É urgente rever o conceito de Ser Humano. Os que evoluíram não podem ser metidos no mesmo saco dos que não evoluíram.
Existe uma abismal diferença moral, cultural e humana entre uns e outros
CORRIDAS DE TOUROS À CORDA
É a ignorância (e não o sonho da poesia de António Gedeão) que comanda a pobre e podre vidinha desta gentinha que assim brinca aos parvos com um ser senciente amarrado a uma corda...
«Estão do lado dos que erram os que afirmam que os touros utilizados nas corridas à corda não são vítimas de maus-tratos. Claro que o são pela ansiedade e pânico que sofrem na captura e afastamento do campo e da manada; pela violenta contenção da corda; pela excitação provocada pelo ruído e pela multidão ululante; pelo esgotamento e frequentes quedas e ferimentos e até mortes que acontecem aos touros» (Dr. Vasco Reis – Médico Veterinário)
É deplorável a ignorância e a irracionalidade dos que defendem a cruenta corrida de touros à corda.
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OS CAVALOS NÃO PRECISAM DE MEDALHA!
«Obviamente, até o mais inculto dos homens concluiria que o cavalo, ou qualquer outro animal explorado, nunca escolheria, por vontade própria, uma vida de subserviência aos humanos» (Direitos dos Animais)
Esta é outra barbaridade, outro crime, outra imbecilidade da criatura pré-humana.
A subjugação e exploração animal são eticamente erradas. Os animais não existem para servir o animal humano.
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ASSIM DEVEM VIVER OS MAGNÍFICOS SERES QUE SÃO OS CAVALOS: LIVRES NA NATUREZA
E muito menos os Direitos dos Animais.
E a apresentadora ficou muito mal na fotografia, devido à sua parcialidade de aficionada, que fez questão de tornar pública confiadamente, desde o início do programa.
Em suma: o que devia ter sido um “debate” (apesar de encomendado) não passou de um passa-a-palavra ao representante da prótoiro, Hélder Milheiro, que foi um óptimo difusor da inferioridade moral, mental, cultural e social dos aficionados.
Estes saíram do programa satisfeitos, mas de modo algum, vencedores. Muito pelo contrário.
Faltaram no "debate" imagens como esta, para vermos o “património cultural” e a “arte” que é a tourada, defendida por gente que, no lugar do cérebro, tem uma noz, e no do coração, um repolho.
Fonte da imagem:
A pergunta-chave era: a tourada é património cultural ou barbárie?
Fazer uma tal pergunta em pleno ano de 2014, depois de Cristo, já é, em si, uma barbaridade, pois demonstra um atraso civilizacional imensurável, por parte de quem a fez.
Sim, porque chegar a este período da História da Humanidade e não saber se a tortura é ou não uma barbárie, significa que quem não sabe e precisa de perguntar, ainda não saiu da Idade Média, onde estas coisas eram comuns. E as mulheres não tinham alma. E os escravos também não. E as crianças eram coisas, tais como eram os animais. Onde tudo era muito primitivo e imperava uma obscura ignorância.
O programa foi uma desilusão. Constituiu uma nítida armadilha para os abolicionistas. A apresentadora, Fátima Campos Ferreira, que devia mostrar-se imparcial, apesar de ser aficionada, notava-se que estava mancomunada com a prótoiro, que a manobrou descaradamente, tendo “antena aberta” desde o início do programa.
Não podemos calar-nos perante esta manipulação!
Foi nitidamente uma manobra de diversão, para os pró-touradas terem oportunidade de irem a público lavar as mãos sujas de sangue, o que não resultou de todo. Pelo contrário. Virou-se o feitiço contra o feiticeiro, e foram mais uns bons pontos a favor da Abolição.
Foi pior a emenda do que o soneto, uma vez que todos eles, desde o ganadeiro Joaquim Grave, que de medicina veterinária demonstrou uma ignorância grave; ao prótoiro, Hélder Milheiro, que interrompeu, desrespeitou, foi malcriado, grosseiro, agressivo (como, aliás, quase todos os intervenientes pela defesa da tauromaquia ali presentes); ao matador de 3 mil touros, Vítor Mendes, que até urrou como um boi (o qual terá de prestar contas por essas vidas, que interrompeu brutalmente, à infalível Lei do Retorno); passando pelo João Ribeiro Telles, um toureiro que falou, falou mas nada disse que pudesse abonar a seu favor, pelo contrário (aliás como podia?); pelo José Fernando Potier, presidente da Associação Nacional de Grupos de Forcados, que se espalhou ao comprido, com a história de eles irem para arena pela camaradagem e convívio… um por todos, todos por um… enfim, nada falando da cobardia de atacar um touro moribundo; à Ana Baptista, a montadora de Salvaterra de Magos, que nunca teve outra vivência senão a da tortura de Touros, o que faz da sua vida uma vida linda; Emílio Summavielle, o ex-presidente do Património Cultural que não conseguiu nenhum argumento para sustentar a tourada como património… Este também falou e nada disse; e finalmente pelo montador de Cavalos Tomás Pinto, que apesar de jovem, já nasceu velho, e nada disse que convencesse que a tourada é património, todos eles se desbocaram numa argumentação pobre e ridícula, que a moderadora ia ajudando a tornar mais ridícula ainda.
Nada de novo debaixo do Sol.
Nada que já não soubéssemos: não há argumentação racional para a existência da tortura de bovinos.
Quanto aos abolicionistas presentes na mesa, por não serem guerreiros, nem terem o carisma de um Gandhi, ou talvez porque se apercebessem de que foram apanhados numa armadilha, e quiseram ser deamasiado politicamente correctos, não se saíram nada bem, nomeadamente Manuel Eduardo Santos, representante da Plataforma BASTA, que concordou com quase tudo o que os aficionados disseram, quanto à tourada ser património, arte, e até falou em “reforma” do aberrante regulamento tauromáquico, que queremos ver extinto, bem como a tourada.
O Rui Silva, do movimento MATP, não esteve nos melhores dias, mas a aficionada Fátima também não lhe deu oportunidade, quando ele pedia a palavra, preferindo dá-la (sempre) ao da prótoiro, que interrompia tudo e todos como se fosse o “dono” do programa (e desconfiamos que era).
Quanto aos restantes, não gostei da intervenção da senhora veterinária Alexandra Pereira, que ao chamar “colega” ao Grave, colocou-se ao mesmo nível dele, não conseguindo dizer quase nada, também porque foi bastante interrompida.
O Tiago Mesquita esteve bem, à excepção de quando disse que o Touro não tem carácter. Ora considerando que carácter é o que faz com que os entes ou objectos se distingam entre os outros da sua espécie; marca, cunho, impressão, qualidade distintiva, índole, génio (no sentido de ânimo), firmeza e dignidade, obviamente que um Touro tem carácter. Qualquer animal tem carácter. E há o bom e o mau carácter. Naturalmente que o Touro tem um melhor carácter do que o seu carrasco.
A Rita Silva também esteve bem, exceptuando em concordar com a “tradição” da barbárie. Tradição é tudo o que dignifica a humanidade. A tourada é um mero costume primitivo e bárbaro. Mas aconteceu-lhe o que não devia acontecer, e que a Fátima Campos Ferreira, se não estivesse ali na qualidade de aficionada, nunca deveria ter permitido: a Rita Silva, representante da ANIMAL, foi vilipendiada por uma rasteira do Hélder Milheiro, da prótoiro que se portou como um velhaco, (aliás não é de admirar num aficionado), ao vir com uma citação fora do contexto, para amesquinhar uma pessoa que luta por uma sociedade livre da tortura e não é benquista entre os tauricidas. Foi deselegante, malcriado e oportunista.
Contudo, saiu-lhe o tiro pela culatra porque essa velhacaria só veio acentuar ainda mais o que já sabemos dos aficionados: são uns grosseiros (e eu também que o diga).
Igualmente esteve muito bem e conseguiu dar o seu recado, a Jurista de Direito Animal, Inês Real que, referindo vários artigos de várias leis, transmitiu-nos a mensagem de que Portugal transgride todas as leis que há para transgredir no que diz respeito aos animais.
A Psicóloga Mariana Crespo deixou claro que a violência da tourada não é benéfica para as crianças, que devem ser protegidas. Até uma pedra sabe que a violência deforma a índole de um ser humano. Apenas os tauricidas não sabem.
Ficou por discutir (e por opção dos aficionados medrosos) a questão dos milhares de Euros com que a tauromaquia é agraciada anualmente. Quando tal assunto era para ser abordado, foi cortada a palavra. Não convinha. Não conveio. Não foi discutido.
Concluindo:
A prótoiro publicou na sua página que o programa foi uma estrondosa vitória dos aficionados... Isto foi para nos rirmos, porque o programa foi a maior demonstração da MEDIOCRIDADE dos aficionados, da RTP e da apresentadora.
O que ficou no final, foi a POBREZA MORAL E SOCIAL que a tauromaquia representa.
Regressarei ao tema, para esmiuçar “as pérolas” que os aficionados atiraram para o ar…
Esta é a “ética taurina” de que os tauricidas tanto falaram no “debate”
«Ainda sobre as touradas, assunto que parece inesgotável»
(O testemunho de uma escritora)
«Vi, ontem à noite, aquele debate sobre as touradas. Ainda há debates sobre touradas! Isto para não chamar "guerra" ao tal debate que, realmente, não tem ponta - neste caso, pontas - por onde se lhe pegue.
Torturar um animal até à morte, numa arena, com a turba multa a bater palmas é uma diversão dos humanos? É tradição cultural? Isso é cultura? É muito diferente do que torturar uma pessoa?
Quando assisto a programa destes - que já os tem havido - lembro-me sempre daquele livro de Pierre Boulle, "La planète des singes" - O Planeta dos Macacos - e respectivo filme. Era, mais ou menos isto: uma nave com habitantes do planeta Terra vai parar a um outro planeta habitado por macacos evoluídos e falantes. Os terráqueos eram mudos. Então os macacos tratavam e torturavam os da Terra da mesma maneira que nós tratamos os animais irracionais. Tratavam-nos, simplesmente, como animais mudos e com reacções, mas sempre como animais. E, desde torturas, a espectáculos públicos, a exibições, a relações íntimas, tudo era possível com os homens e as mulheres desse planeta, a Terra.
Bom, isto para chegar a uma conclusão já bastante cansada e gasta: não consigo perceber, na minha cabeça, o que é que essa manifestação da lida dos toiros tem de cultural. E isto é assunto já muito gasto, mas de facto, não chego lá. Nem sequer é má vontade! É incompreensão, mesmo! Deve ser um hiato que eu tenho no cérebro, onde os neurónios tomam direcções erradas e me levam a conclusões disparatadas.»
Cristina Carvalho (escritora, filha de António Gedeão)
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Pois é! Eu também não consigo entrar nesta paranóia das touradas.
Isabel A. Ferreira
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Quem não viu o programa e quiser confirmar o que aqui está escrito pode clicar no seguinte link: http://www.rtp.pt/play/p1099/e153836/pros-e-contras/350965