É um crime o que estão a fazer às crianças e aos jovens alunos portugueses, obrigando-os a aplicar a grafia brasileira, que nada tem a ver com Portugal, com a Cultura Linguística Portuguesa e com a identidade portuguesa.
Um grupo de cidadãos e a Associação Nacional de Professores de Português (ANPROPORT) entregaram, em 17 de Novembro de 2016, ao Supremo Tribunal Administrativo, em Lisboa, uma acção que impugnava a resolução do Conselho de Ministros 8/2011, que mandou aplicar nas escolas portuguesas o chamado AO90 que, gostem ou não gostem que se diga isto alto, mas é a mais pura verdade, não passa da grafia brasileira, vigente no Brasil desde 1943.
E até hoje, continua tudo na mesnma, como se tal acção não tivesse existido. E isto só acontece num país sem rumo, sem rei nem roque, que é tudo menos um Estado de Direito.
Já outras acções foram apresentadas neste sentido, mas o silêncio ao redor disto é demasiado ruidoso.
As petições, está visto, não funcionam em Portugal, do mesmo modo que funcionam nos países verdadeiramente democráticos, em que basta o povo mostrar-se descontente com alguma situação, para que esta seja eliminada.
Os actuais governantes portugueses estão-se nas tintas para o Povo, para Portugal e para a Cultura Portuguesa.
Há aqueles que “tremem” só de pensar em abandonar a versão simplex da grafia alvitrada pelo AO90, porque seria muito complicado regressar aos cês e aos pês mudos. É complicado para os adultos, que não conseguem pensar a Língua. Mas não para as crianças e jovens. Se eu consegui, quando era criança, porque não as outras?
As crianças e os jovens, esses, conseguem aprender e desaprender tudo muito mais facilmente do que um adulto; e aprenderão a escrever, sem a mínima dificuldade, a Língua Portuguesa na sua versão original e íntegra, porque com lógica, do que a do AO90, cheia de incongruências e de erros básicos, que um aluno mais atento deteCta e rejeita, porque não é parvo.
Que mal fizeram as nossas crianças e os nossos jovens para merecer tão pouca sorte?
Além disso, há um detalhe: os nossos alunos são portugueses, são europeus, vivem em Portugal. Se é que me faço entender. E se todas as gerações anteriores conseguiram aprender e pensar a Língua Portuguesa, porque haveria esta geração de ser mais estúpida? Apenas porque uns poucos acham que é, e que não consegue escrever direCtor, porque como vai saber que direCtor leva um C, se não se lê? Este argumento é tão, mas tão estúpido, que bastaria isto para mandar às malvas o AO90 mais quem o engendrou.
As crianças portuguesas do Ensino Básico, que estão a aprender Inglês, sabem que quando têm de escrever “direCtor” em Inglês, escrevem o C. Mas em Português não sabem?
Por acaso acham os acordistas que uma criança portuguesa não tem inteligência para deteCtar esta parvoíce?
É mais fácil aprender a escrever quando há lógica, do que quando há ignorância.
A resolução do Conselho de Ministros 87/2011, do XVIII Governo Constitucional, liderado pelo socialista José Sócrates, ordenou a aplicação do AO90 ao sistema de ensino, a partir de 2011/12.
Os juristas entendem que esta resolução contém evidentes ilegalidades e que o AO90, juridicamente, não está em vigor e é inconstitucional a vários níveis.
E o presidente da República Portuguesa, que tem formação jurídica, assobia para o lado, porque entenderá que para Portugal é mais importante os beijinhos e as selfies, do que um dos maiores símbolos da nossa identidade: a Língua Portuguesa, utilizada por sete dos oito países de expressão lusófona, na sua versão culta e europeia?
Haja bom senso e senso comum, porque as nossas crianças e os nossos jovens merecem melhor.
Ou não?
Continua-se a aguardar que os tribunais digam de sua justiça.
Isabel A. Ferreira