Em Portugal a Lei de Protecção dos Animais, recentemente aprovada, é uma falácia, pois falta-lhe o principal: retirar os animais do rol das “coisas” ou das “máquinas”.
Enquanto os animais forem considerados “coisas” ou “máquinas” tendo comer e água é o suficiente para um “dono” (carrasco) o manter em seu poder.
O que interessa tudo o resto que um animal é?
Somos muitos os que, desde pequenos, temos observado um número incontável de cães que vivem toda a sua vida numa casa, com uma vasilha de água, uma vasilha de comida e uma corrente de uns tantos metros para que o cão possa mover-se de um lado a outro, ou confinado a um espaço, mais ou menos grande, distanciado do seu próprio mundo e do mundo daqueles que deveriam ser seus amigos (os donos) e não passam de seus carrascos.
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Esta prática é tão vulgar e vista por muitas pessoas como uma situação normal. No entanto, ainda que seja comum nem por isso deixa de ser um maltrato animal.
Considerariam que ter uma pessoa acorrentada durante toda a sua vida é um maltrata, certo? Pois com um cão passa-se exactamente o mesmo.
Ao acorrentar um cão ou confiná-lo a um espaço, restringe-se-lhe o direito de viver em matilha, com os da sua espécie. Por natureza os cães são animais muito sociáveis, que necessitam da companhia diária da sua matilha ou dos seus amigos humanos.
Ao estar acorrentado ou confinado a um espaço diariamente é privado desse direito natural de interagir com a sua matilha ou com os donos.
Ao acorrentar um cão ou confiná-lo a um espaço restringe-se-lhe o direito de sociabilizar com os da sua espécie. Ao estarem acorrentados diariamente ou confinados a um espaço, os cães não podem realizar contactos sociais com outros cães, privando-os da necessária comunicação, jogos e interacções.
Ao acorrentar um cão ou confiná-lo a um espaço, restringe-se-lhe a sua necessidade biológica de realizar exercício físico. Ao estarem acorrentados ou confinados a um espaço, os cães não podem canalizar a energia que queimariam com os seus passeios diários, as suas sessões de jogos, etc. Isto traduz-se numa carga de ansiedade que na maioria das vezes se transforma em agressividade e stress.
Ao acorrentar um cão ou confiná-lo a um espaço, restringe-se-lhe o direito de viver a sua natureza: cheirar, explorar, pesquisar… Se os cães permanecem acorrentados ou confinados a um mesmo lugar, que podem fazer?
Obrigam-nos a viver entre fezes e urina, no mesmo lugar onde dormem e comem, algo que os cães detestam.
Maltratar um cão não se reduz a dar-lhe uma sova, é também tê-lo acorrentado ou confinado a um espaço, uma forma de maltrato muito corrente e, por desgraça, muito assumida pelos donos (que neste caso não podem ser considerados amigos).
Se virem um cão acorrentado ou confinado a um espaço tentem falar com os seus donos e sensibilizá-los para a questão. Muitos acham que acorrentar ou confinar o cão é uma solução, ignorando que esta solução gera problemas a longo prazo, mais do que possamos imaginar, pois faremos deles cães ansiosos e agressivos, antissociais e frustrados.
Lembrem-se de que um cão saudável é um cão equilibrado fisicamente e emocionalmente.
Um cão não é uma “coisa”.
Um cão é um ser vivo sensível, afável, companheiro, amigo, o melhor amigo que um ser humano pode ter.
Texto baseado nesta fonte: Bulhufas