Uma verdade que faz dos aficionados uns sádicos.
E era preciso confirmação? Não serão os Touros animais como nós? Não terão eles um sistema nervoso central, tal como nós? Não bastariam estes raciocínios?
Não, para o comum dos mortais estes raciocínios não bastam. É preciso fazer desenhos… e explicar-lhes tim-tim por tim-tim que um Touro é um animal senciente… E mesmo assim…
Todavia, ainda que os bovinos não sofressem, torturar um ser vivo não é diversão para nenhum animal terrestre ou sequer extraterrestre.
Torturar um ser vivo é apenas uma prática de mentes deformadas e insanas.
O que hoje proponho para reflexão é um estudo científico de Jaume Camps Rabadá, Médico-Veterinário. Académico Honorário da Academia de Ciências Veterinárias da Catalunha (ACVC) e Presidente da Academia Catalã de História da Veterinária.
O título do seu trabalho, publicado em Julho de 2105, na Web Center é precisamente o seguinte:
«A genética e a evolução confirmam que os Touros de Lide sentem dor»
Trata-se de uma exposição exclusivamente destinada a divulgar resultados reconhecidos pela maioria dos cientistas e agências internacionais sobre este tema.
O objectivo é confirmar que todos os animais sentem dor, de uma forma ou de outra, e o Touro de lide, não é nenhuma excepção.
***
GENÉTICA:
O genoma bovino, a que pertencem os touros, tem 29 pares de cromossomas, com dois sexos e 27.000 genes (com a mesma actividade existente nos seres humanos, inclusive no que diz respeito ao número total de cromossomas…). E três mil milhões de pares básicos, número igualmente coincidente com o dos seres humanos.
(Dados publicados pela prestigiada revista "Science" 2009).
Existem apenas três subespécies de acordo com a Taxonomia (ramo da Biologia e da Botânica que cuida de descrever, identificar e CLASSIFICAR os seres vivos, animais e vegetais): o Bos taurus taurus; o Bos taurus indicus (Zebu), e a ancestral origem de todos: o Bos taurus. Não é possível aceitar cientificamente algumas espécies domésticas separadas por serem fruto de cruzamentos. Não existe, portanto, uma “espécie” diferenciada para ser “touro de lide”.
(Dados da “Mammal Species of the World”, parte 2079, da “Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica” do ano de 2003).
Dentro do grupo Sentidos, e Etologia e Ecologia, há também dados curiosos: eles têm o mesmos sentidos que todos os outros mamíferos. Têm o sentido do tacto muito desenvolvido, e de modo independente o aspecto sensorial, o da dor e do calor. De resto, os bovinos são mais sensíveis a descargas eléctricas do que nós.
Expressam com mugidos o seu nível de fome, sede, DOR, e chamamentos familiares ou da boiada. São sociáveis para formar manadas, e como em todas elas, há uma escala social, sendo os machos alfa os maiores e com mais cornadura. Apenas a partir de uma selecção prévia e treinamento se conseguem exemplares mais agressivos, embora não esteja comprovado que tenha alguma relação com a DOR.
EVOLUÇÃO:
Desde as primeiras células eucarióticas, existentes desde há mais de dois mil milhões de anos (2.000,000.000), eles sentiram DOR, e é também a minha opinião de que a sentiam mesmo antes. «Sem nenhum tipo de DOR a vida não existiria!!!» (frase que eu assumo...) , desde os primeiros seres vivos de há 2.700 milhões de anos. O LUCA (Last Universal Common Ancestor – Último Ancestral Comum Universal). Faz já um pouco mais de 600 milhões de anos com os seres multicelulares, e levou 200 milhões de anos para aparecerem os mamíferos.
SENTIR DOR faz parte de toda a evolução. As primeiras células, mesmo antes de tudo, tiveram de reagir para sobreviver, embora longe de ser o que hoje chamamos DOR, mas sentiam um incómodo (e o desconforto é uma forma de dor).
Por exemplo: uma pequena alteração no PH do ambiente onde foram geradas, ou a falta da humidade necessária, ou a presença de oxigénio (que era venenoso e agora é vida…).
Foi um exercício gigantesco para superar e conseguir nesses muitos milhões de anos, a existência de vários milhões de espécies animais e vegetais que hoje temos. Isto não teria acontecido sem uma sensação de DOR ou desconforto !!!
Ao longo da evolução foram-se formando tanto a anatomia como a fisiologia, que inclui as acções e reacções ao ambiente externo.
O aparecimento da Genética Molecular foi fundamental para a compreensão da evolução. O ADN é uma molécula longa composta por uma cadeia dupla, com unidades alternadas de açúcar e fosfato. Cada unidade de açúcar é uma das quatro bases de ADN. A cadeia pode dividir-se em duas partes, e cada metade pode sintetizar o complementar. Entre todo este complexo pode determinar-se a mensagem genética da molécula do ADN, dito assim, muito resumidamente. E para iniciar ou finalizar a mensagem, há um trio que indica um início ou um final.
Com o conjunto das mensagens consegue-se um código genético universal. (O que prova a origem comum de todos os organismos vivos...).
Quando existe uma alteração deste código, ou é anulado se não há condições para sobreviver e superar os outros, ou bem que de um modo caótico pode servir para torná-lo mais adaptável ao ambiente ou que se reproduza melhor, o que, ao longo de milhares de anos, leva ao nascimento de uma nova espécie.
A mudança genética que transformasse um ser, na sua base fisiológica, num animal que não chegasse a sentir dor, esta "vantagem" aparente levaria à sua extinção antes de se transformar numa nova espécie.
Os touros de lide são bovinos, e só os utilizam em touradas há apenas um par de centenas de anos, sendo impossível a existência de uma modificação genética, que requer milhões de anos, e assumindo excepcionalmente de que a ausência de DOR fosse imprescindível para a sobrevivência deles (?).
O título da obra de Charles R. Darwin refere a evolução das espécies por selecção NATURAL, e é ainda acrescentado ao títuoo original em Inglês: «On the origin of Species by Means of Nature Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Stuggle for Life» (Sobre a origem das Espécies através da Selecção Natural, ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida).
Onde já no título se indica que só evoluem as espécies que resistem às transformações da vida...
Evolução que não teve, nem poderia ter, a raça de touros de lide.
Portanto, eles sentem DOR, como todas as demais espécies existentes, e também as já desaparecidas.
Jaume Camps Rabadá
Fontes:
http://www.derechoanimal.info/images/pdf/Jaume-Camps-Rabada.pdf
Diz que o Fórum dos Açores realçou os valores “culturais” da criação do “touro bravo”… e assim se propagam mentiras…
Primeiro, confundem valores culturais com valores monetários… E ficaria tudo dito, se não fosse o facto de a fabricação do “touro bravo”, que todos sabem não existir na Natureza, ter como objectivo usá-lo num costume cruel e bacoco, que só dá mau nome aos Açores.
«Os valores que a indústria tauromáquica tanto defende. É isto que queremos como imagem dos Açores? São estes os valores que se devem perpetuar?»
in
***
Neste fórum de tortura taurina interveio um licenciado em Biologia.
Porém, ser Biólogo é outra coisa.
Ser Biólogo é ser um Cientista, que desenvolve os seus estudos baseado no método científico, e não para conveniência de ganadeiros e afins. Pode trabalhar em laboratórios de pesquisa, laboratórios de rotina como os de biologia clínica, campos abertos como savanas, pastagens, florestas e todo o lugar onde há vida para ser estudada, mas não para ser maltratada.
Neste III fórum da tortura taurina nos Açores, (“canto do cisne” da tauromaquia, para aficionados matarem saudades de algo que já morreu, só eles não sabem), foram profundamente analisados os “benefícios ecológicos” da criação do “touro de lide” na Ilha Terceira, e na evolução da “bravura” como “valor cultural”, como se isso fosse uma realidade biológica, uma necessidade vital, ou algo cientificamente e culturalmente válido.
Esqueceram-se de dizer que a tortura de bovinos mansos já se conjuga no passado, e o Arquipélago dos Açores só tem a perder com estas iniciativas frequentadas por “gente” que desconhece o mundo civilizado, e que tem um nome que os aficionados açorianos não gostam nada de ouvir pronunciar: bronca.
Durante este fórum, vários pseudo “experts” falaram no facto de o “touro bravo” ter ajudado, em certa medida, à fixação da população local.
Ora estes “especialistas” se fossem Cientistas, nunca falariam na importância de um animal que nunca existiu como tal na Natureza, para um pequeno grupo de aficionados, que nada sabe de Biologia, e nem ficou a saber. Pelo contrário…
Se estes “especialistas” fossem Cientistas falariam, isso sim, no touro ou boi, conhecido por bos taurus, juntamente com a sua fêmea, a vaca, e o elemento jovem da espécie, chamado bezerro, que constituem o chamado gado bovino, termo que, em sentido amplo, dá nome aos animais mamíferos, ruminantes, artiodáctilos, com par de chifres não ramificados, ocos e permanentes, do género Bos, em que se incluem as espécies domesticadas pelo homem.
Gado esse introduzido nas Ilhas pelos que as colonizaram.
Quando as Ilhas foram descobertas, eram desabitadas. Nelas existiam uma densa vegetação autóctone e muitas aves.
Depois da descoberta, as primeiras expedições, ainda no século XV, para além do reconhecimento das costas e dos locais onde era possível desembarcar com segurança, também se destinaram a lançar nas ilhas, animais domésticos (ovelhas, cabras, porcos, galinhas e gado bovino) que pudessem ajudar a sustentar uma futura presença humana.
O ano de 1450 é apontado como o do arranque da colonização da Ilha Terceira pelo flamengo Jácome de Bruges.
Mais tarde, debaixo do domínio espanhol (em meados de Agosto de 1583 era completo o domínio castelhano nos Açores, como aliás em todos os territórios sob soberania portuguesa) foi introduzido o bárbaro costume de torturar bovinos para divertir um povo inculto, sem outros horizontes culturais que não fossem esses. E essa incultura mantém até aos dias de hoje, salvo raras excepções.
De onde vem pois, o termo “bravo”? Vem obviamente da tortura por que passa o bos taurus, desde que nasce, em preliminares cruéis até chegar à lide. E tudo o que foi dito, neste Fórum, sobre o “touro bravo” foi uma autêntica fraude.
É deste modo que se perpetua a ignorância e a mentira ao serviço dos ganadeiros e dos seus apoiantes que só vêem €€€€€€€.
Segundo outro “especialista” (diz que é biólogo e professor da Universidade dos Açores – instituição que deixa muito a desejar quanto à sua função de ensinar) referiu que «o pastoreio do “bravo” alterou sensivelmente a paisagem original, mas transformou, para melhor, a flora da ilha».
O que este pseudo biólogo devia ter dito é que os bovinos (o touro, a que chamam “bravo”, não passa de um bovino que não foi castrado) da ilha contribuíram, como contribuem em todas as partes do mundo, para uma paisagem pastoril de grande beleza. E apenas isso.
Outro “expert” que distorceu a verdade (diz que é um etnógrafo e director de uma web sobre a vida natural dos Açores) assegurou que desde há cinco séculos que o “touro bravo” salvaguarda zonas muito importantes da Ilha Terceira, um dos lugares da Europa de maior riqueza ambiental.
Esqueceu-se este senhor de dizer, que quando as ilhas foram descobertas existia uma terra luxuriante e de grande riqueza ambiental… sem “touros bravos”, pois os bovinos foram levados para lá pela mão dos colonizadores, como já se referiu. Só depois disso, e para fins cruéis… o bos taurus foi manipulado pelo homem predador para se tornar “bravo” e servir instintos primitivos e interesses gananciosos €€€€€€€€€€.
O primeiro registo conhecido da realização de uma tourada à corda data de 1622, ano em que a Câmara de Angra organizou um daqueles eventos, enquadrado nas celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola.
Realmente uma manifestação de tortura para celebrar canonizações de santos, muito adequada ao espírito cristão!!!!
Enfim… Contradições da Igreja Católica Apostólica Romana…
Outro “especialista” (diz que é historiador) retomou uma frase do pseudo biólogo e salientou que «sendo autóctone daquela ilha, necessita de touros para viver» (muito mais importante do que o ar que respira e o pão que come) enfatizando a identificação histórica dos terceirenses com o “gado bravo” e a tauromaquia, tanto na vida quotidiana como no ritmo de trabalho e de lazer, o que os torna uns “seres privilegiados”.
Diz que é historiador. Não saberá ele que a identificação histórica dos terceirenses, nada tem a ver com tauromaquia? Que “historiador” será este? A quem pretende ele ludibriar?
Houve um nítido retrocesso. O Arquipélago estava nas rotas marítimas e servia de repositório de um comércio próspero, onde as madeiras tinham um lugar de destaque.
E das madeiras passou-se para a tortura de bovinos, que torna os autóctones daquelas ilhas uns privilegiados?
Mas isto lá é lição que um historiador (se o fosse) dá a alguém?
Finalmente, um outro “especialista”, a propósito da sua tese de doutoramento em Ciências Agrárias sobre a sustentabilidade da criação do “gado bravo” nos Açores (veja-se ao que chegou os altos estudos de um doutoramento!) destacou a história e a evolução das ganadarias terceirenses.
Pois… ganadarias terceirenses… Muitos €€€€€€€€€ em causa. E para isso mandingueiros primitivos torturam cruelmente seres indefesos e inocentes.
No discurso de abertura o presidente da tertúlia tauromáquica terceirense salientou que este fórum sobre a “defesa” dos “valores da tauromaquia” (esquecendo-se de referir que valores são esses, pois há valores que não prestam para nada) «mais do que uma reivindicação da cultura açoriana é uma afirmação da identidade terceirense».
Pobre povo que tem como “cultura e identidade” a tortura de bovinos mansos, herbívoros ruminantes…
E pobre mente que assim pensa…
Fonte:
http://www.abc.es/cultura/toros/20140125/abci-forum-azores-pone-alza-201401252045.html
(Um texto com o qual estou inteiramente de acordo, por isso aqui o transcrevo com a devida vénia)
Por Richard Warrell
«Caro Miguel Sousa Tavares,
Tenho um filho com 2 anos que está a começar aos poucos a aprender a fazer chichi no bacio.
No outro dia, a minha mulher sentou-o no bacio, na casa de banho, e ausentou-se por uns segundos enquanto o pequenito esperava que o chichi chegasse.
Eu, que estava na sala, comecei a ouvir um barulho que me era familiar, mas que não reconheci de imediato. Levantei os olhos e lá o vi, todo nú, barriga espetada para a frente, a fazer um enorme chichi para o chão da sala.
Não pode ser, não é? Peguei nele, ralhei e levei-o de imediato para a casa de banho, enquanto ele esperneava e estrebuchava por todos os lados. Aquele tipo de comportamento infantil que tanto o incomoda quando está num restaurante, onde ainda por cima já não o deixam fumar em paz, está a ver?
Conto-lhe isto a propósito da intervenção que fez na SIC, no Domingo à noite, sobre o fim das touradas na Catalunha. Creio que disse que era "um caminho da estupidez", comparou com a Casa dos Segredos (essa sim, verdadeira barbárie e selvajaria, disse o Miguel), disse que era falta de cultura querer a abolição, citou pintores espanhóis que pintaram touradas (AH!; se Goya pintou touradas, então está tudo bem!), usou aquele argumento típico que a "espécie" acaba quando acabarem as touradas, chamou ignorantes a quem não gosta delas e que não percebem nada da vida no campo...
Deixe-me só esclarecê-lo um pouco, mas nem me vou alongar muito que não tarda nada tenho uma fralda para ir trocar e isso é mais importante: a espécie Bos Taurus já existia muito antes das touradas e vai continuar a existir. Talvez se referisse a raça, mas também não existe uma raça "touros de morte", porque não cumprem as 3 regras básicas de uma raça: características morfológicas próprias, características psicológicas diferenciadores e descrição científica dessas características. O que existe sim, são fundos comunitários. E €2000 por cada touro. Informe-se, não lhe deve ser difícil. E nesse processo, veja quais as raças autóctones portuguesas estão realmente ameaçadas de extinção e ajude também a protegê-las.
Mas talvez tenha razão: torna-se complicado estes animais sobreviverem quando acontece o que aconteceu no outro dia em Idanha-A-Nova, onde a Direcção-Geral de Veterinária pediu a ajuda a elementos especiais da GNR para abaterem a tiro centenas de bovinos que pastavam em liberdade, numa herdade de dezenas de hectares, só porque o proprietário não os deixou verificar in-loco se os ditos animais respeitavam todas as regras de saúde pública que o ser humano acha que os animais "selvagens" têm de cumprir.
E depois vem a velha história da liberdade e do "não gostam, não vejam". Como se alguém tivesse alguma vez perguntado ao touro se ele queria ser retirado do seu habitat, enfiado numa camioneta durante horas (onde perde 10% do seu peso), ficar fechado outras tantas horas na praça de touros, ver as pontas dos seus cornos serem serradas a frio, ser picado, torturado, ficar sem comer nem beber e depois ser lançado numa praça, rodeado de gente aos berros que berra ainda mais de cada vez que um ferro de 4cm lhe perfura a carne. Não senhor, não gosto e não vejo. E assim como não fico de braços cruzados ao ver o meu filho fazer chichi no meio da sala, também não posso ficar perante a barbárie e a tortura gratuita a um animal.
No seu caso, vê-se que fica irritado por lhe limitarem a liberdade. Mas o seu discurso, a mim, faz-me lembrar o meu filho. Até parece que vejo o Miguel Sousa Tavares em pequenino, o Miguelito, de calções e meias até ao joelho, deitado de costas no chão, a espernear e a estrebuchar, porque não deixam o menino ver a tourada.
Mas olhe Miguel, vá-se preparando, porque com birra ou sem birra, esse dia há-de chegar.
PS - é mais que justo que deixe aqui um link para as suas declarações:
http://aeiou.expresso.pt/proibicao-de-touradas-e-o-caminho-da-estupidez=f676502
Até porque a causa anti-taurina precisa de mais momentos destes.»