O que se passou ontem na Assembleia da República foi uma autêntica vergonha e falta de patriotismo. Falta de senso de responsabilidade.
Porque...
Porque o que interessa aos senhores deputados não é a situação do país, mas sim o Poder.
Fiquei chocada (e eu posso falar à vontade porque nenhum governante a nível local e nacional está sentado na cadeira do poder com o meu voto, pois votei em branco, como forma de protesto), fiquei chocada com o desinteresse pelos interesses nacionais, que os deputados da nação demonstraram ontem.
O maior partido da oposição não aprovou o PEC IV simplesmente porque está com o “olho” no Poder. Isso dá para ver à distância. Querem porque querem ser eles a governar. De outro modo, teriam apresentado alternativas e talvez se pudesse ter chegado ao consenso necessário para levantar Portugal do chão.
As vozes menores dos outros partidos não chegaram ao outro lado da bancada da Assembleia. E tudo foi por água abaixo. O Governo caiu. E com ele caiu Portugal num buraco que já era fundo, e agora ficou ainda mais fundo.
O que esteve em causa ontem, na Assembleia da República, não foi o interesse de Portugal, mas
tão-somente derrubar o Governo, por derrubar, pela ânsia do Poder, para se empoleirarem nele outros galos, que não farão melhor, porque já tiveram oportunidade para isso e foi o que se viu: um autêntico desastre.
Entretanto, o presidente da República decidiu ficar cego, surdo e mudo ao que se passava à sua volta, ocupado que esteve... com quê? Vá-se lá saber. Não teve tempo para se debruçar sobre o assunto.
Agora aguarda-se que aceite ou não (ainda há esta possibilidade) a demissão do primeiro-ministro.
Entretanto ontem, os comentários que se fizeram logo a seguir à demissão de José Sócrates foi pura propaganda política, já a pensar nas eleições. Ainda o corpo do morto está quente e já pensam como dividir a “herança”. E isso é o que importa. Portugal que se lixe!
Conclusão: o nosso País se já não estava bem visto lá fora, agora ficou ainda mais mal visto. Pudera! Com os pseudo-políticos que tem...!
A Senhora Angela Merkel já brindou o Parlamento português com uma crítica severa.
Vamos ter eleições antecipadas.
Vamos gastar dinheiro que não temos, sem necessidade.
Os candidatos serão exactamente os mesmos.
Aqueles que nada fizeram para evitar uma crise política neste momento pensam que já têm as próximas eleições no “papo”...
Não tendo eu competência alguma como comentadora política, nem saiba grande coisa dessa “coisa” da politiquice que para aí vai, (uma vez que a verdadeira Política é uma arte que não está ao alcance dos nossos pretendentes a governantes) prevejo que houve todo este rebuliço para nada.
Passos Coelho, que só falou, falou, mas não disse nada, nem sequer teve a hombridade de apresentar a tal alternativa que pudesse ser negociada (e hoje já vem dizer que se ganhar as eleições aumenta o IVA para 25%), perdeu a oportunidade de se sentar na cadeira de José Sócrates, que vai com certeza voltar a sentar-se nela.
E querem saber?
Era muito bem feito, para os nossos governantezinhos e para o Presidente da República, que não é de todos os Portugueses, pois ganhou por uma percentagenzinha mínima. É só fazer as contas: somem a abstenção, mais os votos nulos, mais os votos brancos, mais os votos nos outros candidatos, e acrescentem-lhe aqueles portugueses que não puderam votar devido ao problema do Cartão de Cidadão, e vejam quantos Portugueses o elegeram.
Vira o disco e toca o mesmo.
A República Portuguesa, entre outros motivos, foi implantada em Portugal para acabar com o sistema de alternância entre dois partidos no poder: os progressistas e os regeneradores.
Passados cem anos, continuamos com o sistema de alternância entre dois partidos no poder: o PS e o PSD.
Afinal o que mudou? O que lucrou Portugal? Que posição ocupa no Mundo?
É preciso implantar um outro regime político para acabar também com esta alternância, que não nos tem trazido a evolução de que Portugal tanto necessita.
É preciso uma mudança radical.
E essa mudança está inteiramente nas mãos do Povo que vai votar.
Não gostam, não gostam, mas votam sempre nos mesmos, e nem sequer sabem que podem votar em branco, para protestarem e obrigarem a colocar lá outras caras.
A mim, a consciência não me dói. Nem sinto culpa. Não votei em nenhum, nem votarei enquanto não houver gente nova.
Como pode haver políticas novas com os velhos políticos?...
Isabel A. Ferreira