Um livro de Luís M. Vicente, editado pela Pergaminho, em Bom Português.
Luís M. Vicente é Biólogo, doutorado em Evolução e Professor de Neurobiologia e de Comportamento Animal, algo a que se dedica há mais de quatro décadas.
Em “Touro como nós”, Luís M. Vicente aprofunda o sofrimento animal, e refere que «Daqui a uns anos olharemos para as touradas como hoje olhamos para os autos-de-fé no século XVIII, quando se queimavam bruxas no Rossio”.
Um olhar científico sobre o enorme sofrimento dos Touros torturados numa praça, para gáudio de gente sedenta de sangue.
Isabel A. Ferreira
«BRAVOS:
Assim temos por costume designar os touros. Encarnação da coragem, da bravura, da força. Brava é também a festa desse nome, celebração de cultura ou tradição.
MAS SERÁ MESMO ASSIM?
Que bravura tem realmente cada animal - homem e touro – que faz esta dita festa?
As tradições profundamente enraizadas, em diversas zonas do nosso país e do sul da Europa, fazem com que seja difícil encarar esta prática com objectividade e distanciamento. Luís Vicente, professor universitário e investigador integrado no Centro de Filosofia das Ciências da Universidade de Lisboa, traz ao debate uma muito necessária perspectiva.
Escreve este ensaio em co-autoria com Ngombe, um touro, e explica a festa brava de um ponto de vista biológico e cultural. Para o fazer, parte de uma fascinante exposição da consciência animal e da própria constituição daquilo a que chamamos vida, com considerações esclarecedoras, mas sempre desafiantes sobre a natureza da senciência, do prazer e da dor, da percepção do mundo e do comportamento animal - tanto humano como não-humano.
Um ensaio indispensável não só para compreender o que realmente envolve esta tradição, como também para reflectir acerca da vida na Terra e dos nossos deveres e direitos enquanto animais autodenominados racionais.»
Devemos mantê-las. Tal como sempre existiram.
Apedrejem-se as mulheres adúlteras. Queimem-se as bruxas.
Enforquem-se na praça pública, os corruptos, os ladrões, os que roubam o Povo, os assassinos…
As tradições são a alma de um Povo… São a herança de antepassados bastante evoluídos, fruto de uma cultura humanista…
O Touro, que Jiménez Fortes cobardemente torturou, e que legitimamente se defendeu ao cornear o matador, que ficou gravemente ferido, teve menos sorte: depois de barbaramente torturado, foi brutalmente matado.
Foto de reforma.com
Ao primeiro Touro, que este matador barbaramente torturou e matou, cortou-lhe a orelha.
Pretendia brilhar na arena.
Mas o feitiço virou-se contra o feiticeiro.
O sexto Touro não esteve para brincadeiras e colheu-o em cheio.
Gravemente, dizem.
Quem semeia ventos, colhe tempestades.
Nem todos os Touros aceitam ser torturados gratuitamente.
Este, que colheu o matador Fortes, antes de morrer cumpriu uma missão.
Esperemos que o matador Fortes tenha aprendido esta lição: se com ferros matas, com ferros poderás morrer.
A Lei do Retorno é infalível e implacável. Não me canso de repetir, por ser uma verdade, que todos, por conveniência, renegam.
Mas esta lei é como as bruxas, para os espanhóis: «yo no creo en las brujas, pero que las hay, hay», ou seja, eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem…
Isabel A. Ferreira
(Texto escrito a 14 de Junho de 2013)
Hoje, 14 de Junho de 2014, infelizmente ainda está actual
Texto da autoria de PorFalarNoutraCoisa
«Estive a ver um programa que me impressionou. Era um programa sobre tortura animal, onde homens e mulheres se exibiam sangrando feras inocentes. O mais estranho é que naquele país é uma tradição antiga que continua a atrair muitos espectadores ao recinto onde tais actos de brutalidade se executam. Bilhetes pagos a peso de ouro mas sem peso na consciência.
O país era o nosso, e a tradição parece que se chama Tourada. Tudo isto num canal de nome saído de uma capa de filme pornográfico, Festa Brava. A julgar pela quantidade de palhaços nas bancadas pode-se considerar um circo, e eu a pensar que circos com animais já não eram permitidos.
Isto a propósito da notícia que ficou viral esta semana em que várias imagens de cães a atirarem-se a um toiro, que foram explicadas da seguinte forma por parte do agente do toureiro "amante de animais" (só se for os da raça dele, digo eu): "Os cães estão a ladrar para assustar a vaca. Não estão a morder porque se trata de gado manso que se assusta com o ladrar dos cães" - explicou o inteligente.
Já o imagino a ser apanhado pela mãe a ver porno e dizer "Não mãe, ele foi mordido ali por uma aranha, aquilo inchou e ela está a chupar-lhe o veneno como se não houvesse amanhã, repara como já está meio roxo da gangrena e não tarda sai pus!" E a mãe, que para ter dado à luz um animal destes, também não deve primar pela inteligência, lá acredita na explicação.
A tourada é um assunto já tão debatido que me choca ainda não ser proibido.
É sinal que depois de debatermos e debatermos uma coisa que é clara como a água, continuamos na mesma. E isso diz muito da nossa sociedade.
Já o Gandhi dizia "A grandeza de uma nação e do seu progresso moral pode ser julgada pela forma como trata os animais"
"Mas tu não comes carne?" é o argumento mais comum entre os aficionados da tauromaquia. Ao que eu respondo que sim mas que não pago 50€ para ir ao matadouro regozijar-me com a morte do bicho e antes disso andar a fazê-lo sofrer.
"Ah se não a fosse a tourada o toiro bravo podia já estar extinto" é outro argumento bem esperto. Mais valia estar extinto! 99% das espécies que já existiram até hoje estão extintas... e não fomos nós que as matámos todas, pois não? Então pronto, é deixar a natureza correr o seu rumo, já que impedir extinções para fazer sofrer os animais para gáudio de uma plateia chique, não me parece muito boa política.
Estou-me a cagar se é tradição, estou-me a cagar se dá postos de trabalho e estou ainda mais a cagar-me se a maioria gosta ou deixa de gostar. Se mantivéssemos todas as tradições só por respeito por elas, ainda queimávamos bruxas, fazíamos apedrejamentos na praça pública, entre outras que agora são consideradas bárbaras, e que a meu ver eram muito mais giras de se ver!
"Aí temos que ter respeito por quem gosta da tourada e não sei quê!" Então com todo o meu respeito, ide todos à merda, com respeito, mas ide se faz favor.
Fonte:
http://porfalarnoutracoisa.blogspot.pt/2013/06/a-arte-de-mal-tratar.html
Nem com artes mágicas… Nem com a ajuda de todos os deuses e deusas, bruxas e profetas… Nem com pozinhos de perlimpimpim…
A tauromaquia está morta. É coisa de um passado de má memória.
Esmiucemos os ditos cujos colóquios:
1 - «O espectáculo em Portugal: diagnóstico e cura»
Primeiro: a tortura nunca foi nem nunca será um “espectáculo” em parte nenhuma do Universo, é apenas um conjunto de actos cruéis e desumanos.
Segundo: o diagnóstico está feito: morte matada.
Terceiro: cura, nenhuma. Ninguém neste mundo tem o poder de ressuscitar mortos, ainda mais, mortos que ninguém quer ver vivos.
2 - «O toureio: aspectos evolutivos de uma arte»
Arte? A tortura será um “dom” de criaturas que têm baixos instintos, baixa moral, baixa cultura, baixa educação, algo execrável, que não tem a mínima condição para se encaixar na categoria de Arte.
O toureio é uma psicopatia, passível de tratamento psiquiátrico, e internamento vitalício num hospício.
3 - «A pega: critérios de avaliação»
A pega é um acto cobarde de criaturas rudes contra um ser moribundo.
A avaliação não pode ser mais baixa: milhares de zeros abaixo de zero.
***
Se querem reunir-se para falarem de algo que desaparecerá brevemente, reúnam-se.
Se é para tentar ressuscitar um morto… DESISTAM.