"Empresários" tauromáquicos:
Li este comunicado e pasmei.
Não que me surpreendesse que ele viesse a público, pois num país onde a selvajaria tauromáquica é permitida, e a crueldade e a violência e a maldade, nuas e cruas, têm uma legislação própria, tudo é possível.
Pasmei apenas pelo desplante de se arvorarem em “empresários” e entenderem que podem insultar, assim, despudoradamente, a inteligência dos portugueses.
O PAN (Pessoas – Animais – Natureza) é um partido político com legitimidade para solicitar à Assembleia da República que clarifique por via legislativa e de forma incontestável, as atribuições municipais à proibição de actos de violência contra animais, incluindo touradas, sabem porquê?
Porque os Touros e os Cavalos, utilizados nessa actividade primitiva e bárbara, a que vocês chamam obtusamente “cultura”, são ANIMAIS, não sabiam? E o que fazem a esses animais nas touradas são actos de violência extrema proibidos por lei.
Por isso, todos os portugueses, sejam militantes de partidos ou apartidários, têm toda a legitimidade de não só exigirem que a lei seja cumprida, como de questionar essas leis tortas que são a vergonha dos legisladores, e que existem apenas para que duas dezenas de “empresários” da tortura de seres vivos vivam à tripa forra à custa dos dinheiros públicos. À custa dos nossos impostos.
E isto é ilegítimo. É imoral. É roubar o povo.
E mais. Os fundamentos em que se baseia o PAN para fazer valer os Direitos dos Animais (de todos os Animais) consignados na Declaração Universal dos Direitos dos Animais, ratificada pelo governo português, que descaradamente nunca cumpriu esse compromisso, são a mais incontestável verdade.
E quem é a APET para não consentir “atropelos” à liberdade cultural dos aficionados garantida pela Constituição no seu artigo 78, que consagra a todos o direito à «fruição e criação cultural»?
Por acaso sabem o que é criação cultural? Não sabem. Se soubessem estavam caladinhos, para não fazerem esta má figura.
Aprendam alguma coisa sobre Cultura e Civilização abrindo este link:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/22410.html
Os torturadores de bovinos passaram séculos a transmitir ignorância de geração em geração, e a chamar “cultura” à tortura de seres vivos, para divertir sádicos, mas agora, simplesmente CHEGA! Porque a época da ignorância já passou. Agora só é ignorante quem quer. Só se é ignorante por opção.
Hoje, essa ignorância está limitada a um punhado de aficionados que se recusam a ver o óbvio e a evoluir, com o aval de um governo também ele aficionado e culturalmente paupérrimo.
Vocês até poderiam ter razão se estivessem a referir-se à criação cultural propriamente dita.
Mas a tauromaquia não passa disto:
A APET não tem legitimidade nenhuma de relembrar em parte alguma ao Estado Português o que quer que seja.
Os interesses da APET são meramente económicos, e baseados na venal arte de torturar e matar animais em público, para divertir sádicos. Portanto, o que pretendem é ganhar dinheiro á custa do sofrimento de seres vivos indefesos, e a isso não se chama criação cultural. A isso chama-se carnificina.
E se não sabem o que é um sádico, deixo aqui a definição oficial, para que não digam que estou a insultar: «Que ou quem gosta de fazer sofrer ou humilhar = MAU»
in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa
http://www.priberam.pt/dlpo/s%C3%A1dico
Ora os aficionados gostam de ver sofrer e de fazer sofrer e humilhar inocentes, inofensivos e indefesos bovinos. Vejam:
E isto não é criação cultural, em parte alguma do Universo.
E por fim, a tauromaquia poderia eventualmente ter sido de norte a sul, parte integrante do “património da cultura popular portuguesa” mas apenas do povo bronco, porém jamais o foi do povo instruído, do povo culto, do povo erudito.
Mas isto FOI em tempos idos. Num tempo coberto pelo negrume da mais cavernosa ignorância.
Hoje, essa “cultura dos broncos” está restringida apenas a um punhado de criaturas que já nasceram velhas, com raízes podres, enterradas num passado tão remoto, tão remoto, que já se perdeu no tempo…
E para que saibam, a tauromaquia não é um “espectáculo cultural”. Nunca foi, nem nunca será. É simplesmente um costume bárbaro herdado de espanhóis bárbaros . E nada mais do que isso. A tauromaquia é uma actividade nauseabunda.
Só têm razão numa coisa: a tauromaquia é uma prática legal, o que não significa que seja moralmente admitida numa sociedade humana e civilizada.
E hoje, mais do que nunca, ela é uma prática inconstitucional.
Quanto à IGAC é uma inspecção que não cumpre a função para a qual foi criada, porque permite que se façam touradas completamente ILEGAIS em Portugal.
Isto é público. Isto é vergonhoso. Isto só acontece porque existe um governo cuja governação é submissa ao lobby tauromáquico.
As denúncias destas ilegalidades caem em saco roto, e todos nós sabemos muito bem porquê.
Por isso, “empresários” tauromáquicos, este vosso comunicado não tem qualquer razão de ser. É simplesmente ridículo.
No entanto, nós sabemos que foi escrito com a única intenção de “avisar” os 226 deputados da Nação, eleitos para darem cobertura à tauromaquia (os restantes 24 rejeitam este costume bárbaro) que estarão “atentos” a qualquer movimentação contrária ao vosso “desejo”.
Mas não pensem que isto vai durar muito mais tempo.
Tudo o que nasce morre. É a lei natural.
E a tauromaquia já resistiu demasiado tempo, está demasiado velha, carcomida, apodrecida, a cheirar mal, e no tempo que corre, está a escorregar lentamente para o abismo onde será para sempre enterrada.
Disso podem ter a mais absoluta certeza.
Isabel A. Ferreira