Esta publicação mostra toda a monstruosidade das touradas. Foi escrito por quem sabe da matéria por experiência in loco, além de ser Médico-Veterinário, e, portanto, e sabe o que é um animal, coisa que a maioria dos governantes portugueses não sabe, e muito menos a minoria inculta que essa maioria protege desavergonhadamente.
A tourada, património? Só se for património da mais monumental estupidez!
Um ser vivo no maior sofrimento
Por Dr. Vasco Reis (Médico-Veterinário)
Um exemplo:
Vive uns 4 anos na campina na boa companhia de outros da mesma espécie em espaço largo e com boas condições.
Desenvolve-se.
Um dia é escolhido para a lide numa tourada. Enxotam-no, com ou sem medicação, para uma manga e enfiam-no numa caixa apertada onde mal se pode mexer.
O stress da claustrofobia é tremendo, ao passar da liberdade e tranquilidade da campina para o caixote onde fica confinado, brutalmente afastado da companhia importante dos outros bovinos.
A seguir cresce a ansiedade/pânico provocados pelo transporte. Depois a espera, provavelmente, com pouco ou nenhum alimento e bebida. Talvez sendo injectado, a ponta dos cornos será cortada até ao extremo vivo e muito enervado, ficando extrema e dolorosamente sensível ao contacto.
Consta que sofre outras acções destinadas a fatigá-lo, debilitá-lo, retirar-lhe capacidade para a lide. Mais tarde, a condução ao curro da praça de touros. Empurrado depois para a arena = beco cruel sem saída, suportando logo o enorme alarido, que ainda o assusta mais.
Depois a provocação, o engano, o cravar dos ferros, que o ferem e magoam terrivelmente, através da pele, de aponevroses, de mais ou menos músculos, atingindo tendões e, por vezes até pleura e pulmão (meu testemunho) e o fazem sangrar e sofrer.
Tudo isto o enfurece, magoa, deprime e esgota. Depois é retirado com as “chocas”. Brutalmente, tal como foram cravados, os ferros são agora retirados sem anestesia, arrancados ou por corte do couro. Depois o sofrimento cresce pela dor provocadas pelos ferimentos, infectando e provocando-lhe febre, ficando animicamente derrotado, até que o abate o liberte de tamanho sofrer.
Desgraçada vítima dos chamados humanos, “corrido” e torturado unicamente para diversão de aficionados, alimentar de vaidades, de negócios de tauromáquicos e no prosseguimento de uma cruel tradição.
É, portanto, uma aberração, comprovativa da maior hipocrisia, quando tauromáquicos e ganadeiros afirmam serem as pessoas que mais gostam dos touros.
Deixam-nos viver eventualmente bastante bem durante cerca de 4 anos, para que então sejam torturados na tourada e abatidos em sofrimento uns dias a seguir, em vez de viverem no seu meio natural os 20 anos em média da sua expectativa de vida.
Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.
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Desconfiança, medo e dor são essenciais e condição de sobrevivência para o indivíduo e para a espécie
Repare-se na extrema violência desta imagem
Plantas não têm sistema nervoso, não têm sensibilidade à dor, não têm consciência.
Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem uma herança genética instintiva e sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga para poderem sobreviver.
Sem essas capacidades não poderiam sobreviver individualmente e enquanto espécie.
Portanto, desconfiança, medo e dor são essenciais e condição de sobrevivência para o indivíduo e para a espécie.
A ciência revela que a constituição anatómica, a fisiologia e a neurologia do touro, do cavalo e do homem e de outros mamíferos são extremamente semelhantes.
As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto, o ferimento.
O senso comum apreende isto e a ciência confirma.
Mas nesta “arte” não são somente touros e cavalos que sofrem.
São muitas as pessoas conscientes e compassivas, que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti educativa, fonte de enorme vergonha para o país, atentório de reputação internacional, obstáculo de dissuasão do turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem!
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Resumindo o percurso do Cavalo usado no toureio à portuguesa
O cavalo Xelim estripado numa tourada à portuguesa, acabou por morrer
Como animal veloz que é, procuraria a segurança pondo-se à distância daquilo que lhe pareça estranho ou que considere ser perigoso.
Mas, no treino e na lide montada, ele é dominado pelo cavaleiro, seja pelo “Hackamore”/ serreta / serrilha, “jaquima” em espanhol, actuando contra o chanfro e provocando maior ou menor incómodo, seja pelos ferros na boca, puxados pelas rédeas e actuando sobre a língua e as gengivas (bridão - com acção de alavanca - e freio, ambos apertados contra as gengivas por uma corrente de metal à volta do maxilar inferior, a barbela), artefactos susceptíveis de se tornarem muito castigadores.
É incitado pela voz do cavaleiro e por outras acções, chamadas de “ajudas”, como sejam as esporas que são cravadas no ventre, provocando dor e, frequentemente, feridas sangrentas.
É impelido para a frente pela acção das esporas, devido à dor que elas lhe provocam, e a voltar-se ou parar pela tracção das rédeas, devido ao incómodo ou dor que provocam, seja no chanfro, ou na boca e, também, pelo inclinar do corpo do cavaleiro.
Ao ser utilizado pelo cavaleiro como veículo para combater e vencer o touro, o cavalo é submetido a enorme ansiedade e esforço, o que até lhe pode causar a morte por colapso dos aparelhos respiratório e circulatório.
Resumindo: o cavalo é obrigado a enfrentar o touro pelo respeito/receio que tem do cavaleiro, que o domina e o castiga, até cravando-lhe esporas no ventre e provocando-lhe dor e desequilíbrio na boca. Isso transtorna-o de tal maneira, que o desconcentra do perigo que o touro para ele representa de ferimento e de morte e quase o faz abstrair disso.
Portanto, a afirmação de cavaleiros tauromáquicos de que gostam dos seus cavalos e que lhes querem proporcionar bem-estar, soa estranha e hipócrita.
A lei é omissa quanto ao controlo de dopagem, o que permite manipulações e abusos para serem mascaradas situações dolorosas e problemas de saúde, especialmente dos membros do cavalo.
Revoltante e vergonhoso é que tal crueldade seja permitida legalmente, feita espectáculo e publicitada.
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"Espectáculos" com Touros
Retirada das bandarilhas a sangue frio e com o auxílio de uma faca que corta as carnes, já maceradas, do bovino.
Meias soluções não servem, porque, todos os espectáculos com touros (incluindo as touradas com velcro e com "bandarilhas" sem arpão, mas com ventosas) exigem a captura violenta do touro ao ser retirado do campo e da companhia dos bovinos, passando a sofrer ansiedade, claustrofobia, pânico, fúria, risco de contusão e esgotamento em luta por se libertar, metido e apertado em caixa de transporte e assim transportado, posto em curro, depois na tourada ou outro espectáculo.
Tudo isso representa agressão, risco e sofrimento intenso emotivo, psicológico, físico para o touro. O cavalo continua obrigado a sofrer e a arriscar, se for obrigado a intervir.
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(Pormenor importante)
«O touro perde 15% do seu peso durante o transporte para a praça.
Chegado à praça, é brutalizado, física e psicologicamente, durante 24 horas, com o propósito de o enfraquecer, para facilitar a sua lide na arena.
E entre os actos brutais de que o touro é vítima durante os dois dias anteriores à corrida, está o corte dos seus chifres. O corte dos chifres do touro retira-lhe 80% da sua visão periférica. E essa é a razão pela qual cortam os chifres do touro.
O touro quando, ao fim de mais de 2 dias, em que foi vítima de cruéis actos para o desgastar, física e psicologicamente, quando entra na arena, entra 80% diminuído, física e psicologicamente »
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Ler mais aqui:
Percurso do Touro usado para toureio (II)