Hoje, ao ver o noticiário da manhã, num dos canais televisivos, se não estou em erro na SIC (costumo fazer zapping) fui surpreendida com uma dizer do nosso presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no que respeita ao uso ou ao não-uso de máscaras: «… no início, não era obrigatório, mas também não era proibido…».
Ou seja, no início, nem era carne nem peixe, nem boi nem vaca.
Esqueceu-se o Senhor Presidente de completar a frase que mais se adequava a esta situação de pandemia: «…no início, não era obrigatório, mas também não era proibido… Era essencialmente necessário, indispensável, fundamental, para impedir a propagação do coronavírus.
As nossas autoridades sabiam que vinha aí uma guerra, e quando assim é, os "generais" costumam preparar as "armas" para irem à guerra. E o que fizeram os generais? NADA. Quando o inimigo chegou, aqui-del-rei que não há máscaras, não há luvas, não há material para nos protegermos e poder proteger os outros! Nem sequer nos hospitais! Então o mais fácil foi dizer: não é preciso.
Falhou isto e quase tudo o resto.
E continua a falhar, por isso, temos uma taxa tão elevada de infectados nos Lares de Idosos. Se logo de início houvesse a obrigatoriedade pelo menos, do uso de máscaras, talvez a propagação não fosse tão elevada, nesses lugares onde o risco é altíssimo.
Não havia nem há máscaras para o pessoal médico e paramédico. As queixas são mais que muitas. O desespero é grande.
Se não havia máscaras à venda, pelo menos que houvesse honestidade de dizer que improvisassem, e as pessoas inventavam maneiras de se proteger. somos bons nisso, Muitos o fizeram e estão a fazer. O que a Sra. Directora-Geral de Saúde fez, é que não é admissível: dizer que não é preciso usar máscaras. Seguiu as recomendações da OMS? Seguiu mal, porque a OMS disse o que disse, porque faltavam (continuam a faltar) máscaras no mercado. Não, porque não fossem necessárias.
Andaram por aí muitos a ser infectados por muitos que não sabiam que eram transmissores da doença. As máscaras sempre foram necessárias, e deviam ter sido obrigatórias logo de início. Não se aprendeu nada com a experiência dos que foram atingidos pelo vírus, antes de nós?
É elementar. É básico. É óbvio que se todos os infectados e não-infectados tivessem tido oportunidade de usar máscaras desde o início, ter-se-iam protegido a si e aos outros! Não haveria hoje seguramente tantos infectados. É elementar. É básico. É óbvio. Ou não é?
Se fizeram tantos vídeos a ensinar a lavar as mãos, também deviam fazê-los para ensinar a colocar e retirar máscaras e luvas.
A NÃO recomendação do uso da máscara, não partiu de NÃO ser preciso, mas de NÃO as haver para todos, porque SER PRECISO era uma PRIORIDADE.
Mais valia as autoridades terem dito a verdade, do que MENTIREM, quando disseram que só os infectados é que precisavam de máscaras.
Agora é tarde, Inês está morta.
Temos de ser nós a cuidar de nós, para podermos cuidar dos outros. A OMS não está a ajudar em nada. E as nossas autoridades só seguem o que a OMS diz, ainda que não seja o mais apropriado. Há que pensar pela própria cabeça.
Venham as máscaras, porque esta “guerra” ainda vai no adro. Mas que venham a preços acessíveis, e não inflacionados, para que energúmenos não encham os bolsos com a desgraça alheia.
O Conselho de Escolas Médicas (CEMP) defende uso de máscaras generalizado pela população, para combater a Covid-19, defesa essa que assenta em artigos científicos internacionais, já publicados sobre esta matéria.
Segundo a Lusa, no documento intitulado “Argumentação e Evidência Científica para o Uso Generalizado de Máscaras pela População Portuguesa”, o CEMP diz que os artigos “mostram concordância ao recomendar o uso generalizado de máscara por parte da população como medida de controlo da transmissão de infecções respiratórias, reduzindo o risco de contágio, a taxa de ataque e potencialmente diminuindo o RO [número médio de casos infectados por cada caso]”.
Os especialistas consideram que o uso generalizado de máscaras pode levar, em última análise, “à diminuição da propagação da doença, não só neste momento de surto da pandemia, como futuramente na prevenção de futuros surtos”, e lembram que não existe um grau de maior evidência verdadeiramente contra a utilização de máscaras, de forma generalizada pela população.
Um dos artigos científicos citados no documento do CEMP refere ainda que «a utilização de máscaras faciais em larga escala pela população pode ser uma estratégia importante para atrasar ou conter uma pandemia de influenza [gripe], ou pelo menos para diminuir a taxa de ataque da infecção.» Por isso, recomendam a inclusão da utilização de máscaras como medida de controlo a adoptar em plano de contingência no caso de pandemia.
Outro dos artigos citados refere que “qualquer tipo genérico de máscara [cirúrgica, FFP2/N95 ou pano da louça 100% algodão] tem o potencial de diminuir a exposição viral e o risco de infecção ao nível da população, mesmo com adaptação e aderência imperfeitas, tendo os respiradores N95/FFP2 o maior grau de protecção”.
O documento do CEMP, que contém 26 páginas, cita um outro artigo que refere: «dos nove ensaios acerca da utilização de máscaras faciais na comunidade, as máscaras foram utilizadas para protecção respiratória em oito e esses estudos concluíram que o uso de máscaras em conjunção com a higiene das mãos pode prevenir a infecção na comunidade, desde que haja utilização precoce e generalizada».
Máscaras caseiras de eficácia testada, de fácil acesso e confecção, baratas e reutilizáveis
Para combater a escassez de máscaras o CEMP indica algumas soluções: «Com a proposta da obrigatoriedade do uso de máscaras de forma generalizada, e com a escassez existente das máscaras cirúrgicas e respiradores N95/FFP2, propomos, para a população em geral, a realização de máscaras caseiras de eficácia testada, de fácil acesso e confecção, baratas e reutilizáveis».
De acordo com o CEMP, as máscaras caseiras (de tecido) “demonstram ter eficiência satisfatória em termos de capacidade de protecção do utilizador de 50% a 85%, dependendo dos materiais utilizados, e eficiência ligeiramente menor que as máscaras cirúrgicas na prevenção de emissão de partículas do utilizador para o ambiente. Deste modo, ao oferecermos esta possibilidade à população, libertamos as máscaras cirúrgicas/respiradores para os profissionais de saúde e outros trabalhadores que lidam directamente com doentes Covid‐19 (bombeiros, forças de segurança, cuidadores em lares ou no domicílio), e ainda para doentes Covid-19 positivos em tratamento domiciliário».
Para tal o CEMP evidencia que será necessário realizar uma campanha de sensibilização sobre a correcta utilização das máscaras, bem como a instrução sobre os materiais a serem utilizados na sua confecção.
Em entrevista à Lusa, Fausto Pinto, presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP), que reúne a academia portuguesa na área da medicina, criticou a posição da Direcção-Geral da Saúde sobre as máscaras de protecção, para fazer face à Covid-19.
Referiu Fausto Pinto que «está demonstrado que a utilização das máscaras diminui o potencial de contaminação. O que nos incomodou na posição da Direcção-Geral da Saúde foi o argumento utilizado: de que não era eficaz. Isto não é verdade. O que temos é que não há máscaras suficientes e, por isso, arranjou-se um artifício, uma desculpa, dizendo que as máscaras não são eficazes».
***
Pois isto é o que se passa.
Que são precisas as máscaras, são. Mas não há. E este é que é o busílis da questão.
Isabel A. Ferreira
Fonte da notícia: