Segunda-feira, 22 de Novembro de 2021

Ao Poeta vila-condense A. Monteiro dos Santos (Dário Marujo) na passagem do 13º aniversário da sua morte

 

Era o dia 22 de Novembro de 2008.

E o Poeta morreu.

 

Dário Marujo.png

Retrato de A. Monteiro dos Santos, por TEREZA

 

Na véspera tinha estado no Hospital de Vila do Conde a visitá-lo. A última visita. O último adeus. Ele estava numa espécie de coma, já envolto naquela luz que orienta as almas no caminho até ao outro lado.

 

Não sei se me ouviu, mas despedi-me dele com “um até um dia, amigo, e que encontres a serenidade que tanto procuraste em vida”.



É sempre muito triste despedirmo-nos de alguém que parte.



A António Monteiro dos Santos devo o meu conhecimento e afecto que me ligou a Vila do Conde, à sua História, aos seus Poetas, a José Régio e família (o irmão Apolinário, e sobrinhos com quem privei). A Vila do Conde para onde fui dar aulas, no ano lectivo de 1973/74, na Escola Frei João de Vila do Conde, era ainda Bacharel.


Mais tarde, já como Correspondente dos Jornais «O Primeiro de Janeiro» e «O Comércio do Porto» conheci António Monteiro dos Santos, na Biblioteca Municipal, onde fui buscar o conhecimento das coisas de Vila do Conde.  

 

Ele era um poço de saber. Um excelente paleógrafo. Pedi-lhe ajuda para que me introduzisse na História da cidade, da sua gente, dos seus hábitos, e o que Monteiro dos Santos me ensinou fez-me apaixonar por «Vila do Conde espraiada/entre pinhais, rio e mar!» (José Régio).



Depois veio a Poesia: «Por Ti Pintei a Lua» e “Se Eu Fosse Dono da Vida», sob o nome de Dário Marujo, «um nome que cheira a docas, um nome que cheira a cais», um nome que vem do tempo em que era Marinheiro, “filho de um mar de gaivotas»…



É de “Se Eu Fosse Dono da Vida”, com uma pintura (de Carlos Touguinhó) o poema «Até Onde» com que direi uma vez mais: «Até um dia, amigo»…

Dário Marujo - 1.png

 

«ATÉ ONDE»

Até onde nos vai levar

Esta poesia? Se for feia e agreste

Como rigoroso dia de Inverno

O mais certo é que nos leve

À profundeza do inferno.

Se dor quente como o Verão,

Se cair nos lábios como mel,

Se souber a mosto,

Se for radiosa,

Como o sol de Agosto,

Se for nossa

Se falar de nós,

Se for sem véu,

Há-de levar-nos ao céu.


***


Lamento que Vila do Conde ainda não tenha celebrado este seu Poeta.


Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:22

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