No passado dia 20 de Março, depois da Audiência Geral no Vaticano, o Papa Francisco abençoou o torturador e matador de Touros espanhol Juan José Padilla e a sua família. Uma criatura que, embora seja criação de Deus, tortura Touros, criaturas também de Deus.
Padilla encarregou-se de contar ao Papa sobre a sua “profissão”. E o que fez o Papa? Sorriu e apertou-lhe a mão, bem apertada. E o que deveria ter feito o Papa? Não deveria tê-lo levado para um sítio reservado, e dizer-lhe que os Touros também são criaturas de Deus, e torturá-los e matá-los, por divertimento, não faz parte das práticas católicas apostólicas romanas, condenáveis aos olhos de Deus?
Eu fiquei perplexa, porque este gesto não combina nada com o que ele disse na sua carta encíclica. E das duas uma: ou o Papa desconhece o que faz um matador de Touros ou é hipócrita. Não nos esqueçamos que até Jesus Cristo correu à chicotada os vendilhões do Templo, porque há coisas que não podem ser toleradas.
Diante de Juan José Padilla, torturador e matador de Touros, o Papa Francisco deveria ter condenado a prática selvática da tauromaquia, que tortura e mata cruelmente os Touros, seres vivos, criaturas mansas, pacíficas, criaturas também de Deus, e máta-os em nome de nada que seja de Deus. O Papa Francisco deveria ter dado a bênção a esta criatura do mal, que também é criatura de Deus, mas na qual não germinou a semente de Deus, mediante a promessa de este nunca mais voltar a torturar e a matar Touros como divertimento de sádicos.
Diz a notícia que, neste encontro, o Papa abençoou uma foto da família e uma medalha, e o torturador e matador de Touros agradeceu a Deus a protecção na sua vida profissional. E o Papa Francisco não lhe disse que torturar e matar Touros para divertimento não é uma profissão, mas uma prática diabólica, e que Deus não gostará que torturem e matem as suas criaturas mais indefesas, ou seja, os animais não-humanos, que estão à mercê da crueldade da criatura desumana.
Petição ao Papa Francisco, para que honre o nome de São Francisco de Assis e condene a tauromaquia:
À conta deste insulto aos católicos, aos cristãos, a São Francisco de Assis e ao próprio Deus, já corre por aí esta petição, que aconselho, a todos os que abominam os maus-tratos aos animais, a assinarem:
O texto da petição diz o seguinte:
Em 20 de Março de 2019, depois da sua audiência geral, o Papa Francisco teve a atenção especial de abordar o toureiro Juan José Padilla para o cumprimentar, o qual lhe contou sobre a sua profissão. Apesar disso, o Papa Francisco não se pronunciou sobre o facto de que a profissão de Padilla é torturar animais até à morte e pôr a sua vida em risco por dinheiro.
A sensibilidade da sociedade em relação à violência contra os animais está a aumentar, depois de a ciência ter demonstrado que os animais sentem dor e sofrimento. As touradas são violentas, porque nelas todos os tipos de agressões são exercidas sobre um animal inocente até o matar, afogado no seu próprio sangue, cravando-lhe uma espada (estoque) no tórax. De toda a violência contra os animais, aquela que é exercida como meio de entretenimento, cercada de risos e aplausos, é a mais deplorável.
São Francisco de Assis, de quem o actual Papa tomou o nome, ficaria horrorizado com a crueldade gratuita das touradas.
Por outro lado, o Papa São Pio V emitiu em Novembro de 1567 uma Bula chamada De Salute Gregis Dominici que proibia as touradas sob pena de excomunhão. Embora tenha havido modificações subsequentes, a Bula permanece válida e ainda está vigente e aplicável aos crentes católicos.
Por meio desta petição exigimos que o Papa Francisco honre o nome que adoptou e a memória de São Francisco de Assis, assim como a mencionada Bula, com a condenação incondicional das touradas e de qualquer outra prática em que animais sejam maltratados, torturados e executados.
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O mais estranho é que o Papa Francisco, que adoptou o nome de São Francisco de Assis, o Santo Padroeiro dos Animais, disse-se contra os maus-tratos animais, na sua carta encíclica - Carta Encíclica Laudato Si´ (um dos documentos mais importantes da Igreja), e fez um apelo extraordinário a cada um de nós, católicos e não-católicos.
Neste documento o Papa começa por dizer que «a indiferença ou a crueldade com as outras criaturas deste mundo sempre acabam de alguma forma por repercutir-se no tratamento que reservamos aos outros seres humanos. O coração é um só, e a própria miséria que leva a maltratar um animal não tarda a manifestar-se na relação com as outras pessoas».
(…) «É contrário à dignidade humana fazer sofrer inutilmente os animais e dispor indiscriminadamente das suas vidas».
E termina a apelar a «todos os cristãos a explicitar esta dimensão da sua conversão, permitindo que a força e a luz da graça recebida se estendam também à relação com as outras criaturas e com o mundo que os rodeia».
É, pois, de estranhar esta atitude do Papa Francisco, ao abençoar um torturador e matador de Touros, sem lhe ter chamado a atenção para a crueldade daquilo que ele faz na vida, que não é uma actividade digna de um ser humano, e muito menos uma profissão.
Juan Padilla saiu do Vaticano crente, crente que o que faz é abençoado por DEUS.
O que ele não sabe é que o Papa não é Deus, e se representa Deus na Terra, ao abençoar um torturador das suas Criaturas mais indefesas, cometeu um grave erro, e ofendeu os católicos e o próprio Deus.
E eu, que no dia do Conclave, poucos minutos antes de aparecer o fumo branco, vaticinei o nome que o próximo Papa haveria de tomar (disse alto para os que comigo seguiam o Conclave: «Gostava que o próximo Papa se chamasse Francisco, como São Francisco de Assis, porque ainda não há um Papa Francisco», e quando, naquela noite, ouvi o nome do novo Papa, fiquei paralisada (porque o meu vaticínio cumpriu-se) e ao mesmo tempo feliz. EU, que até tinha muita admiração por este Papa, pela coragem que tem tido de “desenterrar mortos”, fiquei estupefacta e decepcionada com esta sua estranha atitude, de abençoar alguém que ganha a vida com uma prática cruel e sanguinária.
Não digo que não abençoasse o Padilla, afinal é um pobre pecador, que há-de prestar contas a Deus, de toda a crueldade que já praticou na vida. Mas essa bênção deveria vir acompanhada do arrependimento dele, e da sua promessa de nunca mais torturar e matar uma criatura de Deus, para divertir gente sádica.
E isso não aconteceu.
Isabel A. Ferreira
Link para a Carta Encíclica Laudate Si’