Terça-feira, 2 de Fevereiro de 2021

As palavras que Deus nunca diria…

 

Copyright © Isabel A. Ferreira 2009

 

MINDINHA.jpg

A minha Mindinha - A gatinha mais sensível e meiga, de todas as gatinhas que já me acompanharam na Vida...

 

 

Se há verdades verdadeiras, uma delas é o meu inquestionável gosto pela leitura. Sem livros eu seria infeliz e vaguearia nas trevas. E porque gosto de ler, regresso quase sempre àqueles livros que em mim deixam cicatrizes na alma.

 

Desta vez reli «Da Imortalidade dos Animais – Uma esperança para as criaturas que sofrem», de Eugen Drewermann, uma edição de 1990, da Editorial Inquérito.

 

Precisava de fortalecer a minha esperança numa humanidade mais justa e mais condizente com a realidade da Vida. Não da insignificante vidinha de cada um. Mas de toda a Vida que nos rodeia: animais – humanos e não humanos – e plantas.

 

Este é um daqueles livros que deveria ser divulgado com grandes parangonas, nos meios de comunicação que habitualmente são utilizados para esmagar os nossos sentidos, com notícias de crueldades atrozes perpetradas contra essa Vida, que deveria ser preservada como um bem precioso e único. E ao contrário disso, é delapidada até ao indizível.

 

 «O que é a Vida?

Se usarmos do saber livresco diremos que Vida é o estado de actividade dos animais e das plantas. Deduzimos então que, no mundo conhecido, apenas os animais e as plantas vivem num estado de actividade desde que nascem. Uma pedra também nasce, e ali fica. Quieta. Não cresce. Morre, se a triturarem e a transformarem em pó. E o pó leva-o o vento. E quem chorará a morte de uma pedra? A galinha? Eu? Talvez outra pedra?!

 

Mas as pedras não choram, porque não vivem. A galinha vive. Eu vivo. Ambas choramos. Logo, a galinha e eu somos seres vivos. Somos animais.

 

Outros animais e plantas povoaram o Planeta muito tempo antes do homem. E cada um cumpriu a sua missão. Harmoniosamente. Animais de todas as espécies. Plantas, desde o miosótis ao mais frondoso plátano. Todos seres muito belos, mais-que-perfeitos. Seres sensíveis.

 

Só depois veio o homem, que encontrou um mundo fervilhando de vida até na mais pequenina fenda, entre os rochedos, à beira-mar.

 

No jardim vivia uma rosa. Viçosa e formosa. A rosa. O homem veio e disse: «Que linda é a rosa. É minha, pois não sou eu o dono do mundo? Vou levá-la comigo». E o homem arrancou a rosa da roseira, e a rosa murchou, e só o homem é que não viu. E continuou a clamar: «Eu sou o dono do mundo»!

 

Auto-intitulou-se um ser “superior”, só porque falava, pensava, fazia coisas com as mãos, que mais nenhum outro ser fazia. E, usando dessa pretensa “superioridade”, principiou então a maltratar os seus companheiros de vida: tortura e mata, por simples prazer, animais, plantas e até outros seres seus semelhantes. Polui as águas dos rios, dos oceanos e das fontes, que costumavam ser límpidas. Destrói as florestas que dão o oxigénio, sem o qual o planeta não respira. E tudo isto o homem vai fazendo em nome da tal “superioridade” e de interesses escusos, “valores” que desvalorizam a existência do próprio homem, e exterminam os animais e as plantas.

 

Durante milhares de anos, o planeta chamado azul foi azul da cor do céu; foi verde da cor dos prados; loiro da cor das searas; vermelho da cor do sol poente; teve todas as cores do arco-íris enquanto não veio o homem. Depois dele, e em nome da sua “superioridade”, o que foi um paraíso durante o reinado dos animais e das plantas, transformou-se em caos.

 

Se o lobo respeita o homem, porque não há-de o homem respeitar o lobo?

Se a árvore respeita o homem, porque não há-de o homem respeitar a árvore? Afinal, somos todos irmãos. Iguais, enquanto resultado do mesmo acto criador. Diferentes no modo como respeitamos a vida». (in Manual de Civilidade, da minha autoria).

 

Por esta altura (de touradas e de circos e de outros espectáculos anormais), eu, que tenho os animais não humanos e as plantas como meus irmãos (somos todos seres da mesma criação) necessito de ir buscar aos sábios, o alento que vive nas palavras que pensam e escrevem.

 

«Da Imortalidade dos Animais» começa com um poema que passo a transcrever:

 

«Vejam os animais, os bois,

as ovelhas, os burros;

acreditem, eles também têm alma,

também são seres humanos,

só que têm pêlo e

não podem falar;

são pessoas de tempos passados,

dai-lhes de comer;

vejam as oliveiras

e as vinhas... antigamente,

também elas eram seres humanos,

mas há muito, muito tempo,

e já não conseguem recordar;

mas o homem recorda

e por isso é humano.»

 

Nikos Kazantzakis

(Prestando contas a el Greco)

 

 

Neste poema, o que mais me enterneceu foi “acreditem, eles também têm alma”. Por fim, encontrei alguém que acredita naquilo que eu, desde criança, sempre acreditei.

 

Nunca tive dúvidas de que os animais têm uma alma como eu. Vivi com eles. Entre eles. Criei-os. Amei-os e fui amada por eles. Certo dia, teria eu uns sete anos, deram-me uma porquinha já desmamada. Adoptei-a como se fosse um cão ou um gato. E a minha relação com essa porquinha foi humaníssima. Era inteligente, brincalhona, limpíssima, e gostava de mim, tanto quanto eu gostava dela. Tinha a sua casinha no quintal, apenas para passar a noite. Uma casinha sem portas. Durante o dia, seguia-me para todo o lado. Há hora da sesta, dormia ao Sol, no tapete do meu quarto. Era da família.

 

Da família, foi também uma cabrinha, branquinha, que me ofereceram, quando a porquinha morreu num acidente, ao atravessar a estrada que dava para o fundo do meu quintal. E tal como a porquinha, a cabrinha também tinha alma e comunicava comigo com os seus “més” amorosos, com os seus olhares, com os seus maneios de cabeça. Tal como a porquinha, seguia-me para todo o lado, e gostava de mim tanto quanto eu gostava dela.

 

Vieram depois os pássaros, que faziam os ninhos nas árvores do meu quintal. Mais tarde, os cães, os gatos, e um ratinho branco, com uma história singular. Andava à solta na casa. Dormia onde queria. Por vezes, no meu travesseiro, e no meu ombro, enquanto eu escrevia. Com ele partilhava a maçã do meu pequeno-almoço. Tinha uns olhos penetrantes e melífluos e deixava os seus esconderijos secretos, quando eu o chamava pelo nome: Ratolinha. E ele lá vinha, a correr para a minha mão, onde se aninhava.

 

De todos os animais com quem já convivi, recebi um afecto imenso. Com eles aprendi grandes lições de vida, de felicidade, e também de profunda angústia, quando o momento final se aproximava.

 

E se os animais não têm alma, então também eu não tenho alma.

Tive uma gatinha, a mais sensível e meiga de todas as gatinhas, a qual, quando pressentiu que ia morrer, despediu-se de mim com um “miau” que ainda hoje me dói na alma (e já lá vão alguns anos).

 

A diferença, entre eles e eu, está apenas no verbo: eu utilizo as palavras para comunicar. Eles não. Contudo, comunicam através dos olhos, e é nos olhos dos animais que as suas almas se acolhem, e nos dizem as coisas mais extraordinárias.

 

Por tudo isto, não posso atribuir a Deus aquelas palavras que a Bíblia diz ter Ele proferido ao criar Adão e Eva: «Crescei e multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a Terra (Gn1, 28)».

 

Crescei e multiplicai-vos e enchei a Terra, talvez!

«Sujeitai-a e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a Terra», são palavras que Deus nunca diria. Fazemos parte da sua criação. Todos nós. Animais, humanos e não-humanos, e as plantas.

 

Apenas o homem seria capaz de pronunciar tais palavras, em nome de Deus, como tantas outras coisas fez e disse, em nome de Deus, apenas por conveniência, enchendo de vergonha a Humanidade.

E quem escreveu a Bíblia foram os homens. Não Deus.

 

Uma das vergonhas, entre as muitas outras vergonhas que desonram a essência humana do homem, é o modo como ele trata os animais, torturando-os, massacrando-os, experimentando-os, em nome da economia e da diversão.

 

Na contracapa «Da Imortalidade dos Animais» pode ler-se:

 

«Como corolário de uma tradição religiosa que superlativou o homem como ser imortal, destinado à salvação e à ressurreição, distinguindo-o de todas as outras criaturas terrenas, a nossa civilização despreza os animais e trata-os com uma crueldade inenarrável em nome da economia, da ciência e do espectáculo. Esta breve, mas profunda reflexão sobre a condição dos seres ditos “irracionais” é simultaneamente um manifesto em defesa dos seus direitos e uma busca dos laços que unem os homens aos animais, resultando numa visão renovada da própria espiritualidade humana».

 

Se há livros que deviam fazer parte de um estudo superior obrigatório, é este, para que os jovens possam desenvolver neles a ideia de que todos os seres animados têm alma, e se têm alma, são imortais, e se são imortais… lá nos haveremos de encontrar, e encontrando-nos, se quisermos alcançar um lugar no paraíso, teremos de prestar contas, e nessas contas, entre muitos outros dizeres, teremos de confessar: «Não maltratei nenhum animal», e os animais terão de dizer: «Não temos nenhuma queixa contra esta pessoa…». Coisas dos antigos. Mas eles sabiam o que diziam.

 

E quem assim falar, será o verdadeiro Homem, aquele a quem Deus sorrirá…

 

 

Para completar esta reflexão, eis algumas mensagens que mentes brilhantes nos deixaram acerca deste tema, todos eles Homens intemporais.

 

Chegará o dia em que todo o homem conhecerá o íntimo de um animal. E nesse dia, todo o crime contra o animal será um crime contra a humanidade.

 

(Leonardo da Vinci)

 

Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar o seu semelhante!

 

Primeiramente, é a solidariedade com todas as criaturas que torna um homem verdadeiramente humano.

 

(Albert Schwweitzer – estadista, Nobel 1952)

 

A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter e pode ser seguramente afirmado que, quem é cruel com os animais, não pode ser um bom homem.

(Arthur Schopenhauer)

 

A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pela maneira como os seus animais são tratados.

(Mahatma Gandhi)

 

A não-violência leva à mais alta ética, a qual é o objectivo de toda a evolução. Até que paremos de prejudicar todos os outros seres viventes, seremos ainda selvagens.

(Thomas Edison)

 

Para a pessoa cuja mente é liberta, há algo ainda mais intolerável no sofrimento dos animais do que no sofrimento dos humanos. Porque no caso dos humanos, pelo menos admite-se que o sofrimento é algo ruim e que aquele que o causa é um criminoso. Contudo, milhares de animais são desnecessariamente assassinados, todos os dias, sem sombra de remorso. E se alguém protesta contra isso, acaba por ser ridicularizado. E isso, por si só, é um crime imperdoável.

(Romain Rolland – Nobel 1915)

 

E só quem teve o privilégio de partilhar a existência com animais sabe que tudo isto é verdade. Eu sempre o soube, desde criança. Eles são meus iguais, porque criaturas da mesma criação. Sofrem e regozijam-se; sentem fome, frio, sede, dor, tal como eu; e quando a morte chega, olham-nos com um olhar que diz tudo o que as palavras não dizem. Eles partem, mas esperam por nós, para confirmarem: «Não temos nenhuma queixa contra esta pessoa».

E então Deus sorrirá…

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:25

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Sexta-feira, 5 de Abril de 2019

Os Touros e Cavalos sofrem antes, durante e depois dos "espectáculos" tauromáquicos

 

Porque estamos em plena época da aberração tauromáquica, aqui vos deixo mais um excelente contributo do Dr. Vasco Reis, único Médico-Veterinário português que dá a cara pela causa da Abolição das Touradas.

 

Este texto é baseado na Ciência Médico-Veterinária, na Etologia (disciplina da Zoologia que estuda o comportamento animal) e na experiência profissional e desportiva do autor, escrito por ocasião do II Fórum da Cultura Taurina nos Açores, e que trago à liça por considerá-lo crucial para o esclarecimento daqueles que ainda têm dúvidas quanto ao que é esta “coisa” a que chamam de “tauro (touro) maquia (lucro, dinheiro)”, e que não passa, literalmente, de lucro à custa da tortura de Touros.

 

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Um triste “espectáculo” de baixo nível cultural e artístico, onde Touros e Cavalos sofrem para gozo de um escasso número de sádicos, também de baixo nível intelectual e moral. Valeu a pena? Vieram mais ricos espiritualmente? Encheram a alma com imagens de  rara beleza…?

 

«A  verdadeira realidade da tauromaquia»

 

Por Vasco Reis - Médico Veterinário

 

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O activista Dr. Vasco Reis, na sua luta pela extinção de uma prática que não dignifica a Humanidade.

 

«Está anunciado o II Fórum da Cultura Taurina com especialistas de 9 países que se reúnem durante 3 dias na Ilha Terceira, a campeã da “afición” no Arquipélago.

 

Os efeitos do fórum serão evidentes, visto que a tauromaquia é uma modalidade que assenta em primeira linha na exploração violenta e cruel do touro, sempre, e do cavalo nos programas em que ele é utilizado como veículo do actor tauromáquico e obrigado a tornar-se “cúmplice” da lide, sofrendo ansiedade e esgotamento e arriscando ferimento e morte.

 

O fórum está a ser considerado como um momento de reflexão, de prestígio para os Açores, de promoção da atractibilidade da Região e como reforço do turismo.

 

Considero que, quanto à influência sobre o turismo, as vertentes serão duas e opostas:

 

Poderá atrair aficionados, gente que sob a designação de arte, aprecia a violência e as fases impressionantes do massacre do touro e as arrancadas e as fintas do cavalo dominado pelo cavaleiro. Poderá também atrair gente tornada curiosa pela publicidade enganosa da organização.

 

Por outro lado, irá afastar turistas conscientes e compassivos, que vão preferir outros destinos, onde tal espectáculo de massacre não seja permitido.

 

Quanto à influência sobre o prestígio dos Açores, só pode ser muito negativa, porque publicita o facto de que a Região Autónoma, parte de Portugal (que também é atingido), pertence ao retrógrado grupo dos únicos 9 países do Planeta, onde touros e cavalos são massacrados legalmente.



Falta referir-me ao momento de reflexão, que bem necessário é e para o qual eu pretendo contribuir com muito empenho, argumentando resumidamente com o que a Ciência Médico-Veterinária, a Etologia e a minha experiência profissional e desportiva me ensinaram.

 

A ciência, fundamentada na investigação anatómica, fisiológica e neurológica dos animais usados na tauromaquia, confirma o que o senso comum revela: touros e cavalos sofrem antes, durante e depois dos espectáculos tauromáquicos.

 

O touro é o elemento sempre massacrado da tauromaquia, desde intensa e prolongada ansiedade a partir do momento em que é retirado do campo, seguindo-se repetidos e dolorosos ferimentos, esgotamento anímico e físico e quase sempre a morte em longa agonia.

 

O cavalo, dominado e violentado pelo cavaleiro tauromáquico é o elemento obrigado a arriscar tudo e a sofrer perante o touro, desde ansiedade, ferimento físico até a morte.

 

Animais são seres dotados de sistema nervoso mais ou menos desenvolvido, que lhes permitem sentir e tomar consciência do que se passa em seu redor e do que é perigoso e agressivo e doloroso. Este facto leva-os a utilizar mecanismos de defesa e de fuga para poderem sobreviver. Sem essas capacidades não poderiam subsistir.

 

Portanto, medo e dor são essenciais e condição de sobrevivência.



É testemunho da maior ignorância ou intenção de ludíbrio, o afirmar-se que algum animal em qualquer situação possa não sentir medo e dor, se for ameaçado ou ferido.

 

A ciência revela que anatomia, fisiologia e neurologia do touro, do cavalo e do homem são extremamente semelhantes. Os ADN são quase coincidentes.



As reacções destas espécies são análogas perante a ameaça, o susto e o ferimento.



O especismo é uma atitude que, arrogantemente, coloca o Homem numa posição de superioridade, que lhe permite dispor sobre os animais, como quiser.



A compaixão selectiva visa tratar bem certas espécies (em geral cães e gatos) e menos bem, outras, quase consideradas como objectos.

 

Os animais não humanos são considerados menos inteligentes do que os seres humanos. Podem estar mais ou menos próximos e mais ou menos familiarizados connosco, mas eles são tanto ou mais sensíveis do que nós ao medo, ao susto e à dor.

 

É, portanto, nosso dever ético não lhes causar sofrimento desnecessário.



"A compaixão universal é o fundamento da ética" - um pensamento superior do filósofo alemão Arthur Schopenhauer.

 

A tauromaquia está eivada de especismo sobre o touro e sobre o cavalo.



O homem faz espectáculo e demonstração da sua "superioridade" provocando, fintando, ferindo com panóplia de ferros que cortam, cravam, atravessam, couro, músculos, tendões, órgãos vitais, esgotam, por vezes acabam por matar o touro, em suma lhe provocam enorme e prolongado sofrimento para gáudio de uma assistência que se diverte com o sofrimento, a agonia e a morte de um animal.

 

Isto é comparável aos espectáculos de circo romano, há muito considerado espectáculo bárbaro, onde escravos e cristãos eram obrigados a lutar e a matarem-se uns aos outros ou eram atirados aos leões para serem devorados.

 

O cavalo é dominado com ferros castigando as gengivas bucais e a língua e esporas mais ou menos agressivas, até cortantes, no ventre.

 

Esta montada é posta em risco de mais ferimento e de morte, pelo cavaleiro tauromáquico, que o utiliza como veículo para combater e vencer o touro.

 

O sofrimento do cavalo soma-se aqui ao do touro.

 

Na tauromaquia, touro e cavalo são excluídos de qualquer compaixão, antes pelo contrário, estão completamente submetidos à violência e ao sofrimento.



E o espectáculo é ainda legal em Portugal e mais oito países, publicitado e mostrado na comunicação social, aclamado, fonte de negócio, de prosa e de poesia. Que tristeza.

 

Tauromaquia é a “arte” de dominar e massacrar touros e cavalos e organizar com isso espectáculos para recreação de aficionados ou de simples curiosos.

 

Mas nesta “arte” não são somente touros e cavalos que sofrem.

 

São muitas as pessoas conscientes e compassivas, que por esta prática de violência e de crueldade se sentem extremamente preocupadas e indignadas e sofrem solidariamente e a consideram anti educativa, fonte de enorme vergonha e atentatória da reputação internacional de Portugal, obstáculo dissuasor do turismo de pessoas conscientes, que se negam a visitar um país onde tais práticas, que consideram "bárbaras", acontecem! Porque fazem sofrer os animais os chamados “artistas”? Dar-lhes-á isso algum gozo?

 

Será isso admirável, corajoso, heróico?

 

Com certeza que existem boas e inócuas alternativas para os aficionados, para os trabalhadores tauromáquicos, para os "artistas", para os campos e para os touros e cavalos.

 

Os campos podem ser utilizados de outro modo.

A raça pode ser mantida sem a cruel tauromaquia.

Os trabalhadores, campinos e ganadeiros podem continuar o seu trabalho.

Os forcados, cujo papel só surge depois do touro ter sido massacrado e esgotado previamente, podem dedicar-se a actividades ou desportos leais e entre iguais, onde valentia, luta corpo a corpo são fulcrais, como o boxe, a luta livre e outros e que exigem espírito de equipa, como o rugby por exemplo, considerado desporto de cavalheiros.

 

Aconselho, pela sua mensagem, alguns vídeos extremamente informativos, muito influentes no processo que teve lugar no Parlamento da Catalunha de que resultou a votação que levou à proibição de corridas de touros naquela região autónoma espanhola, facto que está tendo enorme repercussão mundial.

 

Fundamentado no acima exposto, anseio pela proibição das corridas de touros em Portugal e no mundo. Não quero nem posso admitir que qualquer região ou nação seja vergonhosamente conhecida no seu trato aos animais como sendo uma região ou nação bárbara, retrógrada e cruel.



Na certeza de que V. Exas. tomarão em consideração esta minha mensagem assino-me

 

Vasco Manuel Martins Reis, médico veterinário desde 1967,

Actualmente aposentado em Aljezur.

 

Permitam-me o seguinte curto extracto do meu currículo, o qual ilustra alguma da minha experiência prática que dita muitas das minhas opiniões:

Trabalhei 7 anos na Suíça, 10 anos na Alemanha, 3 anos nos Açores (na Praia da Vitória, Ilha Terceira, onde existe afición e onde tive de intervir obrigatoriamente no acompanhamento dos touros nas touradas na minha qualidade de médico veterinário municipal) e 21 anos em Portugal Continental.

Trabalhei sempre, entre outras espécies, com bovinos e cavalos.

Fui cavaleiro de concurso hípico completo e detentor de dois cavalos polivalentes.

Conheço bem os cavalos, a sua personalidade e as suas aptidões.

Fui entusiástico jogador de rugby durante três anos.

 

Vasco Reis»

 

Nota: escusado será dizer que  este saber do Dr. Vasco Reis, entrou por um ouvido e saiu pelo outro, dos que têm o poder de acabar com esta prática bárbara. E isto acontece porque em cérebros mirrados se não entra nem um grão de poeira, como poderá entrar a Sabedoria? (I.A.F.)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:16

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Sábado, 1 de Fevereiro de 2014

PELOS TOUROS, PELOS CAVALOS, PELAS PESSOAS…

 

Por Vasco Reis

(Médico Veterinário)

 

Será possível que os adeptos da tauromaquia não sabem que os touros e os cavalos sentem e sofrem de maneira semelhante aos humanos?

 

É quase impossível que possam estar em tal estado de ignorância!

 

É mais provável que saibam, mas que desprezem esse conhecimento, despidos que estão de escrúpulos e dominados que estão por outros condicionantes (sadismo, especismo, sobranceria, tribalismo, vício, seguidismo, vaidade marialva, exibicionismo) e interesses (postos de trabalho, negócios, ganância, protagonismos literários, artísticos, profissionais, ambições políticas, buscas de popularidade e de apoios, etc. e sei lá que mais).

 

Oxalá que se compenetrem quão errados estão nessa senda e evoluam para serem integrados numa sociedade pacífica, respeitadora de valores científicos, éticos e sentirem, no sentido de Arthur Schopenhauer quão benfazeja e admirável é a compaixão.

 

A verdade é que valores como conhecimento científico, compaixão, ética, parecem estar ausentes.

 

Aliás, parece que o mundo está a ser progressivamente dominado e escravizado por gente/grupos/redes/instituições gananciosas e sem escrúpulos.

 

Os Valores estão a ser ignorados.

 

Queixemo-nos, o que é compreensível, mas isso não basta!

 

Divulguemos ciência, compaixão, ética, demos exemplo de solidariedade, de compaixão, de ética, de lealdade, de coragem.

 

Devemos incidir numa bem organizada mensagem aos jovens.

 

Vasco Reis

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:52

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Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2014

Carta aberta à jornalista Isabel A. Ferreira, criadora do «Arco de Almedina»

 

Recebi esta carta, hoje, e é com emoção que a publico, porque além de ser aberta, contém matéria de interesse público, a favor dos meus amados Touros e Cavalos.

Obrigada, Dr. Vasco Reis, e bem-haja por ser como é.

Isabel A. Ferreira

 

 
É deste modo, livres e belos, que Touros e Cavalos devem estar na Natureza, e é assim que nós, seres sencientes tal como eles, gostamos de vê-los
 
 

Aljezur, 13 de Janeiro de 2014.

 

Cara Isabel,

 

Tenho acompanhado a sua dedicada, generosa, corajosa, persistente acção em defesa do ambiente, dos animais e das pessoas, o que reconheço e agradeço profundamente.

 

A obra é muito extensa, mas vou modestamente lembrar a sua intervenção quando alerta para uma iniciativa com o intuito de aliciar jovens para a tauromaquia, o que está a acontecer numa escola de Alter do Chão.

 

Esta iniciativa é protagonizada por um professor e seus apoiantes, entre os quais estão os pais de alunos.

 

O professor responsável, atingido pelo alerta da Isabel, não se conformou com a denúncia desta iniciativa destinada a criar futuros adeptos e artistas tauromáquicos e fez queixa contra si.

 

Por isso vai a Isabel responder perante autoridades neste dia 13 de Janeiro. 

 

A tauromaquia é uma actividade extremamente cruel para os animais; degradante para os próprios aficionados, artistas, lobistas; extremamente prejudicial para o prestígio do país; deturpador de mentalidades juvenis; profundamente confrangedora para pessoas conscientes e compassivas.

 

Não deve, portanto, ser matéria didáctica.

 

Não obstante, tauromáquicos estão a aproveitar-se da persuasão sobre estes jovens, perante a indiferença ou com a conivência de pais, professores, escolas, institutos de juventude, ministérios, Misericórdias, igrejas, políticos, grande parte da sociedade.

 

Como a sabedoria tradicional ensina, “DE PEQUENINO SE TORCE O PEPINO”, para o bem e para o mal.

 

A Isabel é só uma das muitas pessoas que protestou contra esta perniciosa, escandalosa iniciativa.

 

Creio que não vai ter grandes dificuldades em justificar a sua atitude, feita no melhor interesse do país e das suas pessoas, nomeadamente dos seus jovens.

 

A propósito: há que fazer, desta vez para atingir o bem, algo paralelo ao que os tauromáquicos estão a fazer em escolas para levarem jovens para o mal.

 

Um ponto fundamental e urgente da estratégia abolicionista é, que os respeitadores da Terra, da Vida, da Paz, da Tranquilidade, da Ética, da Compaixão se organizem e contribuam para a educação da juventude no sentido do respeito pelo ambiente e pelos seus seres vivos, vegetais e animais, humanos e não-humanos.

 

Que se apresente e difunda a força dos argumentos do senso comum e da ciência com os meios do contacto directo, do exemplo, da comunicação social, da solidariedade e em texto, palestra, vídeo.

 

Que se produza bom material didáctico e se ponha à disposição de professores e escolas.

 

Além de ser uma acção positiva e libertadora para os animais não-humanos, também o é para a sociedade humana.

 

Os animais juvenis, não-humanos e humanos, são receptivos a experiências que os impressionam e marcam para a vida, de uma maneira geral de maneira tão mais forte, quanto mais precocemente elas acontecem. É mais uma semelhança entre as espécies animais não-humanas e a humana, além do esquema anatómico, a fisiologia, a neurologia, a emotividade, a consciência do que se passa à sua volta, a capacidade de experimentar empatia ou desconfiança, medo, prazer, dor, etc. Animais juvenis aprendem com os progenitores e, por exemplo, a confiar nos humanos, se têm cedo um contacto agradável com gente.

 

Já agora, deixo-lhe a minha opinião a propósito de activismo e de estratégias.

 

O filósofo Arthur Schopenhauer afirmou que:

 

O Homem faz da Terra um inferno para os animais

e

A compaixão universal é a base de toda a moral”.

 

Penso que concordamos com isso!

 

Acho que a Isabel é muito ciente da susceptibilidade dos animais e da terrível exploração e do sofrimento de que são alvo e vítimas.

 

Isso confrange-a, indigna-a, revolta-a. Sofre solidariamente de uma maneira terrível. Faz o possível por alertar para isso, para explicar o porquê da crueldade e, obviamente por ser ciente, professora, sincera, faz o possível por comunicar conhecimento.

 

Não poupa críticas aos que vitimam os animais e que as merecem.

 

Não teme represálias iníquas e vai aguentando críticas de outros abolicionistas motivados por outras estratégias.

 

É um impulso/estratégia seu que obriga à reflexão e à compreensão das pessoas, a que se deve seguir uma opinião e opção de quem a escuta ou lê. Estou certo que assim ajudou a abrir e informou a consciência de muitas pessoas para a preocupação com os animais e para o activismo na sua protecção.

 

Não compartilho da afirmação feita dogma de que atitudes como a sua vão afugentar ignorantes, distraídos e indiferentes. Antes pelo contrário, acho que vão fazê-los pensar e compreender.

 

Não é silenciando ou adoçando a pílula da crueldade que se acordam consciências.

 

Há muitas estratégias para a luta abolicionista.

 

Todas elas podem ser úteis, até as que se interessam mais pelo politicamente correcto, pelos contactos velados, pelo secretismo, por oposição a manifestações, por não se ser reactivo.

 

Mais me parece um distanciamento no sentimento e na preocupação pelo atroz sofrimento dos touros, dos cavalos e das pessoas que sofrem na sua consciência solidária pelas vítimas da tauromaquia.

 

Creio que elas se complementam e, no seu conjunto e solidariedade, fortalecem a luta.

 

Penso que nenhuma tem o direito de monopolizar a luta, de se considerar a única positiva e de criticar as outras.

 

Parece haver, por vezes mais cerimónia e respeito pelo adversário do outro lado da luta, do que pelos que lutam deste lado.

 

Penso que isso leva a divisionismos, frustrações, perdas de energia e de tempo e a deserções.

 

Eu próprio, se este clima prossegue, sou capaz de deixar o contacto com tais “activistas” supercríticos, que certamente não vão sentir a minha falta.

 

Tenho-me dedicado a esta luta por não saber de colegas da profissão que estejam disponíveis.

 

Quem me dera poder retirar-me da luta, já que vou a caminho dos 76 anos de idade!

 

Um abraço de toda a solidariedade e de enorme admiração.

 

Vasco Reis

 

***

Touro, Cavalo, Homem.

 

Nas três espécies:

 

O desenvolvimento embrionário é idêntico nas primeiras fases e pouco diverge nas fases seguintes, além de aspectos morfológicos e de alguns órgãos não essenciais.

 

Pode verificar-se que o esquema anatómico (aparelhos e sistemas) é comum; fisiologia e neurologia são idênticas.

 

A semelhança de sistema nervoso (centros nervosos, nervos) é flagrante.

A partir de encéfalos (central onde se processa o sentir, o pensar, o compreender, o decidir, o reagir) com estruturas correspondentes nas três espécies, é de se esperar que senciência/sentidos, emoções, consciência, sentimentos, estados de disposição, reacções sejam muito semelhantes nas três.

 

Os vários comportamentos confirmam isso mesmo, implicando semelhanças de necessidades (ar, alimento, água, movimento, espaço, liberdade); de sentidos; de consciência do que se passa à volta; de inteligência; de sentimentos; de emoções; de humores; de reacções a agressão, dor, ferimento, susto, prisão, cio; de confiança e desconfiança; de amizade; de sentido de guarda e de protecção; de ligação sentimental maternal, filial, paternal, fraternal, de grupo; de gosto por carícia, por desafio, por provocação, por brincadeira, etc.

 

Agressão a um touro ou a um cavalo - seres sencientes - é causadora de sofrimento, não muito diverso do que sofreria um ser humano em circunstâncias análogas.

 

Sofrimento físico (dor) é fundamental para compelir o ser a defender-se, a afastar-se do agente causador e a procurar segurança e alívio. A dor é assim fundamental e imprescindível para a defesa e a sobrevivência do ser e da espécie.

 

Não é reacção que se ponha de lado com mais ou menos excitação ou com mais ou menos hormonas (ao contrário do que Illera pretende na sua pseudo ciência).

 

As plantas são seres desprovidos de sistema nervoso e, portanto, não podem sentir dor, não têm consciência, não podem reagir rapidamente, não podem fugir. Não sofrem!

 

Vasco Reis, médico-veterinário

 

Aljezur, 13 de Janeiro de 2014.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:41

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Sábado, 12 de Janeiro de 2013

«Ainda sobre as touradas: O problema da compaixão selectiva»

 

 

 “A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter, e pode ser seguramente afirmado que quem é cruel com os animais não pode ser um bom homem.” (Arthur Schopenhauer)

 

Recebi um comentário do Ruben Figueiredo, que irei responder aqui e deste modo, porque o espaço que tenho no lugar dos comentários, é demasiado “apertado”, para o que tenho a dizer, de uma vez por todas, porque já estou farta da IGNORÂNCIA, da ESTUPIDEZ e da ILITERACIA dos aficionados.

 

***

 

Ruben Figueiredo, deixou um comentário ao comentário Se os aficionados são "amigos dos animais, a amizade perdeu todo o seu significado original às 13:56, 2013-01-12.

 

«Todos nós temos o direito a expressar a nossa opinião, assim como todos nós temos o direito a não concordar com a opinião dos outros, assim sendo, a sua INFELIZ opinião, leva a que se crie este burburinho.

 

Da mesma maneira que expressou a sua opinião e semelhante afecto pelos animais que Hitler (diz você), espero que não o faça no anti-semitismo fanático, racismo e xenofobia.

 

Uma coisa lhe digo é FEIO muito FEIO comparar o que quer que seja a HITLER, e quando alguém o faz ou é por desconhecimento das atrocidades cometidas ou por estupidez.

 

Após ler a sua biografia descartei imediatamente o desconhecimento, logo só fica a ESTUPIDEZ.

 

Creio que não tenha ascendência Judaica, Eslava, nem Cigana, assim como não deve conhecer ninguém com deficiência física ou mental, porque entre os mais de 20 milhões vitimas, do que tinha a vantagem de ser vegetariano, estes foram os mais perseguidos.

 

Pelo menos ele era vegetariano e não fingia gostar de animais. Como você conheço muita gente, pessoas que têm a maior estima pelos animais, defendem-nos acima de tudo e de todos e são capazes de grandes sacrifícios por eles, mas também de entre essas pessoas conheço gente que não dá a mão a quem necessita só por ser desconhecido, mas são capazes de encher a casa de animais abandonados para não terem de ir para o canil e provavelmente serem abatidos.

 

Creio que você não seja assim, mas quem sabe (!), também diz que gosta de animais(?) como o HITLER. Por fim, eu gosto de animais e não sou vegetariano. Gosto de comer um bom bife de vaca e o princípio das Touradas está errado, mas eu gosto de Touradas.

 

Mas de uma coisa pode estar certa, prefiro ser um insensível amante de Tourada, que alguém que defende algo tão cegamente que é capaz de usar o mais ESTÚPIDO dos argumentos. Só faltou dizer que pelo menos o HITLER não era tão mau como o Mao Tsé-tung.»

 

***

 

Eis o que tenho a acrescentar ao que já escrevi, como RESPOSTA ao Ruben, à prótoiro, e a todos os comentadores aficionados, que se deram ao trabalho de lançar palavras ao vento, na página onde tive tratamento VIP.

As palavras que se seguem poderiam ser as minhas, mas são de outro alguém que, tal como eu, tem uma perspectiva filosófica acerca da raiz do mal, inerente à tauromaquia.


E é aqui que entra Hitler e o seu instinto maligno, utilizado nos seres humanos, o mesmo que os tauricidas transpõem para os seres não-humanos.

***

Ainda sobre as touradas: o problema da compaixão selectiva

 

 

Batalhão de Polícia 101

 

No seu excelente livro sobre os "executores voluntários", Daniel Goldhagen refere, no início do Cap. VIII, o caso do Major Trapp, do Batalhão de Polícia 101 (o original verídico e documentado para alguns dos mais atrozes episódios recriados nas Bienveillantes, de Littell), que, tendo já averbado mais de vinte mil mortos na sua orgulhosa Judenjagd (sem poupar sequer as crianças), um dia chora por ter que executar, em represálias, alguns reféns polacos não-judeus.

 

Tinha sido condicionado a desumanizar os judeus, que para ele e para os seus homens eram portanto caça livre. Não tinha sido condicionado da mesma forma para as populações não-judias dos países ocupados, pelo que a ordem de fuzilamento mexia profundamente com os seus sentimentos.

 

 Sem muita ênfase, Goldhagen classifica a situação como de "compaixão selectiva".

 

Aqueles que conseguem estabelecer fronteiras nítidas no sofrimento são capazes das piores brutalidades tanto para lá como para cá dessas fronteiras: é uma advertência que surge nítida, por exemplo, já em Marco Túlio Cícero, e que Immanuel Kant celebrizou com a ideia de "deveres indirectos" para com os animais não-humanos. A nossa moralidade, ou se quisermos a nossa "humanidade", afere-se pelo modo como a nossa compaixão se espraia até aos confins do sofrimento, sem estabelecer demarcações. Aquele que assiste com deleite a uma tourada, aquele que não se condói com a fome de um cão, aquele que não se revolta contra a pancadaria com que se "mói" a "teimosia" de um burro – está já a demonstrar, por muito pouco que tenha a consciência disso, a sua capacidade de compaixão selectiva, a sua capacidade para se insensibilizar a formas nítidas de sofrimento.

 

Aqui alinho sem hesitar com Immanuel Kant: nada há a impedir que esses que demonstram compaixão selectiva para com os não-humanos o façam também com os humanos – porque é sempre e em todos os casos de sofrimento, de um contínuo de sofrimento, que se trata.

 

Só por condicionamento cultural (suprema perversão) isso pode acontecer. Uns chamam em seu apoio a tradição, e julgam que a tradição é um bom argumento. Pois foi também por apelo a uma tradição, de "pureza de raça", incessantemente reiterada, inculcada nos espíritos, glorificada e mitificada, que se iniciou o processo que culminou, em Outubro de 1942, em Kock, a norte de Lublin, na Polónia, com as angústias selectivas do Major Trapp e dos esbirros do Batalhão de Polícia 101.

 

KANT (1)

 

 

«Porque o facto de ele possuir uma razão não o eleva nada, quanto ao seu valor, acima da animalidade, se ela não deve servir-lhe senão para aquilo que, nos animais, ressalta do instinto» – Immanuel Kant, Kritik der praktischen Vernunft

 

KANT (2)

 

 

«Os vícios emergem geralmente da violência cometida contra a natureza pelo estado civilizado, e no entanto o nosso destino de homens é o de sairmos do estado natural de barbárie inerente à nossa animalidade. A arte perfeita regressa à natureza» – Immanuel Kant, Über Pädagogik

 

KANT (3)

 

 

«Relativamente à parte da criação que é viva apesar de desprovida de razão, a violência mesclada de crueldade no modo de tratar dos animais é ainda mais profundamente contrária ao dever do homem para consigo mesmo, visto que isso entorpece no homem a simpatia para com o sofrimento daqueles, enfraquece e paulatinamente aniquila uma disposição natural, muito proveitosa para a moralidade na relação com os outros homens – ainda que, entre outras coisas, seja consentido aos homens matar os animais de uma forma célere (sem tortura), ou impor-lhes um trabalho (já que os próprios homens têm que se lhe submeter) na condição de que ele não exceda as suas forças; em contrapartida há que condenar as experiências no decurso das quais os animais são martirizados por meros objectivos especulativos, quando se poderia atingir os mesmos fins sem recorrer a elas» - Immanuel Kant, Die Metaphysik der Sitten, II. Metaphysische Anfangsgründe der Tugendlehre

 

CÍCERO

 

 

«Que prazer pode um homem civilizado retirar do espectáculo de um fraco ser humano a ser dilacerado por um animal poderoso, ou de um esplêndido animal a ser trespassado por uma lança?» – Marco Túlio Cícero, Ad Familiares, Scr. Romae a.u.c. 699. (= 54 a.C.)

 

Fonte: http://jansenista.blogspot.pt/2010_08_01_archive.html

 

***

Compreenderam? Não? Lamento muito.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:58

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Domingo, 2 de Agosto de 2009

As palavras que Deus nunca diria

 

Copyright © Isabel A. Ferreira 2009
 
 

MINDINHA.jpgA minha Mindinha - A gatinha mais sensível e meiga, de todas as gatinhas que já me acompanharam na Vida...

 
 
Se há verdades verdadeiras, uma delas é o meu inquestionável gosto pela leitura. Sem livros eu seria infeliz e vaguearia nas trevas. E porque gosto de ler, regresso quase sempre àqueles livros que em mim deixam cicatrizes na alma.
 
Desta vez reli «Da Imortalidade dos Animais – Uma esperança para as criaturas que sofrem», de Eugen Drewermann, uma edição de 1990, da Editorial Inquérito.
 
Precisava de fortalecer a minha esperança numa humanidade mais justa e mais condizente com a realidade da Vida. Não da insignificante vidinha de cada um. Mas de toda a Vida que nos rodeia: animais – humanos e não humanos – e plantas.
 
Este é um daqueles livros que deveria ser divulgado com grandes parangonas, nos meios de comunicação que habitualmente são utilizados para esmagar os nossos sentidos, com notícias de crueldades atrozes perpetradas contra essa Vida, que deveria ser preservada como um bem precioso e único. E ao contrário disso, é delapidada até ao indizível.
 
 «O que é a Vida?

Se usarmos do saber livresco diremos que Vida é o estado de actividade dos animais e das plantas. Deduzimos então que, no mundo conhecido, apenas os animais e as plantas vivem num estado de actividade desde que nascem. Uma pedra também nasce, e ali fica. Quieta. Não cresce. Morre, se a triturarem e a transformarem em pó. E o pó leva-o o vento. E quem chorará a morte de uma pedra? A galinha? Eu? Talvez outra pedra?!
 
Mas as pedras não choram, porque não vivem. A galinha vive. Eu vivo. Ambas choramos. Logo, a galinha e eu somos seres vivos. Somos animais.
 
Outros animais e plantas povoaram o Planeta muito tempo antes do homem. E cada um cumpriu a sua missão. Harmoniosamente. Animais de todas as espécies. Plantas, desde o miosótis ao mais frondoso plátano. Todos seres muito belos, mais-que-perfeitos. Seres sensíveis.
 
Só depois veio o homem, que encontrou um mundo fervilhando de vida até na mais pequenina fenda, entre os rochedos, à beira-mar.
 
No jardim vivia uma rosa. Viçosa e formosa. A rosa. O homem veio e disse: «Que linda é a rosa. É minha, pois não sou eu o dono do mundo? Vou levá-la comigo». E o homem arrancou a rosa da roseira, e a rosa murchou, e só o homem é que não viu. E continuou a clamar: «Eu sou o dono do mundo»!
 
Auto-intitulou-se um ser “superior”, só porque falava, pensava, fazia coisas com as mãos, que mais nenhum outro ser fazia. E, usando dessa pretensa “superioridade”, principiou então a maltratar os seus companheiros de vida: tortura e mata, por simples prazer, animais, plantas e até outros seres seus semelhantes. Polui as águas dos rios, dos oceanos e das fontes, que costumavam ser límpidas. Destrói as florestas que dão o oxigénio, sem o qual o planeta não respira. E tudo isto o homem vai fazendo em nome da tal “superioridade” e de interesses escusos, “valores” que desvalorizam a existência do próprio homem, e exterminam os animais e as plantas.
 
Durante milhares de anos, o planeta chamado azul foi azul da cor do céu; foi verde da cor dos prados; loiro da cor das searas; vermelho da cor do sol poente; teve todas as cores do arco-íris enquanto não veio o homem. Depois dele, e em nome da sua “superioridade”, o que foi um paraíso durante o reinado dos animais e das plantas, transformou-se em caos.
 
Se o lobo respeita o homem, porque não há-de o homem respeitar o lobo?
Se a árvore respeita o homem, porque não há-de o homem respeitar a árvore? Afinal, somos todos irmãos. Iguais, enquanto resultado do mesmo acto criador. Diferentes no modo como respeitamos a vida». (in Manual de Civilidade, da minha autoria).
 
Por esta altura (de touradas e de circos e de outros espectáculos anormais), eu, que tenho os animais não humanos e as plantas como meus irmãos (somos todos seres da mesma criação) necessito de ir buscar aos sábios, o alento que vive nas palavras que pensam e escrevem.
 
«Da Imortalidade dos Animais» começa com um poema que passo a transcrever:
 
«Vejam os animais, os bois,
as ovelhas, os burros;
acreditem, eles também têm alma,
também são seres humanos,
só que têm pêlo e
não podem falar;
são pessoas de tempos passados,
dai-lhes de comer;
vejam as oliveiras
e as vinhas... antigamente,
também elas eram seres humanos,
mas há muito, muito tempo,
e já não conseguem recordar;
mas o homem recorda
e por isso é humano.»
 
Nikos Kazantzakis
(Prestando contas a el Greco)
 
 
Neste poema, o que mais me enterneceu foi “acreditem, eles também têm alma”. Por fim, encontrei alguém que acredita naquilo que eu, desde criança, sempre acreditei.
 
Nunca tive dúvidas de que os animais têm uma alma como eu. Vivi com eles. Entre eles. Criei-os. Amei-os e fui amada por eles. Certo dia, teria eu uns sete anos, deram-me uma porquinha já desmamada. Adoptei-a como se fosse um cão ou um gato. E a minha relação com essa porquinha foi humaníssima. Era inteligente, brincalhona, limpíssima, e gostava de mim, tanto quanto eu gostava dela. Tinha a sua casinha no quintal, apenas para passar a noite. Uma casinha sem portas. Durante o dia, seguia-me para todo o lado. Há hora da sesta, dormia ao Sol, no tapete do meu quarto. Era da família.
 
Da família, foi também uma cabrinha, branquinha, que me ofereceram, quando a porquinha morreu num acidente, ao atravessar a estrada que dava para o fundo do meu quintal. E tal como a porquinha, a cabrinha também tinha alma e comunicava comigo com os seus “més” amorosos, com os seus olhares, com os seus maneios de cabeça. Tal como a porquinha, seguia-me para todo o lado, e gostava de mim tanto quanto eu gostava dela.
 
Vieram depois os pássaros, que faziam os ninhos nas árvores do meu quintal. Mais tarde, os cães, os gatos, e um ratinho branco, com uma história singular. Andava à solta na casa. Dormia onde queria. Por vezes, no meu travesseiro, e no meu ombro, enquanto eu escrevia. Com ele partilhava a maçã do meu pequeno-almoço. Tinha uns olhos penetrantes e melífluos e deixava os seus esconderijos secretos, quando eu o chamava pelo nome: Ratolinha. E ele lá vinha, a correr para a minha mão, onde se aninhava.
 
De todos os animais com quem já convivi, recebi um afecto imenso. Com eles aprendi grandes lições de vida, de felicidade, e também de profunda angústia, quando o momento final se aproximava.
 
E se os animais não têm alma, então também eu não tenho alma.
Tive uma gatinha, a mais sensível e meiga de todas as gatinhas, a qual, quando pressentiu que ia morrer, despediu-se de mim com um “miau” que ainda hoje me dói na alma (e já lá vão alguns anos).
 
A diferença, entre eles e eu, está apenas no verbo: eu utilizo as palavras para comunicar. Eles não. Contudo, comunicam através dos olhos, e é nos olhos dos animais que as suas almas se acolhem, e nos dizem as coisas mais extraordinárias.
 
Por tudo isto, não posso atribuir a Deus aquelas palavras que a Bíblia diz ter Ele proferido ao criar Adão e Eva: «Crescei e multiplicai-vos, enchei a Terra e sujeitai-a e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a Terra (Gn1, 28)».
 
Crescei e multiplicai-vos e enchei a Terra, talvez!
«Sujeitai-a e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem sobre a Terra», são palavras que Deus nunca diria. Fazemos parte da sua criação. Todos nós. Animais, humanos e não-humanos, e as plantas.
 
Apenas o homem seria capaz de pronunciar tais palavras, em nome de Deus, como tantas outras coisas fez e disse, em nome de Deus, apenas por conveniência, enchendo de vergonha a Humanidade.
E quem escreveu a Bíblia foram os homens. Não Deus.
 
Uma das vergonhas, entre as muitas outras vergonhas que desonram a essência humana do homem, é o modo como ele trata os animais, torturando-os, massacrando-os, experimentando-os, em nome da economia e da diversão.
 
Na contracapa «Da Imortalidade dos Animais» pode ler-se:
 
«Como corolário de uma tradição religiosa que superlativou o homem como ser imortal, destinado à salvação e à ressurreição, distinguindo-o de todas as outras criaturas terrenas, a nossa civilização despreza os animais e trata-os com uma crueldade inenarrável em nome da economia, da ciência e do espectáculo. Esta breve mas profunda reflexão sobre a condição dos seres ditos “irracionais” é simultaneamente um manifesto em defesa dos seus direitos e uma busca dos laços que unem os homens aos animais, resultando numa visão renovada da própria espiritualidade humana».
 
Se há livros que deviam fazer parte de um estudo superior obrigatório, é este, para que os jovens possam desenvolver neles a ideia de que todos os seres animados têm alma, e se têm alma, são imortais, e se são imortais… lá nos haveremos de encontrar, e encontrando-nos, se quisermos alcançar um lugar no paraíso, teremos de prestar contas, e nessas contas, entre muitos outros dizeres, teremos de confessar: «Não maltratei nenhum animal», e os animais terão de dizer: «Não temos nenhuma queixa contra esta pessoa…». Coisas dos antigos. Mas eles sabiam o que diziam.
 
E quem assim falar, será o verdadeiro Homem, aquele a quem Deus sorrirá…
 
 
Para completar esta reflexão, eis algumas mensagens que mentes brilhantes nos deixaram acerca deste tema, todos eles Homens intemporais.
 
Chegará o dia em que  todo o homem conhecerá o íntimo de um animal. E nesse dia, todo o crime contra o animal será um crime contra a humanidade.
 
(Leonardo da Vinci)
 
Quando o homem aprender a respeitar até o menor ser da criação, seja animal ou vegetal, ninguém precisará ensiná-lo a amar o seu semelhante!
 
Primeiramente, é a solidariedade com todas as criaturas que torna um homem verdadeiramente humano.
 
(Albert Schwweitzer – estadista, Nobel 1952)
 
A compaixão pelos animais está intimamente ligada à bondade de carácter e pode ser seguramente afirmado que, quem é cruel com os animais, não pode ser um bom homem.
(Arthur Schopenhauer)
 
A grandeza de uma nação e o seu progresso moral podem ser julgados pela maneira como os seus animais são tratados.
(Mahatma Gandhi)
 
A não-violência leva à mais alta ética, a qual é o objectivo de toda a evolução. Até que paremos de prejudicar todos os outros seres viventes, seremos ainda selvagens.
(Thomas Edison)
 
Para a pessoa cuja mente é liberta, há algo ainda mais intolerável no sofrimento dos animais do que no sofrimento dos humanos. Porque no caso dos humanos, pelo menos admite-se que o sofrimento é algo ruim e que aquele que o causa é um criminoso. Contudo, milhares de animais são desnecessariamente assassinados, todos os dias, sem sombra de remorso. E se alguém protesta contra isso, acaba por ser ridicularizado. E isso, por si só, é um crime imperdoável.
(Romain Rolland – Nobel 1915)
 
E só quem teve o privilégio de partilhar a existência com animais sabe que tudo isto é verdade. Eu sempre o soube, desde criança. Eles são meus iguais, porque criaturas da mesma criação. Sofrem e regozijam-se; sentem fome, frio, sede, dor, tal como eu; e quando a morte chega, olham-nos com um olhar que diz tudo o que as palavras não dizem. Eles partem, mas esperam por nós, para confirmarem: «Não temos nenhuma queixa contra esta pessoa».
E então Deus sorrirá…
 
publicado por Isabel A. Ferreira às 15:16

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