Segunda-feira, 26 de Junho de 2023

«As “contas certas” da desinformação»

 

Texto publicado por JPG

 

 

Este assunto já foi por diversas vezes abordado aqui, sempre na medida em que tem tudo a ver ou relaciona-se umbilicalmente com o neocolonialismo linguístico invertido (#AO90) a que todos vamos assistindo com indisfarçável horror.

 

Traduzindo com simplicidade um conceito extremamente complexo de cariz político — daí o aproveitamento demagógico e caceteiro que dele fazem os extremistas de direita e de esquerda –, trata-se de (pelo menos) indagar qual o volume total do contingente brasileiro já instalado em Portugal e de que forma as instâncias governamentais portuguesas escondem ou mastigam os números respeitantes a essa realidade.

 

E porquê, é claro. Porque fazem tal coisa? Haverá de facto uma relação directa — ou de causa e consequência — entre a “ponte aérea” em curso e a imposição manu militari da cacografia brasileira? Haverá mesmo um nexo de causalidade, um continuum (planeado até ao mais ínfimo detalhe, será?) entre o #AO90, a invenção da CPLP (1996), o “Estatuto de Igualdade” (ano 2000) e o “Acordo de Mobilidade” de 2021?

 

Tal encadeamento de etapas suscita desde logo uma série de questões cujas respostas os diversos órgãos de poder se limitam a ignorar ou, se encostados à parede — o que muito raramente sucede –, a tartamudear uns lugares-comuns, as frasezinhas ocas da ordem, a liturgia da mentira devota; como, por exemplo e um pouco ao calhas, estas poucas perguntinhas, só 11:

 

  1. – existe alguma espécie de reciprocidade, isto é, qualquer cidadão português pode emigrar para o Brasil à vontade (ou à vontadinha)?
  2. – se existe essa reciprocidade, como é possível entender que exista “igualdade” num estatuto quando uma das partes tem 210 milhões e a outra apenas 10 milhões de habitantes?
  3. – os documentos de um cidadão português são automaticamente válidos no Brasil?
  4. – sucede com a carta de condução de um português lá o mesmo que sucede com a “licença para dirigir” de um brasileiro cá, ou seja, para eles vale mas para um suíço, por exemplo, não vale?
  5. – existe no Brasil, à semelhança daquilo que se passa em Portugal, alguma ou algumas entidades e/ou organizações e/ou mecanismos (financeiros ou outros) para o acolhimento de portugueses?
  6. – a cidadania brasileira é reciprocamente concedida a cidadãos portugueses, nos mesmos termos, com as mesmas condições e facilidades?
  7. – existe algum serviço brasileiro online, como o português (ou, se calhar, até melhor) para tornar “mais expeditos” os processos burocráticos envolvidos nos processos de legalização, cidadania, estabelecimento, criação de empresas, licenciamento, alojamento e reunião familiar?
  8. – sabendo que o “estatuto de igualdade” permite a qualquer cidadão brasileiro obter concomitantemente a cidadania europeia, podendo assim emigrar de Portugal para qualquer país europeu, em que medida beneficiam os portugueses no Brasil desse tipo de prerrogativas?
  9. – os naturais dos PALOP, nos termos da CPLB, detêm automaticamente no Brasil os mesmos direitos dos cidadãos brasileiros?
  10. – os estudantes portugueses no Brasil podem escrever — por exemplo, nos testes e exames — em Português ou são penalizados se não escreverem em língua brasileira?
  11. Existem protocolos de sentido inverso entre o Estado português e as universidades brasileiras (contingentes, “facilidades”, bolsas, rácios de aprovação etc.)?

 

Enfim, sejamos comedidos, não valerá certamente a pena chegar à dúzia; quando não, como sucede com as cerejas, a lista de perguntas arrisca-se a ficar ligeiramente aborrecida.

Este intróito, que aliás já vai longo, serve apenas de enquadramento à situação que de novo aqui se denuncia: a desinformação oficial.

 

Exacto, desinformação, e sim, oficial. Aquilo que, passando por “dados públicos”, provém dos mais diversos gabinetes governamentais — e respectivas filiais em entidades avulsas — está sempre ou “muito atrasado” ou… muito parado. Ou então, variante ainda mais frequente, esses dados estão por sistema muito… marados. Não é mera coincidência que, sob os auspícios (isto é, cumprindo alegremente ordens) da UE, estejam neste momento bastante adiantados os “mecanismos” de “detecção” (ou seja, de escolha selectiva) daquilo a que os DDT chamam “desinformação”; o que pretendem, evidentemente, é deter eles mesmos o exclusivo da desinformação e ainda, como efeito secundário — mas ainda mais conveniente para os seus interesses — para poderem silenciar “legalmente” qualquer voz dissonante e assim eliminar toda a verdade não-oficial, ou seja, in short, toda a verdade.

 

Este é (mais) um caso flagrantíssimo de tal mecanismo. Em apenas oito dias, 10.256 brasileiros que tinham comprado casa em Portugal venderam-nas, regressaram a penates e levaram com eles cerca de 1.250.000 parentes.

 

João Pedro Graça.PNG

João Pedro Graça 2.PNG

 

 
publicado por Isabel A. Ferreira às 16:26

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Segunda-feira, 3 de Fevereiro de 2020

Uma abordagem da Língua Portuguesa sob a óPtica (*) brasileira, para refleCtirmos que grafia queremos para Portugal

 

Aqui deixo esta dica, para que não digam que sou eu (Isabel A. Ferreira) que invento esta coisa de chamar Brasileiro ao que se fala e escreve no Brasil, pois se até os próprios Brasileiros e Alemães o dizem.   

 

Eu não invento nada. Tenho opiniões, obviamente, mas não trabalho debruçada nas minhas opiniões, tão-só sobre factos.

 

Se me perguntarem qual é a minha opinião sobre o que aqui se vai abordar direi: contra factos não há argumentos. E o facto é que, no Brasil, há muito quem considere Brasileiro ao que lá se fala e escreve. E quem sou eu para contrariar aqueles que têm direito a uma Língua que identifique o próprio país, e que não se revêem na Língua que herdaram do colonizador, ao ponto de se afastarem das suas raízes?

 

Li algures que «alterar o Idioma Português é sinal de falta de Cultura. O Idioma Português é um Idioma, cuja origem é o Latim, daí chamar-se um Idioma Neolatino, tal como o Castelhano, o Galego, o Catalão, o Francês e o Italiano. Os adeptos do AO90 coagem-nos a adoptar o nosso Idioma Neolatino adulterado na sua forma grafada.

 

É uma ortografia adulterada que queremos para Portugal?

 

Ensinar o brasileiro.jpg

 

Ensinar o Brasileiro” - Livro à venda na Amazon

 

Sinopse do livro:

Há um grande número de perguntas relevantes, comuns aos professores de língua materna, cujas respostas podem interferir na prática docente. Essa necessidade dos professores chamou tanto a atenção do autor, que ele começou a colecionar as perguntas que lhe eram feitas, no intuito de produzir um livro de respostas condensadas, com o objetivo de atender a essa demanda por material informativo. Cinquenta dessas perguntas reais estão aqui, mais ou menos com as mesmas respostas que foram dadas. Existem boas respostas na bibliografia corrente, mas essas respostas são ou dispersas, ou demasiadamente complexas, exigindo um tempo e um conhecimento nem sempre correspondentes à realidade de nossos professores do ensino fundamental e médio. Esse livro é o resultado dessa interação com os docentes do nível fundamental I e II e médio. Ele pretende ser sucinto, claro e objetivo, permitindo uma compreensão básica dos temas abordados. Esperamos que ele auxilie nossos professores do brasileiro na compreensão de alguns temas importantes. Mas é preciso ressaltar que não estamos propondo um receituário. Os conceitos e opiniões aqui apresentados nem sempre são consensuais, além de que precisam ser confrontados com a realidade de cada comunidade atendida e, em última instância, de cada professor e de cada aluno, para que as necessárias adaptações possam ser efetuadas, com bom senso e respeito.»

 

Fonte:

https://www.amazon.com.br/Ensinar-Brasileiro-Respostas-Perguntas-Professores/dp/8588456680

 

***

 

Português do Brasil a caminho da autonomia?

 

«A análise de documentos antigos e de entrevistas de campo ao longo dos últimos 30 anos está mostrando que o português brasileiro já pode ser considerado único, diferente do português europeu, do mesmo modo que o inglês americano é distinto do inglês britânico. O português brasileiro ainda não é, porém, uma língua autônoma: talvez seja quando acumular peculiaridades que nos impeçam de entender inteiramente o que um nativo de Portugal diz. Veja no vídeo produzido pela equipe de Pesquisa FAPESP como a expansão do português no Brasil, as variações regionais com suas possíveis explicações e as raízes das inovações da linguagem estão emergindo por meio do trabalho de diversos linguistas

 

Vale a pena ver e ouvir atentamente o que se diz no vídeo. E assim falassem todos os Brasileiros, porque era sinal de que, nas escolas, o Português (dito) do Brasil estava a ser ensinado adequadamente.

 https://www.youtube.com/watch?time_continue=331&v=0sDuGRKwguY&feature=emb_title

 

Fonte:

https://www.jornaltornado.pt/as-marcas-do-portugues-brasileiro/?fbclid=IwAR2gy2mTqjaZ-zkj2d8RgfxhewYzQhzzkm92iSoAEksYSRMu7hlysynSlis

 

«Adulteração, no Brasil, de livro português. A Ilíada, de Frederico Lourenço»

 

IlÌADA.jpg

 

Chamo a atenção para o facto de este texto, cuja leitura recomendo vivamente (clicar no link), porque além de excelente, está primorosamente bem escrito, ser da autoria de um jurista e professor universitário brasileiro, portanto, não é meu (para que não digam que eu é que ando sempre a implicar com o abrasileiramento de textos portugueses).

 

Soubessem os acordistas portugueses escrever tão apuradamente como Arthur Virmond de Lacerda Netto! Mas, lastimavelmente, os acordistas portugueses escrevem como meninos da primeira classe da escola básica.

https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/dulteracao-no-brasil-de-livro-751590

 

«A mutilação da "Língua-Mater"»

 

O desabafo de uma cidadã brasileira sobre o acordo do seu descontentamento:

«Ando macambúzia, cabisbaixa e sorumbática, desde o dia 01/Janeiro, quando ouvi oficiosamente em dois jornais televisivos diferentes, que o AO entraria em vigor no Brasil, a partir de então...não pelo que representa aqui, tolices de meia dúzia (se tanto) de regras sem sentido, mas porque um aceite do Brasil, era a chancela de que "pulhíticos" de ambos os lados precisavam, para deflagrar a hecatombe nuclear da Língua Portuguesa, que como o próprio nome diz é a "Língua de Portugal"...»

 

Ler o texto completo aqui:

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-mutilacao-da-lingua-mater-27973

 

Oscar wilde.jpg

 

 «O objectivo brasileiro é impor o Brasilês sobre o Português»

 

Quem o diz não sou eu. Quem o diz é Helena Seiler, uma brasileira que vive nos EUA, e tal como eu, sabe o que está por trás da imposição política do AO90.

Embora eu também o diga.

E digo mais: digo que o Português brasileiro, apenas diz respeito ao Brasil. Não diz absolutamente nada a Portugal.

 

Ver o texto aqui:

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-objectivo-brasileiro-e-impor-o-67583

 

Orwell.jpg

 

(*) No Brasil, o vocábulo óptico (relativo a visão) não se escreve com , escreve-se ótico (relativo aos ouvidos), o que, na minha óPtica, e penso que na óPtica de todos quantos são pela clareza e objectividade da linguagem, deveria ser escrito óPtico, quando falamos de olhar, e ótico, apenas quando falamos de ouvidos, até porque em nenhuma língua europeia se confunde ouvidos com olhos, e o “nervo ótico” é algo que nem sequer existe.

Em Portugal, devido ao abrasileiramento da grafia portuguesa, passámos todos a ouvir pelos olhos e a ver pelos ouvidos, numa promiscuidade, sem precedentes.

 

É isto que queremos para Portugal?

 

Isabel A. Ferreira    

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:09

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Terça-feira, 14 de Janeiro de 2020

Uma interessante lição de História que veio do Brasil

 

Como o Saber não ocupa lugar, o que aqui se transcreve, textualmente, também poderá interessar a Portugal que, além de estar a perder a Língua Materna, está a perder também a sua História.

 

A História que se ensina nas escolas brasileiras está muito mal contada. Em Portugal, a História está posta de canto. Estes apontamentos valem muito mais do que tudo o que se (mal) ensina, por lá e por cá.

 

Aproveitemos a lição, não só de História, mas também do Português, dito Brasileiro, assinalado a negrito. É que uns e outros ainda têm muito, muito o que aprender.

 

Isabel A. Ferreira

 

dompedrosegundo.jpg

Dom Pedro II – Imperador do Brasil

 

«CERTAMENTE SEU PROFESSOR DE HISTÓRIA NÃO TE ENSINOU ISSO NA ESCOLA» 🏴

 

Santos Dumont almoçava 3 vezes por semana na casa da Princesa Isabel em Paris.


A ideia do Cristo na montanha do Corcovado partiu da Princesa Isabel.


A família imperial não tinha escravos. Todos os negros eram alforriados e assalariados, em todos os imóveis da família. 

 

D. Pedro II tentou ao parlamento a abolição da escravatura desde 1848. Uma luta contra os poderosos fazendeiros por 40 anos.


D. Pedro II falava 23 idiomas, sendo que 17 era fluente.


A primeira tradução do clássico árabe “Mil e uma noites” foi feita por D. Pedro II, do árabe arcaico para o português do Brasil.


D. Pedro II doava 50% de sua dotação anual para instituições de caridade e incentivos para educação com ênfase nas ciências e artes.


D. Pedro Augusto Saxe-Coburgo era fã assumido de Chiquinha Gonzaga.


 Princesa Isabel recebia com bastante frequência amigos negros em seu palácio em Laranjeiras para saraus e pequenas festas. Um verdadeiro escândalo para época.


 Na casa de veraneio em Petrópolis, Princesa Isabel ajudava a esconder escravos fugidos e arrecadava numerários para alforriá-los.


Os pequenos filhos da Princesa Isabel possuíam um jornalzinho que circulava em Petrópolis, um jornal totalmente abolicionista.


D. Pedro II recebeu 14 mil votos na Filadélfia para a eleição Presidencial, devido sua popularidade, na época os eleitores podiam votar em qualquer pessoa nas eleições.


Uma senhora milionária do sul, inconformada com a derrota na guerra civil americana, propôs a Pedro II anexar o sul dos Estados Unidos ao Brasil, ele respondeu literalmente com dois “Never!” bem enfáticos.


 Pedro II fez um empréstimo pessoal a um banco europeu para comprar a fazenda que abrange hoje o Parque Nacional da Tijuca. Em uma época que ninguém pensava em ecologia ou desmatamento, Pedro II mandou reflorestar toda a grande fazenda de café com mata atlântica.


Quando D. Pedro II do Brasil subiu ao trono, em 1840, 92% da população brasileira era analfabeta.


Em seu último ano de reinado, em 1889, essa porcentagem era de 56%, devido ao seu grande incentivo a educação, a construção de faculdades e, principalmente, de inúmeras escolas que tinham como modelo o excelente Colégio Pedro II.

 

A Imperatriz Teresa Cristina cozinhava as próprias refeições diárias da família imperial apenas com a ajuda de uma empregada (paga com o salário de Pedro II).

 

(1880) O Brasil era a 4º economia do Mundo e o 9º maior Império da história.

 

✔ (1860-1889) A média do crescimento econômico foi de 8,81% ao ano.

 

(1880) Eram 14 impostos, atualmente são 98.

 

(1850-1889) A média da inflação foi de 1,08% ao ano.

 

(1880) A moeda brasileira tinha o mesmo valor do dólar e da libra esterlina.

 

(1880) O Brasil tinha a segunda maior e melhor marinha do Mundo, perdendo apenas para a da Inglaterra.

 

(1860-1889) O Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo no Mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e deficientes visuais.

 

(1880) O Brasil foi o maior construtor de estradas de ferro do Mundo, com mais de 26 mil km.

 

A imprensa era livre tanto para pregar o ideal republicano quanto para falar mal do nosso Imperador.


"Diplomatas europeus e outros observadores estranhavam a liberdade dos jornais brasileiros" conta o historiador José Murilo de Carvalho. Mesmo diante desses ataques, D. Pedro II se colocava contra a censura. "Imprensa se combate com imprensa", dizia.

 

O Maestro e Compositor Carlos Gomes, de “O Guarani” foi sustentado por Pedro II até atingir grande sucesso mundial.

 

Pedro II mandou acabar com a guarda chamada Dragões da Independência por achar desperdício de dinheiro público. Com a república a guarda voltou a existir.

 

Em 1887, Pedro II recebeu os diplomas honorários de Botânica e Astronomia pela Universidade de Cambridge.

 

A mídia ridicularizava a figura de Pedro II por usar roupas extremamente simples, e o descaso no cuidado e manutenção dos palácios da Quinta da Boa Vista e Petrópolis. Pedro II não admitia tirar dinheiro do governo para tais futilidades. Alvo de charges quase diárias nos jornais, mantinha a total liberdade de expressão e nenhuma censura.

 

D. Pedro II andava pelas ruas de Paris em seu exílio sempre com um saco de veludo ao bolso com um pouco de areia da praia de Copacabana. Foi enterrado com ele.»

 

Fonte: Biblioteca Nacional RJ, IMS RJ, Diário de Pedro II, Acervo Museu Imperial de Petrópolis RJ, IHGB, FGV, Museu Nacional RJ, Bibliografia de José Murilo de Carvalho.

 

#BrasilRealTv

 

Origem do texto:

 https://www.facebook.com/veralucia.assuncao/posts/3145347318812699

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:00

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Quinta-feira, 2 de Janeiro de 2020

É inadmissível que uma professora marque como “erro”, os vocábulos que uma aluna do 5º ano de escolaridade escreve correCtamente na sua Língua Materna

 

Esta publicação vai ao cuidado do senhor ministro da Educação, Dr. Tiago Brandão Rodrigues, cuja política (des)educativa está a contribuir para o caos nas escolas, mas pior do que isso, está a contribuir para o DESENCANTO de muitas crianças, que não nasceram parvas, não são nada parvas, nem gostam que as façam de parvas, estudam línguas estrangeiras (como o Inglês e o Castelhano) e ao estudar essas línguas, sabem que aquele “direto” que aparece nos ecrãs das televisões, lê-se “dirêto”, porque lhe falta o , e que todas as palavras mutiladas, que as obrigam a escrever,  não pertencem à Língua Portuguesa.

 

EDUCAÇÃO.jpeg

 

O incidente, referido no título deste texto, foi-me contado pela própria criança, uma menina de 10 anos, quase a completar os onze. Uma menina que sabe que está a ser enganada na escola. Uma menina que lê livros em Português correCto, a par do Português incorreto (incorrêto, como ela pronuncia, e bem). Uma menina que sabe distinguir o que é Português do que é Brasileiro.  Uma menina que sabe que a ortografia que lhe é impingida na escola, é a brasileira. E ela sente-se defraudada, e diz-me: «Mas eu não sou brasileira. Sou portuguesa». Pois é. Claro que é.

 

E haviam de ver a tristeza com que me contou este triste episódio: «A professora marca-me erro quando escrevo os cêse os pês nas palavras portuguesas, como aspeCto e adoPtar...»


 
E isto, senhores professores, que marcam erro quando as crianças escrevem, correCtamente, e senhor Ministro da Educação, um dos que impõe regras mal geradas, NÃO SE FAZ a uma criança que frequenta uma escola para APRENDER, até porque, todos nós sabemos que o AO90 é a maior fraude de todos os tempos, não está em vigor coisa nenhuma,  pois a Resolução do Conselho de Ministros que obrigou à aplicação da grafia brasileira, além de não fazer lei, na prática, funciona apenas como uma ordem por escrito”. Sugiro a leitura do texto inserido neste link:

 

«O Desacordo Ortográfico»

 

"ordem" essa que qualquer professor pode recusar-se a obedecer, porque a tal não é obrigado,  por não existir uma lei que o obrige.

 

Portanto, é ILEGAL marcar erros, quando as crianças escrevem correCtamente a sua Língua Materna, e os professores que agem deste modo, deviam ser penalizados, porque estão na Escola para ENSINAR Português, falado e escrito à Portuguesa, e não para ensinar a grafar à brasileira, apenas para fazer o jeito aos políticos que, por sua vez, andam a fazer o jeito ao Brasil. Por alma de quem?

 

É preciso que os professores, de uma vez por todas, ganhem a consciência de que estão a obedecer a “ordens” mal engendradas,não a cumprir a sua nobre missão de ENSINAR.



Aconselho vivamente a todos os professores que, por ventura, possam andar por aqui a procurar informações fidedignas, a ler o texto inserido neste link:

 

Não existe lei alguma que obrigue um professor a "ensinar" Português segundo a cartilha brasileira, nas escolas portuguesas

 

Aos governantes, para quem envio todos os textos que publico neste Blogue (lido em 145 países, de todos os continentes, onde vivem Portugueses) sugiro que, neste início do ano de 2020,  façam um acto de contrição, e ao menos, uma vez na vida, reconheçam que erraram e estão no caminho errado, até porque manter o monumental erro que foi trocar a grafia portuguesa pela grafia de uma ex-colónia, para fazer o jeito ao Brasil, é uma atitude de profunda fraqueza moral que, a  continuar, colar-se-á à vossa pele como uma tatuagem irremovível.



Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:53

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Segunda-feira, 22 de Abril de 2019

«O BRASIL QUER LIVRAR-SE DO ACORDO ORTOGRÁFICO? TAMBÉM NÓS»

 

Elucidativo texto de Nuno Pacheco, jornal PÚBLICO

18.04.2019

 

NUNO PACHECO.jpg

Nuno Pacheco

 

Numa semana de perdas para a Cultura (o terrível incêndio que desfigurou a Notre-Dame de Paris, ou as mortes de Maria Alberta Menéres e Bibi Andersson) pode parecer desajustado falar disto. Mas não é possível ignorar um certo tweet brasileiro que prenuncia a extinção do “acordo ortográfico”, em coincidência temporal com a entrega, na Assembleia da República, das mais de 20 mil assinaturas da iniciativa de cidadãos (ILC-AO) que batalha para revogar a decisão que reduziu a três os países necessários para viabilizar o acordo.

 

Mas o que se passou, afinal? Isto: o jovem Filipe Martins, assessor especial da Presidência da República [do Brasil] para Assuntos Internacionais, publicou dia 6 de Abril no Twitter (agora governa-se por Twitter) o seguinte textinho: “Depois de nos livrarmos do horário de verão, temos que nos livrar da tomada de três pinos, das urnas electrônicas inauditávris [sic; seria ‘inauditáveis’, mas as teclas “r” e “e” estão lado a lado e ele devia ter pressa] e do acordo ortográfico.” Somou, em pouco tempo, 706 comentários, 6100 likes e 1100 partilhas.

 

Filipe Martins, 30 anos, é tudo menos um sujeito recomendável. Antes da segunda volta que deu a vitória a Bolsonaro, afirmou: “O que está acontecendo no Brasil é uma revolução – a fucking revolution – e não há meios de pará-la.” Os seus gestos, declarações e provocações, muitas vezes em tom de pilhéria, valeram-lhe, segundo a imprensa brasileira, os epítetos de “revolucionário de Facebook”, “líder da direita jacobina” ou “Robespirralho”, referência ao temível Robespierre, propagador do terrorismo de Estado durante a Revolução Francesa.

 

Com tais pergaminhos, poder-se-á concluir, apressadamente, que a anunciada “morte” do “acordo ortográfico” (AO) no Brasil será um golpe da direita mais radical contra a esquerda. Nada mais errado. A lista de coisas a abater, onde o AO agora se inclui, reflecte o pendor pretensamente nacionalista que o Brasil copia de Trump (género “O Brasil primeiro”), menorizando ou deitando fora tudo o que tenha um aroma de acordo externo, importação ou até de simples concertação entre pares mais distantes. Daí que a lista inclua o horário de Verão (que Bolsonaro já garantiu que não vai aplicar em 2019), as placas para matrículas de automóvel com padrão do Mercosul, a tomada eléctrica de três pinos (importada em 2000 e obrigatória desde 2011), as urnas para votação electrónica (em uso no Brasil desde 1996, o governo contesta agora a sua fiabilidade) e, finalmente, o dito “acordo ortográfico”, tendo este último uma explicação simples. Não se trata da língua, já que essa pouco dirá a tais ditames, mas de negócio. Veja-se só este delirante parágrafo da notícia que dava conta do tweet de Martins, no portal brasileiro ClickPB: “O acordo ortográfico completou 10 anos no início deste ano. A padronização do idioma permitiu um aumento do intercâmbio cultural, com livros de ficção, didáticos, paradidáticos e científicos, e documentos, escrituras, contratos e textos de todos os gêneros circulando entre os países sem necessidade de revisão.” Como se sabe, e comprova, isto é absolutamente falso; hoje, como há dez anos. Mas foi este canto de sereia que hipnotizou muitos políticos, alguns intelectuais e legiões de analfabetos.

 

Embalado nesta onda, esperava o Brasil ter negócios garantidos com Angola e Moçambique, os maiores países africanos, pois com Portugal já tem. Azar: nenhum destes países ratificou o acordo nem mostra vontade de o fazer (Angola, aliás, é particularmente crítica do processo). Nem eles, nem a Guiné-Bissau, nem Timor-Leste. Só Portugal, Brasil e, por arrasto, Cabo Verde (que tornou o crioulo língua primeira, não o português) e São Tomé e Príncipe. Para que quer, então, o Brasil, tal acordo? Para exibir em cimeiras multilaterais? Para a CPLP? Nem pensar. O Brasil de Bolsonaro dispensa enfeites, sobretudo se não rendem nada.

 

Se o Brasil cumprir o “chilrear” do passarão Filipe Martins, repetir-se-á a patética situação em que Portugal ficou quando o Presidente brasileiro Café Filho revogou por decreto, em 1955, a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira que representantes de Portugal e do Brasil haviam assinado em 1945, já depois do falhado Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro de 1931. Serão os mesmos dez anos, para assinar e rasgar o acordo. Só que em 1945 a ortografia consagrada no acordo respeitava o sistema vocálico português, e assim ficou – aqui e nas colónias africanas que viriam, felizmente, a tornar-se países independentes; enquanto a do “acordo” de 1990 se conforma mais ao sistema vocálico brasileiro, resultando absurdo e injustificável por cá.

 

Que fazer? Crescer, que já é tempo para isso. Libertados deste imenso logro “unificador”, os países nele envolvidos podem, além de definir as suas ortografias, cooperar cientificamente na feitura de um grande dicionário (deixem os vocabulários, que nada resolvem), partilhável em linha, com as variantes vocabulares e ortográficas dos vários países aí consagradas, para que todos possamos saber como se fala e escreve no espaço lusófono. Só encarando a diversidade que existe, e se pratica no dia-a-dia dos nossos países, podemos celebrar a Língua Portuguesa.

 

Fonte:

https://ilcao.com/2019/04/20/o-brasil-quer-livrar-se-do-acordo-ortografico-tambem-nos-nuno-pacheco-publico-18-04-2019/?fdx_switcher=true&fbclid=IwAR17sVeQ6elUnonFsAKgkoDXzwdk2eVxl3UDsbiFYqn68H_yA4VCtUVrL00

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:23

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Sexta-feira, 12 de Abril de 2019

E ASSIM VAI O INADMISSÍVEL E ARRUINADO ENSINO EM PORTUGAL

 

Ao cuidado de todos os que estão envolvidos no sistema de (des)ensino português, incluindo pais e encarregados de educação.

 

A imagem que aqui reproduzo (tive o cuidado de esconder o nome do Agrupamento, por motivos óbvios) chegou-me via-email, destinada a uma querida aluna, a meu cargo, nestas férias de Páscoa.

 

4º ano de escolaridade.

 

Fotocopiei a mensagem, e dei-a a ler à aluna. Só lhe pedi para ler alto o que a professora escreveu. E aguardei o resultado, esperando que a criança (de 10 anos) tivesse a mesma reacção que eu (porque as crianças não são as estúpidas que os governantes querem que sejam), quando me vi diante deste documento timbrado, do Governo de Portugal, Ministério da Educação e Ciência.

 

Scan.jpg

 

Marquei a vermelho os trechos com os quais a aluna esbarrou e me questionou, com os olhos esbugalhados (e não estou a inventar), e reproduzo fielmente as falas da menina (em sublinhado) que se seguiram.

 

Primeira linha: o trabalho de féria é importe. Hã? Não é assim, pois não?

Não, não é. Então como será?

Imediatamente a menina disse: o trabalho de férias é importante.

Muito bem.

Mas a professora não sabe escrever?

Saberá, mas está baralhada. Continua.

 

Segunda linha: agradeço que percam um pouco do vosso de tempo. O quê? Do vosso DE tempo? É do vosso tempo, não é?

Exactamente.

Mas o que é isto? A professora não sabe escrever?

Estaria distraída.

Sim, sim, ela é muito distraída. Às vezes ela escreve mal no quadro e temos de a corrigir.

Isso acontece. Vá, continua a ler.

 

E fomos parar à sexta sugestão onde se fala de treinar os algoritmos e (…) a subtração (que a aluna leu subtrâção, e muito bem).

 

E mais adiante os números fraccionários (frácionárius), inclusive a (…) subtracção (que a aluna leu subtráção, e muito bem)…

O quê? É subtracção ou subtração?

Não havia como enganar a criança. Jamais o faria.

Expliquei: subtracção (subtráção) é grafia portuguesa, é Português. Subtração (subtrâção) é grafia brasileira, é Brasileiro.

Mas nós somos portugueses!

Pois somos.

Então porque querem que se escreva à brasileira? Isto só me baralha!

 

Como responder a esta pergunta? Com a verdade, evidentemente. Às perguntas das crianças sempre devemos responder com a verdade, para que elas possam desenvolver o espírito crítico que falta aos governantes, a muitos pais e encarregados de educação, e aos próprios professores, que se entregam a esta missão desonrosa de enganar as crianças.

 

E a verdade é que os governantes portugueses, desde Cavaco Silva a Marcelo Rebelo de Sousa, todos eles, primeiros-ministros, ministros e deputados da ex-Nação Portuguesa, e professores e jornalistas servilistas e todos os outros marias-vão-com-as-outras, dotados de coluna vertebral cartilaginosa, trocaram a Língua Portuguesa pela Língua Brasileira, pelos motivos mais vis:  mania de grandeza e dinheiro.

 

A aluna bem sabe o que é a Língua Brasileira, porque tem uma colega brasileira na turma, que fala diferente e diz coisas diferentes das nossas. Não fala Português.

 

Não fala.

 

Esta “carta aos alunos” escrita atabalhoadamente (sem revisão) em mixordês (mistura de português com brasileiro) é inadmissível.

 

Não será a única.

 

Os maiores exemplos da mixórdia ortográfica vêm de cima, da presidência da República, do gabinete do primeiro-ministro, dos restantes ministros, de todos os grupos parlamentares. Dos próprios professores que, nas páginas do Facebook, escrevem as maiores barbaridades, incluindo palavrões.

 

Os manuais escolares são uma autêntica mina de disparates, desde as águias com grandes dentes, às invasões francesas para prender Dom João VI, e cheios de desenhos e desenhinhos, como se as crianças fossem muito estúpidas, não dando qualquer oportunidade à imaginação.

 

O que pretendem os governantes com este tipo de ensino idiota? Formarem os analfabetos funcionais do futuro, para que sejam tão submissos como os analfabetos funcionais da actualidade?

 

E há mais: é proibido dar más notas ou chumbar os alunos, para mostrar ao mundo que o sucesso escolar em Portugal existe. Quando isto não passa de uma grande aldrabice!

 

Alunos que escrevem gatafunhos, que ninguém entende, têm MUITO BOM a Português, ou melhor, a Brasileiro. Intolerável.

 

É inadmissível o que está a passar-se em Portugal no que respeita à Educação, ao Ensino, à Cultura.

 

DEMITA-SE senhor ministro da Educação e Ciência. Permitir uma tal balbúrdia no Ensino é um postura terceiro-mundista.

 

E os pais e encarregados de educação deviam tomar uma atitude drástica e EXIGIR um ensino de qualidade para os seus filhos, como está consignado na Constituição da República Portuguesa.

 

 

Com esta “carta” fiquei tão escandalizada e indignada quanto a aluna, que apesar dos seus dez anos, tem algo que falta aos actuais governantes: inteligência para ver as coisas tal como elas estão, ou seja, MAL. Muito MAL.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:55

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Quarta-feira, 30 de Janeiro de 2019

PORTUGAL E BRASIL: DOIS PAÍSES, DUAS LÍNGUAS

 

Um destes dias, publiquei um texto neste meu Blogue, no qual questionei o motivo que levou um cidadão português (?) (o actor Ricardo Pereira) a falar brasileiro, num programa dirigido aos portugueses lá de casa. Ver este link:

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-actor-portugues-ricardo-pereira-165286?utm_source=posts&utm_content=1548781276

 

E a questão é: Portugal e Brasil falam a mesma língua?

 

A propósito disto, recebi alguns comentários, e imagens que circulam por aí, que deixam claro que Portugal e Brasil não falam a mesma língua. Porque em Portugal, fala-se Português, e no Brasil, fala-se Brasileiro.

 

Vamos conferir?

 

BP 1 (1).jpg

Neste site, seleccione-se a Língua: o Brasileiro é a língua (entre outras línguas estrangeiras). E em Brasileiro escreve-se projeto (prujêtu) claro está. Porque em Português escrevemos projeCto, e em Inglês projeCt.

 

***

BP 1 (2).jpg

Até a Porto Editora sabe que não falamos a mesma Língua, embora este grupo editorial seja um dos que fomenta o negócio do AO90. Este dicionário é exclusivo para o Brasil, pois para Portugal existe este outro, exclusivo, em acordês.

E isto cheira a um nítido negócio da China.

 

BP 4.jpg

***

BP 3.png

Observe-se com atenção a 2ª. bandeira na fila de baixo, das Línguas a bordo deste autocarro panorâmico, o Yellow Bus, que circula em Lisboa: nitidamente a bandeira é a brasileira, que corresponde à Língua Brasileira. A bandeira portuguesa está confinada ao 3º. lugar, na fila de cima, mas em casa de ferreiro, o espeto não é de pau? Conclusão: neste autocarro fala-se Português e Brasileiro (entre outras línguas). Alguém duvida que são duas Línguas distintas?

***

Neste vídeo José Saramago teve de ser legendado, sim, porque José Saramago fala Português, uma língua incompreensível no Brasil. Desconhecia que, no Brasil, programas, novelas ou filmes portugueses são legendados e dobrados (no Brasil, dublados, do Francês doublage) em Brasileiro (no tempo em que por lá andei, não eram, até porque não se emitia nada em português). Em Portugal isto é algo que não acontece com os programas, novelas e filmes brasileiros.

***

Equador é uma série televisiva portuguesa de ficção histórica, de drama e romance, produzida pelo canal TVI, baseada na obra Equador, de Miguel Sousa Tavares. Os actores são portugueses e falam PORTUGUÊS, língua estrangeira para os Brasileiros, que necessita de ser dobrada, tal como o Inglês, o Francês e outras línguas estrangeiras.

 

Brasil e Portugal falam a mesma língua? Não me parece. Se falassem, não haveria necessidade de dobrar ou legendar o Português. Nenhum africano de expressão portuguesa o faz, porque eles falam e escrevem Português.

 

Qual a explicação para isto? Será a de que nós, Portugueses, somos mais dotados para as línguas estrangeiras do que os Brasileiros, por isso não necessitamos de legendar as novelas, os filmes e os programas brasileiros?

 

Para os Brasileiros, a Língua Portuguesa é língua estrangeira (tal como já é em Cabo Verde), para ser legendável e dobrável? Então? Não falamos a mesma língua?

 

***

BP 5.jpg

 

Este é um texto que encontrei no frasesparaoface.com, (um site brasileiro). E como este, há centenas deles, que circulam no “face” e levam até aos facebookianos este tipo de linguagem que, ao ser lida e relida e treslida, passa a ser a mais utilizada. E esta não é a linguagem portuguesa. Se os políticos portugueses e brasileiros pretendem que falemos a mesma língua, muita coisa tem de mudar da parte brasileira, porque os restantes países lusógrafos não escrevem deste modo anómalo. A Internet está repleta de uma linguagem a que chamam “português do Brasil ou brasileiro”, mas que de Português tem apenas vestígios. Este tipo de linguagem é exclusivamente brasileira.

 

Definitivamente, não me parece que Portugal e Brasil falem a mesma língua. E andam por aí trapaceiros portugueses a vender-nos gato por lebre. Comentei, perante tanta evidência.

 

E o meu amigo João M. Galizes respondeu-me assim:

 

«Claro que venderam gato por lebre aos incautos portugas-esponjas. Muitos portugueses absorvem facilmente as ideias que vêm de fora. Os negociadores pegaram em dois pulhíticos corruptos: o Molusco no Brasil, e o Filósofo, em Portugal, e no pseudo-linguista maleiro castelaca (com minúsculas, como o sujeito gosta), e disseram que iam uniformizar o Português - mentira - e que as crianças iam passar a escrever mais facilmente sem consoantes que atrapalhavam. No entanto, incentivam o uso do Inglês, em Portugal, que é uma Língua, como nós sabemos, que "não" tem consoantes desnecessárias!»

 

E a minha amiga Idalete Giga disse isto:

 

«Algo vai péssimo nesta república labrega e nova rica de Portugal (!) Como é possível que o tal actor se preste assim a cair num ridículo total? Isto já nem é pornografia linguística à maneira do dom Cangalheiro. É deboche (!!!!!)»

 

E o meu amigo Francis Likin, acrescentou:

«Há já algum tempo, creio que durante o Campeonato Mundial de Futebol, as autoridades brasileiras exigiram a um jornalista português a apresentação de uma TRADUÇÃO OFICIAL do seu PASSAPORTE PORTUGUÊS, para que pudesse dispor das credenciais oficiais e ser "acreditado" como jornalista português no Brasil durante esse mesmo campeonato!»

  

Duvidei disto, porque isto é um pouco DEMASIADO!

 

Contudo, Francis Likin insistiu: «Mas é VERDADE. É REAL. A desculpa dada pelas autoridades brasileiras é que a lei diz que todo e qualquer passaporte estrangeiro tem de ser traduzido para "português do Brasil" Isso circulou por aqui. Proibiram também uma miúda de 15 anos de ir para a Escola com uma camisola da Selecção Portuguesa. Só a do Brasil era permitida. Há muitos exemplos desses...»

 

Pasmei! Desconhecia isto.

 

E o meu amigo Pedro Soares comentou o que se segue, referindo-se aos governantes que temos e que permitem estas coisas que põem os portugueses abaixo de cão:

 

«Mas será que este desgraçado País está condenado a bater no fundo? Será que estamos condenados a esta gente medíocre, que em 44 anos não produziu um só Estadista? Quando chegará o D. Sebastião?...... Já chega de nevoeiro!»

 

Todos têm razão. Por tudo isto, não podemos baixar os braços. Não podemos deixar que a Língua Portuguesa seja deste modo desprezada, em nome de coisa nenhuma que valha a pena ser.

 

Cada um de nós tem de ser um D. Sebastião, para se acabar com este nevoeiro que obscurece Portugal e a sua Cultura Linguística.

 

Definitivamente, está na hora de o Brasil assumir a sua língua: a BRASILEIRA. Serão milhões a propagá-la, sem terem de arrastar atrás de si, o cordão umbilical do país que os colonizou. Não deixem para amanhã o que podem fazer hoje. Porque é certo e seguro, que o destino  da língua falada e escrita no Brasil é o de ser BRASILEIRA. É o que eles querem, é o que eles farão. E eu concordo plenamente.

 

Isabel A. Ferreira

***

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:59

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Quinta-feira, 14 de Junho de 2018

Contra o Acordo Ortográfico, mas pouco!

 

Paulo Franchetti é um ilustre crítico literário, escritor e professor brasileiro, titular no Departamento de Teoria Literária da Universidade Estadual de Campinas, e publicou hoje, no Facebook, um texto em que aborda a questão do AO90, com algumas imprecisões.

Desculpe, Paulo Franchetti, se me atrevo a corrigi-lo. E se eu estiver errada, peço que me corrijam também.

 

(Os excertos a negrito no texto de Paulo Franchetti são da minha responsabilidade).

 

PAULO FRANCHETTI.jpg

 

Escreveu Paulo Franchetti:

 

«Quando os editores da Lisbon Poets & Co. informaram que a nova edição da poesia de Camilo Pessanha seria feita na ortografia pré-AO, celebrei. Não porque tenha alguma afeição especial pela ortografia vigente antes do Acordo Ortográfico, mas sim porque julgo esse Acordo uma coisa francamente idiota: nada se ganha em termos de uniformização da escrita (pelo contrario) e muito se gasta em renovação de material didático e obras de referência.

 

Mas mesmo que o AO tivesse conseguido, em vez de aumentar a divergência ortográfica, eliminá-la, ainda seria uma coisa pouco razoável, pois o custo da uniformização seria enorme, e a ortografia é, no final das contas, o que menos importa, (1) se se trata de unificar a língua (tarefa desde logo impossível e mesmo indesejada) ou melhorar a comunicação entre países lusófonos. (2)

 

Na verdade, como brasileiro, não deveria incomodar-me com o AO. A nós ele afeta pouco (3): extinguiu-se o pobre trema, que era o sinal mais fácil de usar e de fato podia orientar a pronúncia, criou-se enorme confusão no uso do hífen (até hoje não compreendi a lógica que deveria embasar as regras), suprimiram-se alguns acentos aqui e ali, onde de fato faziam pouca diferença. (4)

 

De resto, no Brasil, o tal AO passa despercebido, pois continuamos a escrever como sempre escrevemos: peremptório, excepcional, acepção, decepcionante, perceptível, interceptação, recepção, aspecto, facção, respectivo, perspectiva, prospecção.

 

Já em Portugal, as mudanças promovidas pelo AO foram amplas, muito além da mera confusão do hífen, da sumária extinção do trema e da supressão dos mesmos acentos abandonados no Brasil: a grafia de muitas palavras foi alterada. Por exemplo: todas as palavras acima perderam a consoante que não era pronunciada lá. De modo que eles agora são obrigados (5) a escrever perentório, excecional, aceção, aspeto, dececionante, fação, intercetação, percetível, receção, respetivo, perspetiva, prospeção!

 

Ora, a grafia anterior portuguesa era igual à brasileira (que não mudou) (6). Teoricamente, o “p” e o “c” nessas palavras não eram lá necessários, já que não eram pronunciados. Mas é evidente que, de regra, tinham funcionalidade, indicando o timbre da vogal que os precedia. (7)

 

Agora, do jeito que eles são forçados a escrever, criou-se uma situação curiosa: para nós, brasileiros, essas palavras assim grafadas parecem muito esquisitas e algumas passam a exigir algum esforço de decifração... (8)

 

Há um conto de Machado de Assis, intitulado “As Academias de Sião”, no qual o problema a resolver é como poderia ser que os acadêmicos reunidos fossem a luz do mundo e, individualmente, um bando de camelos. No caso do Acordo Ortográfico, o problema é inverso: como pôde ser que intelectuais dotados de inteligência e competência linguística, ao se reunirem para produzir esse aleijão, terminassem por compor uma galopante, autoritária e obtusa cáfila?

 

Machado provavelmente não responderia. Terminaria, como terminou um conto no qual aparecia outra questão insolúvel, dizendo apenas: Enfim, cousas...»

 

Fonte:

https://www.facebook.com/paulo.franchetti/posts/1974932875874346

 

(Nota: este link, depois da publicação deste meu texto, lamentavelmente, foi eliminado).

 

***

 

Peço desculpa, Paulo Franchetti, mas o seu texto induz em erro.

Senão, vejamos:

 

(1) – Quando diz a ortografia é, no final das contas, o que menos importa, penso que não é bem assim. A ortografia importa em todas as circunstâncias, e no caso da aplicação do AO90, para Portugal é o que mais importa, pois estão a impor aos portugueses a grafia brasileira, mutilada na reforma ortográfica do Brasil, em 1943, para facilitar a aprendizagem e diminuir o elevado índice de analfabetismo.

 

(2) – Quando diz para melhorar a comunicação entre países lusófonos, devia dizer melhorar a comunicação entre brasileiros e restantes países lusófonos, uma vez que a Língua Portuguesa nunca foi entrave à comunicação entre Portugal e os restantes países africanos de expressão portuguesa, nem entre Portugueses e Brasileiros. Os Brasileiros, e apenas os Brasileiros é que criaram um dialecto próprio, e sempre mostraram grande dificuldade na comunicação com os Portugueses. Não o contrário.

 

(3) – Quando diz a nós ele (o AO90) afeta pouco, diz bem, porque aos Brasileiros, ao contrário dos Portugueses e Africanos de expressão portuguesa e Timorenses, o AO90 afeCta (logo aqui nesta palavra) e muito. Os Brasileiros nada tiveram de modificar no modo de escrever as palavras, apenas no que respeita às idiotas hifenização e acentuação. Quanto aos restantes lusógrafos, além dessa nova e parva hifenização e acentuação, têm de desenraizar centenas de vocábulos, afastando a grafia portuguesa das restantes grafias europeias, com a mesma raiz.

 

(4) – Quando diz suprimiram-se alguns acentos aqui e ali, onde de fato faziam pouca diferença, de faCto, Evanildo Bechara (pelo Brasil) e Malaca Casteleiro (por Portugal) decidiram mexer nos hífenes e nalguns acentos aqui e ali… para que no Brasil houvesse alguma coisa para modificar, porque se assim não fosse o AO90 seria unicamente imposto para os restantes países lusógrafos, porque a grafia preconizada é a brasileira, com algumas poucas excePções.

 

(5) – Quando diz de modo que eles (Portugueses e Africanos de expressão portuguesa e Timorenses) agora são obrigados a escrever perentório, excepcional… etc., na verdade, só em Portugal, os subservientes, os ignorantes, os acomodados, os comodistas, os desinformados, os escravos do Poder, é que optam por escrever incorreCtamente essas palavras. Nos restantes países escrevem-nas correCtamente. Os que não são subservientes, nem ignorantes, nem acomodados, nem comodistas, nem desinformados, nem escravos do Poder não são obrigados a nada. Simplesmente recusam, peremPtoriamente, o AO90. E quanto ao vocábulo excePcional, que os Brasileiros, por algum motivo, escrevem correCtamente, em Portugal, os que adoPtaram o parvo AO90, parvamente escrevem excecional.  E em mais nenhum país lusógrafo se escreve tal aberração.

 

(6) – Quando diz que a grafia anterior portuguesa era igual à brasileira (que não mudou) não diz a verdade. A verdade é que a grafia portuguesa anterior ao AO90 não era igual à brasileira. Apenas era igual à brasileira nas palavras que o autor cita: peremPtório, excePcional, acePção, decePcionante, percePtível, intercePtação, recePção, aspeCto, faCção, respeCtivo, perspeCtiva, prospeCção. Estas eram (são) iguais. Mas estas palavras são a excePção

 

De resto, todas as outras palavras, que em Portugal começaram a ser grafadas segundo o AO90, são grafadas à brasileira: direto, diretor, arquiteto, teto, fatura, elétrico, setor, letivo, noturno, seleção, objeto, jato, diretivo, fator, direção, notívago, ator, tato, adoção, protetor, ótimo, batismo, didático, afeta, deteção, Egito, ejeção, ereto, infetar, inseto, enfim... centenas de palavras mutiladas que pertencem à grafia brasileira, e é esta grafia que estão a impor aos Portugueses, e que os Portugueses que têm todos os neurónios a funcionar, rejeitam.

 

Dizer o contrário é de quem nada sabe de ortografia brasileira e de ortografia portuguesa, antes e depois do AO90.

 

(7) – Quando diz que é evidente que, de regra, (os cês e os pês) tinham funcionalidade, indicando o timbre da vogal que os precedia, de faCto, é evidente que todas as consoantes em todas as palavras têm a sua funcionalidade, pronunciando-se ou não se pronunciando: umas indicam a raiz da palavra , outras têm uma função diacrítica.

 

(8) – Finalmente, quando diz que do jeito que eles (os Portugueses) são forçados a escrever, criou-se uma situação curiosa: para nós, brasileiros, essas palavras (as exceções) assim grafadas parecem muito esquisitas e algumas passam a exigir algum esforço de decifração...

 

Aqui, Franchetti tocou no busílis da questão: se para os Brasileiros as palavras incorreCtamente grafadas deste modo: perentório, excecional, aceção, aspeto, dececionante, fação, intercetação, percetível, receção, respetivo, perspetiva, prospeção parecem muito esquisitas e exigem esforço de decifração, para os Portugueses estas palavras assim grafadas são tão esquisitas e exigem algum esforço de decifração tal como os vocábulos direto, diretor, arquiteto, teto, fatura, elétrico, setor, letivo, noturno, seleção, objeto, jato, diretivo, fator, direção, notívago, ator, tato, adoção, protetor, ótimo, batismo, didático, afeta, deteção, Egito, ejeção, ereto, infetar, inseto, enfim... e centenas de outras palavras mutiladas, que pertencem à grafia brasileira, reformulada e afastada da língua europeia, em 1943.

 

Estas palavras assim grafadas não pertencem à Língua Portuguesa. Não têm qualquer significado, e nem sequer devem ser pronunciadas do modo que os brasileiros as pronunciam, e agora também os acordistas portugueses. Sem as consoantes mudas a pronúncia é completamente outra. Exemplo: direto não se lê diréto, mas dirêto, porque o que lhe falta tem uma função diacrítica, tal como em recePção que se lê r'cépção, mas se suprimirem o , a regra manda que se leia r'c’ção. Tão simples quanto isto. E a regra aplica-se a todas as outras palavras.

E a questão que se põe é a seguinte: saberão os Brasileiros que os cês e os pês nos vocábulos peremPtório, excePcional, acePção, decePcionante, percePtível, intercePtação, recePção, aspeCto, faCção, respeCtivo, perspeCtiva, prospeCção, têm exaCtamente a mesma função do que os cês e os pês em direCto, direCtor, arquiteCto, teCto, faCtura, eléCtrico, seCtor, leCtivo, noCturno, seleCção, objetCo, jaCto, direCtivo, faCtor, direCção, noCtívago, aCtor, taCto, adoPção, proCtetor, óPtimo, baPtismo, didáCtico, afeCta, deteCção, EgiPto, ejeCção, ereCto, infeCtar, inseCto, enfim... e em todas as outras palavras em que as consoantes que não se pronunciam foram suprimidas?

 

E que estas palavras, sem as consoantes que os Brasileiros suprimiram, e que fazem parte do rol de palavras que querem impingir aos Portugueses, além de serem muiiiiiito, muiiiiiito esquisitas, não pertencem ao léxico da Língua Portuguesa?

 

E se os Brasileiros, como já se ouviu por aí, têm tanto orgulho em dizer que a Língua Portuguesa é a pátria deles, então terão de grafar estas palavras, deste modo: direCto, direCtor, arquiteCto, teCto, faCtura, eléCtrico, seCtor, leCtivo, noCturno, seleCção, objetCo, jaCto, direCtivo, faCtor, direCção, noCtívago, aCtor, taCto, adoPção, proCtetor, óPtimo, baPtismo, didáCtico, afeCta, deteCção, EgiPto, ejeCção, ereCto, infeCtar, insecto, tal como grafam estas: peremPtório, excePcional, acePção, decePcionante, percePtível, intercePtação, recePção, aspeCto, faCção, respeCtivo, perspeCtiva, prospeCção.

 

O critério de só se escrevem as consoantes que se pronunciam, não é critério, é ignorância, porque em todas estas palavras, pronunciando-se, ou não se pronunciando as consoantes, todas elas (as consoantes) têm uma funcionalidade bem definida.

 

Agora se me dizem que as palavras, que no Brasil foram mutiladas, fazem parte do Dialecto Brasileiro, tudo bem. Contudo, os Portugueses não têm de trocar uma Língua Europeia, por um dialecto sul-americano.

Ou têm?

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:45

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Sexta-feira, 6 de Abril de 2018

«Acordo Ortográfico: colonização da Língua?»

 

Entrevista com Maria João Cantinho (***)

 

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Por: João Morgado

 

(As frases a negrito, são notas marginais, da autora deste Blogue)

 

«Maria João Cantinho, poetisa, ensaísta, veio ao 29º Colóquio da Lusofonia, em Belmonte, para falar de Lusofonia. Espaço para uma conversa em que reconhece, ser ainda um tema algo controverso. “Há quem não goste do termo, achando que ele traz em si inscrito o traço do colonialismo”.

 

(Sou uma das que não gosta do termo, que tresanda a colonialismo.)

 

Tantos e tantos anos depois ainda perdura esse nojo da língua do antigo poder? Maria João acha que sim. “Nos congressos, quando se fala das questões da lusofonia, é muito habitual surgir a expressão… a língua portuguesa é a língua dos estrupadores da minha avó, o que é muito violento.”

 

(Eventualmente, muito eventualmente, só poderão falar nestes termos os indígenas brasileiros e os descendentes dos antigos escravos africanos; os outros, os que tiveram avós brancas não sabem do que falam, e o que falam é fruto de uma lavagem ao cérebro, levada a cabo por marxistas).

 

Se assim falam os brasileiros, assim devem falar muitos luso-falantes de África, avisa a poetisa. E, se assim é em meios académicos, temos de nos perguntar se é uma linha de uns tantos activistas sociais ou um pensamento que permanece impregnado nas populações desses países. Em todos os casos, importa perceber porque permanecem abertas essas feridas históricas, de uma língua que atravessou séculos, povos, gentes.

 

Maria João entende que na vastidão da história “os tempos da colonização ainda representam uma ferida recente”. Talvez tenha razão, talvez seja ainda uma memória demasiado próxima, vivida por uma geração mais velha e uma herança dolorosa que passou para uma geração que é hoje activa e interventiva. Mas ainda estamos presos na história?, pergunto. A língua portuguesa não evoluiu, não abriu novos horizontes, não deu palavra a novas realidades? Talvez esse caminho esteja a ser feito. Maria João Cantinha sublinha que, se perguntarmos aos brasileiros pela língua que falam, “eles respondem que falam a língua portuguesa – não brasileiro –, por isso reconhecem a sua identidade cultural dentro da língua portuguesa”.

 

(Não me parece que assim seja. Se os Brasileiros respondem que falam Português, então por que “exigem” que traduzamos os nossos livros para “brasileiro”?)

 

É esse o desafio que ainda temos pela frente, fazer de uma língua colonizadora a nossa língua colectiva do presente e do futuro. “Não são várias línguas a falar português, mas sim uma só língua com ramificações, variantes, matizes, diferentes acentos e novas palavras, mas que vivem em torno de uma unidade. A uniformidade do Acordo ortográfico? Maria João discorda.

 

(Também eu discordo. Jamais haverá uma uniformização linguística entre Portugal e as suas ex-colónias. Hoje elas são países livres, autónomos, com uma linguagem própria e não têm de andar “coladas” à língua colonizadora. Não têm. E muito menos, Portugal tem de adoptar a grafia de uma ex-colónia).

 

O acordo é uma imposição artificial e imposta. Não é tido como necessário. Surge como uma imposição exterior. E a quem é imposto, não a reconhece como seu.”

 

Entende que na expressão brasileira o acordo não mexeu muito com a forma de falar e escrever, mas no caso do português de Portugal, sim, veio mesmo a “desfigurar a língua e a nossa relação com as palavras. Estamos a perder a nossa raiz latina…” Consequências? “Qualquer dia não saberemos descortinar a origem etimológica das palavras”.

 

(É verdade que na expressão brasileira o acordo não mexeu com a forma de escrever e muito menos com a forma de falar. Em Portugal mudou tudo. A forma de escrever e a de falar, porque quando se escreve “arquiteto” por exemplo, o correcto é pronunciar “ârquitêtu”. Se se pronuncia “ârquitétu” está errado. É como a pronúncia de “ganhar”, que em bom Português se diz “gânhár”, e o que se ouve por aí, a torto e a direito, é “gánhár”. Está errado. Em Portugal, fala-se e escreve-se muito mal).

 

Mas a verdade é que estamos no olho do furacão, metade do país segue o acordo e a outra metade está em desacordo. Como saímos desta encruzilhada? “Por enquanto ainda escrevemos como nos apetece, mas tudo vai mudando. Por exemplo, escrevo para o Jornal de Letras e eles corrigem!” Ou seja, mesmo que não esteja oficializado em todos os países de fala oficial portuguesa, aos poucos o acordo ganha terreno, vai-se impondo.

 

(Só se vai impondo porque os Portugueses não se impõem, não batem o pé, nomeadamente os Professores, que não exigem que seja devolvida a Portugal a grafia portuguesa; porque os que escrevem em Língua Portuguesa não deveriam escrever para jornais acordistas; porque na hora de votar deveriam penalizar os partidos que defendem a colonização da Língua Portuguesa).

 

Ao fim desta conversa resta a pergunta: é o novo Acordo Ortográfico o novo poder colonizador sobre a língua?

 

(A resposta é sim. Este acordo ortográfico só é o novo poder colonizador da Língua Portuguesa. Os motivos, esses, são os mais obscuros).

 

***

 

(***) Maria João de Oliveira Sequeira Cantinho (Lisboa, 1963), é uma autora portuguesa, licenciada em filosofia, premiada no campo do ensaio e da poesia. Colabora regularmente em várias revistas académicas e literárias, publicou várias obras de ficção, ensaio e de poesia. É investigadora do CFUL (faculdade de Letras) e do Collège d’Études Juives da Universidade da Sorbonne. É editora da revista digital Caliban. É membro da direcção do PEN Clube Português, da APE (Associação Portuguesa de Escritores desde 2014) e da APCL (Associação Portuguesa de Críticos Literários).

 

Fonte:

https://www.imperativoonline.pt/2018/04/05/acordo-ortografico-colonizacao-da-lingua-entrevista-com-maria-joao-cantinho/

 

***

Tudo conduz à colonização da Língua.

 

O AO90 não era necessário. Ninguém o pediu. Ele está a ser imposto ditatorialmente. As palavras mutiladas vêm do "brasileiro". No Brasil já não se estuda "Português", disciplina que foi substituída por "Comunicação e Expressão". Já não se ensinam os Clássicos da Literatura Portuguesa.

 

Na sua esmagadora maioria o povo brasileiro escreve mal, e necessita de que se traduzam os livros escritos em Língua Portuguesa para o "brasileiro". Isto é um facto.

 

Neste momento, em Portugal, apenas os subservientes adoptaram uma grafia assente na grafia brasileira, e, por mera ignorância, mutilam as palavras, a torto e a direito… E instalou-se uma outra ortografia: o vergonhoso mixordês.

 

Enfim, uma autêntica salgalhada! Tanto cá, como lá…

 

E nesta salgalhada não estão incluídas as restantes ex-colónias: Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor. Cabo Verde passou a Língua Portuguesa para segunda língua. Agora é língua estrangeira.

 

E isto é muito significativo da inutilidade deste acordo, que está a destruir a Língua Portuguesa, apenas em Portugal.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:25

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Quinta-feira, 22 de Março de 2018

SUGESTÃO POLITICAMENTE CORRECTA PARA SE ACABAR DE VEZ COM A MIXÓRDIA ORTOGRÁFICA EM PORTUGAL

 

O que anda, pode desandar. O que se faz, pode desfazer-se. E os erros são para corrigir, não para perpetuar. Diz o senso comum.

 

E a política deve ser praticada com a inteligência proveniente de um cérebro alojado na cabeça dos homens, e não com a “inteligência” alojada na cabeça do dedo mindinho dos pés dos homens.

 

Atentemos nesta balbúrdia, compilada pelo Grupo Tradutores Contra o Acordo Ortográfico:

 

 

Só esta visão dantesca do caos ortográfico, generalizado em Portugal, deveria ser o bastante para que o aCtual governo português e o próprio presidente da República, que tem vergonha de tanta coisa, mas não da mixórdia ortográfica, dessem o dito pelo não dito, e desandassem com o que andou mal, e desfizessem o que se fez mal, e corrigissem o monumental erro que foi obrigar a função pública e os organismos afeCtos ao Estado a aplicarem, sem qualquer base legal, uma ortografia mutilada, oriunda do Brasil.

 

Mas o mais insólito é o faCto de a resolução do conselho de ministros (assim em minúsculas, porque me apetece) onde foi parida a “ordem de marcha do AO90”, e que seria, alegadamente, apenas “obrigatória” para funcionários públicos e organismos do Estado, andar por aí a ser aplicada em certos meios de comunicação social, que nos garantem que adoPtam o AO90 porque foi obrigatório para os funcionários públicos e órgãos do Estado, como se eles fossem funcionários públicos ou órgãos do Estado; e também agora em anúncios, como se as empresas publicitárias fossem funcionalismo público ou órgãos estatais.

 

E é que, no meio disto tudo, ninguém, dos que aplicam a ortografia brasileira, se pergunta se são obrigados, por lei, a fazê-lo, uma vez que uma resolução do conselho de ministros não tem valor de Lei. Farão isto por modismo, por servilismo, por ignorância, ou pelo prazer da imitação?  

 

Se gostam de imitar, imitem, ao menos, os idiomas europeus, os “parentes” mais próximos da Língua Portuguesa.

 

Posto isto vamos à sugestão:

 

Atentem nesta nota explicativa, que justifica do modo mais idiota possível, a mutilação das palavras:

 

NOTA EXPLICATIVA.jpg

 

Pois se o problema (para os adultos cabeças-duras, não para as crianças, que conseguem aprender tudo) é como saber que em concePção, direCção, etc., se vai escrever o e o , se não os pronunciam, sugiro algo muito mais simples e que evita mutilar as palavras que, sem as consoantes, ficam com a aparência de palavras carecas. Sugiro, então, que se comece a pronunciar as consoantes, que não se pronunciam, porque, afinal, já se lê algumas, porque não todas?

 

Não, não me venham dizer que isto é retroceder na linguagem, porque não é. Isto é simplesmente «unicuĭque suum», expressão latina que significa «a cada um o (que é) seu», que no contexto da ortografia, significa «a cada palavra o que é dela, ou seja, todas as letras de que ela é composta».

 

Uma vez que pronunciamos contaCto, paCto, faCto, impaCto, por que não pronunciar aCto (aCção), e deixarmos o vocábulo intaCto, sem aquela aparência de palavra careca? É que ato, é do verbo atar, e atados e mudos estão todos os que não sabem escrever…

 

CARLO DOSSI.png

 

Se pronunciamos egíPcio, egiPtólogo, egiPtologia, não nos custa nada dizer EgiPto ou custa? (Aliás, eu sempre pronunciei o de EgiPto, por uma questão de coerência), e a palavra que, com o AO90 inacreditavelmente perdeu o , não se transformaria em nome próprio masculino Egito, como em Egito Gonçalves, nosso grande poeta, até porque em nenhuma outra língua culta, EgiPto perdeu o .

 

Veja-se o que nos diz Fernando Kvistgaard: «Já agora, em Dinamarquês escreve-se: aktør, faktor, reaktor, sektor, protektor, eksakt, baptisme, optimum, e também Egypten, optik, faktum, receptionist, projekt, direkt, etc., etc.

 

É que as línguas cultas não albergam palavras mutiladas. Em Dinamarquês, bem como em todas as outras línguas europeias, nestas e noutras palavras, pronunciam-se os cês e os pês, porque todas pertencem à grande família indo-europeia, tal como a Língua Portuguesa.

 

Ora, se a intenção é simplificar, que se simplifique a sério: é muito mais fácil pronunciar e escrever os pês e os cês, em todas as palavras, do que andar ó tio, ó tio, o que é que se corta, o que é que não se corta, em cada palavra. E depois dá no que dá: uma mixórdia ortográfica, sem precedentes em Portugal, e caso único no mundo.

 

Além disso a pronúncia ficará semelhante à das outras línguas europeias, e as nossas crianças, que estão a aprender Inglês ou outra língua, não terão a mínima dificuldade em dizer (diréCtôr) e escrever direCtor, em Português, bem como dizer (dairéCtâr) e escrever direCtor em Inglês.

 

Eu, que escrevo correCtamente as palavras, comecei já a pronunciar as consoantes que não se pronunciam, para que os meus netos as ouçam, e saibam que ali existe um ou um , embora desgraçadamente, na escola, tenham de escrever as palavras incorreCtamente. Juntando a isto, ofereço-lhes livros infantis escritos em Bom Português, espólio da minha Biblioteca, e com isto vou amenizando o prejuízo de viverem num país em que lhes impingem gato por lebre. E se algum me pergunta o porquê de nos meus livros estar escrito coleCção, e nos da escola “coleção, digo-lhes a verdade: coleCção é Português, “coleção” é brasileiro.

 

Bem, esta parte da mutilação, ficaria, deste modo, facilmente resolvida, porque ao pronunciarmos as consoantes, não há como errar.

 

No que respeita à acentuação e hifenização, é seguir as regras mais básicas, já existentes, da Gramática, e não inventar modismos acordistas, para constar que o Brasil também teve alterações na sua grafia, porque a língua não é apenas som, mas também imagem, e as crianças deteCtarão automaticamente as faltas dos acentos em palavras como pára, ou vêem, dêem (não ficam mais compostinhas estas palavras com o chapeuzinho?) etc..

 

Quanto aos hífenes, as palavras que se formaram com a supressão dos hífenes são tão horrorosas, tão inestéticas, tão absurdas, que qualquer criança se assusta com estas aberrações ortográficas: autorretrato; antirreligioso; contrarreforma; contrarregra; radiorrelógio; autorradiografia; arquirrival; antirracional; contrarrazão; antirracial; antirrevolucionário; suprarrenal… entre outras, que ao ler parecem um trava-línguas, e ficamos com a garganta arranhada...

 

Não será visualmente mais elegante e muito mais percePtível, logo à primeira leitura: auto-retrato, anti-religioso, contra-reforma, contra-regra, radio-relógio, auto-radiografia, arqui-rival, anti-racional, contra-razão, anti-racial, anti-revolucionário, supra-renal, do que aqueles palavrões cheios de erres, assarrabulhados e de difícil compreensão para as crianças?

 

Se a intenção foi facilitar só complicaram. E de que maneira! 

 

A nossa Língua é tida como uma das mais belas do mundo, também pelo seu visual elegante, e querem transformá-la numa aberração gráfica, com palavras mutiladas, umas, e carregadas de letras outras? O que pretende o governo português? Matar a Língua Portuguesa, para agradar aos brasileiros incultos? É que os Brasileiros Cultos têm tanta aversão a isto como nós.

 

Pois aqui fica a minha sugestão. Penso que será mais viável, do que o mixordês que anda por aí a apunhalar a Língua Portuguesa, sem dó, nem piedade.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:01

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