Terça-feira, 1 de Outubro de 2024

Europa enfraquece protecção do Lobo, com o apoio de Portugal? Quanto RETROCESSO! Nem posso acreditar! A vil magna "pecunia" falou mais alto. A espécie “Homo” devia envergonhar-se deste recuo civilizacional...

 


Na minha última publicação, neste Blogue, tinha dado conta de que os Lobos estavam em perigo, mas ainda tinha uma esperança na racionalidade da espécie Homo.

 

Afinal enganei-me. O Homo não é assim tão racional quanto eu esperava, não os que decidiram desproteger os magníficos Lobos na Europa, que também não é assim tão civilizada quanto eu pensava.

Isabel A. Ferreira

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A maioria dos Estados-Membros da UE aprovou a proposta da Comissão Europeia para diminuir o estatuto de protecção do lobo ao abrigo da Convenção de Berna. Essa decisão abre a porta para o abate de lobos como uma falsa solução para os ataques a gado, apesar de comprometer os esforços de conservação e restauro da biodiversidade já assumidos. A decisão tornou-se possível depois da Alemanha mudar inesperadamente a sua posição, inicialmente de abstenção, passando a apoiar a proposta da CE.

 

Com esta decisão, os Estados-Membros decidiram ignorar a voz de mais de 300 organizações da sociedade civil, incluindo, em Portugal, a da LPN, e de centenas de milhares de pessoas que apelaram a que as recomendações científicas fossem seguidas, enveredando-se esforços em prol da coexistência com grandes carnívoros. Essa coexistência tem-se revelado possível através de medidas preventivas, de que é exemplo o trabalho desenvolvido em Portugal com a entrega de cães de gado aos pastores para defesa dos seus rebanhos.

 

Cientistas e associações de conservação da natureza alertam que a medida prejudica a recuperação da população de lobos e a biodiversidade europeia, favorecendo decisões pessoais e políticas.

 

A decisão de hoje não só compromete décadas de esforços de conservação, como também representa um retrocesso significativo para um dos maiores sucessos de preservação da vida selvagem da União Europeia: o retorno do lobo, que esteve à beira da extinção.

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[Que vergonha Portugal! Sempre na senda do retrocesso!!!!!]

 

A tomada de posição ocorreu (...) no encontro do Comité dos Representantes Permanentes da União Europeia (COREPER), em Bruxelas, e será formalmente adoptada na próxima reunião do Conselho da UE, a 26 de Setembro, a tempo da CE submetê-la ao Comité Permanente da Convenção de Berna. A EU apoiará a proposta na votação final que decorrerá em Dezembro.

 

Partilhamos a reacção do European Environmental Bureau, a maior rede Europeia de ONGA, e que a LPN integra: https://eeb.org/europe-weakens-wolf-protection-major-blow-to-science-and-biodiversity/

Fonte da notícia e da imagem:

https://www.lpn.pt/pt/noticias/europa-enfraquece-protecao-do-lobo 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:00

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Quinta-feira, 23 de Março de 2023

«Bicadas do Meu Aparo»: “A Ciência e o Cientista”, por Artur Soares

 

Nos dois dias seguintes, nada mais ouvi do velho e regressei ao país. Mas, em toda a viagem, não deixei de pensar porque é que o senhor Yanekang não deu seguimento à Clínica do pai, uma vez que na hora que passa em Portugal, se justificava mais uma remessa de portugueses que fossem em busca de aumento de inteligência para melhor servirem e descorromperem Portugal.

 

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Fonte da imagem: https://intemocional.cosap.pt/sobre/

 

Um amigo de longa data, que há uns anos constituiu família com uma jovem chinesa que conheceu em Moçambique, aquando da sua participação na guerra colonial, contactou-me por escrito. Mudada a situação política no país devido ao derrube da segunda república em Portugal, pelas Forças Armadas, o meu amigo Santix partiu para a China, cidade de Shenyang, com a mulher, e terra natal dos seus sogros.

 

Devido à nossa amizade, convidou a deslocar-me à China a fim de ser padrinho de baptismo dum seu neto, uma vez que tinha tudo organizado para – à revelia dos Católicos do Estado – se iniciar a cerimónia por um Diácono acreditado pelo Vaticano.

 

Organizei a viagem, dei instruções prévias aos criados que me acompanharam e segui para a China, ao encontro do ex-companheiro de guerra. Então, num clima de medo e num local com várias cavernas - onde se reúnem os católicos pro-Vaticano - procedeu-se ao baptismo do bebé.

 

O senhor Yanekang, avô da mulher do Santix, é um homem de noventa anos, magro, de olhos-tremoço, lúcido e bom poliglota.

 

- Sabe – dizia-me o senhor Yanekang – sinto-me feliz por a minha neta ter casado com um português. Portugal tem na minha vida grande influência, pois deve-se a muitos portugueses o sucesso da fortuna que recebi do meu pai, de gente doutras nações, mas, sobretudo de portugueses.

 

- Mas, desculpe interrompê-lo, senhor Yanekang. Não estou a entender como herdou de seu pai fortuna, graças a muitos portugueses?!

 

- Eu explico: meu pai, que lhe circulava nas veias sangue russo e chinês, foi um cientista na área da medicina, grande investigador e, conquistou, através de alguns anos, fama, na experiência de beneficiação de inteligência de chimpanzés. Anos depois, sabedor das fragilidades cerebrais dos Primatas e dos sucessos então obtidos, iniciou a experiência de aumentar a inteligência a humanos, embora se viesse a provar anos mais tarde que o aumento de inteligência em pessoas era temporário. Isto é, um estúpido, um incapaz, regressaria sempre ao seu estado normal. Então meu pai, que começou a ganhar muita fama, solicitavam-lhe famílias de grande peso económico, melhoramentos cerebrais nos filhos e conseguiu fazer de, praticamente todos, bons políticos, economistas, médicos, advogados, etc..

 

Como sabe – continuou o filho do cientista – tivemos cérebros que dominaram a Rússia, a China, França, Itália, Espanha, Alemanha, mas, de Portugal, foi a grande avalanche: o maior número de cérebros melhorados, foram do seu país. Meu pai, a portugueses, melhorou idiotas, pasmados, imbecis, pretensiosos, cretinos e, em todos, fez sucesso! Uns eram maus alunos e deram advogados; outros, eram introvertidos e deram políticos bem-falantes; outros ainda, eram militares de carreira banais e deram coronéis e generais.

 

- Mas pelos meus apontamentos - continuou o senhor Yanekang – neste momento, os benefícios desse aumento de inteligência nas gentes do seu país, terminou-lhes o prazo. Verifico que, os que eram imbecis e idiotas regressaram à imbecilidade e à idiotice e, como deve calcular, essa é a razão por que no seu país ninguém se entende: as crises não se resolvem e o povo sofre, porque a inteligência então ministrada/aumentada, caducou.

 

- Mas, senhor Yanekang – pode dizer-me quem foram os homens do meu país que se submeteram a essa alteração para aumento de inteligência?

 

- Bem. Eu não vou quebrar o sigilo profissional de meu pai, uma vez que ele nunca o quebrou. Apenas lhe digo que a Clínica de Melhoramentos de Cérebros, tinha a sua sede aqui em Shenyang e uma filial em Pevek, na Rússia. Os interessados foram melhorados ao cérebro, portanto, na China e na Rússia. Agora dizer-lhe quem foram os portugueses que recorreram a tais serviços, não posso, mas, se o amigo for de inteligência afiada como penso que é, não deve ter dúvidas quanto aos imbecis, pasmados e pretensiosos que se vêem em Portugal. Se dúvidas tiver veja mais televisão, pois esses, quase todos passam no ecrã.

 

Nos dois dias seguintes, nada mais ouvi do velho e regressei ao país. Mas, em toda a viagem, não deixei de pensar porque é que o senhor Yanekang não deu seguimento à Clínica do pai, uma vez que na hora que passa em Portugal, se justificava mais uma remessa de portugueses que fossem em busca de aumento de inteligência para melhor servirem e descorromperem Portugal.

 

(Artur Soares – escritor d’Aldeia)

 

(O autor não segue o novo Acordo Ortográfico).

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:36

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Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2023

Reportagem TVI: milhares de animais abandonados, em Portugal, são traficados para a Europa (um negócio de milhares de euros) e pensarão que são para adoptar?

 

Eu sabia que Portugal era a CLOACA da Europa, mas desconhecia este lado mais obscuro dessa cloaca: tráfico de animais abandonados.

 

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Saberá esta gente, que trafica cães, deste modo ignóbil, com o argumento de que em Portugal ninguém os adopta,  que estes poderão ou estarão a ser utilizados para a Zoofilia, prática disseminada em vários países europeus? A Alemanha é o principal mercado, deste negócio, que rende milhares de Euros a determinadas associações portuguesas e canis, que enviam os animais também para a Suíça, Suécia, Dinamarca, Países Baixos. Alguém já averiguou por que esses países pagam tanto dinheiro, por animais portugueses abandonados?

 

É NORMAL que países que se dizem civilizados, dêem milhares de Euros por cães abandonados para os ADOPTAR? Não terão, nesses países animais que possam adoptar?

 

O Repórter TVI desta semana apresentou uma reportagem que nos tira o fôlego, denunciando o que acontece com muitos dos animais abandonados e traumatizados no nosso país: vendem-nos por bom dinheiro, como isto, por si só, já não fosse grave!

 

Trata-se de uma investigação da Sofia Fernandes que nos mostra que ao longo dos últimos cinco anos foram enviados de Portugal para vários países europeus cerca de 20.000 animais abandonados. A Alemanha é o principal destino de cães e gatos portugueses.

 

«Estes envios garantem lucros elevados a associações de recolha animal sem fins lucrativos e, por isso mesmo, estão ao abrigo de quadros fiscais mais favoráveis do que as empresas comuns.»

 

Diz-se na reportagem que as chamadas "taxas de adopção" variam entre 300 e os 500 euros por cada animal enviado. É um negócio com contornos muito pouco claros e para o qual contribuem muitos municípios.

 

Sabendo o que sabemos sobre a actividade zoófila, existente na Europa, e que diz da mais baixa condição de um ser humano, não é de perguntar se os NOSSOS desventurados cães, que gente desalmada abandona, poderão estar a servir sexualmente gente anormal? Sabe-se que depois de se "servirem" dos pobres animais,  estes são MORTOS.


Será que os que enviam os animais para a Europa, POR DINHEIRO, estarão mesmo convictos que eles são adoptados?

 

E o governo português nada faz?

Não teremos uma Lei de Protecção Animal? 

E  a DGAV (Direcção-Geral da Alimentação e Veterinária) e o ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) não fiscalizarão este negócio repugnante?



Também sabemos que a maioria dos cães abandonados em Portufal se não são para traficar, são para abater.

 

Eu sabia que Portugal era a CLOACA da Europa, mas desconhecia este lado mais obscuro dessa cloaca: tráfico de animais abandonados!

 

Como pode esta barbaridade ser possível?

 

Isabel A. Ferreira

 

Ver reportagem no seguinte link:

https://cnnportugal.iol.pt/videos/reportagem-o-negocio-da-exportacao-de-animais-abandonados-em-portugal-mexe-com-largos-milhares-de-euros/63bf181f0cf28f3e15c6e736

 

 

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:48

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Quinta-feira, 9 de Junho de 2022

Os políticos portugueses andam por aí a “comemorar” o dia 10 de Junho (é o que dizem). Vejam o que António Mota diz a este propósito. E eu não posso deixar de estar mais de acordo!

 

Leiam o que António Mota diz a este respeito. E eu não posso deixar de estar mais de acordo!

Os iludidos políticos portugueses vivem numa bolha onde a realidade não entra.

Isabel A. Ferreira

 

Dia de Camões.jpg

Origem da imagem: Internet

 

Por António Mota

 in  https://www.facebook.com/antonio.mota.12139

 

«OH, MARCELO! OH, COSTA! OH, PORCA MISÉRIA! IDE TODOS À.»

 

1. 

Vi, algures aqui pela internet, umas fotografias publicadas por alguém que eu conheço. Santo Deus! Fiquei tão triste. É tão ridículo. Uns tanquinhos, uns jeepinhos, um helicópterozinho, mais umas merdas. Mas que raio de País. O que vão comemorar a 10 de Junho? E em Braga? Lá que façam isso em Lisboa, ainda vá que não vá. Mas em Braga?

 

2.

Vão comemorar o Dia de Portugal? Está bem. Mas que Portugal? Portugal o que é? É um país independente? Não. E hoje estou mal disposto, e não me venham com a merda de que hoje ninguém é independente. Não somos mais que um pequeno ignoto cantão, desprezado e abandonado por seus próprios dirigentes políticos, que se honram de serem terceiros secretários de Espanha, quartos de França e quintos da Alemanha, sendo Berlim a capital de toda a colónia dos EUA, chamada Europa. Não são as Forças Armadas as garantes da independência nacional? Por que se prestam a mais esta encenação circense? Ou basta-lhes aquela fitinha na boina, os desfilezinhos para engalanar qualquer anedota, ou para irem ganhar uns tostões doados caritativamente porque vão garantir a paz depois da guerra feita?

 

3.

Vão comemorar o Dia de Camões? Mas qual Camões, se todos os dias os nossos políticos assassinam a nossa cultura, incluindo a literária, retirando-a das escolas, reduzindo Os Lusíadas a meia dúzia de tretas, tiradas de episódios desgarrados, e sem uma conexão do todo? Mas qual Camões, se os nossos políticos não entendem sequer o valor literário e cultural de Camões e de Os Lusíadas em termos de Literatura Universal? Mas qual Camões, se já o sanearam do ensino, e querem sanear ainda mais?

 

4.

Vão comemorar essa riqueza inestimável que é a Língua Portuguesa? Como se atrevem a sugerir sequer isso apenas, estes políticos que temos travestidos de tudo, incultos, irresponsáveis, vadios, câmaras de ar cheias de metano, que aprovaram ilegalmente um Acordo Ortográfico, sem qualquer pudor, desprezando a história, a cultura, a tradição, o estudo, a democracia e, não contentes, o impuseram indignamente à socapa, impondo-o, de novo ilegalmente, nas escolas, na função pública, na merda dos jornais subservientes sempre à espera do subsídio, nos jornais particulares, prostitutas de esquina, que a tudo obedecem? E vergonhosamente, na televisão, até nas legendas, que qualquer detentor da quarta classe no tempo do fascismo faria melhor? Ai pensavam que o problema era o Sócrates? O Sócrates era apenas o Kan-klux-klan a quem tiraram a carapuça, mas os encapuzados lá continuam no seu caminho autocrático, fascista, sebenta, mentiroso, analfabeto e hipócrita.

 

5.

Vão comemorar a diáspora, como se isso fosse o orgulho de um desígnio nacional, quando, na verdade, desprezam a comunidade emigrante e a sua descendência? Na verdade, a diáspora elege quatro deputados, manda dinheiro para os bancos, que não fica protegido, organiza uns ranchos folclóricos como pode, e organiza umas festas para receber com algum estrondo o desprezo que os visita. E viva! E viva o senhor presidente! E vira, Maria. E até ó despois. Onde estão as escolas portuguesas? E as universidades portuguesas? E as escolas portuguesas para servirem as comunidades emigrantes, honrarem a Língua Portuguesa, e divulgá-la, honradamente, como merece?

 

Oh, Marcelo! Oh, Costa! Oh, porca miséria! Ide à!

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:49

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Domingo, 17 de Outubro de 2021

Ganância: emissões climáticas históricas revelam responsabilidade de grandes nações poluidoras

 

 

 

A análise do total de emissões de dióxido de carbono dos países desde 1850 revelou as nações com maior responsabilidade histórica pela emergência climática. Mas seis dos dez primeiros ainda não fizeram novas promessas ambiciosas de reduzir suas emissões antes da crucial cúpula climática Cop26 da ONU em Glasgow, em Novembro.

 

Os seis incluem China, Rússia e Brasil, que vêm atrás apenas dos EUA como os maiores poluidores cumulativos. O Reino Unido está em oitavo e o Canadá em décimo. O dióxido de carbono permanece na atmosfera por séculos e a quantidade cumulativa de CO2 emitida está intimamente ligada aos 1,2°C de aquecimento que o mundo já viu.

 

Nas negociações da ONU, as emissões históricas sustentam as reivindicações por justiça climática feitas pelos países em desenvolvimento, juntamente com a disparidade de riqueza das nações. Os países que enriqueceram com combustíveis fósseis têm a maior responsabilidade de agir, dizem os países em desenvolvimento, e de fornecer financiamento para o desenvolvimento de baixo CO2 e protecção contra os impactos do aquecimento global.

 

O Reino Unido está hospedando a Cop26 e o ​​primeiro-ministro, Boris Johnson, reconheceu essa responsabilidade em um discurso na ONU em Setembro.

 

A análise, produzida pela Carbon Brief, inclui, pela primeira vez, as emissões da destruição de florestas e outras mudanças no uso da terra, juntamente com os combustíveis fósseis e a produção de cimento. Isso empurra o Brasil e a Indonésia para os 10 primeiros lugares, ao contrário de quando apenas as emissões de combustíveis fósseis são consideradas.

 

Os dados também mostram que o mundo já usou 85% do orçamento de CO2, o que daria 50% de chance de limitar o aquecimento a 1,5°C, o limite de perigo acordado em Paris em 2015.

 

 

Os EUA, Alemanha, Grã-Bretanha e Canadá são os únicos dez principais países que fizeram promessas de cortes mais profundos de emissões antes da Cop26. Embora os EUA tenham afirmado que dobrarão sua contribuição para o financiamento do clima para as nações em desenvolvimento, alguns ainda vêem isso como muito pouco da maior economia do mundo.

 

A Rússia fez uma nova promessa, mas permite que as emissões aumentem, e o grupo Climate Action Tracker (Cat) a classificou como “criticamente insuficiente” em comparação com as metas de Paris. China e Índia ainda não fizeram novas promessas, enquanto as do Brasil, Indonésia e Japão não melhoraram as promessas anteriores.

 

“Há uma ligação directa entre os 2.500 bilhões de toneladas de CO2 bombeados para a atmosfera desde 1850 e o aquecimento de 1,2ºC que já estamos experimentando”, disse Simon Evans, do Carbon Brief. “Nossa nova análise coloca um foco vital nas pessoas e países mais responsáveis ​​pelo aquecimento do nosso planeta.

 

“Não podemos ignorar o CO2 da silvicultura e das mudanças no uso da terra, porque ele representa quase um terço do total acumulado desde 1850. Depois de incluir isso, é realmente impressionante ver o Brasil e a Indonésia entrando no top 10.”

 

Mohamed Nasheed, embaixador do Fórum Vulnerável ao Clima (CVF), um grupo de 48 nações, e presidente do parlamento nas Maldivas, disse: “A justiça básica exige que aqueles que mais fizeram para causar a emergência climática assumam a liderança em abordá-la. Esta nova análise deixa claro onde reside a responsabilidade: principalmente com os EUA, mas, posteriormente, com a China e a Rússia.

 

“Os emissores históricos assumiram todo o orçamento de carbono de 1,5ºC e o gastaram em seu próprio desenvolvimento. Nesse sentido, emprestamos a eles nosso orçamento de carbono e eles nos devem por isso. Chegando ao Cop [26], vimos algumas promessas de financiamento aumentadas, mas ainda está muito abaixo dos US $100 bilhões [£ 73,5 bilhões] por ano que o CVF pede.”

 

Tom Athanasiou, parceiro do Climate Equity Reference Project, disse que a capacidade diferenciada de nações ricas e pobres de financiar ações climáticas é importante. “A responsabilidade histórica é um princípio fundamental de equidade, mas não é o único”, disse ele. “Considerar a capacidade é essencial se quisermos evitar que a acção climática aconteça nas costas dos pobres.”

 

A análise do Carbon Brief mostra que cerca de 85% das emissões cumulativas dos EUA e da China são da queima de combustível fóssil e 15% do desmatamento, com o inverso verdadeiro para o Brasil e a Indonésia. A Indonésia fez algum progresso ao deter a derrubada de árvores, mas a derrubada de florestas no Brasil acelerou sob o actual presidente, Jair Bolsonaro.

 

A inclusão das emissões de desmatamento empurra a Austrália do 16º para o 13º lugar – acredita-se que a Austrália tenha desmatado quase metade de sua cobertura florestal nos últimos 200 anos. A promessa de redução de emissões da Austrália para a Cop26 não aumenta sua ambição e é classificada como “altamente insuficiente” pela Cat.

 

Os Estados Unidos foram o maior poluidor cumulativo de 1850 até os dias actuais. A Rússia foi o segundo maior poluidor até 2007, quando suas emissões foram superadas pelas da China, cujas emissões começaram a aumentar rapidamente a partir da década de 1970. O Reino Unido foi o terceiro maior emissor em um século, de 1870 a 1970, quando foi ultrapassado pelo Brasil.

 

“Começamos a revolução industrial na Grã-Bretanha. Fomos os primeiros a enviar grandes baforadas de fumaça azeda para os céus em uma escala que desorganiza a ordem natural”, disse Johnson à assembleia geral da ONU em Setembro. “Entendemos quando o mundo em desenvolvimento olha para nós para ajudá-los e assumimos nossas responsabilidades.”

 

O presidente da Cop26, Alok Sharma, disse: “Os grandes emissores, especialmente os do G20, têm a responsabilidade de enviar uma mensagem forte e poderosa ao mundo de que estão aumentando a ambição e acelerando as acções contra as mudanças climáticas. Embora aqueles que mais contribuíram para o problema do aquecimento global devam assumir a liderança, todos os países e partes da sociedade devem enfrentar esse desafio compartilhado”.

 

Robbie Andrew em Cicero, um centro de pesquisa climática norueguês, disse: “Embora as emissões históricas sejam muito importantes, quase dois terços de nossas emissões de CO2 fóssil ocorreram desde cerca de 1980 e em torno de 40% desde 2000 [e] é o que está acontecendo agora sobre o que podemos fazer algo. ”

 

Na semana passada, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que as economias desenvolvidas precisam assumir a liderança e Greta Thunberg também levantou a questão da responsabilidade histórica.

 

“Reconheço que os países que mais emitiram carbono [dióxido] não o fizeram com a intenção de prejudicar o clima”, disse Nasheed. “O motor de combustão interna foi inventado para mobilidade, não para afogar nações insulares. Portanto, apelo a uma abordagem colectiva para isso, em que actuem juntos para expandir rapidamente as tecnologias limpas de que precisamos, em vez de jogar um jogo de culpa pós-colonial. ”

 

A análise do Carbon Brief usou dados do Centro de Análise de Informações de Dióxido de Carbono, Nosso Mundo em Dados, Projecto Global de Carbono, Monitor de Carbono e estudos sobre emissões de desmatamento e mudanças no uso da terra. Começa em 1850, antes do qual dados confiáveis são escassos e, portanto, não inclui as emissões do desmatamento ocorridas anteriormente. Foi responsável pela mudança das fronteiras nacionais ao longo do tempo, mas não atribuiu as emissões dos países anteriormente colonizados à nação colonizadora.

 

Fonte: 

https://blogcontraatauromaquia.wordpress.com/2021/10/17/ganancia-emissoes-climaticas-historicas-revelam-responsabilidade-de-grandes-nacoes-poluidoras/

(Texto transcrito automaticamente para a Grafia Portuguesa)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:48

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Terça-feira, 26 de Janeiro de 2021

Quando a pandemia acabar, não queremos regressar à normalidade, nem a um novo normal, queremos regressar a um Mundo Novo…

 

… como o idealiza e reflecte a escritora e professora universitária Idalete Giga.

Ser emocionalmente racional é a palavra-chave, para o Mundo que aí vem. Esta é a mensagem.

Isabel A. Ferreira

 

Paraíso.jpg

 

«O Vírus Justiceiro, como eu lhe chamo, veio acordar o mundo e avisar a Humanidade inteira de que temos urgentemente de mudar de vida, ou seja, os nossos hábitos em todas as áreas do quotidiano. Mas não são só os nossos hábitos que terão de mudar radicalmente. É o paradigma económico, financeiro, educacional, cultural, etc. em todo o planeta que mudará para melhor.

 

Adeus capitalismo selvagem. Adeus reino da quantidade. Adeus exploração desenfreada. Adeus offshores. Adeus fabrico de armas. Adeus tráfico de seres humanos, de droga, de armas (!). Adeus prostituição. Adeus mercados bolsistas que se regulam pelo absurdo, pelo enriquecimento ilícito, pela completa IRRACIONALIDADE. Adeus mundo do ódio, das guerras absurdas que são alimentadas pelo negócio criminoso, altamente repugnante e desumano da venda de armas. Quem as vende aos países em guerra? Os EU, a China, a Rússia, a Alemanha, a Itália, a França, a Espanha, etc. , etc.. Portugal não vende, mas compra. E eu pergunto: para quê?» (Idalete Giga)

 

***

 

brain-vs-heart.jpg

 

Emoção versus banalidade

 

Ser banal

É ser vulgar

E não se emocionar

Quando passa

No caminho da vida

E apenas vê

De fugida

O chão que pisa

 

Ser banal

É ser vulgar

E não se emocionar

Com o assobiar

Do vento

O canto dos pássaros

O canto do mar

O cintilar das estrelas

A lua cheia

A beijar o oceano

Com a sua luz prateada

O sol a nascer

No fim da madrugada

Ser banal

É ser vulgar

E não se emocionar

com os campos em flor

O ouro das árvores

Os poentes de fogo

As lágrimas da chuva

 

Ser banal

É ser vulgar

E não se emocionar

Com a ternura

De um canto de embalar

 

Ser banal

É ser vulgar

 E não se emocionar

Com a profunda tristeza

No olhar

De uma criança abandonada

 

Ser banal ´

É ser vulgar

É não ter compaixão

É ter medo de amar

Tudo o que pulsa

Em constante vibração

Subindo

E convergindo

Para o Infinito. 

      

Idalete Giga

Paço de Arcos, 17/ Dezembro/2020

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:23

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Quarta-feira, 26 de Fevereiro de 2020

Theo Boer: “Não existe nenhum sítio onde a eutanásia não se tenha expandido”

 

O investigador holandês Theo Boer é professor de Ética dos Cuidados de Saúde na Universidade Teológica Protestante em Groningen, sendo uma das vozes críticas da legalização da eutanásia no país e tem feito alertas sobre o efeito de “rampa deslizante”, usado como argumento contra a despenalização.

 

Ao início, Theo Boer estava a favor da eutanásia, mas numa entrevista ao Jornal i, o eticista fala do que o fez mudar de opinião.

 

Sugiro uma leitura atenta a este texto, porque nele está implícito algo aterrador: caminhamos para uma sociedade onde a eutanásia, de acordo com uma investigação que está a realizar-se, é já uma das mais importantes causas de morte. Já não são as doenças. E uma pílula, nas mãos de quem já fez 70 anos, pode tornar-se uma diabólica tentação…

Querem despachar o povo, custe o que custar…

 

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Durante quase dez anos Theo Boer pertenceu a um dos comités de revisão dos casos de eutanásia na Holanda, onde participou na análise de mais de 4000 processos, o que o levou a desenvolver estudos sobre o tema.  Este professor de Ética admite que a eutanásia pode ser uma solução em casos excepcionais, mas defende que a legalização deixa as portas abertas para aceitar cada vez mais casos – e está convicto de que o mesmo acontecerá em Portugal. Se há 20 anos foi a favor da descriminalização que tornaria a Holanda um caso de estudo, acredita que o balanço deve levar os países a evitar seguir o mesmo caminho, e refere que a eutanásia passou de um último recurso para uma “maneira padrão de morrer”.

 

 Questionado sobre qual era a sua visão e que tipo de discussão havia na altura entre médicos e Igreja, sendo especialista em Teologia e Ética, Theo Boer referiu que «a partir de meados da década de 1980 participei regularmente em debates com teólogos e médicos. A atmosfera geral na minha igreja – a Holanda é um país protestante e sou membro da maior igreja protestante – era pró-eutanásia. Os meus tutores não eram excepção: sistematicamente desconstruíram todos os argumentos tradicionais contra a eutanásia e substituíram-nos por argumentos teológicos a favor. Alguns desses argumentos “pró” eram duvidosos, por exemplo a visão de que a eutanásia é aceitável porque, após a morte, continuamos vivos, ou a visão de que os seres humanos têm a liberdade de devolver o dom da vida ao seu Doador. Era crítico deste liberalismo, mas ao longo dos anos fiquei convencido de que a lei holandesa da eutanásia era um compromisso seguro e responsável. Um dos motivos para a minha convicção foi o enorme apoio social à eutanásia, combinado com a presença frequente de sintomas intratáveis. Como protestante genuíno achei que era melhor trazer algo para a luz do dia e regulá-lo em vez de permitir que acontecesse em segredo. Estava errado. Trazê-lo para a luz do dia levou a uma procura sem precedentes.

 

Quanto ao que faziam e quais eram as questões mais difíceis de avaliar, durante os dez anos em que Theo Boer foi membro de um dos cinco comités de revisão de casos de eutanásia, este investigador salientou que foi membro entre 2005 e 2014, e que têm cinco comités para cinco regiões [na legislação holandesa, em vez de vários pareceres prévios como prevêem os projectos de lei em Portugal, os médicos reportam os casos a estes comités para uma avaliação a posteriori]. «Éramos três membros: um advogado que preside, um médico e eu como eticista. Revíamos cerca de 40 casos por mês, já depois de a eutanásia ter tido lugar. Os casos mais difíceis para mim eram aqueles em que achava que teria havido possibilidade para um tratamento com sucesso. Por vezes, médico e doente ficavam presos numa estrada em direcção à eutanásia. (…) Os casos mais difíceis que encontrei foi de doentes com uma esperança de vida maior mas que estavam determinados em ter acesso à eutanásia e recusavam discutir alternativas. Pense-se por exemplo num doente que desenvolve uma cegueira, que tem muitos amigos e familiares, mas que diz “se não consigo ver, a vida não vale a pena”. Ou um doente com autismo cuja principal razão para o sofrimento era adaptar-se a novas situações. Em ambos os casos pensei: Estamos a usar uma solução médica para um problema não médico”. Pensei que as pessoas envolvidas deveriam ter investido mais em formas de enfrentar aquelas questões.

 

Sobre o risco darampa deslizanteque o fez mudar a sua percepção sobre a eutanásia, e para a qual tem vindo a alertar o mundo, Theo Boer refere que «no início os números permaneceram estáveis, mas passados alguns anos começaram a aumentar, e hoje são o triplo. Comecei a pensar: como é que é possível se as opções de cuidados paliativos melhoraram tanto? Para muitas pessoas, a eutanásia passou de último recurso para uma maneira padrão de morrer, um direito do doente, com um correspondente dever do lado do médico. Nunca foi essa a intenção da lei, mas funcionou dessa maneira.»

 

E adiantou que «não são 20 anos de experiência, mas 35: a nossa primeira decisão governamental para tolerar e regular a eutanásia remonta a 1985. A maioria de nós no início dos anos 2000 pensou que a melhoria dos cuidados em final de vida (cuidados paliativos) iria reduzir a necessidade de eutanásia, mas aconteceu o contrário, os números triplicaram. Além disso, as razões para ter a eutanásia expandiram-se. No início era para doenças terminais. Agora cada vez mais diz respeito a doentes com uma esperança de vida de anos, alguns de décadas. A eutanásia passou de um último recurso para prevenir uma morte terrível para um último recurso para prevenir uma vida terrível. E o que vemos é que a eutanásia cada vez mais colide com o dever do Governo de prevenir o suicídio.

 

Colocada a questão de que se o acesso à eutanásia não poderia prevenir casos de pessoas que colocam o fim à sua vida de forma violenta, Theo Boer retorquiu que «é um dos argumentos que se ouve repetidamente. Pode ser verdade a nível individual: um doente que tenha a possibilidade de eutanásia poderá abster-se de se matar ou mesmo deixar de procurar a morte. A nível nacional, no entanto, não é verdade. No período entre 2009 e 2019, em que a eutanásia se tornou disponível na Holanda, para pessoas com depressão, Alzheimer, o número de suicídios violentos aumentou 35%. Nos países vizinhos o número de suicídios manteve-se estável ou diminuiu. Na Alemanha, a taxa de suicídio diminuiu 10%. A minha explicação é que as discussões contínuas acerca da morte, como solução em casos de sofrimento severo, criam uma cultura de desespero e cinismo.»

 

Sabe-se que os projectos de lei que estão a ser discutidos em Portugal limitam a morte assistida a doentes adultos com doenças incuráveis e fatais ou lesões definitivas e sofrimento duradouro e insuportável, ficando excluídas pessoas com anomalia psíquica e doença mental, o que se traduz por uma abordagem mais redutora do que a holandesa, contudo, Theo Boer tem vindo a alertar os outros países para que não sigam este exemplo: «Não se deixem seduzir. Não existe uma jurisdição no mundo onde a prática da eutanásia não se tenha expandido. O Canadá é um exemplo importante e trágico. Há cinco anos a eutanásia foi legalizada apenas para doentes terminais. Em Setembro do ano passado, o Tribunal Superior da província de Quebeque decidiu que essa limitação é uma discriminação e determinou que a eutanásia deve estar disponível para qualquer pessoa em sofrimento insuportável. O Governo decidiu então que esta decisão se aplicaria a todas as províncias. Por isso, agora, apesar de todas as cautelas, a eutanásia ficará disponível para doentes psiquiátricos, doentes com demência, doentes idosos e doentes com patologia crónica. Houve alterações semelhantes nos EUA, na Bélgica e na Suíça. Mais uma vez: não se deixem seduzir. Os activistas da eutanásia dirão que é uma questão de compaixão para com as pessoas que estão a morrer. Não conheço nenhuma sociedade de direito à morte que não propague totalmente o direito de qualquer indivíduo capaz a ter uma morte assistida. Nesta visão de longo prazo, a proposta de lei portuguesa é apenas um trampolim para uma maior liberalização. Dentro de cinco anos após a promulgação desta lei, verá processos judiciais a acusar o Governo de discriminação e paternalismo. Quem nega este automatismo é mal informado ou mal-intencionado.»

 

Em Portugal, todos os projectos de lei estabelecem que o pedido para morrer tem de ser repetido várias vezes pelo doente e que este terá de estar consciente no momento da morte, exceptuando uma das iniciativas que determina que o processo pode avançar se a decisão estiver expressa no testamento vital. Contudo, na lei holandesa e de acordo com Theo Boer «(…) decidimos que uma directiva escrita pode substituir o pedido oral. Na minha leitura, era para doentes que, tendo iniciado os procedimentos para eutanásia e pedido ao médico para o fazer, ficassem inconscientes ou delirantes. O artigo legal evoluiu, entretanto, para que pessoas possam ser eutanasiadas com base em directivas antecipadas de vontade feitas meses ou anos antes. Os comités de revisão regionais, que são responsáveis pela interpretação da lei, determinaram em 2008 que a cláusula legal sobre as directivas antecipadas também se aplica a pessoas em estado avançado de demência. É baseado na mesma lei, mas houve uma mudança de interpretação.»

 

Quanto à reacção entre os médicos, Theo Boer refere que «a lei holandesa da eutanásia é uma lei feita por médicos, iniciada a pedido de médicos que nos anos 80 e 90 tinham doentes em sofrimento excruciante e não eram capazes de lhes dar alívio adequado. O que eles pediam era, em caso de emergência, quando estivermos encostados à parede, confiem em nós e não nos criminalizem. Muitos lamentam-no agora: alterou a relação médico-doente no sentido em que agora alguns doentes vêem a eutanásia como um procedimento médico normal. Conheço muitos médicos que hoje recusam a eutanásia. A percentagem que diz que nunca fará eutanásia subiu de 11% em 2002 para 19% em 2006. Entre psiquiatras a percentagem é maior.»

 

Em Portugal, há médicos a favor, contudo, a Ordem dos Médicos não é favorável à eutanásia. Sobre isto Theo Boer salienta que «se os médicos estão contra, não vão por aí. Também é uma visão protestante: cada pessoa é responsável por si própria. Se um doente quer morrer de forma activa, ajudem-nos a encontrar forma de o fazer sem a ajuda de um médico. Essa é a autonomia real» que nada tem a ver com suicídio assistido, mas com suicídio autónomo com meios que não sejam violentos e traumatizantes para os outros.

 

Um dos argumentos contra a legalização da eutanásia em Portugal é precisamente a falta de cuidados paliativos que possam amenizar e não prolongar o sofrimento dos doentes. Em relação a isto Theo Boer refere que o antigo ministro da Saúde, da Holanda, Els Borst, «avançou em 2001 com a legislação da eutanásia, e admitiu-o uma vez: fizemos isto pela ordem contrária, primeiro legalizar a eutanásia e depois melhorar o nosso sistema de cuidados paliativos. Se em 1990 tivéssemos o nível de cuidados paliativos que temos hoje, penso que nunca teríamos legalizado a eutanásia. Pensar que, no ano 2020, os doentes devam solicitar a eutanásia por falta de cuidados paliativos é uma desgraça. Se a morte é uma alternativa mais barata aos cuidados paliativos, essa é uma das coisas mais tristes que podem acontecer num país civilizado. (…) Se os cuidados paliativos não funcionam para todos os doentes, penso que a coisa certa a fazer é procurar maneiras de explicar por que não funcionam e aprender com isso. Se podemos colocar pessoas na Lua e enviar rovers para Marte, também poderemos encontrar novas maneiras de pôr as pessoas confortáveis.»

 

Questionado sobre se viu casos em que os doentes foram pressionados por familiares ou médicos Theo Boer disse: «vi exemplos claros de pressão da família e de pressão por parte dos médicos e documentei-os; no entanto, os Comités de Revisão Regionais proibiram-me de dar detalhes e números, seria uma violação da confidencialidade. A boa notícia é que a eutanásia não se tornou um modelo de negócio. Um clínico geral (na Holanda) recebe 300€ por todo o procedimento. Uma excepção poderá ser a Clínica de Fim de Vida (hoje “Expertisecenter Euthanasia’”) que recebe cerca de 3000 € por cada eutanásia.»

 

Segundo o Jornal i, um artigo recente no The Guardian dizia que hoje em dia um quarto das mortes na Holanda já são de alguma forma induzidas, quer os casos de eutanásia quer os casos de sedação paliativa, em que os doentes em estado terminal são colocados em coma, mas não existe a intenção deliberada de matar. Apesar de as questões que Theo Boer tem vindo a denunciar, morrer-se-á de forma mais digna do que no passado? A esta questão o eticista respondeu: «Penso que em muitos casos, tanto a eutanásia quanto a sedação paliativa podem ser maneiras dignas de morrer, especialmente quando comparadas com os leitos de morte excruciantes do passado, quando os doentes eram deixados a sufocar, a gritar pelas suas mortes. Mas não nos podemos esquecer que uma morte natural, com a ajuda de bons cuidados paliativos, é a mais digna de todas.»

 

Quanto à discussão da disponibilização de um comprimido letal a pessoas com mais de 70 anos, Theo Boer pensa que «embora durante algum tempo tenha havido uma maioria parlamentar para isso, agora acredito que não passará. Dois comités científicos governamentais separados, um em 2016 e outro este ano, concluíram que uma Lei da Vida Completa é imprudente. Seria inseguro, há pouca necessidade prática, minaria a actual Lei da Eutanásia, minaria os programas de prevenção ao suicídio e seria uma discriminação de idosos e pessoas vulneráveis. Ainda assim, o facto de estarmos a discutir essa lei há pelo menos cinco anos é uma indicação de que uma lei de eutanásia levará a práticas novas e mais liberais.»

 

Neste momento da discussão da eutanásia em Portugal a recomendação de Theo Boer é a seguinte: 

«Diria: não legalizem a eutanásia de todo. Deixem ao critério dos médicos disponibilizar o alívio adequado. Se esse alívio, por exemplo, através de doses elevadas de morfina, implicar que, em casos excepcionais, os doentes morram mais cedo, que seja assim. A legalização da eutanásia teve como efeito profanar a profissão de médico: o seu trabalho tornou-se parte de uma agenda social liberal. Penso que a posição deve ser confiar nos médicos e não os perseguir, pois agem nas zonas cinzentas da vida. Mas assim que se legaliza a eutanásia, é como se estivesse a colocar essa acção excepcional na montra de uma loja: ‘Olhe, esta é uma das suas opções legais!’ Os exemplos holandeses e belgas são a prova de que a oferta criará procura. Não há país no mundo em que legalizar a eutanásia tenha sido o fim de uma discussão. Em todos os países, foi o início de novas discussões. Se Portugal legalizar a eutanásia, basta olhar para os Países Baixos para saber onde vão estar daqui a vinte anos.»

 

Deixar essa decisão ao critério dos médicos não aumenta o risco de desigualdades? A este respeito Theo Boer refere que «legalizar a eutanásia não reduz a desigualdade. Mesmo na Holanda liberal, um médico realiza a eutanásia sempre, outro nunca, e um terceiro e um quarto fazem-no cada um em condições diferentes. Se deseja abandonar a desigualdade, a coisa certa a fazer é tornar a eutanásia um ‘procedimento médico normal’ a que todos têm direito. Mas isso seria prejudicial para a ética médica.»

 

À questão «em que casos é a favor da eutanásia», Theo Boer salienta que «em 2020, num país civilizado, penso que a eutanásia não é necessária para prevenir mortes terríveis. Nas excepções em que os cuidados paliativos não são eficazes, podemos querer pôr fim à vida de maneira directa e intencional. Mas isso é uma tragédia e penso que é um erro acharmos que uma tragédia pode ser legalmente regulamentada. No momento em que regulamos uma forma de tragédia, outras tragédias exigirão uma nova liberalização da lei. O que mais me preocupa é que a eutanásia começou a minar a nossa determinação de lidar com as nossas dificuldades. Em vez de dar esperança, enviamos o sinal de que, para alguns doentes, é melhor deixar de existir.

 

Poderá existir, no limite, o argumento individual: enquanto sociedade, porque é que havemos de negar o último pedido de alguém e que não obriga ninguém a fazer o mesmo?

 

Sobre esta questão Theo Boer salienta que «a liberdade de alguns afectará as liberdades de outros. A eutanásia não é apenas uma decisão individual. Se, num barco, uma pessoa que vai à frente saltar, todas as outras serão afectadas. A eutanásia começa com as liberdades de alguns, mas em breve estabelecerá um padrão para outros. Temos estado a fazer essa investigação e, em alguns municípios holandeses, a eutanásia está a tornar-se uma das causas de morte mais importantes.»

 

Fonte em que esta publicação se baseou:  

https://ionline.sapo.pt/artigo/686781/theo-boer-nao-existe-nenhum-sitio-onde-a-eutanasia-nao-se-tenha-expandido-?seccao=Portugal&fbclid=IwAR3KU4fdJbIRx0c01Sfz313XkCe8PDtAUQK7E29aAUo96H0tefMJwFZOl7w#disqus_thread

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:27

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Segunda-feira, 5 de Fevereiro de 2018

O que fará o mundo para que este abominável acto não torne a repetir-se?

 

Macaquinhos e humanos foram utilizados em testes de emissões de escapes de carros…

Os humanos estariam lá por vontade própria, por dinheiro... talvez!

 

Os macaquinhos foram levados à força, cobardemente... É como se tivessem lá posto crianças humanas de três anos de idade... Um acto inqualificável, nos tempos que correm... Os energúmenos que praticaram tal acto deviam ser devidamente punidos, por crime cometido contra a Vida de outrem. E não importa quem é esse "outrem".

 

Quanta cobardia!!!!

 

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Volkswagen, Daimler e BMW financiaram estudo que testou os efeitos nocivos das emissões de gases de motores a gasóleo em humanos e macacos.

 

«Caso é denunciado no documentário "Dirty Money" da Netflix. Imagem: Netflix

 

Três dos principais fabricantes de automóveis alemães - Volkswagen, Daimler (empresa dona da Mercedes-Benz) e BMW - financiaram um estudo que testou os efeitos das emissões dos escapes de veículos a gasóleo em humanos e macacos.

 

O governo alemão já denunciou as experiências, afirmando que a exposição de humanos e macacos a fumos tóxicos "é inaceitável". A ministra alemã do Ambiente, Barbara Hendricks, classificou os testes como "abomináveis".

 

"Os testes em macacos ou até mesmo humanos não podem ser justificados de maneira ética", afirmou o porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert.

 

Estas experiências são "absurdas e abomináveis", criticou o político social-democrata Stephan Weil, que é também membro do conselho de supervisão da Volkswagen. "O lóbi não pode ser uma desculpa para tais testes", disse Weil citado pela BBC.

 

Os políticos alemães referiam-se às experiências que sujeitaram humanos e macacos à exposição de gases do escape de veículos a gasóleo com o objectivo de mostrar que a nova tecnologia deste tipo de motores era mais limpa e menos nociva.

 

A notícia foi avançada pelo jornal "The New York Times" na semana passada e foi também retratada no documentário "Dirty Money", que começou a ser emitido na plataforma de "streaming" Netflix na sexta-feira.

 

O estudo foi encomendado ao Grupo Europeu de Pesquisa sobre Meio Ambiente e Saúde no Sector dos Transportes (conhecido pela sigla EUGT, o acrónimo em alemão) e financiado pelas três marcas alemãs. A investigação terá sido projectada após a denúncia de que os gases do escape deste tipo de combustível eram cancerígenos.

 

A pesquisa tinha por objectivo mostrar que a mais recente tecnologia dos veículos a gasóleo tinha resolvido o problema do excesso de emissões associadas a uma série de doenças pulmonares e culpado por dezenas de milhares de mortes prematuras, dados que constam de um relatório da Comissão Europeia.

 

Testes com humanos na Alemanha, com macacos nos EUA

 

As experiências dos testes de emissões de gases de escape de carros com motores a gasóleo decorreram durante um mês, num laboratório em Aachen, no oeste da Alemanha, segundo o jornal "Stuttgarter Zeitung".

 

Durante os testes, 19 homens e seis mulheres foram expostos a diferentes concentrações de emissões de dióxido de nitrogénio (um gás extremamente tóxico e irritante). Os testes com humanos terão acontecido em 2016.

 

A experiência com macacos foi levada a cabo num laboratório em Albuquerque, no Novo México, nos Estados Unidos, em 2014, segundo o "New York Times".

 

Dez macacos foram colocados em câmaras herméticas a ver desenhos animados enquanto inalavam os fumos do escape, primeiro, de uma carrinha Ford (modelo de 1999) e, depois, de um Volkswagen Beetle a gasóleo (modelo de 2012), fornecido pela marca. Os fabricantes queriam usar os resultados da experiência para provar que a nova tecnologia "diesel" era mais limpa e menos maligna que a anterior.

 

O carro usado na experiência foi um dos muitos veículos cujo "software" foi manipulado para dar resultados de emissões mais baixos do que eram na realidade, um escândalo revelado em 2015.

 

Os testes de emissões feitos com macacos foram agora revelados na sequência de um dos muitos processos legais contra a Volkswagen que decorrem nos tribunais dos Estados Unidos.

 

Novo capítulo no escândalo das emissões poluentes

 

As três construtoras alemãs já vieram a público condenar a realização do estudo, que, apesar de ter sido levado a cabo nos Estados Unidos, foi pedido pelo centro de investigação europeu (e financiado pelos três fabricantes alemães).

 

Organizações de defesa dos direitos dos animais, como a PETA, não poupam nas críticas à experiência com os macacos e pedem à Volkswagen o fim imediato dos testes com animais.

 

Ainda não foi possível apurar se os três fabricantes alemães tinham ou não conhecimento da utilização de humanos e macacos para a realização dos testes, segundo a agência Reuters.

 

As três marcas já comunicaram que está em curso uma investigação aprofundada aos estudos realizados pelo gabinete europeu que fechou portas no final do ano passado.

 

O grupo Volkswagen afirma, em comunicado, que "os testes feitos em animais contradizem os princípios éticos" da marca.

 

Na mesma linha, a Daimler afirmou também que "condena veementemente a experiência", que "viola os valores e princípios da marca".

 

Por seu lado, o grupo BMW "condena os estudos levados a cabo pelo EUGT" e reforça que "não realiza testes em animais".

 

Fonte:

http://rr.sapo.pt/noticia/104208/humanos-usados-em-testes-de-emissoes-de-carros

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:10

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Segunda-feira, 16 de Março de 2015

MAPA ALERTA TURISTAS PARA ZONAS EM PORTUGAL ONDE HÁ MÁS PRÁTICAS COM ANIMAIS

 

«Enquanto os animais não humanos não forem considerados seres tão sencientes como os animais humanos (está provado cientificamente que o são) os países que mantém práticas primitivas e bárbaras contra esses seres deveriam ser penalizados de algum modo»

 

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 Um forcado ataca um touro moribundo e embolado... depois não gostam que lhes chamem cobardes...

 

Touradas, jardins zoológicos, passeios de charrete e a possibilidade de nadar com golfinhos são exemplos sobre Portugal recolhidos num mapa digital, promovido por uma fundação espanhola, que pretende alertar os turistas para más práticas relacionadas com animais.

 

O mapa, um projecto da fundação de defesa animal FAADA, de Barcelona, está disponível em www.turismo-responsable.com

e foi criado para dar a conhecer aos turistas as actividades com animais existentes nos vários países para que "possam viajar de forma responsável", disse a coordenadora da FAADA, Giovanna Constantini, citada pela agência de notícias espanhola EFE.

 

Sobre Portugal, o mapa dá como exemplo as corridas de touros, sublinhando que, em algumas localidades, existe permissão para matar o touro na arena.

 

O mapa cita também uma investigação de 2011 sobre 10 zoológicos portugueses, realizada pela Born Free Foundation (Reino Unido), cujos resultados mostraram que os parques zoológicos autorizados não estavam totalmente de acordo com as normas da União Europeia, enquanto outros operavam sem licença.

 

Segundo a informação, os zoológicos não dão "qualquer contribuição significativa à conservação das espécies", sendo que a conservação da maioria dos animais nestes parques não é considerada prioritária.

 

"Das espécies ameaçadas, apenas 57 por cento faziam parte de um programa europeu de criação em cativeiro", adianta o texto.

 

Acrescenta ainda que a informação disponibilizada aos visitantes sobre a conservação era inadequada, muitos parques fomentavam o contacto directo entre os animais selvagens e o público e organizavam espectáculos com animais sem qualquer mais-valia educativa.

 

Na informação sobre Portugal é ainda mostrada preocupação com os passeios em carros puxados por cavalos (charretes).

 

"Numerosos animais são explorados além dos seus limites, enquanto levam turistas por terrenos acidentados, debaixo do sol, sem água ou descanso. Sofrem insolações, feridas e são espancados em consequência destas 'experiências turísticas' em que os benefícios económicos para os proprietários estão sempre acima do bem-estar dos animais", afirma-se no texto.

 

Nadar com golfinhos é outra das actividades apontada no mapa, que considera que esta prática, que acontece sobretudo no Algarve, tem "graves implicações para os animais e pode ser perigosa para as pessoas".

 

No mapa, que está online há uma semana, aparecem todos os países e as actividades que fazem com animais para atrair turistas, desde os passeios com elefantes em muitos países asiáticos até às tradicionais corridas de carros de cavalos na Alemanha ou aos passeios em camelo no Egipto.

 

Alerta também para as tradições vendidas turisticamente, como os pacotes de caça na África do Sul, onde os turistas podem caçar leões em reservas.

 

As lutas com galos nos países da América do Sul, como Peru, Bolívia ou Colômbia, ou o treino de macacos para roubar turistas são outros exemplos que constam do mapa.

 

Segundo Giovanna Constantini, um dos países que mais maltrata os animais é a Tailândia, onde 3.800 dos 5 mil elefantes do país se encontram em cativeiro, sendo na sua maioria usados para passeios ou exibidos em espectáculos.

 

Sobre Espanha, a informação disponibilizada afirma que as touradas se fazem com animais "drogados e confundidos, que são apunhalados várias vezes até à morte".

 

O mapa visa alertar os viajantes para a exploração turística dos animais, revelando o que se esconde por detrás de cada espectáculo ou transporte animal.

 

O mapa indica ainda, em cada país, uma lista de centros de recolha e projectos de voluntariado que trabalham na conservação e no tratamento de animais, bem como de organizações não-governamentais de protecção de animais.

 

Lusa/SOL

 

Fonte:

http://www.sol.pt/noticia/126950

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 12:10

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Quarta-feira, 3 de Dezembro de 2014

«Se amam os Cavalos não os montem»

 

Porque simplesmente os Cavalos, seres extremamente sensíveis, não nasceram para ser montados, e sofrem horrores quando os usam para tal...

 

 

(O texto que se segue é de Sônia Teresinha Felipe, doutora em filosofia moral e teoria política pela Universidade de Konstanz, Alemanha, professora da graduação e pós-graduação em filosofia, e do doutorado interdisciplinar em ciências humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (Brasil), orienta dissertações e teses nas áreas de teorias da justiça, ética animal e ética ambiental. É pesquisadora permanente do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, Membro do Bioethics Institute da Fundação Luso-americana para o Desenvolvimento, autora de «Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas», Edufsc, 2007, e, «Por uma questão de princípios», Boiteux, 2003. 

 

Sônia T. Felipe

 

«Ama os cavalos? Não os monte! (Drª. phil. Sônia T. Felipe) [20/11/2014]»

 

«Não existe monta sem sofrimento para os Cavalos, quer o montador tenha consciência da agonia e tormento do Cavalo, seja bondoso, ou um psicopata que “ama" tanto o seu cavalo a ponto de odiá-lo e chicoteá-lo quando não consegue fazê-lo entender o que quer.

 

O que importa é o que o corpo e o espírito do cavalo sentem, quando há qualquer "disciplina", "domação", “quebra” e “castigo”. O cavalo sempre sofre. A única forma de ele não sofrer é não ser montado nem encilhado. E, não sendo montado nem encilhado, não há desporto de qualquer tipo: bigas, troikas, corridas em plano raso, vaquejadas, touradas, rodeios, olimpíadas, polo, cavalhadas e tudo o que hoje existe porque o Cavalo paga com a sua dor e não raro com a sua vida o gozo de quem o monta.

 

Quando leio e escrevo sobre a agonia dos cavalos, concentro-me nos cavalos. E faço-o, exactamente, porque quem os monta e lhes passa o freio (o ferro) sobre a língua nunca pensou nem entendeu nada de anatomia e fisiologia de cavalos. Pode até ter tido muita aula prática de equitação, mas não teve luz alguma sobre o que se passa debaixo do seu traseiro bem acomodado sobre o lombo de outro animal, tão ou mais sensível do que aquele que o monta.

 

Se eu escrever uma linha dizendo que há pessoas boazinhas com os cavalos, todas, leia-se, todas as pessoas vão se aconchegar nessa linha. Só existe um tipo de pessoa boa para os cavalos: a que não os monta. A que cuida deles e a deixa viver a seu modo. Rara pessoa humana, rara pessoa equina, a que tem tal chance de vida, em paz, sem a agonia dos ferimentos invisíveis aos olhos de toda gente e também de quem a monta.

 

E os cavalos continuarão a ser montados na manhã seguinte, a ter o ferro cruzando a sua língua na manhã seguinte, a receber chicotadas na manhã seguinte, a ter uma sela amarrada sobre o seu lombo para levar uma sedentária ou um sedentário, por horas, sobre a sua coluna, sofrendo, no galope, cada golpe do peso de quem o monta e da sela que nunca é desenhada para respeitar a singularidade do corpo do animal. O cavalo sofrerá tudo isso na manhã seguinte àquela na qual a pessoa leu algo e se classificou como pertencendo ao grupo das que "amam" cavalos.

 

Quem ama os Cavalos não os monta!

 

Escrevo para o animal. É o meu dever. Quem não coloca freio nem cabresto, não coloca sela, não usa esporas, não usa chicote, quem controla o animal apenas comunicando-se com ele, sem qualquer meio repressivo e doloroso (só os Nevzorov sabem fazer isso!), não precisa de se magoar com o que eu escrevo.

 

E quem faz tudo de mal ao Cavalo em nome do "amor" que tem por ele, deve ir para um analista. Os Cavalos não são seres masoquistas. Se estão com um sádico montado no seu lombo, é porque o sádico é um psicopata, quer tenha consciência de si, quer não. Há muita gente que "ama" o seu cão de estimação. Ama tanto que o condena à prisão perpétua e à solidão. Tranca-o no apartamento sozinho a semana toda, de manhã até à noite, para ter algo vivo à sua espera quando chega  exausto do trabalho ou das noitadas. Isso não é amor. É escravização. É privação. É condenação.

 

Entendo bem a angústia de quem conhece pessoas sem maldade que dizem amar os Cavalos e não querem machucá-los. Mas não tem excepção na equitação e na tracção. Usou freio, rédeas, esporas e chicote, é sessão de sadismo puro. Mesmo que a pessoa não veja toda a dor que causa.

 

E quem está sentado atrás da cabeça do Cavalo não vê a dor dele. E a dor que ele sente dentro da boca é indescritível. E a dor de uma úlcera também é indescritível. E a de uma pata lesada, idem. E a dor do pulmão, pelo esforço extraordinário de puxar uma carga morta ou levá-la sobre a coluna, idem.

 

E exactamente por serem indescritíveis todas as dores do Cavalo é que ele obedece. Porque o seu espírito evoluiu para não gritar de dor, pois, na natureza, o cavalo, assim como a vaca, não recebem ajuda de ninguém quando estão feridos. Pelo contrário, se gritarem de dor os predadores os elegem como alvo na próxima rodada.

 

Então, o Cavalo estrebucha, mastiga o freio nervosamente, balança a cabeça de um lado para o outro, dá ré, recusa-se a seguir, tudo isso porque está doendo demais e ele não tem como avisar ao peso morto sobre as suas costas. Ao peso morto que vive causando toda essa dor a ele sem “sentir” no próprio corpo, porque o corpo do peso morto sente mesmo é prazer em estar lá em cima, seguindo o seu passeio ou fazendo o “seu (?) “desporto” preferido.

 

Não porque tenha gostado da prática ou do peso da gorda e do gordo, da magra e do magro, sentados sobre a sua coluna, é que o cavalo segue. Não. Ele obedece porque é um animal fisiológico. A sua existência é o seu sentir. E ele sente horrores de dores com tudo o que fazem para que ele faça o que não tem interesse ou motivação natural alguma para fazer.

 

E, quando o cavalo obedece, é porque tem memória viva de que uma dor ainda maior virá, caso não siga em frente: uma puxada firme das rédeas, que lhe produzem o choque no sistema dos nervos craniais, uma chibatada sobre as carnes já inflamadas pelas chibatadas do dia anterior, dos minutos anteriores.

 

E, muitas vezes, não é somente na boca que a lesão é manifesta. É nas patas que está uma inflamação. É no lombo, pelo atrito do corpo da montaria impactando com a sela as partes da carne do animal, a cada passo, a cada galope. É no estômago. É no pulmão.

 

Até ao ano de 2008, Alexander Nevzorov (Nevzorov Haute École) ainda montava 5 minutos ao dia, podendo chegar a 15, excepcionalmente. Desde 2008, a monta foi definitivamente abolida das suas práticas. Ele escreve: "The year 2008 was a turning point in the history of the School. This was the year that we fully rejected horseback riding. The horse is not intended for riding even the slightest degree. Not physiologically, not anatomically, not psychologically. I had come a pretty long way to have this realization, and it is based not only on my feelings but first of all on the results of long term research. I understand how difficult is to accept this fact. But the ability to abandon horseback riding is a guarantee of a true, high relationship with the horse. Today horseback riding is a turning point of our history. Now we comprehend and bring into this world another beauty - the beauthy of a conversation with the horse as an equal." The horse crucified and risen, 2011, p. 223. Por quê?

 

Porque as carnes ficam inflamadas. A Lydia Nevzorova é fisiologista. Ela faz os exames de termografia computadorizada nos cavalos, e, pelas imagens coloridas, detecta cada área do corpo inflamada e grau dessa inflamação. Esse exame é muito caro. Só os "cavalos ricos" são examinados para a detecção das áreas de inflamação. E o são apenas quando começam os fracassos nas competições, quando eles não têm mais forças psicológicas para obedecer, apesar da dor das puxadas das rédeas na sua face e boca, ou das chicotadas e esporadas. Quando, apesar de toda essa dor, ainda assim o animal não mais obedece, se o "dono" é rico, então o leva para o exame termográfico computadorizado. E o que Lydia Nevzorova encontra é um corpo inflamado da boca às patas, quando não ao ânus (no caso de choques eléctricos).

 

As fotos são impactantes. Na foto de um Cavalo sem inflamação alguma, a de um não usado para montaria, a imagem do corpo todo aparece em azul, sem manchas luminosas. Os animais montados e lesados nas patas, nos tendões, na nuca, no dorso, nos flancos, aparecem com as lesões todas em cores de ondas longas, mais vivas, evidenciando os machucados invisíveis a olho nu. E esses ferimentos internos estão ali todos os dias nos quais o animal é montado e quem o monta não vê. Todos os dias. Cego pelo seu amor à prática, o equitador nada vê.

 

É um tormento ter o corpo todo inflamado. E ser usado todo o dia para dar a um humano prazeres que só existem à custa dessa dor. E a maldade não é minha, nem do cavalo. E tudo isso sempre foi guardado como segredo, a sete chaves, para que ninguém pudesse abrir os olhos e ver o que está fazendo, quando monta um cavalo. Não está só a montar o animal. Está, literalmente, a levá-lo para mais uma sessão de tortura.

 

Fonte:

https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=10205175596651099&id=1280753559&hc_location=ufi

(Texto transcrito para Língua Portuguesa)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:28

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