Em 08 de Agosto de 2014 enviei à IGAC, com o meu mais veemente repúdio, o link correspondente ao seguinte texto:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/touros-de-fogo-em-portugal-com-o-aval-451608
Reza a crónica que no dia 15 de Agosto a arena de tortura de Coruche receberá pela primeira vez um concurso de recortadores internacional com Touros de fogo, o que constitui um crime face à lei portuguesa.
E gabam-se os organizadores desta crueldade que acrobatas portugueses, espanhóis e franceses farão as delícias naturalmente de um público sádico e ignorante, que goza com o sofrimento de um ser vivo.
E isto para comemorar a Nossa Senhora da Salvação, que fará tudo menos salvar esta gente do fogo dos infernos.
Como toda a gente sabe, Touros de fogo não são permitidos em Portugal, mas num país sem rei nem roque, tudo é permitido nas barbas das autoridades.
Naturalmente indignada, como um direito meu, consignado na Constituição Portuguesa, enviei uma denúncia à IGAC, antes da consumação dos factos.
E da IGAC recebi esta resposta:
«Exma. Senhora
Isabel Ferreira
No seguimento do e-mail infra, encarrega-me o Senhor Inspe[c]tor-geral das A[c]tividades Culturais de informar o seguinte:
Em relação à comunicação remetida a esta Inspe[c]ção-geral sobre o assunto em epígrafe, sublinha-se que, diferentemente do veiculado, não foi produzida qualquer autorização pela IGAC para utilização do recinto descrito, para o espe[c]táculo em causa.
Informa-se, ainda, que os espe[c]táculos de recortes não se enquadram no regulamento do espe[c]táculo tauromáquico nem se integram no conceito de espe[c]táculo de natureza artística, não sendo assim da competência desta Inspe[c]ção-geral a autorização de realização de espe[c]táculos daquela natureza.
Neste domínio, a competência da IGAC intervém apenas na autorização de utilização de recintos fixos de espe[c]táculos licenciados para outras a[c]tividades, não enquadradas em qualquer das modalidades supra referidas, a qual depende da avaliação do tipo de utilização do recinto face às características do mesmo.
Por último, agradece-se desde já todos os elementos facultados a esta Inspe[c]ção-geral e que serão tidos em atenção numa possível avaliação de pedido de autorização de utilização do recinto.
Com os melhores cumprimentos
ELISABETE RODRIGUES
Técnica Superior [?] da Dire[c]ção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação
INSPE[C]ÇÃO-GERAL DAS A[C]TIVIDADES CULTURAIS
Acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espe[c]táculo [?????????]».
***
Como todas as mensagens que recebo merecem resposta, aqui deixo o que enviei à Exma. Senhora Dona Elisabete Rodrigues:
Exma. Senhora ELISABETE RODRIGUES,
Técnica Superior da Direcção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação
INSPECÇÃO-GERAL DAS ACTIVIDADES CULTURAIS
Agradeço a gentileza da resposta.
Sendo assim, este caso ainda é mais grave do que parece.
Está repleto de contornos criminais.
Esperamos, pois, que sejam tomadas a devidas providências por parte das autoridades competentes, e que os prevaricadores sejam severamente punidos, para que não se repitam, em território português, estas iniquidades, que estão ao nível de um qualquer país terceiro-mundista.
Se Portugal fosse um País livre da praga tauromáquica, que o catapulta para um passado, onde imperava a ignorância no seu estado mais puro, estes vergonhosos episódios não conspurcariam a sociedade portuguesa contemporânea, que se quer evoluída, civilizada e culta, e eu não estaria aqui a escrever estas linhas, totalmente desapropriadas ao tempo que corre.
Permita-me acrescentar que gostei muito do V. lema:
«Acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espectáculo».
Pois esperamos que a Direcção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação comece a pôr em prática este lema, e que eu regresse a este Blogue, para elogiar (e não mais para criticar) a IGAC, uma vez que poderiam decidir acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espectáculo, não autorizando barbaridades destas e outras consentidas por uma lei ilegal.
Com os meus melhores cumprimentos e com aquela esperança que não morrerá nunca, e aguardando que as autoridades desautorizem tal barbaridade,
Isabel A. Ferreira