Será amanhã debatido na Assembleia da República um projecto-lei que visa acabar com os espectáculos de circo com animais não-humanos em Portugal
O dono do Circo Chen, Miguel Chen, considera uma “palhaçada” debater sobre o fim de espectáculos com animais…
Pois é, é que “palhaçada” é o que há mais no Parlamento, quanto à questão da Defesa dos Direitos dos Animais, quando a maioria parlamentar (ou pralamentar?) considera uns animais mais animais do que outros…
Miguel Chen considera que os circos que usam e abusam de animais não-humanos, que pertencem à savana e à selva, ao mar e os domésticos, são o “elo mais fraco” em relação a outros lugares onde são mantidos animais selvagens em cativeiro, como por exemplo o Zoomarine, o Jardim Zoológico, e acrescenta, «e nas touradas ninguém toca».
Nunca se deve justificar uma estupidez (circos que usam e abusam de animais não-humanos) com outra estupidez (zoomarines e jardins zoológicos).
Numa coisa o senhor Chen tem toda a razão: se vão mexer nos circos, que mexam também nas touradas. É que leões, tigres, macacos, cães, elefantes, piranhas e golfinhos são tão animais como os cavalos e os touros.
Mas o PS, o PSD, o PCP e o CDS/PP (esquerda unida à direita para viabilizar as touradas) acham que os Touros e os Cavalos NÃO SÃO ANIMAIS, por isso e pelos euros, não “tocam nas touradas”.
Agora, o senhor Chen não tem razão nenhuma quando questiona “onde é que há dinheiro para construir os santuários para esses animais selvagens, indicando que associações pelos direitos dos animais prometeram trabalhar para os conseguir, mas ainda nada existe».
Quem disse que não existem santuários para recolher os animais dos circos? Em Portugal há alguns (pouquíssimos), mas existem santuários no mundo que reabilitam animais que estiveram em cativeiro, para os devolver ao seu habitat natural. Existe um preço? Existe. Mas em tudo na vida há um preço a pagar.
O senhor Chen lamenta que «o circo não pode lutar contra ninguém”, e que todos os animais que o circo Chen tinha, excepto sete tigres, foram doados a parques naturais onde podem viver. Os tigres, o senhor Chen não os deu, porque não havia lugar para os pôr, por isso, continua a mantê-los em instalações próprias.
Pois, os tigres. Belíssimos felinos, que jamais deviam ter deixado a selva.
Os homens nunca gostaram de viver encarcerados, mas adoram encarcerar animais tão animais como eles, para os servir,
E isto não é da essência humana.
O Circo Chen tem um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa para não usar animais, e desde há três anos que o Circo trabalha sem animais. Miguel Chen garantiu que “o circo também é um espectáculo sem animais, mas que se perdeu a magia para as crianças, a quem os animais encantam, e o circo não é para os pais, é para as crianças”.
Grande falácia!
Engana-se senhor Chen: as crianças NÃO GOSTAM de ver animais encarcerados e maltratados, e se lhes explicarmos isso, bem explicadinho, irão ao circo ver os palhaços e as outras artes circenses com alegria redobrada. Isso podemos garantir. E os circos não perderão a magia, nem a clientela. Também é garantido.
Todos os países EVOLUÍDOS proibiram os Circos com animais não-humanos, porque é do senso comum que os animais não-humanos não nasceram para palhaços de circo.
Também é do senso comum que as verdadeiras ARTES CIRCENSES não incluem animais não-humanos, mas sim ARTISTAS humanos.
As ARTES CIRCENSES requerem muito talento (temos o exemplo do Cirque du Soleil - o expoente máximo das Artes Circenses) e como nos cirquinhos de meia tigela os talentos não existem, de todo, usam e abusam dos animais não-humanos, que NINGUÉM de bom senso aprecia, muito menos as crianças.
É lamentável que Portugal não esteja no rol dos países evoluídos.
Ah! e a propósito, quem tem falta de senso comum é idiota. Quem o diz é o Professor Pedro Domingos, o português que Bill Gates recomenda que se conheça, para se perceber os caminhos do futuro da Inteligência Artificial.
E quando este Professor diz que quem tem falta de senso comum é idiota, quem sou eu para dizer o contrário. É que também sou da mesma opinião.
Isabel A. Ferreira
Fonte da imagem e da notícia:
Elefantes escravizados no Circo Cardinali, em jaulas, com os pés acorrentados, toda uma vida…
Quando tirei esta foto (por entre as grades, antes do “espectáculo”) eles estavam a balouçar-se de um lado para o outro, num estado de grande stress e alienação. Podemos ver a profunda tristeza na expressão alheada destes animais inteligentíssimos, sensíveis e muito, muito mais “humanos” do que quem assim os subjuga…
Um deles, nesse dia, por não fazer a vénia a agradecer ao público (diga-se de passagem, um escasso público) apanhou com um bordão grosso, na tromba, junto aos olhos, e as lágrimas rolaram como pequenas pérolas tristes…
Neste dia, 09 de Agosto de 1997, as crianças choraram também e nunca, nunca mais pisaram a arena de um circo onde os animais são deste modo maltratados, até em público… quanto mais nos bastidores…!
E foi nesse mesmo dia que eu comecei a minha luta contra todos os que maltratam animais não-humanos para divertir humanos…
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Abram este link para ver a intervenção de Miguel Santos do PAN, e a de Miguel Chen, representante do Circo Chen, no programa «A tarde é Sua», da TVi
Um excelente debate [é de lamentar que já não esteja disponível]
https://www.facebook.com/partidoanimaisnatureza/posts/884485228262214
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Aqui, a opinião do Dr. Vasco Reis, Médico-Veterinário, defensor dos Direitos dos Animais e Abolicionista da Tauromaquia, sobre este apontamento televisivo:
«Na minha opinião, estiveste muito bem Miguel, digno, cortês, paciente, muito didáctico representante do Partido pela Pessoas, pelos Animais e pela Natureza. Lutaste bem pela Causa dos Animais não Humanos.
É de mencionar sempre a natureza, a susceptibilidade, a senciência, a consciência dos animais não humanos, não muito diferentes das dos humanos, cruelmente atingidas nos espectáculos com animais, não só pela privação de liberdade, pelo confinamento, pela dureza do treino, pelo stress das viagens, etc., etc., etc.
Há que mencionar que o nosso clima de inverno pode ser muito agressivo para animais de climas tropicais, que são bastante vulneráveis e não têm a possibilidade de procurarem melhor abrigo por estarem enjaulados.
A exposição às intempéries, por vezes extremas e às quais os animais exóticos não estão adaptados, é um modo cruel de os maltratar.»
Vasco Reis
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O Senhor Chen teve toda a razão quando falou nas touradas.
Os Touros não são animais?
Porque são subsidiadas as touradas e os Circos não?
Porquê apenas os circos devem ser penalizados?
Sim, o caso dos golfinhos, também tem razão, o Senhor Chen.
Porquê explorar os golfinhos?
Mas que osanimais no Circo não são maltratados, não é verdade.
Basta estarem fora do seu habitat. Isso é já uma enorme tortura.
Que é possível haver circos SEM ANIMAIS, e as crianças divertirem-se à grande, é bem verdade: bastaria haver palhaços e ilusionistas.
Mas existem muitas mais artes circenses, vejamos:
«O poder do encantamento do circo é sempre surpreendente. Não há como ficar imóvel, com a respiração presa, com o frio na barriga diante das peripécias de um artista circense.
É isso que procuramos fazer com os nossos números e performances: fazer rir, ter medo, ficar com o coração na boca, tremer, gritar, depois respirar aliviado, mas, acima de tudo, procuramos emocionar com nossos números e performances circenses.
Temos um quadro de artistas especializados em diversas modalidades:
- Perna de pau;
- Mão a mão;
- Contorção;
- Malabares – claves, bolas, argolas e etc.;
- Acrobacia de solo;
- Pirâmides humanas; Aéreos – tecido, trapézio e lira de giro;
- Pirofagia – números com fogo;
- Palhaços;
- Arame – corda bamba.
in
http://www.escolapecirco.org.br/?page_id=86
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Animais não-humanos para quê, se os humanos têm o saber de tantas artes?
Os animais não-humanos não nasceram para fazer malabarismos em circos.
Assim como o chamado Homo Sapiens não nasceu para andar a saltar de galho em galho nas florestas… ou viver em cavernas… ou andar de pescoço esticado a comer folhas nas árvores…
Esse tempo já passou há muito… Certo?
Isabel A. Ferreira