É que por mais modernaços que os designers queiram ser nas suas concepções de arte, há uma coisa comum às Artes de todos os tempos: o bom gosto e a beleza.
A moeda que pretende assinalar os 500 anos do Nascimento de Luís de Camões, o nosso maior Poeta, é simplesmente FEIA, coisa de muito, muito, muito, mas muito MAU gosto.
Camões NÃO merece ser assim deformado.
Deve haver limites para a expressão artística, quando se trata de retratar pessoas. É que isto nem para caricatura serve. E a Arte da Caricatura é uma Arte.
A carantonha, que consta na moeda, mais parece uma CARETA CARNAVALESCA, tipo Caretos de Podence, sendo que estes últimos são muito mais artísticos e belos do que a careta da moeda.
E não me venham dizer que gostos não se discutem, porque isto nada tem a ver com gostos, mas com ARTE e respeito pela memória das pessoas.
Isto só prova que anda por aí uma seita destruidora dos símbolos da nossa História, da nossa Cultura, da nossa Língua, com uma intenção obscurantista.
E não querem que se diga que Portugal sofreu um golpe retrocessionista?
Isabel A. Ferreira
António Costa teve toda a legitimidade de não gostar do cartaz que o perseguiu na Régua, no “10 de Junho”, não por ser um cartaz racista, porque não era, mas por ser um cartaz de um gigantesco mau gosto.
O cartaz nada tem a ver com racismo, nada nele leva ao racismo, MAS, sim, a um extremo MAU GOSTO, talvez, fruto da estupidez que se implantou em Portugal, de há uns tempos a esta parte, a qual já não deixa ver o que é razoável e o que não é razoável, nem distinguir o que é arte (a caricatura é uma arte maior) e o que é achincalhar com um mau gosto atroz, o primeiro-ministro de Portugal, ou que seja um outro qualquer cidadão.
O caricaturista tem liberdade de expressar o que sente através da caricatura que faz, e, para tal, tem dois caminhos a seguir: o do bom gosto e do mau gosto. Infelizmente o autor do cartaz em causa enveredou pelo caminho do mau gosto, com uma caricatura que não diz a treta com a careta. Isto é, o que é que o primeiro-ministro caricaturado como porco com um lápis enfiado nos olhos, tem a ver com a luta dos professores? A não ser que as escolas sejam consideradas pocilgas, e quem tem o dever de gerir essas pocilgas não está a cumprir bem a sua missão. É esta aminha interpretação do cartaz. Será isso, não será isso?...
Porém, chamar àquilo um cartaz racista é de quem não sabe o que é o racismo.
Eu até tenho em muito boa conta os Porcos, porque criei uma porquinha desmamada, como animal de estimação, que foi a minha mais divertida e inteligente companheira da minha infância, no que a seres não-humanos diz respeito, porque tive o privilégio de conviver com seres não-humanos de várias espécies. Além disso, ao contrário do que se diz por aí, era uma porquinha muito limpinha, e nunca sujou o espaço humano (ela dormia a sesta refastelada no tapete do meu quarto, onde o Sol entrava com toda a sua exuberância) porque tinha o espaço dela, no quintal. Aliás, os Porcos são animais bastante inteligentes, brincalhões, companheiros e muito, muito carinhosos.
Só que a caricatura porcina de António Costa é de um mau gosto indescritível, na minha interpretação da Arte da Caricatura.
A finalizar devo dizer que António Costa não teve razão em considerar o cartaz racista, até porque se o cartaz não fosse elaborado com tão mau gosto, nos tempos que correm, caricaturar-nos como Porco, Burro, Camelo ou outro qualquer animal não-humano é menos insultuoso do que caricaturar-nos com particularidades de seres mais desumanos do que humanos.
Isabel A. Ferreira
Créditos da foto: jporfirio-10-de-junho-marcelo-rebelo-de-sousa-dia2-02-32-1-1