Comunicado do Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
12/12/2014
Mil cento e quarenta e duas (1142) pessoas assinaram a petição enviada esta semana ao presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, protestando pela recente realização de diversas touradas no município.
Os subscritores da petição pedem taxativamente ao Presidente da Câmara Municipal, Dr. Alexandre Gaudêncio, que cumpra a deliberação aprovada na Assembleia Municipal de impedir o licenciamento de touradas no concelho.
No texto da petição, os peticionários manifestam a sua indignação pela importação para este concelho do norte da ilha de São Miguel de um espectáculo que nem faz parte da tradição concelhia, considerando ainda que as touradas são um espectáculo retrógrado, envolvendo maltrato e tortura de animais, que está a ser banido de todos os países do mundo onde ainda se realizam, não podendo ficar o concelho da Ribeira Grande à margem da modernidade, e muito menos introduzir agora estes costumes anacrónicos.
Os assinantes também manifestam a sua preocupação pelo facto de este tipo de espectáculos violentos produzirem frequentemente numerosos feridos, ou até mortos, nas localidades onde se realizam. É de lembrar que na Terceira e nas outras ilhas as touradas à corda serem responsáveis, cada ano, em média, por uma pessoa morta e por mais de 300 feridos.
Os cidadãos apelam, assim, ao presidente da Câmara Municipal para que o concelho se converta num referente no respeito pelo cuidado e bem-estar dos animais, no apego aos valores naturais e no desenvolvimento do turismo de natureza, actividades incompatíveis com a introdução da prática das touradas, caracterizadas por insensibilizar e deseducar as pessoas sobre a violência exercida sobre os animais.
Para além do exposto, é lamentável que estas touradas se tenham realizado em bairros ou locais do concelho da Ribeira Grande onde existem e são patentes graves problemas sociais, parecendo que existe uma estratégia, por parte de alguns responsáveis, de criar uma “cultura para pobres” onde o álcool e o maltrato de animais são os protagonistas, condenando estas pessoas a uma maior degradação cultural, muito longe da obrigação democrática de qualquer entidade oficial de elevar o nível cultural dos cidadãos.
O texto da petição pode ser visto em:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=anti-tourada
Freguesia de Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, é uma das entidades apoiantes de uma tourada à corda a realizar no próximo dia 3 de Setembro.
Carta aberta aos autarcas de Rabo de Peixe
Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande
Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Municipal da Ribeira Grande
Exmo. Senhor Presidente da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe
Exmos. Senhores,
Tive conhecimento da realização de uma tourada à corda em Rabo de Peixe, a qual, segundo um cartaz publicitário, conta com o apoio da Câmara Municipal da Ribeira Grande e da Junta de Freguesia de Rabo de Peixe.
A tauromaquia é uma prática obsoleta, um costume bárbaro, herdado de bárbaros, que se apoia numa lei bastarda, na qual os Touros e Cavalos são incompreensivelmente banidos do Reino Animal, gozando de um inexplicável regime de excepção na legislação portuguesa, dado que permite, em contradição com a restante legislação que regula o bem-estar animal, o sofrimento INÚTIL de animais sencientes.
A tauromaquia não tem lugar numa sociedade que se quer evoluída e civilizada e só subsiste ainda à custa de múltiplas formas de subsídios públicos, o que, sobretudo, em tempos de crise económica, é particularmente revoltante.
O percurso evolutivo da humanidade mostra-nos que costumes que trazem consigo sofrimento inútil devem ser abolidos, enquanto se mantêm e enaltecem costumes positivos que enobrecem e orgulham um povo. Foi assim que ficaram enterrados nas páginas mais negras da História da Humanidade costumes e actividades como os circos romanos, as execuções públicas, as fogueiras da Inquisição e a escravatura, entre outros.
Existem inúmeras formas de entretenimento saudável que poderiam e deveriam ser disponibilizados a jovens e a adultos de Rabo de Peixe, freguesia em que parte não desprezável da população, para além de carências económicas, apresenta dificuldades a nível de analfabetismo, alcoolismo, entre outros.
Rabo de Peixe e o Concelho da Ribeira Grande não podem figurar entre as localidades onde se desrespeita os animais e Vossas Excelências não devem ter o Vosso nome associado a vítimas causadas pelas touradas, algumas delas mortais como aconteceu recentemente com um homem, na ilha Graciosa.
Acreditando que V. Exas, como educadores que foram e supomos que ainda são, estarão empenhadas no desenvolvimento saudável da Vossa terra, vimos solicitar a retirada do Vosso apoio e a tomada de medidas que demovam os promotores de levar avante uma actividade que não é condizente com a evolução e o progresso de seres humanos.
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
(Carta adaptada da original)