Passada precisamente uma semana, a autarquia vianense, que já devia ter vindo a público explicar por que motivo as autoridades que se apresentaram junto à barraca da tortura, não impediu a selvajaria ilegal que se realizou, contra todas as expectativas, no passado dia 7 de Setembro, remeteu-se a um silêncio que está a causar uma legítima desconfiança…
Por isso… esta carta.
Exmo. Sr. Dr. José Maria Costa,
Todos nós sabemos que o que se passou no dia 7 de Setembro, em Viana do Castelo foi algo bizarro. Fora da lei. Ilegal.
Depois das medidas legais que a Câmara Municipal de Viana do Castelo efectuou para impedir que, em 2014, os bárbaros conspurcassem uma cidade, cujos habitantes (exceptuando um ou outro bronco) não são aficionados, e perante o descaramento dos invasores, que só tinham autorização de um tribunal para montar a barraca, foi com enorme estupefacção que assistimos à inacreditável transgressão da Lei, diante das “autoridades” que se apresentaram no local.
Ou essas “autoridades” não teriam autoridade, ou seja, permissão, para impedir a ilegalidade da “ocorrência”?
Seriam apenas figurantes de uma Farsa da Autoridade, a que se assistiu, naquela tarde?
Esta situação, absolutamente insólita, leva-nos a colocar duas questões legítimas:
OU
a Câmara Municipal de Viana do Castelo tomou as medidas iniciais que tomou, e muito bem, baseando-se na Lei, conhecendo, antecipadamente, o desfecho desta invasão bárbara, e tudo não passou de uma grande farsa, para distrair os Vianenses e os Abolicionistas que estão com Viana do Castelo.
OU
A Câmara Municipal de Viana do Castelo ingenuamente deixou-se ultrapassar por um bando fora-da-lei, o que, não nos parece provável, uma vez que autarquia vianense tem um Gabinete Jurídico que, em princípio, existe para dar pareceres jurídicos dentro da legalidade.
Certo?
Ora, dada a manifesta ilegalidade da “ocorrência” e depois de uma autoridade que supomos ser competente, ter vindo a público dizer que o episódio da selvajaria tauromáquica previsto realizar-se em Viana do Castelo, naquela tarde, era ilegal, seria de esperar que a Câmara Municipal de Viana do Castelo colocasse em campo, naquela tarde, o seu poder, e exigisse aos fora-da-lei todos os documentos necessários para a realização da selvajaria (eles só tinham um “papel” alegadamente do tribunal a autorizar a montagem da barraca, e mesmo assim duvidamos, porque temos motivos para duvidar que esse “papel” fosse legal, a não ser que nos provem o contrário), ou solicitasse a autoridades do Estado Português para fiscalizarem se a barraca e tudo o que acarreta uma “ocorrência” tauromáquica, cumpriam todos os requisitos do RET.
E o que aconteceu?
A Câmara Municipal de Viana do Castelo colocou em campo uns “figurantes” que em vez de cumprirem a Lei, estiveram a “guardar” a manifestação pacífica de gente que pugna por uma Viana do Castelo limpa e civilizada, enquanto os fora-da-lei estiveram a torturar bovinos indefesos numa barraca, para cerca de duas centenas de broncos, ilegalmente.
E depois de se ter torturado meia dúzia de magníficos seres vivos, inutilmente, realizou-se um jantar muito interessante…
Posto isto, não será legítimo concluir que a Câmara Municipal de Viana do Castelo (que de ingénua nada tem) fez jogo duplo, tal como aconteceu em 2012 e 2013?
Não quero crer, por isso, solicito a V. Excelência uma explicação pública coerente para compreendermos o que aconteceu, naquela tarde, em Viana do Castelo, e não ficarmos com esta sensação desagradável de que tudo não passou de uma grande farsa. Além de que os anti-touradas vianenses não são obrigados a complementar ou fazer o trabalho que a CMVC deveria ter feito desde 2012.
Mas se for necessário… Desta vez a culpa não morrerá solteira.
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira