O escritor e jornalista Altino do Tojal morreu, no passado domingo, dia 15 de Julho, em Brunhais, Póvoa de Lanhoso.
Nascido em Braga, a 26 de Julho de 1939, partiu a poucos dias de completar 79 anos.
Morreu um Escritor que soube honrar a Língua Portuguesa.
Aqui lhe presto a minha mais humilde homenagem.
Altino era, é, um dos escritores portugueses contemporâneos da minha maior predilecção.
O seu funeral realiza-se hoje, às 15 horas, na Igreja de Sobradelo da Goma, na Póvoa de Lanhoso. O corpo seguirá depois para o Porto, onde será cremado, como era seu desejo.
Altino do Tojal deu-me a honra de publicar a minha fotografia de um tojo, na capa desta 30.ª edição de «Os Putos - Contos Escolhidos». Éramos (somos, sempre seremos) amigos. Corria o ano de 2009, e Altino disse-me que precisava de uma fotografia de um tojo, para o seu livro, sabendo que a fotografia era (é) uma das minhas grandes paixões, e já conhecia o meu trabalho fotográfico no jornal «O Comércio do Porto», onde ambos trabalhámos. É que, disse-me ele (que residia em Lisboa), raramente os encontro. Se eu poderia fotografar um, para ele. Eu havia-lhe dito que bem perto de onde eu morava havia um tojal florido, à beira da estrada. E esta é a origem da foto desta capa, inspirada no conto “De Joelhos Perante um Tojo”, inserido nesta 30.ª edição da obra que o catapultou para a eternidade.
Antes de conhecer Altino do Tojal já havia lido “Os Putos”. Já era muito sua fã. Apaixonada pela sua prosa escorreita, onde as palavras, sempre bem seleccionadas, têm força, e transmitem-nos emoções, e descrevem realidades, umas, vividas, outras, observadas. Magnificamente.
Ler Altino do Tojal é entrar num mundo extraordinariamente emocionante. Eu, que sou grande apreciadora de Contos, devorei-os um a um. Possuo toda a sua obra autografada. Traguei-a de um só fôlego. E absorvi o extraordinário poder da escrita de Altino.
Um dia, no já longínquo Março de 1979, aceitaram-me no jornal «O Comércio do Porto». E a primeira vez que entrei na Redacção, conheci o Altino, um dos redactores do Jornal.
A emoção foi enorme, pois se Altino era um dos meus escritores preferidos! Ali logo lho disse. E uma profunda amizade começou então, naquele dia, naquele momento.
Altino era um cavalheiro, algo tímido. Um homem extremamente sensível. Uma alma desassossegada, como é apanágio dos grandes escritores. Encontrávamo-nos frequentemente, em Vila do Conde e Póvoa de Varzim, para almoçar, conversar e trocar confidências. Conhecer a vida de um escritor de tão alto nível é um privilégio para qualquer leitor, porque nos ajuda a entender a sua obra.
Foi a partir desta convivência que comecei a ler os outros livros de Altino. É que Altino não é só «Os Putos», dos quais existem dezenas de edições. Altino é «Viagem a Ver o Que Dá»; é «O Oráculo de Jamais»; é «Histórias de Macau»; é «Orvalho do Oriente»; é «A Colina dos Espantalhos Sonhadores»; é «Jogos de Luz e Outros Natais». Um outro mundo. O mundo de Altino do Total. Absolutamente único, misterioso, fantástico.
Foi Altino que me levou a um restaurante chinês, pela primeira vez. Desconhecia aquela gastronomia. Ficou-me a lembrança da sobremesa, “banana fa-si”, com a qual me deliciei. Altino viveu um tempo em Macau, e do oriente trouxe-nos as magníficas histórias e o subtil orvalho. E memórias. Muitas memórias.
Depois de o Jornal «O Comércio do Porto», sedeado na cidade do Porto, se ter extinguido, Altino foi viver para Lisboa, onde, aliás, já mantinha alugada uma casa. Nunca deixámos de nos comunicar. De vez em quando vinha visitar-me.
Em 2008, esteve presente no lançamento do meu livro «Contestação», em Lisboa, e juntamente com um casal amigo, passámos um dia extraordinário, a conhecer a cidade, os seus becos, o seu palpitar. Nesse dia, Altino estava muito feliz. E quando o Altino estava feliz e descontraído era um extraordinário contador de histórias.
A última vez que falei com ele foi há dois anos, pelo Natal. Disse-me que andava adoentado. Depois disto perdi-lhe o rasto.
Foi com enorme consternação que soube da sua morte.
Morte, apenas física, porque Altino do Tojal viverá eternamente através da sua obra, que, espero, jamais seja conspurcada pelo fétido cadáver ortográfico, que anda por aí a empestar a Língua Portuguesa, que Altino tão magnificamente soube honrar.
Até sempre, caríssimo Amigo! Que a tua alma possa descansar naquela paz que nunca tiveste em vida!
Isabel A. Ferreira
Altino de Tojal viveu em Braga até aos 27 anos. Trabalhou em vários jornais, entre eles o "Jornal de Notícias", depois no lisboeta "O Século", até ao seu encerramento, e depois n’ "O Comércio do Porto". Trabalhou também durante alguns anos na Biblioteca de Braga.
Mas foi na escrita de ficção que se destacou com dezenas de obras. A sua obra "Os Putos" foi adaptada ao teatro, à televisão e à banda desenhada. A primeira versão deste livro surgiu ainda em 1964, com o título "Sardinhas e Lua".
Esta é a face dos cavernícolas, que não tendo argumentos racionais para defender o ponto de vista deles, usam o estratagema dos vigaristas para tentarem destruir a imagem de quem lhes faz frente
A história já tem barbas brancas. A prótoiro, já a utilizou pelos mesmos motivos, em Maio de 2012, numa tentativa frustrada de me calarem. Já estamos em Setembro de 2013 e continuo a denunciar o que tenho o DEVER de denunciar (de outro modo seria tão bronca como eles) e ainda há quem tente, com o mesmo estratagema desleal e covarde, calar quem nasceu com sentido crítico e não anda no mundo só por ver andar os outros.
Ultimamente anda por aí um energúmeno (o qual, por enquanto, não vou identificar) que regressou à caverna onde vivem os ogres, e resolveu desenterrar uma tabuinha de argila, do género das da Babilónia, onde um vigarista mercenário pago para me difamar escreveu um texto denominado «A sofista decadente».
Para quem não sabe o que é um ogre, aqui deixo a informação: trata-se de um gigante de aparência brutal, feio e muito desajeitado. Na mitologia, quase sempre é retratado como um monstro que habita florestas isoladas e lúgubres. São criaturas que possuem um cérebro reduzido, o que justifica os seus actos de insanidade, falta de competência e uma capacidade mental reduzida.
Diz o aficionado que já não é anónimo: «Covarde é você que se esconde atrás de um computador, e que todos sabem a merda de mulher que você é todos sabem e todos também já sabem a fraude que você é que nem o curso superior tirou no Brasil chumbo esse que causou a sua extradição para Portugal, ao ter acusado os Brasileiro de racismo por ter chumbado no exame de acesso ao ensino superior Brasileiro. Como vê já toda a gente sabe a merda de fraude que você é.
Pois agora chame-lhe mercenário, que aqui toda a gente já sabe quem é essa pessoa que a desmascarou e que contou toda a verdade sobre a Isabel e toda a história por detrás da vinda da mesma para Portugal, depois de ter acusado uma universidade Brasileira de racismo só porque não passou nos exames de acesso ao ensino superior, Isabel A. Ferreira é uma das maiores farsas, que nem jornalista como afirma ser é, o que é totalmente notório devido à falta de educação e formação em escrita Portuguesa»
Eu poderia ignorar isto. Como ignoro as obscenidades com que me “mimoseiam” e que decidi publicar, para que corra mundo o baixo nível moral destas criaturas.
O que diz este “anónimo” é CRIME DE DIFAMAÇÃO, assim como FOI CRIME DE DIFAMAÇÃO o que escreveu o mercenário.
Quem tiver curiosidade de ler esse texto está neste link:
http://danilofirmino.blogs.sapo.pt/8371.html
Para desmontar esta MONSTRUOSA MENTIRA basta ler o meu livro “Contestação”, e quem não for sofrer de iliteracia, verificará, que o Danilo distorceu, propositadamente, tudo o que DEFENDO no livro.
Quanto à minha passagem pela “Gama Filho” é tão fácil derrubar a calúnia! Os DOCUMENTOS OFICIAIS NÃO MENTEM.
Mas agora CHEGA! Acabou-se a brincadeira. Para tudo há um limite. Cansei-me do jogo do ogre.
Este DESANÓNIMO tem de ser desmascarado, publicamente, assim como foi desmascarado o autor do texto difamatório, que não fez mais do que dizer mentiras e parvoeiras, desvirtuando tudo o que é público a respeito da minha pessoa.
Não admira que o aficionado ogre português o tivesse aproveitado.
O Arco de Almedina faz mossa aos tauricidas e a todos os que gravitam ao redor do negócio sujo e bárbaro da tauromaquia. Muita mossa. A todos eles. E eles não gostam de ler as verdades, que nunca lhes foram ditas tão causticamente.
E como este energúmeno não tem argumentos racionais e lógicos para defender a tortura de bovinos para divertir sádicos e pacóvios, aproveitou-se deste texto de um IRRACIONAL, encomendado por um determinado lobby brasileiro, o qual um sujeito sem quaisquer escrúpulos aceitou escrever, a troco de dinheiro, para me desacreditar.
Quem acreditou no que o mercenário escreveu?
Apenas os parvos.
E a história da “sofista decadente” tem origem num livro que escrevi, intitulado “CONTESTAÇÃO” que contesta o livro «1808», de Laurentino Gomes, o jornalista brasileiro, best-seller, que nesse livro trata os portugueses abaixo de “porcos, feios, maus e ignorantes”, não contextualizando os factos históricos que narra, e desvirtuando a verdade histórica que está por detrás da sua narrativa, o que me irritou, como portuguesa e como historiadora. Vai daí, contestei e repus a verdade dos factos.
Ora, isto descredibilizou o «1808», que além de conter graves despropósitos, foi um plágio de um livro escrito por um australiano.
O autor do texto encomendado para me descredibilizar, e adestrado por um determinado lobby, fez-se passar por uma pessoa de bem, e encomendou-me o meu livro (pois ele não foi comercializado no Brasil, por aselhice da minha editora) e enviei-o pelo correio, na boa-fé. Ora o adestrado não era pessoa de bem (pelo que veio a demonstrar depois, em mensagens privadas e públicas); além disso não pagou o que me devia: o livro e os portes de envio pelo correio.
Ora quem não paga é CALOTEIRO.
Pois foi isso que lhe chamei.
Além de não gostar de ter sido chamado de caloteiro, aproveitou para escrever o que escreveu, a soldo do lobby, para me desacreditar junto ao meio editorial brasileiro, com o intuito de que o meu livro não fosse publicado na sua versão brasileira, no Brasil. O que nunca veio a acontecer.
Todas as tentativas de publicação foram BOICOTADAS.
Eis a génese do texto que este anónimo (que já não é mais anónimo) está a utilizar para “defender a tourada à corda na Ilha Terceira”, à falta de argumentos racionais, pensando que com isso credibiliza a irracionalidade da tortura de bovinos, e me faz mossa a mim.
Engana-se redondamente.
***
AFICIONADOS, da próxima vez que utilizarem o texto do Danilo Firmino, não se esqueçam de colocar este meu texto também. Faz parte da HONESTIDADE INTELECTUAL (se é que sabem o que isso é) apresentar as DUAS VERSÕES: a verdade e a mentira.
ATENÇÃO ILHA TERCEIRA!
Este texto é para aqueles que não tendo argumentos que justifiquem a anormalidade da tourada à corda, comportam-se como psicóticos delirantes.
Os terceirenses, adeptos das touradas à corda, andam tão desesperados com o que nunca lhes disseram, nem sequer imaginavam que pudesse ser realidade, pois nunca nenhum governante terceirense foi suficientemente lúcido para lhes dar a oportunidade de evoluírem, de se instruírem, ou de os tirar daquele submundinho tauromáquico em que vivem, não conhecendo nada mais do mundo, a não ser o pior que o dito ser humano tem: a crueldade.
Na sequência disso, recebi centenas de comentários a textos em que abordo a aberração da tourada à corda na Ilha Terceira (como já o fiz para Ponte de Lima, outra terra atrasada), e entre esses, este que vou destacar pelo delírio do seu autor, que foi apanhado numa armadilha, forjando mentiras a meu respeito, com o intuito, de me fazer calar.
Mas quem não deve não teme, e eu nunca me calo.
Já certa vez a prótoiro utilizou o mesmo estratagema, e deu-se mal, e este Gustavo Couto, foi repescar as patranhadas da protóiro e vai dar-se mal também.
Então eis o que diz este psicótico delirante (o que está a negrito é meu):
Gustavo Couto, deixou um comentário ao post O Floriberto Luz é um aficionado da tourada à corda do Açores que deixo estes comentários no meu Blogue às 13:47, 2013-08-27.
Comentário:
«Bom dia, apenas hoje tomei conhecimento de toda a polémica que havido em torno dos seus comentários sobre as touradas na Ilha Terceira e apesar de saber que "é o combate que a apraz, e não a vitória", escrevo estas linhas.
É verdade os toiros são corridos nas ruas (tanto que mostra alguns vídeos), tal como é verdade que foi desclassificada no exame de vestibular para a Universidade Pública do Rio de Janeiro e que alega que tal aconteceu por preconceito e não por incompetência. (1)
É verdade que nos divertimos com os toiros a correram na rua (principalmente quando apanham alguém, lol), tal como é verdade que acabou o 1º ano do curso com distinção na Universidade Gama Filho (particular uma vez que não entrou noutra). (2)
É verdade que se bebe e se diverte em todas as touradas e que muito lixo se faz, como é verdade que comenta as nossas tradições (entre elas as touradas) sem que as tenha alguma vez visto nem tão pouco falado com alguém sobre o mesmo.
É verdade que nem todos os Terceirenses são aficionados, mas também é verdade que até esses já tiveram mais contacto com o toiro (no pasto e na rua) do que a Dra.
É verdade que o touro é exposto a uma carga de stress de cerca de 25 minutos quando é toureado na rua, como é verdade que defende a estratificação da sociedade e a superioridade étnica que legitima a escravidão dos negros e índios que durou anos. Quero com isto dizer que posso tirar uma conclusão acerca da sua pessoa com base apenas nestes fragmentos da sua vida e que em nada correspondem à verdade. (3)
Concluo com um link para para aquele que é para mim o melhor anúncio de todos os tempos e que foi realizado no Brasil para o "Folha de São Paulo" e que gostaria que desse bom uso ao mesmo. http://www.youtube.com/watch?v=8wEkNYErcdE P.S.
Vivemos numa era global e quem muito se expõe fica sujeito a que muito facilmente se recolha informação acerca de si, pelo que não está assim tão anónima... (4)
***
(Sem a mínima falsa modéstia):
(1) Esta é verdade. Já a contei em público. Fiz o exame de vestibular para a Universidade Pública, e o primeiro foi Português, e tirei a nota máxima (o único 10 entre todos os alunos que se apresentaram a exame); no segundo, História do Brasil, o examinador achando-me “exótica” perguntou-me a nacionalidade. Podia ter dito que era inglesa, como disse muitas vezes para poder trazer mais leite para casa, ou pão, ou açúcar, no tempo dos racionamentos. Mas naquele dia, tinha de dizer a verdade, porque havia papéis. E a minha folha de exame foi logo marcada. E claro, uma portuguesa nunca entraria numa Universidade do Estado. E não fui só eu. A um outro português, com um bigode que não enganava ninguém, chamado António, aconteceu-lhe o mesmo.
E não tivemos outra hipótese senão ir fazer a segunda chamada, na Universidade Gama Filho, a mais conceituada da América Latina. As vagas eram 14. Os candidatos mais de 250. Entrei eu e o António, também.
A mentira é que NÃO fui desclassificada no exame público, e o preconceito NÃO foi meu.
(2) Também é verdade. A Universidade Pública não aceitava estrangeiros, tive de ir para a privada (ESTA É A VERDADE) e entrei para a melhor Universidade da América Latina (onde se pagava os olhos da cara) com as melhores notas. Acabei o primeiro ano com distinção, e fui das que, por aquela Universidade passaram, teve as notas mais altas, por isso, ofereceram-me uma Bolsa de Estudo para vir estudar para Coimbra (um sonho meu).
- Até aqui nada de especial. É verdade e é público.
(3) Este ponto, porém, é absolutamente de alguém que delira, que não me conhece e não conhece a minha obra, os valores que defendo.
Gustavo Couto, se é que tem CAPACIDADE DE LER, leia o meu livro CONTESTAÇÃO, e verá lá os valores que defendo, e que pratico. Se ainda não esgotou, está à venda na livraria online da Chiado Editora.
(4) É verdade, vivemos numa era global, e todas as VERDADES se sabem.
E obviamente não sou nenhuma ANÓNIMA. Assinei milhares de textos, durante VINTE ANOS, a trabalhar para diversos jornais diários portugueses, como correspondente de imprensa, e tenho oito obras publicadas. Mas não admira que na Ilha Terceira não saibam quem sou. Os analfabetos devem ser aos milhares...
Porém, as MENTIRAS forjam-nas os psicopatas, que não tendo argumentos para defender uma aberração, tentam DIFAMAR (e isto sim, é difamar, se me chamar bronca, não me difama, apenas diz algo que não me faz enfiar carapuças), quem tem um nome público.
Também existe na Ilha Terceira alguém chamado Popeye, que inventou alguém que diz que me conheceu no Brasil… e até anda a escrever um folhetim sobre a minha pessoa… Só inventam histórias e pessoas que INCOMODAM... para ver se as caloam. Jamais será o meu caso. Não são uns palermas de meia tijela, que me vão calar...
O nome pelo qual era conhecida no Brasil não é o mesmo pelo qual sou conhecida hoje. O Popeye é um MENTIROSO.
Hoje adopto um nome literário. E isabéis… há muitas, como os chapéus….
Enfim…
Mas uma coisa ficou aqui provada pelo próprio comentador: é verdade que a tourada à corda é um costume de broncos, de bárbaros, de bêbados, de criaturas sem carácter...
Isabel A. Ferreira
O texto que aqui transcrevo é a opinião de um ser humano CULTO e CIVILIZADO. E os seres humanos cultos e civilizados são, inevitavelmente, contra as touradas. Quem poderá dizer-se culto e civilizado e gostar da imagem que aqui vemos?
Por ARTHUR VIRMOND DE LACERDA NETO
(brasileiro e positivista ortodoxo)
(Texto inserido num artigo seu denominado «O Positivismo, os animais, a hipofagia e as touradas».
«Assim como corresponderia a retrocesso a hipofagia, corresponderá a progresso a abolição das touradas, quer as de morte, que se praticam em Espanha (com o abate do touro na arena), quer as que se “limitam” a provocá-lo e a espetá-lo na arena e a abatê-lo às ocultas do público.
Consistem as touradas em espetáculos profundamente imorais: é profundamente imoral a exibição em que se açula um animal (com o pano vermelho), em que se lhe cravam no dorso espetos que lhe ocasionam hemorragias e que termina (na Espanha) com uma estocada mortal, tudo mediante o júbilo da assistência, inteiramente insensível ao sofrimento do animal.
Nenhum espectador admitiria, certamente, sujeitar a violência equivalente um ser humano; todos eles admitem-na, ao contrário, em relação aos touros que sofrem, fisicamente, tanto quanto qualquer pessoa padeceria, naquelas circunstâncias. Não apenas há indiferença pelos padecimentos do animal; pior do que isto, há júbilo coletivo, com exclamações e aplausos, pelos movimentos destros em que o toureiro esquiva-se das marradas e em que o acutila mortalmente.
Tudo isto é profundamente repugnante, odioso e indigno da moralidade humana.
“É uma tradição”, alegar-se-á: há tradições que devem desaparecer e que, aliás, sequer deveriam haver surgido.
Nem a condição tradicional da tourada, nem a destinação do animal abatido para alimentação, nem o divertimento que se propicia aos espectadores justificam o tratamento cruel que se inflinge à vítima.
Há deveres do homem em relação aos touros, dos quais o primeiro corresponde ao de poupá-los à monstruosidade das touradas e, com isto, respeitá-los na sua condição de seres capazes de sofrer. É o mínimo que se deve exigir; é o quanto nenhuma pessoa minimamente sensível pode recusar a estes irmãos inferiores[15] dos homens.»
[15] Inferiores na acepção zoológica.