Sábado, 6 de Junho de 2015

Livraria Lumière homenageia a escritora Luísa Dacosta

 

Situada na travessa de Cedofeita, nº 64 A, na cidade do Porto, a Livraria Lumière (Alfarrabista) acaba de lançar o seu 44º Catálogo Bibliográfico de Livros Seleccionados, homenageando Luísa Dacosta, uma das maiores estilistas da Língua Portuguesa, recentemente falecida.

 

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 Capa do catálogo

 

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 Contracapa

 

No Catálogo constam cerca de 260 obras, algumas raras, dos mais variados autores portugueses, entre eles a homenageada.

 

Esta é uma oportunidade para os apreciadores da escrita de Luísa Dacosta adquirem o livro «Luísa Dacosta – no sonho a liberdade…», da autoria de Isabel A. Ferreira, do qual esta livraria tem a exclusividade de venda.

 

«Trata-se de um trabalho que, de modo algum pretende ser académico ou erudito, crítico ou de análise linguística. É apenas um olhar despretensioso, de leitora e admiradora da escrita de Luísa Dacosta; a experiência de uma jornalista que segue o percurso literário da escritora desde 1984; uma abordagem pessoal, tendo também em conta o que viveu a escritora, ao longo de vários anos, e o conhecimento do seu modo desassossegado de ser, e do seu pensamento irreverente».

 

Os leitores podem fazer a sua encomenda por telefone, carta ou e-mail, ou então deslocar-se à livraria, um espaço simpático, onde podemos encontrar os livros que desejamos, escritos em bom Português.

 

Link para o catálogo:

https://drive.google.com/file/d/0B3aUDDhZdqF9Y0pibTVaOE02eHM/view

 

Link para a Livraria:

http://livrarialumiere.blogspot.pt/

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:14

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Terça-feira, 23 de Dezembro de 2014

«Asterix au Portugal»

 

 

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Por Rui Zink

 

«Pessoas cinzentas para quem o dinheiro é tudo decidiram chatear quem, vivendo melhor ou pior, se dedicava às indústrias criativas.

 

O que é um autor? O fisco sabe. O que são direitos de autor? O fisco sabe. Durante décadas, o trabalho criativo tinha benefícios fiscais. Antes de pensarem no Abuso e no Privilégio (palavras que, amarga ironia, cada vez mais estão a ser utilizadas contra os fracos), peço para se lembrarem de uma coisa: poucas classes como a dos artistas fazem tanto trabalho pro bono. Sobretudo no Natal: “Os direitos de autor deste disco/livro/etc. reverterão para…” As escolas não têm dinheiro para pagar a escritores, músicos, actores? Convidam-nos.

 

Eu já me habituei a puxar do cartão de militante da JSD sempre que recebo um “convite”. Porque de antemão sei que é uma borla. Entrementes, na cabeça do neofisco, sou um chulo da nação, uma cigarra preguiçosa. Tá mal. Mas eles acham que nos andámos a divertir durante demasiado tempo.

 

E agora o fisco-formiga vem vingar-se das cigarras. É normal. Numa época em que se celebra o empreendedorismo, onde a economite é a nova dinamite e o negocismo o novo ideologismo (isto é, Nova Verdade Absoluta), pessoas cinzentas para quem o dinheiro é tudo decidiram chatear quem, vivendo melhor ou pior, se dedicava às indústrias criativas. Avanço com um exemplo: uma conferência já não é reconhecida pelos contabilistas como trabalho criativo. Então é o quê? “Autopromoção”, já calhou responderem com o sorrisinho sacana de quem pode & manda.

 

É a vingança dos contadores de dinheiro contra os contadores de histórias. O regime fiscal magoa e mói. A graça é que, como em tempos de antanho, quem tem a navalha maior é que decide o que é o quê.

 

A situação não é inédita. É um retrocesso, mas não é inédita. No tempo em que os livros eram apreendidos pela PIDE, o agente da autoridade tinha um poder maior do que o mais severo crítico literário: o de tirar a obra da circulação e, eventualmente, mandar o autor para o merecido banho de cadeia. José Vilhena fez um livro cujas ilustrações eram, todas-todinhas, reproduções de obras-primas da arte, de Goya a Munch. Isso não impediu que dezenas de agentes da PIDE e da PSP o apreendessem com o argumento, repetido, de “conter imagens pornográficas”. Nunca se pode ter razão, não sobretudo contra a Arrogância da Ignorância. (Verdade seja dita que Vilhena estava a pedi-las: o livro em questão chamava-se A Cama.)

 

Em 1990 os Felizes da Fé fizeram um teatro em forma de manif na Rua Augusta, de “apoio aos países em vias de extinção”. A polícia veio em estado de alerta, porque era uma manifestação ilegal. Havia cartazes ameaçadores como este meu favorito: “Alemanha há só uma/as duas e mais nenhuma.” De nada serviram os protestos dos detidos de que era teatro de rua numa rua adequada para a função, e por isso não carecia de nada. As autoridades insistiram, surdas como só as autoridades sabem ser: queriam o papelinho do Governo Civil. Não havia, não houve, e os actores lá foram presos. É como diz Fernando Pessoa: nunca se pode ter razão, nem na Rua Augusta.

 

Este regresso triunfal da estupidez não é felizmente exclusivo nacional. Em França, em 2011, um fiscalista de génio tentou um belo golpe que, tivesse resultado, seria o açambarcar da galinha dos ovos de ouro. O belga Uderzo acumulara durante 50 anos milhões como co-autor do Astérix. E agora vinha o genial contabilista explicar que tal fora um lamentável erro a carecer do justo correctivo: Uderzo recebera como co-autor quando devia ter recebido apenas como mero ilustrador. Um golpe notável: porque, deixasse Uderzo de ser considerado autor, teria de devolver o pilim “irregularmente recebido” como direitos de autor. Muito dinheirinho para construir a Nova França de Sarkozy. Por azar, Uderzo tinha bons advogados (o dinheiro dos direitos também serve para isso) e a indignação geral – mundial mesmo – acalmou os ânimos do fisco e fez recuar o esbulho.

 

Se nada for mudado – e os artistas não tiverem um bocado de coragem –, 2015 arrisca-se a ser um ano ainda mais negro do que o costume para muitos e muitos autores portugueses. Não é só uma questão de dinheiro: é também uma questão de princípio. (E, receio, de fim.)

 

Docente universitário FCSH-UNL»

 

Fonte: http://www.publico.pt/portugal/noticia/asterix-au-portugal-1680133

 

***

Excelente, Rui Zink.

A Arte, todas as Artes Nobres em Portugal (porque as há menores, e essas recebem subsídios do Estado Português) não são suficientemente dignas para merecerem uma distinção monetária. Os artistas e os autores, esses, são o tapete onde a sociedade limpa os pés e sacode o pó do capote. (Isabel A. Ferreira)

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:31

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Segunda-feira, 11 de Agosto de 2014

A propósito dos "Touros de Fogo" em Coruche

 

Em 08 de Agosto de 2014 enviei à IGAC, com o meu mais veemente repúdio, o link correspondente ao seguinte texto:

 

Touros de Fogo? Em Portugal? Com o aval da IGAC? Isto é uma completa ilegalidade! 

http://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/touros-de-fogo-em-portugal-com-o-aval-451608

 

 

Reza a crónica que no dia 15 de Agosto a arena de tortura de Coruche receberá pela primeira vez um concurso de recortadores internacional com Touros de fogo, o que constitui um crime face à lei portuguesa.

 

E gabam-se os organizadores desta crueldade que acrobatas portugueses, espanhóis e franceses farão as delícias naturalmente de um público sádico e ignorante, que goza com o sofrimento de um ser vivo. 

 

E isto para comemorar a Nossa Senhora da Salvação, que fará tudo menos salvar esta gente do fogo dos infernos.

 

Como toda a gente sabe, Touros de fogo não são permitidos em Portugal, mas num país sem rei nem roque, tudo é permitido nas barbas das autoridades.

 

Naturalmente indignada, como um direito meu, consignado na Constituição Portuguesa, enviei uma denúncia à IGAC, antes da consumação dos factos.

 

E da IGAC recebi esta resposta:

 

«Exma. Senhora

Isabel Ferreira

 

No seguimento do e-mail infra, encarrega-me o Senhor Inspe[c]tor-geral das A[c]tividades Culturais de informar o seguinte:

 

Em relação à comunicação remetida a esta Inspe[c]ção-geral sobre o assunto em epígrafe, sublinha-se que, diferentemente do veiculado, não foi produzida qualquer autorização pela IGAC para utilização do recinto descrito, para o espe[c]táculo em causa.

 

Informa-se, ainda, que os espe[c]táculos de recortes não se enquadram no regulamento do espe[c]táculo tauromáquico nem se integram no conceito de espe[c]táculo de natureza artística, não sendo assim da competência desta Inspe[c]ção-geral a autorização de realização de espe[c]táculos daquela natureza.

 

Neste domínio, a competência da IGAC intervém apenas na autorização de utilização de recintos fixos de espe[c]táculos licenciados para outras a[c]tividades, não enquadradas em qualquer das modalidades supra referidas, a qual depende da avaliação do tipo de utilização do recinto face às características do mesmo.

 

Por último, agradece-se desde já todos os elementos facultados a esta Inspe[c]ção-geral e que serão tidos em atenção numa possível avaliação de pedido de autorização de utilização do recinto.

 

Com os melhores cumprimentos

ELISABETE RODRIGUES

Técnica Superior [?] da Dire[c]ção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação

INSPE[C]ÇÃO-GERAL DAS A[C]TIVIDADES CULTURAIS

 

Acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espe[c]táculo [?????????]».

 

***

Como todas as mensagens que recebo merecem resposta, aqui deixo o que enviei à Exma. Senhora Dona Elisabete Rodrigues:

 

Exma. Senhora ELISABETE RODRIGUES,

Técnica Superior da Direcção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação

 

INSPECÇÃO-GERAL DAS ACTIVIDADES CULTURAIS

 

Agradeço a gentileza da resposta.

 

Sendo assim, este caso ainda é mais grave do que parece.

 

Está repleto de contornos criminais.

 

Esperamos, pois, que sejam tomadas a devidas providências por parte das autoridades competentes, e que os prevaricadores sejam severamente punidos, para que não se repitam, em território português, estas iniquidades, que estão ao nível de um qualquer país terceiro-mundista.

Se Portugal fosse um País livre da praga tauromáquica, que o catapulta para um passado, onde imperava a ignorância no seu estado mais puro, estes vergonhosos episódios não conspurcariam a sociedade portuguesa contemporânea, que se quer evoluída, civilizada e culta, e eu não estaria aqui a escrever estas linhas, totalmente desapropriadas ao tempo que corre.

 

Permita-me acrescentar que gostei muito do V. lema:

 

«Acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espectáculo».

 

Pois esperamos que a Direcção de Serviços de Estratégia, Inovação e Comunicação comece a pôr em prática este lema, e que eu regresse a este Blogue, para elogiar (e não mais para criticar) a IGAC, uma vez que poderiam decidir acrescentar valor à cultura, aos autores e ao espectáculo, não autorizando barbaridades destas e outras consentidas por uma lei ilegal.  

 

Com os meus melhores cumprimentos e com aquela esperança que não morrerá nunca, e aguardando que as autoridades desautorizem tal barbaridade,

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:01

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