«Começou a época da bestialidade, da boçalidade, do atraso e da nossa vergonha. Pelos magníficos seres, que vão ser torturados por bestas acéfalas, pouco podemos fazer, a não ser protestar e protestar e votar de acordo. Entretanto desejo que os Touros que vão morrer de qualquer das formas, se defendam com tudo o que têm e com muita pontaria»
(Maria Do Carmo Tinoco)
Faço minhas as palavras da Maria do Carmo. E já sabem:
NÃO VOTAR PS, PSD, CDS/PP e PCP, partidos que apoiam esta selvajaria.
«A temporada tauromáquica 2019 ainda agora começou e já fez muitas vítimas inocentes. Esta imagem é da 2ª tourada realizada este ano em Portugal (praça de touros da Granja) e mostra a violência e crueldade desta anacrónica e indefensável tradição. O segundo episódio de uma temporada que deixará um rasto de sangue e de violência em vários pontos do país, bem como milhares de animais mortos ou feridos, que seriamente contestamos.»
(Plataforma BASTA)
Fonte:
https://www.facebook.com/Basta.pt/photos/a.472890756075069/2289229617774498/?type=3&theater&ifg=1
Este vídeo documenta uma situação ilegal, frequentemente denunciada às autoridades portuguesas e que já foi fortemente condenada pelo Comité dos Direitos da Criança da ONU: Crianças pequenas ensinadas a enfrentar o perigo, insensibilizadas para a crueldade e o sofrimento dos animais, realizando tarefas proibidas pela legislação. Neste caso vemos adultos instruindo e motivando uma criança a realizar uma "pega" frente a um pequeno bezerro.
A campanha "Infância sem Violência" da Fundação Franz Weber, desenvolvida em Portugal pela Basta, pretende alertar para esta realidade: www.basta.pt/infancia-sem-violencia
(Ao cuidado do Dr. Armando Leandro) Presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens)
A Basta (Plataforma Nacional para a Abolição das Touradas) denuncia “esperas de gado bravo” e “tourada” com centenas de crianças de escolas e jardins de infância da ilha Terceira a assistir a esta violência gratuita sobre seres vivos, nas bancadas da praça de touros.
A Plataforma Basta e todos os portugueses, no rol dos quais me incluo, que repudiam esta violação clara dos Direitos das Crianças, exigem o cumprimento da lei e a punição dos responsáveis.
A Câmara Municipal de Angra do Heroísmo gasta 100.000 euros provenientes do erário público, nas “festas” sanjoaninas, em subsídios para a organização desta selvajaria, prática cruel que implica maus tratos a animais sencientes e indefesos, e uma violência oferecida gratuitamente às crianças, que merecem crescer mentalmente saudáveis.
“Espera de gado infantil” em 2016. Imagem: Youtube – Foto Gabriel TV
A Plataforma Basta refere ainda que o exemplo das Sanjoaninas nos Açores é bem elucidativo da insustentabilidade desta actividade tauromáquica, que só consegue sobreviver graças aos subsídios e apoios financeiros do erário público, dependendo do dinheiro dos contribuintes portugueses para suportar a criação de touros, a organização destas actividades, a sua promoção, a compra de bilhetes, as despesas das associações de grupos de forcados, tertúlias, etc.
Como se tudo isto fizesse parte do espólio cultural de um povo civilizado!!!
Mais informa a Plataforma Basta que mesmo com os apoios públicos (que rondam no total os 16 milhões de euros, por ano, de acordo com a estimativa realizada pela Basta) as touradas perderam 53% do seu público em Portugal desde o ano de 2010, segundo as estatísticas oficiais da Inspecção-Geral das Actividades Culturais.
Este ano, durante as Sanjoaninas, estão previstos dois eventos tauromáquicos dirigidos especialmente às crianças: a “tourada das crianças e idosos” e a “espera de gado infantil”.
De acordo com a Plataforma Basta, ambas as situações motivaram a apresentação de denúncias junto das instituições de protecção das crianças nos Açores, com conhecimento da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens, uma vez que os eventos em causa violam a legislação em vigor e a Convenção dos Direitos da Criança, facto que já levou o Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas a instar o nosso país a adoptar medidas de sensibilização e protecção das crianças para as afastar da “violência da tauromaquia”.
Segundo a Plataforma Basta, a “tourada das crianças” promovida em anos anteriores, decorre com a presença nas bancadas de centenas de crianças de escolas e jardins de infância da ilha Terceira, sendo as mesmas expostas a imagens de grande violência e a acidentes graves, que causam impacto e mau estar em algumas das crianças mais pequenas, conforme já foi reportado à Basta por alguns encarregados de educação.
No caso da “espera de gado infantil” as crianças são colocadas perante animais de raça brava, nas ruas da cidade, em situações de grande risco e susceptíveis de provocar acidentes graves. No ano de 2016, durante este evento, há o registo de colhidas violentas que vitimaram adultos e crianças (ver vídeo anexo).
Isto não configurará um crime de lesa-infância?
«Não é aceitável, de forma alguma, que as crianças açorianas sejam expostas a imagens desta violência nem colocadas em situações que colocam em risco a sua saúde e integridade física, violando a lei e sem que ninguém se responsabilize por elas. Mais grave é o facto destes eventos serem promovidos com o apoio das instituições regionais que têm por obrigação garantir o bem-estar e o superior interesse das crianças», sublinha a Basta.
É oportuno salientar que a participação de crianças e jovens em “espectáculos” tauromáquicos constitui uma contra-ordenação muito grave imputável à entidade promotora da actividade, no âmbito da lei 105/2009 de 14 de Setembro (nº 2 do artigo 2º).
Fonte:
http://basta.pt/criancas_e_subsidios_promovem_touradas_nos_acores/
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Dr. Armando Leandro, podemos perguntar para que servirá a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Protecção das Crianças e Jovens? Ou as crianças açorianas não são portuguesas e merecedoras de todo o nosso carinho, atenção e protecção?
Em 26 de Junho de 2014 Ricardo Coelho escreveu o texto que passo a transcrever, e que subscrevo inteiramente:
«Foi recentemente aprovado, a pedido do lóbi tauromáquico e com forte apoio do CDS-PP, um novo Regulamento do Espectáculo Tauromáquico (RET). Parece inacreditável mas é mesmo verdade: existe um regulamento da tauromaquia, aprovado em Assembleia da República e publicado em Diário da República, que determina como devem ser torturados os touros nos vários espectáculos feitos a partir do seu sofrimento.
Desde que a ex-Ministra da Cultura Gabriela Canavilhas introduziu uma secção de tauromaquia no Conselho Nacional de Cultura que a tortura de touros é considerada uma forma de expressão cultural. Mas é uma forma de cultura especial, porque precisa de um regulamento. Não há um regulamento para o teatro, ou para a música ou para o cinema. Alguém imagina o absurdo de um inspector da Inspecção Geral de Actividades Culturais interromper um concerto porque as notas tocadas não estão de acordo com um regulamento do espectáculo musical?
O RET existe porque os empresários tauromáquicos sabem que o seu negócio depende do seu enquadramento enquanto expressão cultural e património nacional para sobreviver. Sem este enquadramento, a tourada aparece imediatamente como o que é: um espectáculo baseado no sofrimento de um animal. Por isso os representantes da tourada têm lugar reservado no Conselho Nacional de Cultura, por isso tantas autarquias declararam a tourada património imaterial do município e por isso um novo regulamento é publicado em Diário da República.
Mas há outra novidade na aprovação deste regulamento. Na sua elaboração participaram, ao lado de representantes do negócio tauromáquico, representantes da Plataforma Basta de Touradas, um movimento criado no seguimento da reunião conseguida com Passos Coelho aquando da iniciativa governamental “O meu movimento”. Esta plataforma, que diz representar várias entidades de defesa dos animais sem nunca especificar quais, deu o seu aval a um regulamento que apresenta a tauromaquia como “parte integrante do património da cultura popular portuguesa”,1 conseguindo em troca uma alínea no regulamento que determina a obrigatoriedade de matar o touro num prazo máximo de cinco horas após a tourada.2
Como é evidente, a estratégia da plataforma foi polémica entre activistas anti-touradas, tal como foi polémica a sua participação no programa “Prós e Contras” dedicado à tourada, no qual se definiram como “reformistas” e expressaram a sua vontade de colaborar com o lóbi das touradas para “melhorar o bem-estar dos touros”. Curiosamente, a plataforma parece não compreender que a sua estratégia colaboracionista está em profunda contradição com o abolicionismo que dizem defender.
Quem quiser defender a aprovação do novo regulamento da tauromaquia pela plataforma poderá sempre argumentar que a luta se faz passo a passo e que não podemos ser extremistas e defender o “tudo ou nada”. Claro que sim, mas há que distinguir passos na direcção certa e passos na direcção errada. Acabar com os subsídios públicos às touradas com uma campanha baseada na defesa dos direitos dos animais, enfrentando o poder dos empresários tauromáquicos, seria um passo na direcção certa. Colaborar com os empresários tauromáquicos para aprovar um regulamento que legitima a tauromaquia como património nacional é um passo na direcção errada, porque enfraquece a causa anti-tourada e fortalece o lóbi da tauromaquia.
A aprovação de um regulamento que determina, com uma precisão própria de um psicopata, como se pode torturar um touro numa tourada, foi mais um momento negro para a causa anti-touradas. Que os empresários tauromáquicos se congratulem com o novo RET, dizendo que vai de encontro às suas “preocupações e necessidades”, mostra bem o que está em causa.3»
1 Decreto-Lei n.º 89/2014, em:
http://www.legislacao.org/primeira-serie/reses-espetaculo-tauromaquicos-espetaculos-305857
2 Conforme o seu comunicado, em:
http://basta.pt/publicacao-do-novo-regulamento-tauromaquico/
3 “Novo Regulamento do Espectáculo Tauromáquico satisfaz sector”,
em:
(AVISO: uma vez que a aplicação do AO/90 é ilegal, não estando efectivamente em vigor em Portugal, este texto foi reproduzido para Língua Portuguesa, via corrector automático).
E álcool, muuuuuuuito álcool...
Vejam e ouçam o vídeo do programa "Querida Júlia", da SIC:
"Nem todas as tradições, por serem tradições devem continuar".
«Este fim-de-semana a 'tradição' voltou a fazer vítimas em Portugal, além dos animais, também várias pessoas foram feridas, entre as quais um repórter da SIC, estação que decidiu recentemente associar o seu nome à violência das tradições tauromáquicas…
No passado dia 3 de Julho o assunto foi abordado pela estação de Carnaxide. Um vídeo muito interessante para ver e partilhar.
A [Plataforma] Basta repudia toda e qualquer violência e não se congratula com a ocorrência de episódios violentos. A colhida de um toureiro, de um forcado ou de um aficionado não faz com que os animais sofram menos»
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Então, "Querida Júlia"? Dois pesos, duas medidas?
Isabel A. Ferreira