O Bloco de Esquerda deveria propor a ABOLIÇÃO DA TAUROMAQUIA e a PROIBIÇÃO DO USO DE ANIMAIS NOS CIRCOS. Isso é que era proposta.
Andar a empurrar o lixo para debaixo do tapete não leva a lado nenhum.
Isto não passa de uma manobra de diversão, que não vai resolver o problema da TORTURA ANIMAL, nem nos Açores, nem no Continente.
Apenas a ABOLIÇÃO é razoável.
Imagem (arquivo) REUTERS
Paulo Mendes, co-líder do BE/Açores, referiu numa conferência de imprensa que «o que nós pretendemos neste momento é vedar o financiamento público ou outros apoios públicos indirectos a espectáculos que impliquem o sofrimento ou a morte de animais».
Segundo ainda Paulo Mendes, o objectivo da proposta não é proibir a realização dos tais “espectáculos” com animais, como as touradas de praça (então e as de corda?) mas canalizar as verbas públicas para outras áreas.
Senhor Paulo Mendes, primeiro, por que chama “espectáculos” a práticas bárbaras e primitivas, que de espectáculos nada têm? E segundo, se o objectivo não é proibir essas práticas, DEVERIA SER, porque não faz sentido nenhum andar por aí a fingir que se quer acabar com uma coisa que continuará a existir, se não for definitivamente abolida. Proibida. Exterminada. Morta e enterrada.
O mal deve cortar-se pela raiz, e não pela rama, porque cortando-se apenas a rama, ficando as raízes, o mal tornará a crescer, como uma erva daninha. Como um cancro social, moral e cultural. E ficamos absolutamente na mesma.
E andamos nisto. A brincar aos objectivozinhos…
O que é isso de «canalizar as verbas públicas para outras áreas», deixando que se continue a maltratar animais nas touradas de praça, de corda, nos circos e em todos os cantos e recantos das ilhas?
Paulo Mendes acrescenta:
«Numa altura em que escasseiam meios públicos para reanimar a economia e criar emprego, sem que esse emprego seja precário ou mal pago, e quando falta mesmo apoio público para, por exemplo, promover actividades culturais que não façam sofrer animais, não podemos consentir que simultaneamente se esbanje financiamento público num espectáculo tão dispendioso como é a tourada de praça».
Mas isto é pura manobra de diversão.
É uma tremenda manifestação de hipocrisia.
E a maior hipocrisia está nesta crença do dirigente bloquista: Paulo Mendes diz acreditar na aprovação da proposta, tendo em conta que a iniciativa vai de encontro à Declaração Universal dos Direitos dos Animais, que defende que nenhum animal seja "submetido a maus-tratos e actos cruéis".
Quanta incongruência!
Nas touradas à corda não haverá maus-tratos e actos cruéis?
Sangue não é sinónimo de violência, para se achar que não havendo sangue não há violência.
E Paulo Mendes diz ainda achar «que faz todo o sentido que haja um consenso generalizado, porque afinal de contas ninguém quer contrariar uma Declaração Universal dos Direitos dos Animais, aprovada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) em 27 de Janeiro de 1978».
Pois não se deveria querer contrariar a Declaração Universal dos Direitos dos Animais. Nunca. Jamais. Mas não é isso que o Bloco de Esquerda/Açores propõe.
O que o Bloco de Esquerda/Açores propõe é que se lixem os animais (ab)usados nas touradas à corda. E esses também são animais, violentados brutalmente nesse primitivo divertimento. Mas o que importa isso?
Esta proposta faz parte de um pacote de iniciativas que procura cumprir o compromisso eleitoral do BE de 2012 e uma moção sectorial sobre o bem-estar animal aprovada na última convenção regional do partido.
E não passa disso mesmo: uma iniciativa para cumprir um compromisso eleitoral. Basta fingir que se tem a intenção de… e pronto… Tapa-se o sol com a peneira…
É apenas um pacote de faz-que-faz, até porque, se for aprovado, o decreto legislativo regional vai limitar apenas os apoios concedidos pelo Governo Regional, uma vez que a Assembleia Legislativa não tem competência para vedar o financiamento público das autarquias.
E como as autarquias, que vivem num atraso civilizacional descomunal, não vão deixar de subsidiar essas práticas primitivas, simplesmente porque não, lá continuarão os animais a ser torturados nas touradas de praça, nas de corda e nos circos.
E aqui temos: o projecto do BE não passará de uma manobra de diversão. De um faz-que-faz.
Para que serve isto?
Para que nos Açores tudo continue igual a como sempre foi.
Proponham a abolição de todas as vertentes da tauromaquia e a proibição do uso de animais nos circos, e aí sim, acreditaremos na vossa boa vontade política de resolver o grave e vergonhoso problema dos maus-tratos a TODOS os animais não humanos, também filhos legítimos de Portugal.
Isabel A. Ferreira
A Madeira já proibiu os circos com animais. Não tem touradas. Enfim... dá um bom exemplo de modernidade, de humanismo, de civilidade.
Ao contrário dos Açores e de Portugal Continental, que ainda vivem com um pé na Idade das Trevas.
«"Um marco histórico" declararam as associações de defesa dos animais.
O Parlamento madeirense aprovou uma lei que proíbe o abate de animais de companhia.
A nova legislação vai ao encontro das associações de defesa dos animais que se queixavam da morte de cães e gatos na região.
Para as associações de defesa dos animais esta era uma questão ética que carecia de imediata proibição por se tratar de uma matança indiscriminada e um péssimo cartaz turístico para a Madeira.
“Até ao ano passado o número de abates rondava os 75% de entradas no canil municipal”, ou seja, “é o mesmo que dizer que em quatro animais, três eram abatidos”, disse João Henrique Freitas, representante das associações de animais.
O problema foi levado à Assembleia legislativa pela mão do PCP em forma de decreto legislativo, proibindo o abate dos animais de companhia.
A legislação prevê ainda um centro de esterilização e a obrigação municipal de recolha de animais errantes e foi aprovada por unanimidade.
“Foi um marco histórico” para João Henrique Freitas.
Na Madeira são abandonados, em média, oito animais por dia, sendo que quatro são abatidos por falta de condições dos canis e gatis ou até por decisão dos donos.»
Fonte: