Pergunta: E se tudo isto foi forjado pelo PSD para atacar António Costa e ao mesmo tempo colocar em cheque a Câmara Municipal de Lisboa?
Resposta: Se foi esta a intenção, resultou em pleno. Desenterrou-se um episódio de triste memória protagonizado pelo actual primeiro-ministro de Portugal, com o qual o PSD anda de candeias às avessas, e a Câmara Municipal de Lisboa sai disto tudo muito beliscada.
As “desculpas” não convencem ninguém…
1993: António Costa protagoniza um episódio de triste memória, que o PSD quis desenterrar
Texto de Teresa Botelho
«Quando o burro de Costa ganhou
PSD vai "ridicularizar" burro
A corrida entre um burro e um Ferrari que tinha sido anunciada para esta sexta-feira foi cancelada. O PSD alega que a Câmara de Lisboa proibiu a iniciativa com o argumento de que ela comprometeria o bem-estar do animal, mas essa versão é desmentida pela autarquia.
Num comunicado enviado esta quinta-feira ao fim da tarde, o PSD Lisboa diz ter recebido “com estupefacção” uma notificação da câmara “proibindo a realização” da corrida. O partido sublinha que uma iniciativa semelhante tinha já sido realizada pelo actual primeiro-ministro, António Costa, em 1993, tendo na altura decorrido “dentro da normalidade e sem nenhum constrangimento”.
“O objectivo era apenas saber qual a melhor forma de fazer face ao tráfego caótico que os lisboetas enfrentam diariamente na capital, originado pelas obras que decorrem um pouco por toda a cidade. Por isso, estranhamos ainda mais esta proibição”, continua o PSD Lisboa, que diz ainda lamentar “que os cidadãos do município sejam privados de conhecer o desfecho desta corrida”.
Além do comunicado, o partido enviou à comunicação social uma carta à Provedora Municipal dos Animais de Lisboa, carta que apresenta como “a resposta do PSD Lisboa à notificação da Câmara Municipal de Lisboa”. Nessa missiva, assinada por Mauro Xavier, sublinha-se que aquilo que se pretendia fazer era “um simples passeio pelas ruas de Lisboa, desprovido de qualquer carácter violento ou agressivo”.
Dirigindo-se a Inês Corte Real, o líder da concelhia de Lisboa destaca também que o seu partido “não inventou nem inovou em nada”, limitando-se a “recriar uma tradição criada pela pessoa que a nomeou para o seu actual cargo, o Dr. António Costa”. Segundo Mauro Xavier a iniciativa desta sexta-feira iria aliás ser feita com “melhores condições” do que a de 1993: “esta prova, ao contrário do que aconteceu no evento original, iria decorrer com o acompanhamento de um médico veterinário para garantir o bem-estar do burro”.
O dirigente social-democrata garante ainda que os promotores da iniciativa agora cancelada “são muito sensíveis ao argumento do stress causado ao burro”. “Mas podemos garantir-lhe que esse stress não seria maior do que aquele que é causado todos os dias a milhares de Lisboetas”, acrescenta Mauro Xavier.
“Se o PSD Lisboa ‘ridiculariza’ um burro colocando-o a passear no caótico trânsito, a Câmara de Lisboa ridiculariza milhares e milhares de lisboetas obrigados a passar horas no seu automóvel”, continua, concluindo que “o argumento do ridículo é ridicularizado se pensarmos que o burro tinha fortíssimas possibilidades de vencer a corrida”.
A Câmara de Lisboa já veio refutar a versão do PSD, num comunicado em que “desmente categoricamente que tenha tomado qualquer pronúncia ou deliberação sobre a corrida marcada pelo PSD”. “Muito menos” que tenha determinado “a sua proibição”.
Em comunicado, a autarquia presidida por Fernando Medina explica ter tomado conhecimento “da existência de um parecer da Provedora Municipal dos Animais de Lisboa, o qual recomenda ao PSD que não utilize um burro nessa corrida”. “Não só esse parecer não proíbe a iniciativa, como a Provedora Municipal dos Animais de Lisboa é uma estrutura independente dos serviços da câmara”, frisa o município.
“Qualquer decisão sobre a realização ou não do dito evento é da exclusiva responsabilidade dos seus organizadores”, conclui-se nesse comunicado da câmara.
Em declarações à Lusa, Inês Sousa Real disse que não proibiu a corrida, mas recomendou ao partido "que não utilizasse o animal" na iniciativa uma vez que "poderia pôr em causa o seu bem-estar". "Não era do meu conhecimento que existisse autorização sanitária para a presença do animal na via pública por parte da Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária", referiu.»
Fonte:
https://www.facebook.com/isabel.a.ferreira.9/posts/1414169798597108