Há dias, escrevi uma carta aberta ao presidente da Câmara Municipal de Braga a propósito desta iniciativa primitiva e aberrante que não dignifica nem a cidade nem as gentes bracarenses
(Abrir o link abaixo)
CARTA ABERTA AO SENHOR DOUTOR RICARDO RIO, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE BRAGA
http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/carta-aberta-ao-senhor-doutor-ricardo-428897
Fonte da imagem, onde podem encontrar uma outra referência a esta idiotice: http://www.eidh.eu/magazine/?p=1392&cpage=1#comment-4721
Em resposta a esta carta recebi a seguinte mensagem:
«Exma. Senhora Isabel Ferreira,
Em nome do Senhor Presidente da Câmara de Braga, agradeço a sua mensagem e a participação cívica que nos prezamos em acolher.
Quanto à mencionada Corrida do Porco Preto, iniciativa integrada no programa das Festas de São João e promovida por diversas associações e instituições locais, cumpre-nos dizer que se trata de um desfile que recupera algumas tradições sanjoaninas, onde se encontra também integrada a largada de um porco preto, não estando previsto qualquer ato “bárbaro e cruel” ou qualquer ofensa à integridade física do animal, tal como foi mencionado.
Informa-se ainda, que não está também prevista qualquer iniciativa que coloque em causa, quer a imagem da cidade e dos seus habitantes, quer a dignidade dos animais entendida à luz das normas e condutas universalmente aprovadas.
As informações detalhadas a respeito da iniciativa poderão ser obtidas junto das entidades organizadoras.
Com os meus melhores cumprimentos,
Olga Pereira
(Gabinete de Apoio Presidência)»
***
A minha resposta:
Exma. Sra. D. Olga Pereira:
Agradeço a amabilidade da resposta à carta que dirigi ao Senhor presidente.
Devo, porém, fazer duas observações:
A primeira prende-se com a frase: «onde se encontra também integrada a largada de um porco preto, não estando previsto qualquer ato “bárbaro e cruel” ou qualquer ofensa à integridade física do animal, tal como foi mencionado.»
Ora, o Porco tem um habitat natural. Todos os animais (humanos e não humanos) retirados dos seus habitats naturais, ainda que não seja para os matar ou torturar fisicamente, sofrem um grande stress, além de pôr em causa a integridade física do animal (veja-se a foto que ilustra este texto) provocando ainda malefícios psicológicos, tal como provocaria numa criança retirada do seu meio e a colocassem num meio estranho; mormente o Porco que, entre os animais domesticados, é o mais inteligente.
Abrir este link: http://animalplanet.discoverybrasil.uol.com.br/os-5-animais-mais-inteligentes-do-planeta/
Portanto, só o facto de largar um Porco no meio de uma multidão aos berros, e depois persegui-lo, já e uma crueldade indizível. É na verdade, um acto bárbaro e inútil, um costume medieval sem a mínima valia, até porque não confere dignidade à festa de um Santo, nem às pessoas que promovem tal crueldade.
E a igreja católica neste aspecto tem muita culpa. Não sabe honrar os ensinamentos de Cristo.
A segunda tem a ver com a seguinte afirmação: «não está também prevista qualquer iniciativa que coloque em causa, quer a imagem da cidade e dos seus habitantes, quer a dignidade dos animais entendida à luz das normas e condutas universalmente aprovadas.»
Pois conforme já referi no parágrafo anterior, a retirada de um animal do seu habitat natural, só por si, fere, e muito, a dignidade desse animal, à luz de todas as normas e condutas universalmente aprovadas, incluindo os Direitos dos Animais. E não sou eu que o digo.
Portanto, Sra. D. Olga Pereira, mantenho tudo o que disse na minha carta aberta ao senhor Presidente da Câmara Municipal de Braga, e repito que esta iniciativa não dignifica nem a terra nem as gentes bracarenses do século XXI, e muito menos o Porco, que será vilipendiado, humilhado e agredido psicologicamente, só pelo facto de o retirarem do seu habitat natural.
E com que finalidade? Divertir um povo inculto? Sim, porque o culto não se diverte com uma tal aberração.
Além disso, um Porco vivo não é um brinquedo. É um ser senciente que sofre, tal como qualquer um de nós.
Por favor, mantenham o nível na cidade de Braga.
Não pretendam regressar às trevas e introduzir nuns festejos até agora limpos, um evento moralmente pobre e socialmente desprezível.
Continuando com a minha indignação,
Isabel A. Ferreira