanhã, o governo português pretende celebrar o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades, com cerimónias hipócritas, que em nada dignificam um país que está a ser vendido e a perder um dos seus maiores símbolos identitários: a Língua Portuguesa.
Esta estátua jacente de Luís Vaz de Camões encontra-se no Mosteiro dos Jerónimos. Os seus restos mortais estarão ali ou não, mas o que importa é o Homem de Letras que ele foi, e amanhã será celebrado numa língua que não é a Língua de Camões, aquela Língua que ele usou para tornar grande um Portugal pequeno.
Se pudesse falar, lá do limbo, onde com certeza se encontra, diria, desgostoso:
«Parai, ó (h)omens sem honra! Arrancasteis as raízes da Língua, com a qual celebrei os feitos dos Portugueses, e agora só restam palavras desfeadas, afastadas das suas origens, para contar as proezas imperfeitas dos que venderam, por baixo preço, o meu País!»
***
Eu, como cidadã portuguesa, não pactuarei com esta traição à minha Pátria.
Que acordo permitiu unificar que língua?
A Língua Portuguesa não foi, com toda a certeza.
A Língua Portuguesa não é aquela mixórdia de palavras mal escritas e mal ditas que o governo português pretende impingir-nos.
Com isto, as editoras perderam uma boa cliente: eu gastava fortunas em livros, e agora não gasto, porque não compro livros acordizados.
Espero que quem ama verdadeiramente a sua Pátria e os seus valores culturais identitários, digam um rotundo NÃO a esta deslealdade para com os Homens (com H maiúsculo) que nos deixaram uma Língua, e omens (sem H nenhum – se não se lê, não se escreve, não é esta a nova regra deformatória da nossa Língua?) a mataram por trinta dinheiros.
Amanhã, em vez de flores, depositarei as minhas lágrimas no túmulo de Luís Vaz de Camões.
Os governantes portugueses depositarão flores no túmulo de Luís "Vás" de Camões.
E isto não é a mesma coisa.
Isabel A. Ferreira