O que é um bruto?
É aquele que continua numa condição primitiva.
É um indivíduo vulgar, grosseiro, tosco, violento, selvagem (no mau sentido da palavra), cruel, agressivo, desumano, atroz, bárbaro, bravio, brutal, feroz, ríspido, severo, truculento…
DEDICADO AOS “ PAULOS” DO MUNDO TAUROMÁQUICO
Não queremos que as crianças e jovens portugueses sejam adjectivados deste modo tão indelicado, como o são todos os que actualmente praticam, aplaudem e apoiam a tauromaquia, em todas as suas vertentes.
Não queremos que eles se transformem nos monstros do futuro.
Por isso, uma vez mais, chamamos aqui a atenção das autoridades portuguesas para o facto de serem urgentes medidas que protejam as crianças e jovens da barbárie, da violência e da tortura que fazem parte da actividade tauromáquica, e para a qual eles são aliciados através de lavagens ao cérebro, uns, e à força de bofetadas, outros.
Deixo-vos com dois excelentes textos de José Dores (técnico de saúde, cidadão lúcido que sabe o que diz), os quais poderão ajudar ao tal “estudo profundo”, que o Senhor Presidente da CNPCJR pretende encetar.
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José Dores deixou um comentário ao post É POR EXISTIREM “PRODUTORES” COMO O PAULO E LEIS QUE NÃO PASSAM DE LETRAS MORTAS E AUTORIDADES PERMISSIVAS QUE PORTUGAL É UM PAÍS EMBRUTECIDO às 13:26, 2013-12-27.
Comentário:
«O Sr. Paulo diz-se um pai preocupado com o bem-estar do seu filho e ao mesmo tempo diz que a lei é mal feita.
A existência de pais como este é que levou à criação de CPCJ's, porque ser pai não confere conhecimentos acerca de desenvolvimento infantil e juvenil, nem torna a pessoa numa autoridade acerca de bem-estar do seu filho.
Sr. Paulo, você não manda na vida do seu filho, aliás deixe-me reformular, você manda porque vive em Portugal, um país sem talho nem maravalho, caso não vivesse você perceberia qual o papel do pai (que eu também sou), somos apenas e só os tutores de uma pessoa que não tem idade ou capacidade para decidir sobre determinados assuntos na sua vida.
Estamos aqui para zelar pela existência de todas as oportunidades para o seu desenvolvimento saudável.
O que é um desenvolvimento saudável não cabe ao Paulo decidir, cabe a quem entende de desenvolvimento. Como técnico de saúde posso afirmar que os 6 anos são desadequados, deveria ser aumentada a idade interdita a estes espectáculos, porque assistir a uma tourada reduz a capacidade de uma criança em gerar empatia pelo sofrimento alheio, seja ele de um animal não humano ou humano, coisas que ultrapassam o Paulo, julgando pelas suas afirmações.
Quanto ao aspecto da tradição, como alentejano orgulhoso, digo-lhe que a tourada faz parte das tradições da minha terra, da minha família, mas existem tradições culturais que pela força da evolução dos conhecimentos científicos e das características sociais das populações são para estar num museu e em mais lado nenhum.
A tourada é uma representação cultural de outros tempos, tempos em que a vida tinha um significado e um valor diferente, hoje a vida é respeitada e preservada, rituais que envolvem a morte e o sofrimento estão condenados à incompreensão da generalidade da população, uma vez que se educa para respeitar esse precioso bem que é a vida.
Paulo, enquanto o seu filho é educado a rir, bater palmas e dar vivas perante o sofrimento e a morte, as minhas filhas serão educadas a chorar e a revoltarem-se perante o mesmo...
Veremos quem estará enquadrado na sociedade do futuro. Cpts e Bom Ano 2014...
Algum ano será o ano do fim da tourada!»
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José Dores deixou um comentário ao post A JUVENTUDE TAURINA PORTUGUESA NÃO SABE QUE “CRESCER SÃO E MUITO FELIZ” NÃO É O MESMO QUE CRESCER PSIQUICAMENTE EQUILIBRADO às 12:43, 2014-02-21.
Comentário:
«O que se poderá dizer a pessoas/jovens/crianças que foram educadas a pensar assim?!
Acho que nem tem assunto possível, é um pouco como explicar a um indivíduo de etnia cigana que a sua filha de 14 anos tem direito a escolher com quem quer casar e é muito nova para o fazer, ele foi educado para pensar assim.
Nós poderemos achar a comparação desproporcional, mas isso deve-se ao facto de apenas nestes últimos 10/15 anos a cultura de respeito pelos demais animais tenha surgido na nossa sociedade de forma generalizada.
Assim sendo a única coisa que tenho a dizer a estes jovens é que vocês são os últimos a terem sido educados a desrespeitar os demais animais, que isso poderia ser uma expressão cultural portuguesa, mas a cultura é mutável e está constantemente a alterar-se, é uma mudança continua, logo isso não justifica nada, quando apareceu a tourada, nem havia direitos humanos, direitos da criança, direitos dos animais, a vida humana e não humana valia muito pouco nessa sociedade medieval, qualquer problema ou conflito era resolvido através da força física e da morte.
Hoje é aceite universalmente que a vida humana deve sempre ser preservada, que o desenvolvimento são da criança deve ser preservado, ainda que ela não tenha noção do que lhe estão a fazer ou os seus pais discordem, dai haverem instituições que retiram a tutela das crianças aos pais e finalmente hoje também se sabe que os touros têm sentimentos, sofrem, sentem dor e merecem respeito por tudo isso... nenhuma destas coisas é incontornável, não haverá cultura, tradição, pessoa, grupo, entidade, politico, grupo partidário, etc., que poderá adiar a abolição da tourada para sempre...
Não sabemos a data, mas sabemos que o fim chegará. Juventude Taurina Portuguesa, dizermos que somos sãos e muito felizes é muito fácil e lacónico tendo em conta o contexto, isso é algo que se avalia como diz a Isabel, nós veremos se serão pessoas sãs e felizes.»
Origem da foto: http://www.pinchbeckcomics.com/Il_Mostro_Bruto.aspx
É esta uma das imagens que a RTP faz questão de oferecer aos maiores de SEIS anos... Quanta “dignidade”! Não, Joel Neto?
por JOEL NETO
1. A resistência da maioria à proposta do Bloco de Esquerda para proibir a exibição de touradas na RTP (e limitá-la na SIC e na TVI) anda a deixar o Portugal do Chiado e do Cais do Sodré em brasa. No fundo, todos nós, os que gostam de touradas, ou que pelo menos reconhecem a importância histórica e o valor etnográfico, somos uns brutos. Há dias estava a ver um combate de Ultimate Fighting Championship na SIC Radical e pensei nisso: é curioso que, tanto quanto me lembre, nem o BE, nem nenhum outro moderninho luso alguma vez promoveu uma proposta de lei, ou um protesto avulso, sobre a exibição de pessoas estilhaçando-se à porrada e abraçando-se ensaguentadas na TV. Por outro lado, claro, não é tão curioso assim. Como sabemos, os ucranianos terem "assassinado" uma série de cãezinhos de rua também nos preocupa muito mais do que o massacre de civis na Síria. Esta espécie está de pernas para o ar - e, quanto a isso, já não há nada a fazer.
2. Percebo que o canal Hollywood promova uma "festa Sexo e a Cidade" para assinalar a emissão do segundo filme inspirado na série. O que não percebo é que tantas figuras do audiovisual (e do chamado jet set) continue a acorrer a este tipo de eventos com tal afã. Suponho que as nossas figurinhas queiram com isso deixar bem expresso que vão beber à revolução sexual, que também sabem ser sexualmente agressivas e, claro, que são moderníssimas. Imagino que nunca tenham percebido que Carrie Bradshaw, no seu afã libertário, era profundamente conservadora. E que menos ainda lhes passe pela cabeça que qualquer afã em torno da série é tão tonto como andar a vender o Dartacão há 30 anos, como fazem os nossos humoristas da personagem geracional e da piada mil vezes repetida.
COMENTÁRIO DE Rui C. Barbosa AO “MUNDO MODERNINHO” do JOEL
http://www.carris-geres.blogspot.pt/2012/06/o-grande-bruto.html
De tempos a tempos lá surge aqui algo que em nada está relacionado com o tema deste blogue... a vida é assim.
Hoje, dia 27 de Junho de 2012, no Diário de Notícias surgiu uma brutalidade com o título "O mundo moderninho" da autoria de Joel Neto que não conheço nem quero ter o desprazer de conhecer. Gente deste tipo não me interessa. No entanto, não posso deixar de escrever umas linhas sobre esta crónica... brutalmente ignorante.
Esta gente que gosta de touradas utiliza argumentos que para alguém a uns degraus acima do seu nível intelectual é difícil de compreender. Costuma-se dizer que nunca devemos tentar argumentar contra um idiota, pois este rebaixa-nos ao seu nível e bate-nos aos pontos. Assim, nem vou tentar desmontar o argumento da suposta "importância histórica e valor etnográfico" da tourada que a comparo à importância histórica e ao valor etnográfico de outras velhas tradições há muito esquecidas do nosso imaginário nacional.
No entanto, e por muito que tente compreender a utilização de argumentos por parte deste gente, é-me difícil entender qual o paralelismo entre os combates da Ultimate Fighting Championship (UFC) e as touradas. Ou melhor, tirando a perfeita estupidez de ambos, não vejo outros pontos de tangência. Vejamos, na UFC dois humanos lutam entre si de forma voluntária e consciente sabendo qual o possível resultado final da luta. Na tourada, um animal mal tratado antes, durante e depois da tourada, enfrenta um touro que ali está depois de ter sido espicaçado e abusado antes de entrar na arena para sofrer maus tratos e torturas que certamente mais tarde ou mais cedo lhe trarão a morte gloriosa e digna que os defensores desta barbaridade tanto apregoam num apogeu cultural sem paralelo num palco, num ecrã ou num CD deste país. Se chamar a isto é uma certa «brutalidade» é um exagero, então não sei o que será.
Talvez brutalidade seja tentar encontrar falaciosos argumentos para se tentarem convencer a eles próprios de que o que fazem é o correcto. Dizem que é legal e que pelo tal o podem fazer. Concordo que seja legal pois este país tem a tendência para manter na legalidade as coisas mais absurdas, tentando atribuí-lhes o estatuto de património imaterial ou coisa do género.
Talvez um dia, Sr. Joel Neto, encontrem a cura para a sua doença. Sua doença e de muitos outros, porque no fundo é isso o que vocês são, doentes! Da mesma forma que um pedófilo tira o prazer ao esturpar uma criança, vocês tiram o vosso prazer ao esturpar a dignidade, violentar e maltratar os animais. E isto impede-lhes o discernimento de entender que a maior preocupação daqueles que defendem os animais está no bem estar da Humanidade e como tal são capazes de se preocupar tanto com o massacre de cães na Ucrânia como na chacina dos homens, das mulheres e das crianças na Síria, bem como ter uma certa compaixão de infelizes como você, Joel Neto, que na brutalidade da sua ignorância e na limitação dos seus horizontes não percebe que de facto é um simples bruto.
A inteligência humana é a única arma capaz de garantir a Paz
Será possível definir a Violência?
Talvez pudéssemos enfeitar a palavra com florzinhas amarelas, para torná-la menos agressiva!
Mas como?! A violência não se deixa enfeitar. Ela é tão primitiva, tão tosca! Vive entre as trevas, nas profundezas do espírito dos que são apenas “omens”, numa tão grande obscuridade, que enfeitá-la seria um sacrilégio. Além disso, porque está tão arredada da civilização e da civilidade só as mentes mais primitivas e toscas a ela têm acesso.
Ela faz parte de um mundo sombrio onde habitam os rudes, os grosseiros, os irracionais, os estúpidos, os covardes. Numa palavra: os brutos.
E o que é um bruto? É aquele que usa a força, a ameaça, a chantagem para impor o seu ponto de vista, por isso, a violência é a maior “qualidade” dos brutos, que não passando estes de requintados covardes.
Um bruto não conhece a linguagem da flor. Não sabe da brisa suave que faz ondular as searas. Só sabe de ventanias que sopram forte, de tufões, de furacões, de vendavais, que tudo destroem. Um bruto cavalga nos ventos, semeia tempestades por onde passa e vagueia depois, perdido, entre os escombros da sua malvadez, acabando por se afogar no sangue das suas próprias vítimas.
Mas tu não és um bruto.
Tu conheces a linguagem da flor. Não vives nas trevas. Fazes uso da tua inteligência, a mais eficaz arma de combate do ser humano.
Só os covardes se escudam na força bruta ou numa arma qualquer. Se lhe sugerirmos que sejam Homens e não usem a força da força, nem a ameaça das armas, nem a chantagem, nem algum outro tipo de violência, mas unicamente o poder da sua inteligência e combatam os combates com palavras, como seres civilizados, eles rirão um riso de dentes podres e depois, afundados na sua insignificância mental e às ceguinhas, por entre as trevas abismais do seu espírito, usarão da violência e mostrarão então toda a inferioridade dos seus actos.
Ninguém é superior a ninguém. Apenas os excrementos humanos e a malvadez dos “omens” são execráveis e passíveis de desprezo!
Pois é, ninguém é superior a ninguém a não ser pelos actos que comete.
Um bruto é um “omem” obscuro, oblíquo, desusado, ignorante, por isso, ao usar a violência que vem das trevas, transforma-se numa criatura inferior.
Mas tu conheces a linguagem da flor. Ensina-o a ser Homem com o teu pacifismo e a tua inteligência: a única arma capaz de garantir a Paz.
in «Manual de Civilidade» © Isabel A. Ferreira