Excerto do precioso livro «A Historia da Lingua Galega» onde podemos comprovar a ligação do Português e do Galego, duas línguas irmãs, que nada têm a ver com o linguajar sul-americano de expressão portuguesa ou de expressão castelhana. Um livro que recomendo aos acordistas para que vejam e sintam o absurdo que é a imposição da ortografia brasileira a Portugal. Não faz o mínimo sentido. É algo que foge ao domínio da sensatez.
Há dois anos, numa daquelas tertúlias que costumo frequentar, quando vou à Galiza, conheci Juan Manuel Castro, um galego interessado pela Cultura Portuguesa.
Trocámos ideias e saberes, e dizendo-lhe da minha ascendência galega e do meu interesse pela Cultura, Língua e Literatura galegas, logo ali combinámos iniciar um intercâmbio cultural, que se tem mostrado bastante frutuoso, para os dois: eu envio-lhe livros que falam da Cultura Portuguesa, escritos em boa Língua Portuguesa, e ele envia-me livros sobre Literatura e Cultura galegas, escritos em boa Língua Galega.
Os últimos que recebi foram “Historia da Lingua Galega», um precioso livro que conta as aventuras e desventuras desta Língua irmã do Português (e sobre o qual ainda hei-de falar) e, há uns poucos dias, “Literatura Galego-Portuguesa Medieval”, onde as duas línguas, cultas e belas, se fundem.
Na nossa troca de correspondência foi inevitável falar da imposição a Portugal da ortografia brasileira, que dá pelo nome de Acordo Ortográfico de 1990, apenas para disfarçar, porque na realidade não existe acordo algum, e à qual me oponho visceralmente, pelos motivos mais óbvios. Portugal é um país europeu, cuja língua deriva do ramo indo-europeu, que nada tem a ver com a América do Sul e com um povo mesclado de muitos outros povos, e muito menos tem a ver com o que esse povo fez com a língua que adoptou, depois de se tornar independente.
A este propósito, o meu amigo Juan Manuel Castro escreveu o que passo a citar, já traduzido:
«Por Deus, estou impressionado com a vontade de se mudar a ortografia portuguesa para a ortografia brasileira.
Isabel, isso não se pode permitir. Quem é o louco que pretende cometer semelhante barbaridade?»
(Pois… quem será o louco ou os loucos?).
E o Juan diz mais:
«No tempo dos Descobrimentos, os nossos antepassados levaram a meio mundo (América, África, Ásia, etc.), a nossa Cultura, a nossa Língua, e eles não o fizeram tão mal assim, porque essa Cultura e essa Língua sobrevivem até hoje. E agora o governo quer impor a norma brasileira a Portugal?
Consegues imaginar, em Espanha, a Real Academia da Língua, constituída pelos melhores linguistas espanhóis, dizer que se iria impor, por exemplo, a normativa argentina do Castelhano? Isso é impensável e impossível, isso não passa pela imaginação de ninguém.
O Português e o Castelhano são de origem Latina, sem dúvida, basta ver o mapa antes e depois da romanização e estudar a raiz das palavras, e a origem comum é claríssima. De resto, isso é de gente inculta. Perdoa-me falar assim, mas há coisas que são inalienáveis, e esta, Isabel, é uma delas. A nossa Língua e a nossa Cultura são a nossa essência. Seria uma falta de respeito pelos nossos antepassados e por nós próprios, não as respeitar e honrar. Espero que a sanidade mental ponha as coisas no seu lugar e se respeite a História».
Trouxe à baila este episódio, apenas para partilhar o pensamento de um Galego (que é o pensamento de milhares de pessoas) com todos os que combatem a imposição a Portugal da ortografia que o Brasil utiliza desde 1943, e que, entretanto, para não dizerem que não se mexeu nesse modo de escrever, já com barbas brancas, de tão velho (não “nasceu” em 1990) disfarçou-se com a supressão de alguns acentos gráficos e hífens, que é apenas o que os Brasileiros têm de mudar, SE utilizarem este pseudo-acordo ortográfico de 1990.
Penso que qualquer pessoa lúcida dirá o que o Juan disse. E claro, só posso concordar com ele, e fazer minhas todas as palavras dele.
Ainda se nos impusessem a normativa angolana ou moçambicana, países que não mutilaram a Língua Portuguesa, outro galo cantaria…
Estes argumentos são mais do que válidos e óbvios para que continuemos a exigir, junto do governo português e do presidente da República, que devolvam a Portugal, a Ortografia Portuguesa.
Isabel A. Ferreira
E os inocentes Pombos, seres sencientes e indefesos, símbolos da Paz e do Espírito Santo (dos católicos) são massacrados impiedosamente, cobardemente, aos milhares… apenas para que os sádicos se divirtam…
O PAN denuncia a ilegalidade deste “desporto” sangrento e que diz do primitivismo em que se encontra um município que há pouco tempo disse querer ter uma “nova” relação com os animais…
E dizer que a Póvoa de Varzim também promove os “Encontros pela Paz” cujo símbolo é precisamente uma Pomba…
Mas que raio de política será esta?
PAN DENUNCIA A ILEGALIDADE DO DESPORTO DE TIRO AOS POMBOS
O PAN acaba de apresentar uma providência cautelar com o objectivo de impedir a realização do Campeonato Mundial de Tiro ao Voo 2016 realizado na Póvoa de Varzim, entre 20 e 26 Junho.
O evento consiste na largada de pombos para que os “atletas” participantes possam atirar ao alvo – pombo a voar - com o único objectivo de os matar. O “atleta” que matar mais pombos é o vencedor. Este tipo de provas resulta na morte de milhares destas aves.
Os pombos utilizados são criados apenas para o efeito de serem “alvo”, num processo violento que culmina numa prova “recreativa”. Significa isto que vivem toda a sua curta vida em pombais – pequenas gaiolas, até ao dia em que são libertados como alvos para serem mortos.
A providência cautelar apresentada pelo PAN foi acompanhada de pareceres de diversas entidades, entre elas, a Provedora Municipal do Animais de Lisboa, Inês Real, a Médica Veterinária, Alexandra Pereira e do Jurista e Professor Catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, Fernando Araújo.
Os pareceres são unânimes quanto à ilegalidade da prática uma vez que viola o artigo 1.º da Lei de Protecção dos Animais e o artigo 13.º do Tratado de Funcionamento da União Europeia.
O Professor Doutor Fernando Araújo explica que esta não pode ser considerada uma tradição cultural "em Portugal: “Respondamos enfaticamente que não, seja porque se trata da importação – extremamente minoritária – de uma "tradição" britânica que, até já foi abolida no seu país de origem, deixando de constituir, aí, qualquer "tradição"”. (…) O país fundador da prática do "live pigeon shooting", a Grã-Bretanha, baniu essa prática em 1921.
Já a médica veterinária, Alexandra Pereira, alerta para a questão da sensibilidade e do sofrimento que esta prática agressiva representa para os animais: “A prática de tiro aos pombos provoca um grande sofrimento, atendendo ao número de animais envolvidos e ao sofrimento que lhes é infligido. Face ao exposto, o tiro aos pombos constitui um grave problema em termos de bem-estar animal por desrespeitar, pelo menos, quatro das cinco liberdades: (1) livre de desconforto, (2) livre de dor, lesões e doenças, (3) livre para expressar comportamento normal e (4) livre de medo e stress.
Esta profissional relembra que o pombo é um animal senciente, ou seja, que tem sensibilidade, que sente. Já o Professor Doutor Fernando Araújo, para além de uma análise jurídica conclusiva sobre a ilegalidade desta prática, recorda ainda que a utilização de seres vivos, de pombos, para aferir “desportivamente” a pontaria de um atirador, “podendo estes ser substituídos por alvos artificiais” é totalmente desnecessária, alertando para a necessidade de se abolir esta prática por um “decisivo imperativo de consciência correspondente ao nosso estádio civilizacional”.
A organização deste evento é da responsabilidade exclusiva da Federação Portuguesa de tiro com armas de caça. Os pombos utilizados são conhecidos por pombo-comum (Columba Livia Domestica), esta é uma ave da família Columbidae que se desenvolveu a partir da domesticação de pombos selvagens ocorrida há milhares de anos, sendo detidos por muitas pessoas como animais de companhia.
O PAN considera que esta prática é ilegal e está a encetar todos os esforços para que esta prova não só não aconteça este ano, como para a sua abolição definitiva no país, visto que Portugal continua a ser, na companhia de Espanha, México, Argentina e alguns Estados Norte-Americanos, um dos últimos redutos dessa prática cruel e anacrónica.
Fonte:
http://pan.com.pt/comunicacao/noticias/item/973-pan-denuncia-ilegalidade-desporto-tiro-pombos.html
O Mundo avança, e Portugal continua no passado…
A orangotango Sandra, pioneira sobre o reconhecimento dos animais como sujeitos de direitos na Argentina – Foto: Natacha Pisarenko AP sandra
Animais têm sentimentos. É o que reconhece o parlamento francês a partir desta quarta-feira (28) após um ano de intensos debates na Assembleia Nacional. Finalmente o parlamento votou a leitura final do projecto de lei sobre a modernização do código civil idealizado pela ONG Fondation 30 Million Amis que altera o status jurídico dos animais no país, actualizando a legislação penal vigente e reconhecendo os animais como seres sencientes (novo artigo 515-14) e não como propriedade pessoal como o antigo artigo (artigo 528). Desta forma, os animais não são mais definidos por valor de mercado ou de património, mas sim pelo seu valor intrínseco como sujeito de direito. Segundo a ONG idealizadora do projecto, esta virada histórica coloca um fim a mais de 200 anos de uma visão arcaica do Código Civil francês em relação aos animais. Finalmente os parlamentares levaram em conta a ética de uma sociedade do século XXI.
O Código Civil da França foi elaborado por Napoleão em 1804 e os animais eram considerados como bens de consumo, principalmente para trabalho forçado em fazendas. Até então, a representatividade legal dos animais na França perante os tribunais era mínima.
Segundo o jornal The Local, a França obtém um poderoso lobby agrícola, a FNSEA, juntamente com alguns políticos pressionavam o parlamento expressando preocupação de que a mudança na legislação poderia prejudicar os interesses dos agricultores e criadores de gado particulares.
A vitória abre importante precedente para a vida dos animais no território e um respiro para as organizações protectoras da causa animalista.
Por definição, senciência é a capacidade de sentir, atribuição dada pelos especialistas há muito tempo aos animais. O parlamento francês finalmente percebeu algo que muitas pessoas já sabiam: os animais são capazes de vivenciar seus próprios sentimentos: Dor, amor, felicidade, raiva, alegria, amizade e tantos outros. A diferença agora é que este direito é reconhecido de forma legal no código civil do país.
Um pouco antes, o Supremo Tribunal de Justiça da Argentina também declarou parecer favorável aos direitos animais, concedendo a uma orangotango chamada Sandra, o status de “pessoa não-humana”, um exemplo para toda a América Latina. Outras nações podem se espelhar nestas mudanças e desencadear acções que abracem os animais como sujeitos de direitos perante os tribunais.
A mudança não foi fácil e só veio depois de duros empurrões dados pela Fondation 30 Million Amis (Fundação de 30 Milhões de Amigos), principal organização francesa no auxílio do projecto apresentado ao parlamento e cujo presidente Reha Hutin trouxe a público a actual situação dos animais na França, dizendo: “O país está para trás no que se refere a leis de bem-estar animal.”
Uma coisa é certa, reconhecendo os animais como seres sencientes a França dá um passo na direcção correcta, mas o país ainda tem muito trabalho a fazer para se desvincular da má fama perante os animais, já que uma proposta para proibir as touradas foi rejeitada em 2012 e o país ainda é considerado a capital número um de produção de foie gras no mundo.
Fonte:
(AVISO: uma vez que a aplicação do AO/90 é ilegal, em Portugal, este texto foi reproduzido, via corrector automático, para Língua Portuguesa)
Quando tu respeitares os animais, eu deixarei de interferir no que fazes...
Uma mensagem muito interessante para aqueles que teimam em considerar a tourada algo que representa um “património cultural” a preservar e a aplaudir.
Veio da Argentina.
Escreveu-o o Alberto.
Não sei quem é o Alberto.
Mas faço minhas, as palavras dele. Magníficas!
***
Toureiros – Taurinos e Todos os que Praticam Tradições Arcaicas baseadas no Sofrimento de um animal, digo-vos:
Quando tu respeitares os animais, eu deixarei de interferir no que fazes. Entretanto, ter-me-ás pela frente.
Não o duvides.
Sei que te incomodo muito, mas na verdade, essa é uma das minhas pretensões: perturbar o mais possível esse teu repugnante modo de te divertires.
Porque entre a tua “diversão” e a minha repulsa, há um ser vivo, ao qual não disseste, como dizes a mim: «se não gostas de vê-lo morrer na arena ou ver como o torturo, não vejas!»
Ele não pode escolher, não é verdade? Pois embora o touro não tenha a oportunidade de o fazer, tu tão-pouco terás a liberdade de o matar sem que eu e milhões de pessoas, como eu, tratemos de evitá-lo.
Da Argentina – Abolição de tortura e matança de animais – Alberto