Em 23 de Fevereiro de 2012, numa carta aberta a D. Manuel Clemente, na altura, Bispo do Porto, dirigi-lhe um apelo, contando com a clemência (implícita no nome) que todos esperamos de um servidor de Deus, para a Causa da Abolição das Touradas em Portugal.
O meu apelo não foi considerado.
Hoje, repetindo as mesmas palavras da carta de 2012, até porque passados todos estes anos, nada mudou em Portugal, a este respeito, continuando-se a torturar seres vivos, para diversão de sádicos, com a bênção da Igreja Católica Portuguesa, reitero o mesmo apelo, agora que D. Manuel Clemente é Cardeal-Patriarca de Lisboa.
Espero que, desta vez, me ouça e interfira, porque o tempo é outro, e é preciso evoluir, mas, principalmente, é preciso sermos clementes para com todas as criaturas de Deus: as humanas e as não-humanas.
Exmo. Sr. D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriaca de Lisboa,
Já, por várias vezes, nos encontrámos em Arouca, em Braga, no último Congresso de Cister, enfim, e pelo que tive oportunidade de observar, fiquei com a impressão de que o Senhor D. Manuel Clemente é um homem inteligente, sensível e zeloso das suas obrigações Cristãs.
Por isso atrevo-me a dirigir-lhe estas linhas, com todo o respeito.
É que sendo eu uma defensora dos Direitos dos Animais, Humanos e Não-Humanos, e estando neste momento envolvida na Causa da Abolição das Touradas em Portugal e no Mundo, não compreendo a posição da Igreja Católica Portuguesa a este respeito, sabendo, como sabemos, que «a Tauromaquia é uma modalidade que assenta em primeira linha na exploração violenta e cruel do touro, sempre, e do cavalo nos programas em que ele é utilizado como veículo do actor tauromáquico e obrigado a tornar-se “cúmplice” da lide, sofrendo ansiedade e esgotamento e arriscando ferimento e morte», segundo a opinião do Dr. Vasco Reis, Médico-Veterinário.
Sabendo, como sabemos, que «a não-violência é a lei da nossa espécie assim como a violência é a lei dos brutos. O espírito jaz dormente no bruto e ele não conhece nenhuma outra lei a não ser a da força física. A dignidade do ser humano requer obediência a outra lei – à força do Espírito!», de acordo com Mahatma Gandhi.
E ainda, sabendo, como sabemos, que «(...) se fazem reclames entusiastas de espectáculos, como as touradas de praça onde por simples prazer se martirizam animais e onde os jorros de sangue quente, os urros de raiva e de dor e os estertores de agonia só podem servir para perverter cada vez mais aqueles que se deleitam com o aparato dessa luta bruta e violenta, sem qualquer razão que a justifique», como refere Adriano Botelho (ilustre cidadão da Ilha Terceira – Açores).
Posto isto, Senhor D. Manuel Clemente, pergunto por que motivo a Igreja Católica é CÚMPLICE desta selvajaria (há muitos padres católicos aficionados), e “abençoa” os torturadores de Touros (vulgo toureiros), antes destes irem para arena massacrar um ser vivo, que tem um ADN semelhante ao humano? Um ser que sofre e sente a dor tal como nós a sentimos?
Não serão o Touro e o Cavalo também criaturas de Deus?
Jesus Cristo ensinaria ao homem a prática da violência sobre os seres vivos? Foi para isso que viria ao mundo?
Escrevo-lhe para solicitar a douta interferência do Senhor D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, nesta matéria, para que a Igreja Católica Portuguesa tome uma posição pública contra esta barbárie, como é de seu DEVER, até porque se a Igreja interferir, estes massacres acabam por acabar.
Não é de um bom cristão torturar seres vivos para se divertir, mas os torturadores de Touros e Cavalos são cristãos e torturam seres vivos para ganharem dinheiro e divertirem os sádicos.
Penso que o Senhor D. Manuel Clemente, como homem sábio que é, estará de acordo comigo.
Repare-se na cara patética deste “cristão”, na imagem mais acima, que além de torturador é cobarde, e no sofrimento atroz estampado na expressão do Touro, caído no chão, exaurido, dorido, esvaziado da sua dignidade de ser vivo.
São estes ensinamentos que a Igreja pretende que se transmita às crianças?
E a Igreja Católica Portuguesa nada terá a dizer sobre isto?
Isto faz parte de um tempo primitivo e obscuro. Estamos no Século XXI, depois de Cristo. É preciso evoluir, Sr. D. Manuel Clemente.
É preciso colocar Portugal entre os países evoluídos. E a Igreja Católica, tendo a influência que tem no nosso povinho, ainda tão ignorante, tem o DEVER de esclarecer esse povo, e não ser passiva quanto a esta matéria tão cruel, que só desprestigia o Ser Humano.
O senhor D. Manuel Clemente, tal como eu, historiador, saberá que os factos históricos são importantes. A Igreja Católica ficará manchada, para a História, como CÚMPLICE desta barbárie, se não tomar uma posição firme e essencialmente cristã, assim como ficou tristemente enlameada em tantas outras ocasiões, por nada ter feito, como na vergonhosa cumplicidade com as atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial contra os judeus, e nas Santas Cruzadas, e na Santa Inquisição, (apenas para referir os mais conhecidos casos de omissão da Igreja Católica). E é CÚMPLICE quem sabe e nada faz.
Espero que esta minha carta possa servir para acordar a “adormecida” Igreja Católica Portuguesa para esta grave lacuna, do seu apostulado. Os púlpitos são lugares apropriados para passar a mensagem da não-violência contra todos os seres humanos e não-humanos. Não é lugar para se falar de política. É lugar para se falar no que Jesus Cristo nos deixou de mais valioso, o preceito áureo: «não faças aos outros (e nesses outros estão incluídos todos os seres não-humanos) o que não gostas que te façam a ti.» Se todos os homens cumprissem esta simples regra, o mundo seria o lugar ideal para se viver, sem leis, sem governantes, sem polícias, sem armas, sem guerras, sem todos esses horrores, que o animal humano, e apenas o animal humano, inventou.
Porque é preciso acabar de uma vez por todas com esta macabra, patética, sangrenta e sádica prática chamada TOURADA, onde dois magníficos seres vivos (Touro e Cavalo) são barbaramente torturados por psicopatas.
E a Igreja Católica Portuguesa tem o seu quinhão de culpa nisto.
Com os meus melhores cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
Fonte:
https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/87535.html
(Origem da imagem: Internet)
As notícias que ultimamente têm vindo a público sobre crimes hediondos praticados no nosso país (que já não é o de brandos costumes e ainda menos o de duras leis) e os perpetrados nos E.U.A., por exemplo, e as penas aplicadas aos respectivos criminosos, suscitaram-me uma reflexão acerca do abismo existente entre a justiça que se administra num e noutro país.
Sei que não vou modificar coisa nenhuma, se disser o que penso sobre o Código Penal Português, porém, ficará o testemunho de alguém que, decididamente, não acredita na justiça do seu país.
Bem sei que em Portugal, apesar de tudo, os crimes mais horripilantes não acontecem todos os dias, e que nos E.U.A. (o modelo do que se faz do bom e do pior), eles (os crimes) são o pão nosso de cada dia, e há que existir penas elevadas para tentar travar essa criminalidade (se bem que não resultem, nem sequer a pena de morte, com a qual não concordo, em absoluto).
Contudo, tem-se verificado que, no nosso país, de há alguns anos a esta parte, crimes que nem ao diabo lembra, aumentaram assustadoramente. E o que acontece? Os criminosos são punidos com peninhas de galinha. Ficam meia dúzia de anos na prisão, e depois, porque até são boas pessoas, comportaram-se muito bem, durante a estadia entre as grades, com um conforto que muitas vezes não têm cá fora, e principalmente porque a TV os transforma em heróis muito coitadinhos, com entrevistas que até fazem as pedras chorar, e depois há que soltá-los. E se uns poucos até se reabilitam, outros, mal se apanham cá fora, retomam a vida criminosa, com maior vigor ainda, cheios de raivas acumuladas.
Em Portugal, o violador de um bebé (que não tem como se defender) leva uns oito anos no máximo de prisão (quando não o deixam à solta, apenas com a obrigação de se apresentar de X em X dias na esquadra da PSP). Uma vergonha! Nos E.U.A., aqui há uns anos, aquele pugilista que violou uma jovem de 18 anos (que já tinha muito tino para saber que não se vai para um hotel, com um matulão daqueles, para tomar chá com torradas) podia ter apanhado uma pena até 60 anos de prisão.
Estou a recordar-me também do hediondo “crime da mala” (de Braga) cujos criminosos apanharam uma pena conjunta (45 anos) menos do que a do violador americano.
Enfim, no nosso país, um violador, um esquartejador, um matador que mate com requintes de malvadez, se for considerado debilzinho, coitadinho, não pode ir para a cadeia, e a nossa justiça, nesses casos, age como Cristo na hora da agonia: perdoe-se-lhes os crimes, porque não sabiam o que estavam a fazer!
Hoje em dia, não podemos dar um estalo (para não ir mais longe) a um ladrão que nos entre em casa. Deus nos livre! Vamos nós para a cadeia, por agressão, e o ladrão não sofre nada, porque não teve tempo de roubar nada.
A propósito, não resisto a contar uma peripécia passada comigo, já há algum tempo. Estava eu num determinado sítio a tentar levantar dinheiro de uma máquina automática, em pleno dia, quando sinto uma pressão nas costas, e uma voz grave, de homem, a dizer: «Isto é um assalto».
Instintivamente, olhei para o chão para ver onde estavam colocadas as pernas do assaltante, ao mesmo tempo que levantava o calcanhar para lhe aplicar um “golpe baixo” que o neutralizasse. Um golpe, entre outros, que aprendi, no Brasil, para defesa pessoal.
Nisto ouvi um “espera lá” gritado, e depois uma gargalhada. Era uma partida de um amigo brincalhão. Não aconteceu nada de grave. O “assaltante” não era um assaltante. Mas se fosse? E se o golpe resultasse? Talvez eu fosse parar à prisão, e ainda teria de pagar uma indemnização ao assaltante, por danos físicos, morais, pedir-lhe muita desculpa, etc., etc., etc,.
São as leis que temos. E não vale a pena recorrer à justiça, pois esta fica por aplicar.
Lembro-me de um crime que envolveu dois idosos, barbaramente assassinados, com um martelo de picar carne, há uns anos. A PJ deixou-me entrar no local do crime (a casa onde viviam), estavam ainda os corpos no sítio exacto onde foram mortos. Eu, naquele momento, era a única jornalista na casa. Sem mexer em nada, verifiquei tudo o que me interessava para a reportagem e mais alguns pormenores para a investigação que me propus fazer para ajudar a polícia a encontrar o assassino, uma vez que me revoltei com o que vi e até porque conhecia os velhinhos.
Consegui, por mero acaso, descobrir quem foi o assassino, homem influente, no meio, que andou à solta até morrer de um cancro, passados uns anos. Nunca foi preso, as autoridades “nada conseguiram apurar” e o caso foi arquivado. Nos entretantos, o Inspector, que andava a investigar o caso, foi, inesperadamente, mandado para casa com uma boa reforma. Eu fui contar à polícia o que descobri. Que guardasse para mim as minhas descobertas. Foi uma luta que travei sem glória. Ainda cheguei a ser ameaçada. Não foi feita justiça. E eu que descobri todo o enredo, pormenorizadamente! Revoltei-me, como é óbvio. De vez em quando lá passava eu pelo assassino. Ele sabia que eu sabia, porque o interroguei. Olhava para mim com uns olhos, que se matassem, já estaria morta. E eu tive de engolir aquela afronta, anos a fio. Não me deixaram outra opção.
Este duplo assassinato (sem culpado) e os dois processos, aos quais estive kafkianamente ligada durante dois anos, abusivamente enredada nas malhas da justiça, deixaram-me completamente descrente da justiça portuguesa.
E uma vez que fui aconselhada por um amigo Delegado do Ministério Público a “mergulhar” nesses meandros para ficar a conhecer por dentro e por fora o que é um tribunal português, e ainda porque nunca perdi uma história dos inspectores Maigret, Poirot e Holmes, decidi dedicar-me ao estudo desses assuntos judiciais e policiais.
Aquilo que hoje sei poderá valer-me um dia, quem sabe, para escrever histórias verídicas do arco-da-velha.
E enquanto, no meu país, os bandidos forem mais protegidos por leis, do que os cumpridores dos seus deveres cívicos, sociais e morais, não me cansarei de dizer que penas têm-nas as galinhas!...
Isabel A. Ferreira
Joselene Barreto é uma cidadã brasileira que, fazendo uma busca pela Internet, ao procurar informações sobre a Figueira da Foz, chegou ao até ao meu Blog e decidiu escrever-me a seguinte carta, com o título supracitado, a qual aqui transcrevo com a permissão dela, juntamente com a resposta que lhe dei.
E isto para dizer que vale a pena lutar por esta causa, neste Blog, porque as mensagens aqui transmitidas chegam longe, e fazem eco, não só no Brasil, mas em mais 103 países espalhados por todos os continentes.
Obrigada, Joselene.
A nódoa negra da Figueira da Foz, que diz do atrasado civilizacional desta cidade.
Carta de Joselene:
«Querida Isabel,
Não a conheço, mas li o que você escreveu sobre as touradas em Portugal e no mundo. É realmente uma coisa que muito me entristece. Parabéns pela coragem de levantar essa bandeira.
Sou brasileira, neta de portugueses nascidos em Porto e em Braga, e casada com um Português nascido em Esposende. Tenho orgulho que a região onde eles nasceram não participa desse horrendo massacre contra os touros.
Aqui no Brasil também praticam o tal do “rodeio”. Uma festa horrível, de origem norte-americana, onde os bois, novilhos e cavalos são tratados como lixo. No sul, Estado de Santa Catarina, na parte colonizada pelos portugueses dos Açores, praticam a tal Farra do Boi. Pesquise na internet e verá quão horrível é (nem tenho coragem de lhe contar, tamanho o sofrimento dos animais).
Eu e meu marido estamos pensando em voltar para Portugal, mas como moramos à beira mar, na cidade de Santos, litoral do Estado de São Paulo, gostaríamos de em Portugal também morar à beira mar. Por isto escolhemos a cidade de Figueira da Foz, no Distrito de Coimbra.
Mas qual foi a minha surpresa de, ao viajar virtualmente em Figueira da Foz através do Google Maps, me deparar com uma construção enorme, redonda, tipo um coliseu, e descobrir que se tratava de uma Praça de Touros.
Foi assim que cheguei até você. Pesquisando sobre touradas em Figueira da Foz e em todo o Portugal.
Achei a cidade muito bonita, mas fiquei com muita raiva do povo de lá acolher esse tipo de horror.
Isabel, você acha possível, uma vez que nos mudemos para Figueira da Foz, fazer alguma coisa contra essas touradas? Você teria alguma idéia? Também como posso fazer para me engajar com você nessa sua luta, uma vez morando em Figueira?
Como a polícia portuguesa trata os manifestantes a favor dos direitos dos animais, uma vez que o próprio governo dos municípios é a favor das touradas? Há violência polícia x manifestantes e até adeptos das touradas?
Você já pensou em pedir auxílio a alguma organização internacional para, “juntos”, ganhando forças, conseguirem “engatinhar”, e “começar” a conseguir algum resultado contra essa velhacaria? Pensei na Mercy for Animals, mais relacionada a animais do campo (gado).
Não conseguirei morar em Figueira e sempre passar à porta da Praça de Touros, apenas achando ruim, mas sem fazer nada contra.
Muito obrigada por sua atenção
Aguardo sua resposta. Não queria desistir de mudar-me para Portugal.
Bjs,
Josie (Joselene Lacerda de Oliveira Barreto)
Santos – SP/ Brasil»
***
A minha resposta:
Querida Joselene,
Agradeço a sua mensagem, que me tocou profundamente.
Não nos conhecemos, mas tal não é obstáculo para que estejamos em sintonia.
Realmente, as touradas são uma prática horrorosa, que envergonha a Humanidade do século XXI depois de Cristo.
É muito triste viver num país, embora seja o meu país, onde estes costumes bárbaros ainda se mantêm enraizados, por culpa de governantes incultos, portadores de um descomunal atraso civilizacional.
Eu nasci em Portugal, mas fui para o Brasil com dois anos, passei a minha infância, adolescência e juventude, cá e lá, e quase toda aminha família é brasileira, portanto podemos considerar-nos irmãs.
Sei que no Brasil também praticam o chamado “rodeo” e as hediondas vaquejadas, com grande sofrimento para os animais. Tenho lutado também pela abolição dessas práticas importadas dos EUA. Conheço também a idiota Farra do Boi, uma prática oriunda dos Açores, onde ainda se praticam, em algumas ilhas, as imbecis touradas à corda, as quais conspurcam o belo Arquipélago dos Açores. Luto pela abolição de todas estas monstruosidades.
Fico feliz por o Porto, Braga e Esposende não estarem no rol dos municípios atrasados civilizacionalmente. Eu nasci em Ovar, uma cidade do Distrito de Aveiro, que também está limpa do lixo tauromáquico. Podemos orgulhar-nos das nossas terras de origem.
Em Portugal, existem 308 municípios e, destes, apenas cerca de 40 são medievalescos. Entre eles, infelizmente está a Figueira da Foz, uma bonita cidade, sim, mas manchada de lixo tauromáquico, com uma arena de tortura activa, que diz do atraso civilizacional da cidade.
Mas querida Joselene, existem muitas cidades à beira-mar, livres de touradas, no Norte do País e também no Sul.
Na região de Esposende, por exemplo, terra do seu marido, existem belas praias e lugares paradisíacos para se viver, como Ofir, Belinho, Apúlia, e mais a norte, na região de Viana do Castelo (única cidade portuguesa que se declarou anti-tourada) existem sítios maravilhosos para morar, como Areosa, Vila Praia de Âncora, Afife, Moledo.
Mais para Sul, temos também lindas cidades à beira-mar, como Espinho. E no Concelho de Ovar, na zona da Ria, existem belas vivendas com vista para a própria Ria. Um lugar de sonho.
Não precisa de fixar-se numa cidade que, na época tauromáquica, suja-se com cartazes horrorosos, de propaganda à tortura de Touros e Cavalos.
Há muito tempo, vários grupos anti-tourada e pessoas como eu, individualmente, lutam pela Abolição da Selvajaria Tauromáquica, porque tal prática não passa disso mesmo. Todos os anos fazem-se manifestações na Figueira da Foz e nas restantes cidades atrasadas, para que os governantes evoluam e acabem com esta vergonhosa actividade medievalesca, que não passa de um insulto à civilização.
Não temos tido o sucesso desejado, embora cada ano que passa as touradas têm diminuído bastante, bem como também o número de adeptos, porque não estamos a lidar com pessoas normais. É gente completamente alienada, que optou pela ignorância, pois todos sabemos que a tauromaquia assenta em três bases: ignorância, estupidez e mentiras que, repetidas ao longo de séculos, tornaram-se verdades falaciosas para os que se recusam a evoluir.
Uma vez que escolha a Figueira da Foz para morar, como poderá fazer alguma coisa contra as touradas ou como se engajar comigo nesta luta? Boa pergunta.
Poderá fazer o que nós fazemos: insistir junto às autoridades locais e governo central para que acabem com esta prática que envergonha a Humanidade e Portugal, diante do mundo civilizado.
A abolição desta selvajaria não está longe de acontecer. Já faltou mais. Porém, antes de limparmos os municípios deste lixo, temos de limpar a Assembleia da República Portuguesa dos deputados do PS, PSD, CDS/PP e PCP que, inacreditavelmente, estão lá para servir o lobby tauromáquico e não os interesses cultos do País. E isso é mais difícil de conseguir porque eles sentaram-se naquelas cadeiras com cola no fiofó. E a abolição passará por uma lei que acabe com este vergonhoso atraso civilizacional.
Quando há manifestações, a polícia portuguesa está claramente a favor dos carrascos dos animais e não a favor dos manifestantes que são pelos Direitos dos Animais, uma vez que os torturadores têm a lei pelo lado deles: é que em Portugal há uma lei retrógrada que permite que se torture Touros e Cavalos nas arenas, para divertir sádicos, porque os Touros e Cavalos não são considerados animais como os Cães e os Gatos, aliás, em Portugal, apenas os Cães e os Gatos são considerados animais, e têm uma lei que os protege, desde que não sejam “artistas” dos circos, ou de corridas. De resto, todos os outros animais, domésticos ou selvagens, podem ser exterminados, em Portugal, à vontade da crueldade dos seus criadores, caçadores e psicopatas.
Agora, raramente há violência nessas manifestações, em Portugal, exclusivamente porque os manifestantes animalistas rejeitam a violência, o que já não acontece com os torturadores que, sendo adeptos da tortura, por vezes, tentam atropelar-nos ou atacar-nos como atacam os Touros: cobardemente. Já aconteceu.
Quanto a pedir auxílio a estrangeiros, nós trabalhamos em conjunto com algumas organizações de Espanha, México e sul-americanas, no sentido de pressionar os governos dos respectivos países. Em Espanha, México, Equador, Peru e Bolívia tem-se conseguido óptimos. Portugal está mais atrasado, aliás como em quase tudo, porque mais atrasados têm sido os seus governantes, desde há muito tempo. Mas lá chegaremos.
Compreendo que não vá sentir-se bem morando na Figueira da Foz e ter de passar à porta da Praça de Touros, apenas achando ruim, mas sem fazer nada contra. É terrível esse sentimento.
Mas como lhe disse, se escolheu a Figueira da Foz apenas por ser uma cidade bonita e não por motivos de trabalho ou outros, há bastantes cidades bonitas, à beira-mar, livres do lixo tauromáquico, para nela poderem viver tranquilamente e civilizadamente.
Desde já lhe digo que lutar contra blocos de cimento armado não é nada fácil. Temos a certeza de que um dia esses “blocos” cairão como tordos, porque um dia é da caça e outro do caçador. Sempre foi e sempre será assim.
Não desista de Portugal. É um país lindo e maravilhoso para se viver, desde que não seja em cidades conspurcadas com lixo tauromáquico e atrasadas civilizacionalmente.
Espero ter-lhe sido útil.
Beijinhos, Joselene,
Isabel A. Ferreira
***
Entretanto, recebi, hoje, uma mensagem da Joselene, a dizer o seguinte:
«Primeiramente gostaria de agradecer por sua resposta. Ela foi elucidativa a ponto de eu e meu marido desistirmos totalmente de nos mudarmos para Figueira da Foz. Como mencionou, há outros destinos em Portugal, provavelmente até mais lindos do que Figueira da Foz (que, à primeira vista, apenas virtualmente, pareceu-me linda)». (Joselene)
Sim, a Figueira da Foz é apenas virtualmente linda. Nenhuma cidade é plenamente linda, quando promove a selvática tortura de Touros e Cavalos.
Um dia, a Figueira da Foz libertar-se-á deste estigma, e tornar-se-á uma cidade realmente linda e digna de albergar cidadãos cultos e civilizados, quando assim o quiserem, os governantes. (IAF)
Mortos, demasiados mortos, contando com os animais não-humanos; feridos, demasiados feridos; fogos, demasiados fogos para um só dia; habitações destruídas, demasiadas habitações; zonas agrícolas, zonas florestais, zonas industriais… tudo demasiado, tudo devastado por um fogo demasiado estranho…
Falhas, demasiadas falhas, de quem não podia falhar…
E os governantes sacodem a água do capote, julgando que com os pingos que caem do capote podem apagar este fogo que devora Portugal!
Origem da imagem:
http://aurinegra.pt/periodo-critico-de-incendios-prolongado-ate-15-de-outubro/
O que está a acontecer no nosso país é demasiado grave. Ontem ouvi um comentador da SIC dizer que “temos florestas a arder, em Portugal, por interesses…».
Sabemos que sim. E o que se fez e o que está a fazer-se para esmagar esses interesses?
E o que tem a dizer a ministra da Administração Interna e o primeiro-ministro de Portugal em relação a estes interesses e a tudo o resto que está a acabar com a flora e a fauna portuguesas e a destruir vidas humanas e bens?
Braga - 15 de Outubro de 2017
(Origem da foto:)
Há muitas coisas horríveis a acontecer em Portugal, sem que se encontre responsáveis… As coisas acontecem simplesmente, porque sim?
Hoje, ouvi Jaime Marta Soares, presidente da Liga Portuguesa de Bombeiros, dizer que Portugal “tem um inimigo muito forte – a Natureza”! Engana-se, senhor Jaime Marta Soares. A Natureza é que tem um inimigo muito forte e destrutivo – o homem-predador, governantes incompetentes...
Mas ouve-se dizer que todos são muito competentes… E se com todas as competências tudo falhou, o que seria se não fossem competentes?... O certo, certo, é que o FOGO é mais poderoso do que todos os “competentes” juntos, e disto os homens devem tirar as suas conclusões.
Nunca em Portugal se viveu um tal inferno, como este ano de 2017, o ano de todos os incêndios; o ano de todos os descalabros; o ano de todas as falhas; o ano de todas as irresponsabilidades; o ano de todas as incompetências, mas tudo isto já vem de longe, vem de outros governos, de outros ministros....
E não venham dizer que a culpa é apenas das alterações climáticas, deste calor extemporâneo, deste fogo que surge pela calada da noite… sem avisar…
Vieira de Leiria – 15 de Outubro de 2017
(Fonte da imagem)
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1715764015100564&set=pcb.1715764075100558&type=3&theater
Temos de procurar os culpados não só entre o actual governo, como nos anteriores, e nos incompetentes ministros da Agricultura; na falta gritante de uma política florestal; no desleixo do povo português, no que respeita à limpeza das suas propriedades; na protecção ao lobby madeireiro; à falta de preparação dos bombeiros portugueses, que apagam fogos florestais com os mesmos meios com que apagam fogos urbanos. E tudo isto junto configura um crime para o qual não tem havido castigo. E os incendiários são detidos, para depois serem devolvidos à sociedade por juízes que não viram as suas casas a arder, e voltarem a incendiar.
Entretanto, Portugal desguarnece-se das suas florestas, e despovoa-se da sua fauna…
(Fonte da imagem)
É impossível ficar indiferente a esta descomunal incompetência. O relatório de Pedrógão Grande arrasa com a estratégia do governo de António Costa, que tem andado a brincar aos governantezinhos, e não só no que respeita a esta matéria, mas em muitas outras, facto que põe Portugal no Guinness World Records de Casos Únicos.
Marinha Grande -15 de Outubro de 2107
(Fonte da imagem)
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1715764055100560&set=pcb.1715764075100558&type=3&theater
É urgente pôr Portugal no caminho da lucidez.
É urgente parar de brincar aos governantes, e andar por aí aos beijinhos e aos abraços e a dançar e a tirar selfies, enquanto Portugal arde num fogo literalemente dos infernos.
Isabel A. Ferreira
Quiseram desenterrar costumes bárbaros medievais, e o retorno a um passado onde a ignorância e a crueldade imperavam manchou a ex-moderna cidade de Braga.
A estupidez medieval aconteceu. Espera-se que pela última vez.
Foto: Ana Barros in
Este é o infeliz Libório, que foi retirado do seu habitat e, em pânico, com o barulho dos bombos e dos foguetes, foi perseguido e maltratado por um bando de gente histérica.
***
Regresso ao passado
Por Noémia Pinto
(Subscrevo integralmente este magnífico texto - I.A.F.)
«Parece que ontem, dia 20 de Junho, se cumpriu uma «tradição» em Braga, manchando a festa alegre que se pretende que o S. João seja. Uma tradição que não era cumprida há 98 anos. Saudosa, portanto!
Diz quem viu e até faz (má) locução na TV Minho que foi «um momento bonito». Eu olho para aquelas imagens e ocorrem-me vários adjectivos. Nenhum deles será bonito. Bonito, bonito seria deixarem o Libório no seu cantito.
Foi-me garantido, ainda na véspera de tão fantástica ressurreição, por um amigo próximo que estava na organização de tamanha crueldade, que o animal não sofreria qualquer dano. Eu, conhecedora do comportamento humano quando em «matilha» e frequentemente em estado de pouca sobriedade, imaginava o que por aí viria.
Infelizmente, pelo que li de relatos de quem viu o acontecimento e foi mais imparcial do que o magnífico repórter da TV Minho e pelo que vi nas imagens, a realidade foi mais ou menos como eu a imaginara.
O pobre porco, assustado com toda a confusão, medo que terá sido também agravado pelo disparo de morteiros, recusou-se a sair do veículo de transporte, pelo que foi puxado pelas orelhas e pela cauda para sair. Como insistia em não fazer o gosto à populaça, foi pontapeado. Aterrado, lá saiu da carrinha, desatando a correr. Como por vezes corria em sentido oposto àquele em que era suposto que corresse, era arrastado pelas orelhas e pela cauda.
Para quem garantia que ninguém poderia tocar no porco, algo falhou aqui, não? E depois desta vergonha, vão continuar a dizer que o animal não sofreu nada? Pelo menos sejam honestos e digam que não querem saber se o animal sofre ou não porque todos se consideram superiores a ele. Ou estão agora com medo dos tais «jeitosos que andam a chatear»?
Que o povo triste, ignorante, que mal ganha para a côdea goste destes acontecimentos, que representam o ponto alto nas suas vidas sem cor, até percebo. O que não percebo é que, mais uma vez, os estudantes estejam ligados a uma prática bárbara. Os estudantes devem ser motor de mudança dos países e suas sociedades. Os estudantes devem desenvolver o seu espírito crítico e a sua humanidade, libertando-se ou afastando-se da boçalidade e da barbárie. O que aqui aconteceu foi o oposto. Os estudantes ajudaram a que a barbárie e a crueldade se instalassem.
Para terminar, quero partilhar convosco o que descobri na página aberta de Facebook de um dos magníficos organizadores das fantástica e nada cruel «corrida»: um desenho do dito senhor a perseguir o porquito, utilizando uma linguagem que só por si ajuda a apelar ao que de mais baixo o ser humano tem dentro de si.
Para mim, a crise maior é esta, a perda de valores tão elementares como o respeito pelos outros, quer sejam os outros humanos, quer sejam outros animais. Convivemos todos neste espaço redondo, cada vez mais estragado, o mínimo que podemos fazer é respeitarmos o outro. Seja ele quem for. O regresso de tradições cruéis só nos fica mal.»
Fonte:
http://aventar.eu/2014/06/21/regresso-ao-passado-3/#more-1216916
***
Braga envergonhada na RTP
(Ver o vídeo)
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=746839&tm=8&layout=122&visual=61
«Durante os serviços noticiários de hoje, Braga, a NOSSA CIDADE, é retratada como um palco de atrasados mentais que querem vivem na Idade Média.
Estas imagens não foram invejadas em lado algum de Portugal, provocaram sim estupefacção dos portugueses (mesmo os que estão no estrangeiro) pelo facto de não se tratar de imagens de uma terra recôndita e com atraso civilizacional, mas sim da 3ª CIDADE DO PAÍS!
Os que estiveram presentes na "Corrida do Porco Preto" não são os que não estiveram lá, são uma minoria da cidade.
Grande parte dos que, movidos pela curiosidade, se deslocaram ao local, ficaram chocados e sem reacção, um sentimento estranho e inexplicável diante de alguns que até se divertiam com a vida deste animal, transformada em miserável, sem dignidade, sem apreço, sem nada.»
Fonte:
https://www.facebook.com/photo.php?v=258337511018502&set=vb.252006934984893&type=2&theater
Nota: As cenas são tão bárbaras, grosseiras, imbecis, que desactivam os vídeos e os links que levam às imagens da idiotice. Se fosse coisa civilizada, não era necessário a desactivação.
Há dias, escrevi uma carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Braga a propósito desta iniciativa primitiva e aberrante que não dignifica nem a cidade nem as gentes bracarenses
(Abrir o link abaixo)
CARTA ABERTA AO SENHOR DOUTOR RICARDO RIO, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/carta-aberta-ao-senhor-doutor-ricardo-428897
Fonte da imagem, onde podem encontrar uma outra referência a esta idiotice: http://www.eidh.eu/magazine/?p=1392&cpage=1#comment-4721
Em resposta a esta carta recebi a seguinte mensagem:
«Exma. Senhora Isabel Ferreira,
Em nome do Senhor Presidente da Câmara de Braga, agradeço a sua mensagem e a participação cívica que nos prezamos em acolher.
Quanto à mencionada Corrida do Porco Preto, iniciativa integrada no programa das Festas de São João e promovida por diversas associações e instituições locais, cumpre-nos dizer que se trata de um desfile que recupera algumas tradições sanjoaninas, onde se encontra também integrada a largada de um porco preto, não estando previsto qualquer ato “bárbaro e cruel” ou qualquer ofensa à integridade física do animal, tal como foi mencionado.
Informa-se ainda, que não está também prevista qualquer iniciativa que coloque em causa, quer a imagem da cidade e dos seus habitantes, quer a dignidade dos animais entendida à luz das normas e condutas universalmente aprovadas.
As informações detalhadas a respeito da iniciativa poderão ser obtidas junto das entidades organizadoras.
Com os meus melhores cumprimentos,
Olga Pereira
(Gabinete de Apoio Presidência)»
***
A minha resposta:
Exma. Sra. D. Olga Pereira:
Agradeço a amabilidade da resposta à carta que dirigi ao Senhor presidente.
Devo, porém, fazer duas observações:
A primeira prende-se com a frase: «onde se encontra também integrada a largada de um porco preto, não estando previsto qualquer ato “bárbaro e cruel” ou qualquer ofensa à integridade física do animal, tal como foi mencionado.»
Ora, o Porco tem um habitat natural. Todos os animais (humanos e não humanos) retirados dos seus habitats naturais, ainda que não seja para os matar ou torturar fisicamente, sofrem um grande stress, além de pôr em causa a integridade física do animal (veja-se a foto que ilustra este texto) provocando ainda malefícios psicológicos, tal como provocaria numa criança retirada do seu meio e a colocassem num meio estranho; mormente o Porco que, entre os animais domesticados, é o mais inteligente.
Abrir este link: http://animalplanet.discoverybrasil.uol.com.br/os-5-animais-mais-inteligentes-do-planeta/
Portanto, só o facto de largar um Porco no meio de uma multidão aos berros, e depois persegui-lo, já e uma crueldade indizível. É na verdade, um acto bárbaro e inútil, um costume medieval sem a mínima valia, até porque não confere dignidade à festa de um Santo, nem às pessoas que promovem tal crueldade.
E a igreja católica neste aspecto tem muita culpa. Não sabe honrar os ensinamentos de Cristo.
A segunda tem a ver com a seguinte afirmação: «não está também prevista qualquer iniciativa que coloque em causa, quer a imagem da cidade e dos seus habitantes, quer a dignidade dos animais entendida à luz das normas e condutas universalmente aprovadas.»
Pois conforme já referi no parágrafo anterior, a retirada de um animal do seu habitat natural, só por si, fere, e muito, a dignidade desse animal, à luz de todas as normas e condutas universalmente aprovadas, incluindo os Direitos dos Animais. E não sou eu que o digo.
Portanto, Sra. D. Olga Pereira, mantenho tudo o que disse na minha carta aberta ao senhor Presidente da Câmara Municipal de Braga, e repito que esta iniciativa não dignifica nem a terra nem as gentes bracarenses do século XXI, e muito menos o Porco, que será vilipendiado, humilhado e agredido psicologicamente, só pelo facto de o retirarem do seu habitat natural.
E com que finalidade? Divertir um povo inculto? Sim, porque o culto não se diverte com uma tal aberração.
Além disso, um Porco vivo não é um brinquedo. É um ser senciente que sofre, tal como qualquer um de nós.
Por favor, mantenham o nível na cidade de Braga.
Não pretendam regressar às trevas e introduzir nuns festejos até agora limpos, um evento moralmente pobre e socialmente desprezível.
Continuando com a minha indignação,
Isabel A. Ferreira
Li, mas não acreditei.
Li e pasmei!
Braga quer retroceder no tempo e mergulhar nas trevas mais negras, recuperando o costume bárbaro da “corrida do porco preto”, pelas mãos de um tal Rui Ferreira, novo responsável máximo pelas festas do São João de Braga?
Exmo. Sr. Doutor Ricardo Rio,
Isto é verdade?
Recuperar antigas tradições das festas de São João em Braga é uma garantia deixada pelo novo responsável desta festividade, uma escolha de V. Exa., já aprovada em reunião do executivo?
Não tenho nada contra o cidadão Rui Ferreira, nem contra tradições culturais de qualidade.
Contudo, considero uma autêntica aberração a escolha do costume bárbaro (que de tradição nada tem) que esse cidadão quer introduzir nos festejos de São João de Braga, que eram limpos, e a ser verdade esta insólita iniciativa, passam a ser sórdidos.
Uma corrida de porco preto? Nos tempos que correm? Quando o mundo civilizado está a tentar fazer evoluir as terrinhas com um atraso civilizacional, devido a este tipo de iniciativas, que as colocam paradas num passado longínquo, onde proliferava a ignorância e um povo pacóvio?
É isso que V. Exa quer para Braga que, pensava eu, já tinha evoluído?
O tal cidadão Rui Ferreira não tem a mínima culpa de pretender desenterrar mortos putrefactos e tentar ressuscitá-los numa cidade, enfim, que já ganhou algum estatuto de qualidade, e que o perderá imediatamente, logo que esta barbárie, que ele considera algo verdadeiramente “minhoto”, seja recuperada.
A culpa será das autoridades que permitirem tal idiotice.
Numa altura em que os maus tratos aos Animais estão a ser veementemente contestados em todo o mundo civilizado, este cidadão quer fazer corridas de porcos?
Saberá esse Rui Ferreira que o porco não é um alho-porro?
E se esse costume bárbaro estava enterrado, por algum motivo foi.
Não queira o município de Braga regredir…
Tudo menos exploração de animais, Senhor Doutor Ricardo Rio.
Por isso, é muito humildemente, que solicito a V. Exa. que não permita que a cidade de Braga (que eu tinha no coração) se conspurque e perca a sua dignidade de cidade limpa, com esse costume primitivo da corrida do porco preto, sem o mínimo interesse para a cultura de qualidade, que todos nós queremos para a cidade de Braga.
Até porque o Porco é um animal muito inteligente e bastante meigo, e quando é criado com carinho ele comporta-se quase como um cãozinho, seguindo os nossos passos e reconhecendo as pessoas que com ele vivem. (Falo com conhecimento de causa).
Esperando que V. Exa. reconsidere este meu apelo (que, afinal, é o apelo de milhares de portugueses), apresento os meus melhores cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
Braga surge na terceira posição como uma das cidades preferidas dos investidores estrangeiros. O Algarve e a Madeira conquistam posições com o turismo e o centro é o preferido para morar.
Na cauda deste ranking estão os Açores e o Alentejo. ***
O campo pequeno é a nódoa negra que caiu no melhor pano: a cidade de Lisboa… onde ainda se mantém a actividade bárbara tauromáquica… Neste campo pequeno pratica-se tortura gratuita, para divertir sádicos. Lisboa não será a cidade perfeita… Sabemos que os turistas não põem os pés neste antro… Mas não será chegado o momento de expurgar esta nódoa da cidade, Senhor Presidente da Câmara, Dr. António Costa, elevando Lisboa a cidade anti-taurina, e acabando com esta vergonha, num recinto que poderia ser limpo, e não é? Lisboa merece.(I.A.F.)
Lisboa é a cidade portuguesa preferida dos turistas, investidores e residentes. É a conclusão do primeiro ranking da marca cidade, feito pela Bloom Consulting, que analisa os 308 municípios portugueses.
O Porto lidera a região norte, que coloca no topo da lista mais seis municípios, entre eles Braga e o “cluster” ou rede de cidades composta por Guimarães, Viana do Castelo, Maia e Matosinhos.
A Madeira demarca-se do Algarve ao apresentar o Funchal como a segunda melhor cidade do país para visitar.
No entanto, a região algarvia coloca cinco municípios no top 10, na categoria turismo: Faro é o mais bem posicionado, na combinação viver, visitar e investir. Albufeira lidera nas estadias.
No que diz respeito ao investimento, Braga surge em terceiro lugar e Oeiras em quarto, como as cidades preferidas dos investidores, logo atrás de Lisboa e Porto, explica Filipe Roquette, director geral da Bloom Consulting em Portugal, a consultora responsável por este ranking.
O estudo mede a eficácia dos 308 municípios portugueses em três vertentes: atracção de investidores, turistas e residentes. Trata-se de uma análise que tem por base dados reais e não estudos de opinião.
A consultora chega assim à marca país ou região, que representa um activo, que pode mudar de ano para ano. Informação para todo o tipo de públicos, desde governo a empresas, passando por académicos e profissionais. Este foi apenas o primeiro ranking dos 308 municípios, Filipe Roquette garante que haverá mais.
Este estudo avalia o impacto das estratégias políticas, de urbanismo e de promoção de cada município e identifica ainda as potencialidades e fragilidades de cada um. Cabe agora aos municípios usarem da melhor forma esta informação para melhorarem as respectivas posições.
Bloom Consulting analisa anualmente 220 países e lança agora em Portugal aquele que diz ser o ranking mais completo e detalhado já feito no país, com todos os 308 municípios.
Fonte:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=138632
***
*** Na cauda deste ranking estão os Açores e o Alentejo.
Açorianos, alentejanos…conseguem aperceber-se porquê estão na cauda?
Muito atraso de vida. Nenhuma cultura. Demasiadas actividades tauromáquicas. Recusa de evolução.
Duas belas regiões no que respeita a paisagem, e no entanto rejeitadas por turistas e investidores…
Governo Regional dos Açores… isto não vos diz nada?
Terrinhas atrasadas do Alentejo… isto não vos diz nada?
EVOLUAM!
A última vez que fui ao circo (há muitos anos, os meus filhos eram pequenos) foi ao do Vítor Hugo Cardinali, que espancou em público um elefante que se recusou a fazer a vénia final... Vi lágrimas a escorrerem dos olhos do pobre animal. Nunca mais levei os meus filhos a um circo com animais, e tive de lhes dar muitas explicações acerca do que presenciaram...
Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal de Braga,
Exmos. Senhores Vereadores da Câmara Municipal de Braga,
Tomámos conhecimento de que está anunciado um Circo (NERY BROTHERS SHOW) com animais para acontecer em Braga, junto às piscinas da rodovia, entre os dias 28 de Setembro a 8 de Outubro de 2012.
Solicitamos a Vossas Excelências que no uso do poder que cabe à Câmara Municipal, não autorizem a realização de tal espectáculo com animais.
Esta prática medieval de exploração, inerente à actividade itinerante dos circos, que reduz seres sencientes a meros instrumentos, e a que os animais são submetidos, sendo privados dos seus habitats naturais, condenados à falta de liberdade para o resto das suas vidas, sujeitos a treinos contínuos e forçados, por meio de espancamentos e uso de drogas, mutilações e aplicação de choques eléctricos, privação de alimento, confinamento com correntes em jaulas minúsculas, sujeitando-os a toda o género de dano e violência, é inadmissível, eticamente injustificável e deve ser banida em favor da promoção da educação ambiental, dos direitos dos animais e da cultura que busque estabelecer uma tradição da não-violência e de respeito à vida e ao comportamento natural dos animais.
Os animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa ao seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa.
Portanto, medo e dor são essenciais para a sobrevivência deles. Os animais são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo, ao susto, ao prazer e à dor.
Descobertas recentes confirmam que os animais mamíferos são seres inteligentes e conscientes. O senso comum apreende isto e a ciência confirma.
Apelamos por isso a Vossas Excelências que decretem o fim imediato (em Braga) desses espectáculos degradantes como os Circos com animais, os quais incentivam as crianças à prática de crimes contra seres vivos.
Porque uma criança não pode aceitar que nos digamos amigos de um animal senciente, e ao mesmo tempo sujeitemos esse animal a um sofrimento cruel e prolongado, como é o caso dos animais dos Circos.
Gostaríamos muito que a Câmara Municipal de Braga, ao invés de permitir espectáculos violentos e deseducativos utilizando animais, optassem por dar o seu contributo para que Braga se transforme numa Cidade onde as crianças e os jovens sejam, desde cedo, ensinados a respeitar os animais e a Natureza, ainda mais sendo esta cidade a Capital Europeia da Juventude 2012.
Agradecemos a atenção dispensada e ficamos a aguardar uma resposta positiva, no sentido de transformar Braga numa cidade mais moderna e progressista que não admita espectáculos de crueldade contra animais.
Se queremos um FUTURO melhor para as nossas crianças e jovens, o exemplo deve vir de cima.
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
(uma voz daqueles que não têm voz)
D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, esteve esta tarde, na Póvoa de Varzim, a proferir uma brilhante conferência, iniciando desse modo, os trabalhos do Correntes d’Escritas, como se sabe, um acontecimento cultural de qualidade, que prestigia não só aquela cidade como Portugal. A exemplo do que fiz com o Secretário de Estado da Cultura, aproveitei para entregar-lhe, em mãos, a seguinte carta, onde se fala da tortura de Touros e Cavalos, no nosso País, para que a Igreja acorde para a verdadeira realidade cultural, e deixe de apoiar e abençoar os torturadores de seres vivos.
Póvoa de Varzim, 23 de Fevereiro de 2012
Exmo. Sr. D. Manuel Clemente, Bispo do Porto,
Já, por várias vezes, nos encontrámos em Arouca, em Braga, no último Congresso de Cister, enfim, e pelo que tive oportunidade de observar, fiquei com a impressão de que o Senhor Bispo do Porto é um homem inteligente, sensível e zeloso das suas obrigações Cristãs.
Por isso atrevo-me a dirigir-lhe estas linhas, com todo o respeito.
É que sendo eu uma defensora dos Direitos dos Animais Humanos e Não-Humanos, e estando neste momento envolvida na Causa da Abolição das Touradas em Portugal e no Mundo, não compreendo a posição da Igreja Católica Portuguesa a este respeito, sabendo, como sabemos, que «a Tauromaquia é uma modalidade que assenta em primeira linha na exploração violenta e cruel do touro, sempre, e do cavalo nos programas em que ele é utilizado como veículo do actor tauromáquico e obrigado a tornar-se “cúmplice” da lide, sofrendo ansiedade e esgotamento e arriscando ferimento e morte», segundo a opinião do Dr. Vasco Reis, Médico-Veterinário.
Sabendo, como sabemos, que «a não-violência é a lei da nossa espécie assim como a violência é a lei dos brutos. O espírito jaz dormente no bruto e ele não conhece nenhuma outra lei a não ser a da força física. A dignidade do ser humano requer obediência a outra lei – à força do Espírito!», de acordo com Mahatma Gandhi.
E ainda, sabendo, como sabemos, que «(...) se fazem reclames entusiastas de espectáculos, como as touradas de praça onde por simples prazer se martirizam animais e onde os jorros de sangue quente, os urros de raiva e de dor e os estertores de agonia só podem servir para perverter cada vez mais aqueles que se deleitam com o aparato dessa luta bruta e violenta, sem qualquer razão que a justifique», como refere Adriano Botelho (ilustre cidadão da Ilha Terceira – Açores).
Posto isto, Senhor D. Manuel Clemente, pergunto por que motivo a Igreja Católica é CÚMPLICE desta selvajaria (há muitos padres católicos aficionados), e “abençoa” os torturadores de Touros (vulgo toureiros), antes destes irem para arena massacrar um ser vivo, que tem um ADN semelhante ao humano? Um ser que sofre e sente a dor tal como nós a sentimos?
Não serão o Touro e o Cavalo também criaturas de Deus?
Jesus Cristo ensinaria ao homem a prática da violência sobre os seres vivos? Foi para isso que viria ao mundo?
Escrevo-lhe para solicitar a douta interferência do Senhor Bispo do Porto, nesta matéria, para que a Igreja Católica Portuguesa tome uma posição pública contra esta barbárie, como é de seu DEVER, até porque se a Igreja interferir, estes massacres acabam por acabar.
Não é de um bom cristão torturar seres vivos para se divertir, mas os torturadores de Touros e Cavalos são cristãos e torturam seres vivos para ganharem dinheiro e divertir os sádicos.
Penso que o Senhor D. Clemente estará de acordo comigo.
São estes ensinamentos que a Igreja pretende que se transmita às crianças?
Repare na cara patética deste “cristão” que além de torturador é cobarde, e no sofrimento atroz estampado na expressão do Touro, caído no chão, exaurido, dorido. Esvaziado da sua dignidade de ser vivo.
E a Igreja Católica Portuguesa nada terá a dizer sobre isto?
Isto faz parte de um tempo primitivo e obscuro. Estamos no Século XXI, depois de Cristo. É preciso evoluir, Sr. D. Manuel Clemente.
É preciso colocar Portugal entre os países evoluídos. E a Igreja Católica, tendo a influência que tem no nosso povinho, ainda tão ignorante, tem o DEVER de esclarecer esse povo, e não ser passiva quanto a esta matéria tão cruel, que só desprestigia o Ser Humano.
O senhor D. Manuel Clemente, tal como eu, historiador, saberá que os factos históricos são importantes. A Igreja Católica ficará manchada, para a História, como CÚMPLICE desta barbárie, se não tomar uma posição firme e essencialmente cristã, assim como ficou tristemente enlameada em tantas outras ocasiões, por nada ter feito, como na vergonhosa cumplicidade com as atrocidades cometidas durante a II Guerra Mundial contra os judeus, e nas Santas Cruzadas, e na Santa Inquisição, (apenas para referir os mais conhecidos casos de omissão da Igreja Católica). E é CÚMPLICE quem sabe e nada faz.
Espero que esta minha carta possa servir para acordar a “adormecida” Igreja Católica Portuguesa para esta grave lacuna, do seu apostulado. Os púlpitos são lugares apropriados para passar a mensagem da não-violência contra todos os seres humanos e não-humanos. Não é lugar para se falar de política. É lugar para se falar no que Jesus Cristo deixou ao mundo de mais valioso, o preceito áureo: «não faças aos outros (e nesses outros estão incluídos todos os seres não-humanos) o que não gostas que te façam a ti.» Se todos os homens cumprissem esta simples regra, o mundo seria o lugar ideal para se viver, sem leis, sem governantes, sem polícias, sem armas, sem guerras, sem todos esses horrores, que o animal humano, e apenas o animal humano inventou.
Porque é preciso acabar de uma vez por todas com esta macabra, patética, sangrenta e sádica prática chamada TOURADA, onde dois magníficos seres vivos (Touro e Cavalo) são barbaramente torturados por psicopatas.
E a Igreja Católica Portuguesa tem o seu quinhão de culpa nisto.
Com os meus melhores cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
(Ex-professora, Jornalista, Escritora, Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, e Presidente da Direcção da APOC (Associação Portuguesa de Cister).
Esta carta será publicada no seguinte Blogue:
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt
(O Blogue onde o Senhor D. Manuel Clemente poderá encontrar a história da minha luta pela Abolição da Tourada em Portugal e no Mundo. Cister pode esperar).