O Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA) considera oportuno fazer algumas considerações e repor a verdade sobre alguns factos em relação ao recente estudo titulado “Os valores económicos e sociais da tourada à corda”, da autoria de Domingos Borges, que afirma que as touradas podem ser responsáveis por 11,4 % do PIB da ilha Terceira.
Antes de mais, é preciso deixar bem claro que o Produto Interior Bruto (PIB) não é um sinónimo de criação de riqueza, ideia errónea que muitas vezes é passada na comunicação social. Na realidade, o PIB tanto pode indicar criação de riqueza como uma simples transferência de dinheiro ou mesmo uma perda de riqueza para uma região ou país.
O PIB é um indicador que reflecte o valor total da produção de bens e serviços num país ou região num determinado período. No entanto, segundo Ladislau Dowbor, economista e consultor da ONU, é “uma cifra que, tecnicamente, ajuda a medir a velocidade que a máquina gira, mas não diz o que ela produz, com que custos ambientais, e nem para quem”.
Para perceber melhor a questão podemos citar determinadas actividades económicas que entram dentro do cômputo do PIB mas que em nada favorecem a economia ou as populações que dela dependem, como pode ser por exemplo um aumento no sector funerário após uma epidemia, no sector de produção de armas quando o país entra em guerra, ou no sector madeireiro após um incêndio florestal.
Em relação às touradas, elas encontram-se economicamente na categoria de espectáculo, e como tal são um sector económico não produtivo, que não produz riqueza. Os touros são criados para participarem num espectáculo e com isso em nada beneficia materialmente, directa ou indirectamente, a população, para a qual só servem como distracção por breves momentos. É na realidade um tipo de economia dissipativa que gasta recursos humanos, materiais e naturais.
No referido estudo faz-se no entanto referência a outras actividades, estas sim produtivas, associadas ao espectáculo tauromáquico. Mas se as analisamos com atenção chegamos à conclusão de que a sua produtividade é muito reduzida ou nula. Aquilo que é pago ao ganadeiro é uma transferência de dinheiro da população para o bolso de um particular. O que é pago em licenças é uma transferência de dinheiro da população para a autarquia. O que é gasto em combustível e desgaste de veículos, citado no estudo, é na realidade uma perda de dinheiro para a economia da região, que com isto deve importar mais gasolina e mais carros. O sector das comidas e bebidas é realmente uma actividade produtiva, mas ela existe todo o ano independentemente do tipo de espectáculo e das touradas. E quando consideramos que aquilo que é mais consumido, a cerveja, é toda importada, percebemos que também aqui temos mais uma perda económica para a região.
E ainda poderíamos falar também da perda da produtividade no âmbito laboral que significa ter mais de uma tourada por dia na Terceira durante a Primavera e o Verão. Ou dos gastos médicos dos cerca de 300 pessoas feridas por ano nas touradas.
Não vamos aqui a discutir os números do referido estudo, mas eles são claramente exorbitantes quando referem um PIB do 11,4% às touradas na Terceira. Um outro recente estudo, muito mais realista, da autoria de Tomaz Dentinho e João Paes, calcula que representam apenas um 0,6% do PIB da ilha Terceira, uma diferença abismal. Como referência, podemos dizer que o sector leiteiro, um dos sectores produtivos mais importantes da região, contribui com um 9% para o PIB regional.
O MCATA considera que o referido estudo, realizado desde e com o apoio do mundo tauromáquico, não tem outro propósito para além de amplificar os números de forma absurda e exagerada e ocultar a natureza não produtiva das touradas, apoiando assim o negócio da tauromaquia num momento em que esta actividade é tão criticada nos Açores e no mundo inteiro.
Na realidade, a economia da ilha Terceira só ganharia com o fim das touradas e dos subsídios públicos a elas atribuídos. A qualidade de vida e o futuro dos terceirenses melhoraria sem dúvida se o dinheiro gasto nas touradas fosse destinando a sectores produtivos da economia e que melhorassem a produtividade, a competitividade e a inovação no tecido empresarial da ilha. Afinal, qual é o interesse de ter um PIB, por pouco ou muito elevado que este seja, baseado apenas em perdas e despesas e não na criação de riqueza?
Comunicado do Movimento Cívico Abolicionista da Tauromaquia nos Açores (MCATA)
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/
20/07/2016
Fonte:
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.pt/2016/07/comunicado-do-mcata-sobre-o-recente.html
Esta publicação tem dois anos.
Em dois anos, o meu pobre país não evoluiu absolutamente nada.
Este desabafo poderia ter sido escrito hoje.
Ainda assim, VENCEREMOS! Mais dia, menos dia, VENCEREMOS!
Sei que o meu País atravessa um momento difícil, onde o caos se instalou a todos os níveis.
Sei que somos desgovernados por corruptos.
Sei que somos roubados descaradamente.
Sei que somos vilipendiados nos nossos mais básicos direitos.
Sei que os “políticos” que temos são cegos e surdos aos apelos que fazemos.
Sei que entre o povo que se faz de vítima, estão os principais cúmplices e culpados da situação caótica que o nosso País vive.
Sei que os governantes não gostam de um povo que pensa, por isso promove a incultura.
Sei que o nosso País precisa de uma Revolução séria, que derrube esses corruptos.
Sei que uma minoria inculta manipula descaradamente a maioria parlamentar que despudoradamente se deixa manipular.
Sei que essa maioria parlamentar não merece consideração, porque não se dá ao respeito.
Sei que a política praticada em Portugal, desde Lisboa aos municípios (com raríssimas excepções) é suja, é podre, é antiquada, é madrasta, é coisa para deitar ao lixo.
Sei que da política e dos políticos fiquei farta, fartíssima, depois de tantos anos a lidar com eles, e conhecer-lhes as manhas e artimanhas.
Por isso, um dia decidi emprestar a minha voz aos que não têm voz, e entrei numa “guerra” de muitas batalhas, e nela, desde então, continuo firmemente de pé, com as palavras em riste (a minha arma) apontadas para os inimigos dos que decidi defender, apesar das ameaças de morte, apesar das dificuldades, apesar dos obstáculos, apesar do processo judicial que me foi interposto...
Sei que a tourada está oficiosamente abolida.
Está acabada. A cair de podre. De velha. Ultrapassada. Desactualizada.
Mas falta enterrá-la debaixo de uma lei oficial.
E para tal, os Touros e os Cavalos precisam de todas as vozes.
Não haverá muito mais para dizer.
Mas há algo que ainda é necessário fazer: derrubar as mentes velhas, encerrar as escolas de toureio, desmoralizar os aficionados, marginalizar os sádicos, boicotar os apoiantes, desfazer o nó entre os governantes e os tauricidas, enfim, fechar o cerco a esta minoria sanguinária que anda por aí, em bicos de pés, a tentar segurar um cadáver.
É preciso um pouco mais de empenho.
Travamos a batalha final.
É urgente que todas as vozes abolicionistas se ergam para esmagar os últimos “olés” que ainda se ouvem por aí…
Venceremos, amigo Touro. Venceremos!
Isabel A. Ferreira
Texto exemplarmente completo e detalhado sobre todas as questões que se levantam nos debates sobre tourada, incluindo a ideia de que as touradas evitam a extinção do touro "bravo"
CAPT - Campanha Abolicionista da tauromaquia em Portugal
«Não vamos entrar pelos argumentos, porque aí, lamento, mas espalham-se os aficionados. O único argumento legítimo e verdadeiro que têm, é o de a tourada ser um espectáculo legalizado e, como tal, terem todo o direito a participar. Ponto final porque acabam aí os argumentos válidos.
O Sr. que fala em adrenalina ou no sangramento para alívio do touro obviamente não entende nada de biologia, de fisiologia ou de comportamento animal; percebe apenas da sua adrenalina quando assiste a espectáculos de violência. Essa do sangramento para alívio dos humores foi uma prática médica muito em voga na Idade Média mas abandonada posteriormente.
O que está na base do movimento anti-touradas não é claramente uma questão de gostos. Os gostos não se discutem. O pior é quando os nossos gostos colidem com a vida ou a integridade física de outros. Gostar é diferente de amar ou respeitar. É por demais evidente que os pedófilos gostam crianças; mas é uma maneira de gostar que passa pela exploração dos menores e pela negação dos seus direitos. Os que vivem da indústria tauromáquica cuidam dos touros porque vivem da sua exploração; se eles não lhes trouxessem rendimento, duvido que tratassem deles em regime pro-bono. Mas fica o desafio: vamos ver quantos aficionados amam verdadeiramente a raça taurina e se dispõem a cuidar dos exemplares existentes quando acabarem as touradas. Como fazem, por exemplo, as associações de animais por este país fora, que abnegadamente se dedicam a cuidar de cães e gatos abandonados.
Outra falácia comum para fugir à discussão séria sobre ética é comparar a vida em liberdade que precede a tortura na arena à vida dos animais em criação intensiva. É claro que a criação intensiva é uma ignomínia, mas não invalida que as corridas de touros não constituam também uma ignomínia. Aqui podemos cair na questão de comparar coisas parvas como campos de concentração, por exemplo: seria melhor acabar em Auschwitz ou em Treblinka? É melhor morrer à nascença ou aos 4 anos? Com uma facada no peito ou afogado? Tudo isto são questões absolutamente laterais e cujo único objectivo é desviar a atenção de uma pergunta muito simples:
É eticamente aceitável criar um animal para o massacrar publicamente e ganhar dinheiro assim?
Se respondermos sim, abrimos a porta para as lutas de cães, de galos, e até de indivíduos que, por grande carência financeira ou mesmo falta de neurónios, se disponham a entrar num recinto e participar numa luta de morte em jeito de espectáculo. Há quem goste de ver. E se vamos pela quantidade de público a assistir, nada batia os linchamentos públicos nos pelourinhos. Mas isso também acabou; houve uma altura em que passámos a considerar isso um espectáculo incorrecto e imoral.
Vi agora que ainda há mais uns pseudo-argumentos: comparar injecções ou vacinas com as bandarilhas. Parece uma brincadeira comparar uma agulha fina com o objectivo de tratar uma doença ou evitar outra - no caso das vacinas - com a introdução de 9cm em metal grosso, cujos 3cm finais são em forma de arpão para não sair e continuar a rasgar os músculos e os ligamentos durante a lide. Das duas, três: ou está a brincar, ou não usa o raciocínio ou quer enganar os outros.
Depois vem mais uma das bandeiras frequentemente agitadas: a da extinção do touro bravo. Como muitos dos que lutam contra a existência das touradas são pro-ambientalistas, este parece ser um argumento forte. Parece, mas obviamente não é. O que os ecologistas defendem é a não interferência nos ecossistemas porque há equilíbrios frágeis cuja totalidade das varáveis são desconhecidas e as rupturas imprevisíveis. Não tem nada a ver com o touro bravo.
A extinção do touro bravo teria o mesmo impacto ambiental que a extinção do caniche. Podemos lamentá-la, claro, por razões sentimentais, mas não afectam em nada os ecossistemas. E se falamos de ambiente, as herdades onde se faz a criação extensiva de touros podiam dar lugar a montados de sobro e plantação de oliveiras. Temos um clima e um solo excelentes para a produção de azeite e cortiça e não somos autónomos na questão do azeite, o que nos traria ganhos financeiros e mais independência económica. Os toureiros, se quisessem reconverter-se, podiam ir para a apanha da azeitona com as suas calcinhas justas e a jaqueta de lantejoulas; não seria prático mas dava uma nota de cor aos campos nessa altura do ano."
Fonte:
Texto escrito por uma Amiga e publicado em 2009 no Fórum MATP - Movimento Anti-Touradas de Portugal
http://abolicionistastauromaquiaportugal.blogspot.pt/2012/08/touradas-ii.html
É um acto sangrento, bárbaro, cruel e desumano, para com um ser que não pode defender-se.
Como cidadã do mundo, sinto-me envergonhada por estes massacres de animais para entretenimento de alguns. Profundamente envergonhada.
(Fiz minhas as palavras de Cândido Coelho, um abolicionista, acérrimo defensor dos direitos dos animais humanos e não humanos)
E além de envergonhada, sinto-me esmagada na minha sensibilidade, mas o que vejo nesta imagem, é-me indiferente, porque ali não vejo um ser humano. Vejo um monstro a ser agredido por um animal não humano, que tem todo o direito e legitimidade para se defender do seu carrasco.
Como qualquer um de nós o faria.
Fonte:
Sei que o meu País atravessa um momento difícil, onde o caos se instalou a todos os níveis, devido à incompetência dos governantes.
Sei que somos desgovernados por corruptos.
Sei que somos roubados descaradamente.
Sei que somos vilipendiados nos nossos mais básicos direitos.
Sei que os “políticos” que temos são surdos aos apelos que fazemos.
Sei que entre o povo que se faz de vítima, estão os principais cúmplices e culpados da situação caótica que o nosso País vive.
Sei que os governantes não gostam de um povo que pensa, por isso promove a incultura.
Sei que os governantes gostam de um povo submisso, daí não investirem no Ensino, na Educação e na Cultura.
Sei que o nosso País precisa de uma Revolução séria, que derrube esses corruptos.
Sei que uma minoria inculta manipula descaradamente a maioria parlamentar que despudoradamente se deixa manipular.
Sei que essa maioria parlamentar não merece consideração, porque não se dá ao respeito.
Sei que a política praticada em Portugal, desde Lisboa aos municípios (com raríssimas excepções) é suja, é podre, é antiquada, é madrasta, é coisa para deitar ao lixo.
Sei que da política e dos políticos fiquei farta, fartíssima, depois de tantos anos a lidar com eles, e conhecer-lhes, por dentro e por fora, as manhas e artimanhas.
Por isso, um dia decidi emprestar a minha voz aos que não têm voz, e entrei numa “guerra” de muitas batalhas, e nela, desde então, continuo firmemente de pé, com as palavras em riste (a minha arma) apontadas para os inimigos dos que decidi defender, apesar das ameaças de morte, apesar das dificuldades, apesar dos obstáculos, apesar do processo judicial que me foi movido…
Sei que a tourada está oficiosamente abolida.
Está acabada. A cair de podre. De velha. Ultrapassada. Desactualizada. Marginalizada. Morta.
Mas falta enterrá-la debaixo de uma lei oficial.
E para tal, os Touros e os Cavalos precisam de todas as vozes.
Não haverá muito mais para dizer. Já foi tudo dito, tudo esmiuçado, tudo mencionado ao pormenor.
Só não aprendeu sobre tauromaquia, quem optou por ficar ignorante.
Mas há algo que ainda é necessário fazer: derrubar as mentes velhas, encerrar as escolas de toureio, desmoralizar os aficionados, marginalizar os sádicos, boicotar os apoiantes, desfazer o nó entre os governantes e os tauricidas, enfim, fechar o cerco a esta minoria sanguinária que anda por aí, em bicos de pés, a tentar segurar um cadáver.
Travamos a batalha final.
É urgente que todas as vozes abolicionistas se ergam para esmagar os últimos “olés” que ainda se ouvem por aí…
Venceremos, amigos Touros. Venceremos!
Isabel A. Ferreira
Recebi esta carta, hoje, e é com emoção que a publico, porque além de ser aberta, contém matéria de interesse público, a favor dos meus amados Touros e Cavalos.
Obrigada, Dr. Vasco Reis, e bem-haja por ser como é.
Isabel A. Ferreira
Aljezur, 13 de Janeiro de 2014.
Cara Isabel,
Tenho acompanhado a sua dedicada, generosa, corajosa, persistente acção em defesa do ambiente, dos animais e das pessoas, o que reconheço e agradeço profundamente.
A obra é muito extensa, mas vou modestamente lembrar a sua intervenção quando alerta para uma iniciativa com o intuito de aliciar jovens para a tauromaquia, o que está a acontecer numa escola de Alter do Chão.
Esta iniciativa é protagonizada por um professor e seus apoiantes, entre os quais estão os pais de alunos.
O professor responsável, atingido pelo alerta da Isabel, não se conformou com a denúncia desta iniciativa destinada a criar futuros adeptos e artistas tauromáquicos e fez queixa contra si.
Por isso vai a Isabel responder perante autoridades neste dia 13 de Janeiro.
A tauromaquia é uma actividade extremamente cruel para os animais; degradante para os próprios aficionados, artistas, lobistas; extremamente prejudicial para o prestígio do país; deturpador de mentalidades juvenis; profundamente confrangedora para pessoas conscientes e compassivas.
Não deve, portanto, ser matéria didáctica.
Não obstante, tauromáquicos estão a aproveitar-se da persuasão sobre estes jovens, perante a indiferença ou com a conivência de pais, professores, escolas, institutos de juventude, ministérios, Misericórdias, igrejas, políticos, grande parte da sociedade.
Como a sabedoria tradicional ensina, “DE PEQUENINO SE TORCE O PEPINO”, para o bem e para o mal.
A Isabel é só uma das muitas pessoas que protestou contra esta perniciosa, escandalosa iniciativa.
Creio que não vai ter grandes dificuldades em justificar a sua atitude, feita no melhor interesse do país e das suas pessoas, nomeadamente dos seus jovens.
A propósito: há que fazer, desta vez para atingir o bem, algo paralelo ao que os tauromáquicos estão a fazer em escolas para levarem jovens para o mal.
Um ponto fundamental e urgente da estratégia abolicionista é, que os respeitadores da Terra, da Vida, da Paz, da Tranquilidade, da Ética, da Compaixão se organizem e contribuam para a educação da juventude no sentido do respeito pelo ambiente e pelos seus seres vivos, vegetais e animais, humanos e não-humanos.
Que se apresente e difunda a força dos argumentos do senso comum e da ciência com os meios do contacto directo, do exemplo, da comunicação social, da solidariedade e em texto, palestra, vídeo.
Que se produza bom material didáctico e se ponha à disposição de professores e escolas.
Além de ser uma acção positiva e libertadora para os animais não-humanos, também o é para a sociedade humana.
Os animais juvenis, não-humanos e humanos, são receptivos a experiências que os impressionam e marcam para a vida, de uma maneira geral de maneira tão mais forte, quanto mais precocemente elas acontecem. É mais uma semelhança entre as espécies animais não-humanas e a humana, além do esquema anatómico, a fisiologia, a neurologia, a emotividade, a consciência do que se passa à sua volta, a capacidade de experimentar empatia ou desconfiança, medo, prazer, dor, etc. Animais juvenis aprendem com os progenitores e, por exemplo, a confiar nos humanos, se têm cedo um contacto agradável com gente.
Já agora, deixo-lhe a minha opinião a propósito de activismo e de estratégias.
O filósofo Arthur Schopenhauer afirmou que:
“O Homem faz da Terra um inferno para os animais”
e
“A compaixão universal é a base de toda a moral”.
Penso que concordamos com isso!
Acho que a Isabel é muito ciente da susceptibilidade dos animais e da terrível exploração e do sofrimento de que são alvo e vítimas.
Isso confrange-a, indigna-a, revolta-a. Sofre solidariamente de uma maneira terrível. Faz o possível por alertar para isso, para explicar o porquê da crueldade e, obviamente por ser ciente, professora, sincera, faz o possível por comunicar conhecimento.
Não poupa críticas aos que vitimam os animais e que as merecem.
Não teme represálias iníquas e vai aguentando críticas de outros abolicionistas motivados por outras estratégias.
É um impulso/estratégia seu que obriga à reflexão e à compreensão das pessoas, a que se deve seguir uma opinião e opção de quem a escuta ou lê. Estou certo que assim ajudou a abrir e informou a consciência de muitas pessoas para a preocupação com os animais e para o activismo na sua protecção.
Não compartilho da afirmação feita dogma de que atitudes como a sua vão afugentar ignorantes, distraídos e indiferentes. Antes pelo contrário, acho que vão fazê-los pensar e compreender.
Não é silenciando ou adoçando a pílula da crueldade que se acordam consciências.
Há muitas estratégias para a luta abolicionista.
Todas elas podem ser úteis, até as que se interessam mais pelo politicamente correcto, pelos contactos velados, pelo secretismo, por oposição a manifestações, por não se ser reactivo.
Mais me parece um distanciamento no sentimento e na preocupação pelo atroz sofrimento dos touros, dos cavalos e das pessoas que sofrem na sua consciência solidária pelas vítimas da tauromaquia.
Creio que elas se complementam e, no seu conjunto e solidariedade, fortalecem a luta.
Penso que nenhuma tem o direito de monopolizar a luta, de se considerar a única positiva e de criticar as outras.
Parece haver, por vezes mais cerimónia e respeito pelo adversário do outro lado da luta, do que pelos que lutam deste lado.
Penso que isso leva a divisionismos, frustrações, perdas de energia e de tempo e a deserções.
Eu próprio, se este clima prossegue, sou capaz de deixar o contacto com tais “activistas” supercríticos, que certamente não vão sentir a minha falta.
Tenho-me dedicado a esta luta por não saber de colegas da profissão que estejam disponíveis.
Quem me dera poder retirar-me da luta, já que vou a caminho dos 76 anos de idade!
Um abraço de toda a solidariedade e de enorme admiração.
Vasco Reis
***
Touro, Cavalo, Homem.
Nas três espécies:
O desenvolvimento embrionário é idêntico nas primeiras fases e pouco diverge nas fases seguintes, além de aspectos morfológicos e de alguns órgãos não essenciais.
Pode verificar-se que o esquema anatómico (aparelhos e sistemas) é comum; fisiologia e neurologia são idênticas.
A semelhança de sistema nervoso (centros nervosos, nervos) é flagrante.
A partir de encéfalos (central onde se processa o sentir, o pensar, o compreender, o decidir, o reagir) com estruturas correspondentes nas três espécies, é de se esperar que senciência/sentidos, emoções, consciência, sentimentos, estados de disposição, reacções sejam muito semelhantes nas três.
Os vários comportamentos confirmam isso mesmo, implicando semelhanças de necessidades (ar, alimento, água, movimento, espaço, liberdade); de sentidos; de consciência do que se passa à volta; de inteligência; de sentimentos; de emoções; de humores; de reacções a agressão, dor, ferimento, susto, prisão, cio; de confiança e desconfiança; de amizade; de sentido de guarda e de protecção; de ligação sentimental maternal, filial, paternal, fraternal, de grupo; de gosto por carícia, por desafio, por provocação, por brincadeira, etc.
Agressão a um touro ou a um cavalo - seres sencientes - é causadora de sofrimento, não muito diverso do que sofreria um ser humano em circunstâncias análogas.
Sofrimento físico (dor) é fundamental para compelir o ser a defender-se, a afastar-se do agente causador e a procurar segurança e alívio. A dor é assim fundamental e imprescindível para a defesa e a sobrevivência do ser e da espécie.
Não é reacção que se ponha de lado com mais ou menos excitação ou com mais ou menos hormonas (ao contrário do que Illera pretende na sua pseudo ciência).
As plantas são seres desprovidos de sistema nervoso e, portanto, não podem sentir dor, não têm consciência, não podem reagir rapidamente, não podem fugir. Não sofrem!
Vasco Reis, médico-veterinário
Aljezur, 13 de Janeiro de 2014.
Brevemente os nossos belos Touros viverão assim... pacificamente, em liberdade, sem carrascos a atormentá-los...
O texto que se segue é uma adaptação do texto original, que estava escrito no “futuro” e eu passei-o para o passado, porque o acontecimento já foi consumado. De resto está inviolado e de acordo com o que penso.
Os sublinhados são meus.
«Contributos para uma reflexão»
Por RUI SILVA
«A ilegalidade que aconteceu no passado domingo em Viana do Castelo com a realização de uma tourada na Freguesia da Areosa em terrenos ecológica e agricolamente protegidos como reserva natural, (REN e RAN), contra a decisão do Município que a proibiu e que definiu Viana do Castelo no início de 2009 como cidade Anti-touradas, e sem sequer serem consultadas as entidades que superintendem estes espaços protegidos (a CCDR-N e a Entidade Regional da Reserva Agrícola Nacional) deve merecer da parte de todos os abolicionistas da tauromaquia uma reflexão profunda e madura sobre se estamos perante mais uma derrota neste percurso para a abolição das touradas em Portugal e no mundo, ou se pelo contrário estamos perante mais uma vitória a juntar a tantas outras que se somam quase diariamente por esse mundo fora.
Como tenho estado muito perto e por dentro dos desenvolvimentos de todo este processo desde que o Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga decretou que autoriza a Prótoiro a montar o recinto nos terrenos da Areosa, gostava de partilhar algumas reflexões com todos vós.
Em primeiro lugar é muito significativo que o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Eng.º José Maria Costa, logo a quando o pedido de licenciamento da corrida de touros o tenha indeferido liminarmente e afirmado que Viana do Castelo é desde Fevereiro de 2009 uma Cidade Anti-touradas e que portanto este tipo de espectáculos não é autorizado na cidade.
Surpreendentemente, o Juiz do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga, considerando a tourada uma manifestação cultural idêntica à música e ao teatro, e de que ninguém pode ser privado, decretou que se autorize a instalação do recinto nos terrenos ecologicamente protegidos solicitados pela Prótoiro, na Freguesia da Areosa.
A partir daqui a Prótoiro entendeu que tinha realmente feito uma grande conquista e embandeirou em arco esta possibilidade. E aí estiveram eles no domingo a massacrar mais meia dúzia de bichos inocentes para gáudio de uns quantos adeptos da violência e do sangue.
Os abolicionistas, profundamente revoltados perante este acto, primeiro porque é completamente ilegal, segundo porque é uma afronta à vontade da população e da edilidade, terceiro porque surge como resultado de manobras com contornos extremamente esquisitos e estranhos, quarto porque faz parte da natureza intrínseca da sua consciência rejeitarem o sofrimento alheio seja ele qual for, mas pior ainda quando exercido sobre seres inocentes, acossados, num jogo injusto de onde saem sempre derrotados, decidiram convocar diversos protestos a horas diferentes, em locais diferentes de Viana e com motes diferentes.
Bem hajam!
Mas a pergunta fundamental é esta “Estamos perante uma derrota da causa, um passo atrás no processo abolicionista em Portugal, com esta tourada numa cidade onde desde 2008 não havia nenhuma? Ou poderá este processo ser considerado uma mais vitória a juntar às que quase diariamente se registam por esse mundo fora, como dizia acima?”
Antes de mais, refira-se que nestes protestos stiveram presentes juntamente com os abolicionistas, o actual Presidente da Câmara de Viana do Castelo, Eng.º José Maria Costa, no Jardim da Marina, bem como o seu antecessor e autor da declaração de Viana como Cidade Anti-Touradas, Dr. Defensor Moura. Isto é extremamente significativo e confirma a postura e a declaração feita em 2009 pelo autarca de então: Viana do Castelo é e continuará a ser uma cidade Anti-Touradas apesar da tourada de domingo na Areosa, a qual deve ser entendida como um acto isolado e descabido.
Não há dúvidas que com todo este processo Viana se afirmou ainda com mais força como Cidade Anti-Touradas no país e no mundo, e isto constitui uma grande vitória para esta causa.
A única cidade que até há pouco tínhamos como bandeira da causa abolicionista em Portugal está agora mais forte que nunca na sua posição e irá tomar todas as medidas para que um acto como este nunca mais volte a acontecer dentro do perímetro do concelho de Viana.
A juntar a esta, outra grande vitória é o facto de que antes tínhamos um autarca abolicionista convicto, o Dr. Defensor Moura, e agora duplicámos o número e temos dois, pois todos temos até ficado agradavelmente surpreendidos com as diversas declarações de grande convicção feitas pelo Eng.º José Maria Costa ao longo da passada semana sobre a sua (e de Viana) oposição à tauromaquia.
E não só afirmou a posição de Viana, que era orgulhosamente a única cidade anti-touradas em Portugal até há pouco, como agora o Senhor Presidente da Câmara de Viana fez a proposta de que seja criada uma Associação de Municípios Anti-touradas em Portugal que englobe todos os municípios que não se revém nesta prática caduca, e que querem abraçar o progresso civilizacional que está a acontecer por esse mundo fora e no nosso país também.
Além disso, com todo este processo, e pelos melhores motivos, Viana do Castelo está neste momento nas bocas do mundo e a Autarquia recebeu diariamente centenas de cartas de apoio e de felicitações vindas do mundo inteiro pela sua firme convicção de ser e permanecer uma cidade anti-touradas.
Por outro lado, a cobertura mediática que esta causa teve ao longo da passada semana foi enorme, e isso tem um valor imenso e deve ser também registado como um facto altamente positivo para a causa abolicionista.
E com toda essa cobertura mediática, e com tudo o que se tem falado e escrito sobre Viana do Castelo, sem dúvida que o número de pessoas sensíveis ao quão nefastas são as touradas aumentou significativamente ao longo deste dias e nos dias que se vão seguir com todo este processo de Viana do Castelo. Ou seja, o número de abolicionistas é agora muito maior com este processo da tourada este domingo em Viana do Castelo.
Por outro lado ainda, e este facto é da maior importância, gerou-se entre os abolicionistas e as diversas organizações que lutam por esta causa um forte espírito de união e de conjugação de esforços que é notável e que deve ser nutrido e fortalecido por todos.
Sem dúvida que esta lista de aspectos positivos resultantes deste processo de Viana podia ainda continuar por aqui abaixo com muitíssimas mais coisas que já conquistámos ao longo destes dias e que jamais retrocederão no processo de evolução civilizacional em que Portugal está também envolvido.
Mas ainda assim, e apesar de todos estes pontos altamente positivos e vitoriosos para a causa abolicionista poderíamos dizer.
Sim, mas a tourada fez-se à mesma. Seis touros foram massacrados, cavalos sofreram, e mais uma vez Viana teve uma tourada depois de não haver nenhuma desde 2008.
Sim, sem dúvida. Isso aconteceu.
E isso não é mau? Pode perguntar-se.
Sim, claro que é, e a mim dói-me profundamente que estes animais tivessem sido brutalizados no Domingo passado, na Areosa e que houvesse conterrâneos meus que aplaudiram essa brutalização. Isso é gravíssimo e muito triste.
Mas ainda assim acho que devemos ter uma perspectiva de longo prazo.
Estamos todos a lutar pacificamente numa guerra difícil e complexa em que por vezes se perdem batalhas e por vezes se tem de recuar.
Barrancos, aqui há uns anos, foi também uma batalha perdida. E que longa batalha foi a de Barrancos, ao longo de todos aqueles anos!
Mas neste momento estou absolutamente convicto de que a nossa causa e todos nós saímos muito mais fortes e coesos, e que se estão a dar passos muito sólidos e significativos para a inevitável vitória que será a abolição de todas as touradas no nosso país.
Temos no entanto ainda um grande desafio pela frente. E acho que deve ser essa a nossa principal preocupação neste momento.
Temos de continuar a unir a nossa causa abolicionista. Temos de nos unir cada vez mais em redor do nosso objectivo comum, pois só assim teremos a força para acabar com a tauromaquia neste país.
Quanto mais sentirmos que estamos todos no mesmo barco, que queremos todos os mesmos objectivos; e quanto mais unidos e solidários formos uns com os outros em todos os momentos, mais fortes seremos e mais longe podemos chegar na promoção dos nossos ideais.
Haverá diferenças e divergências de opinião? Sim sem dúvida.
Isso é extremamente saudável e deve ser bem-vindo.
Com maturidade e abertura devemos saber acolher as diferenças de forma, de estilo, de preferências, de prioridades, etc., pois temos algo muito forte que nos une; algo único que nos distingue e identifica, e algo que nos deve orgulhar a todos e a todas que é o de queremos ver o fim do sofrimento animal no nosso país e de que os animais possam também ter o direito a viver uma existência livre de sofrimento e maus-tratos de acordo com a sua natureza.
Este é um valor muito nobre, muito belo e deve ser altamente aplaudido e enaltecido por todos e por todas.
Bem hajam abolicionistas!
Rui Silva»
***
OBVIAMENTE QUE O QUE SE PASSOU EM VIANA DO CASTELO CONSTITUIU UMA GRANDE VITÓRIA PARA A CAUSA ABOLICIONISTA PELOS SEGUINTES MOTIVOS:
PRIMEIRO: A ARENA DE VIANA DO CASTELO ENCHEU-SE À CUSTA DE GENTE "COMPRADA" PARA LÁ IR. MUITOS BILHETES OFERECIDOS. MUITAS CAMIONETAS CHEIAS DE GENTE VINDAS DE MUITOS LUGARES. GENTE ALICIADA PARA ALI ESTAR. MUITA GENTE? SIM. MAS NÃO OS VIANENSES! ISTO É VITÓRIA? NÃOOOOOO! OBVIAMENTE. ISTO É UMA GRANDE DERROTA DA PRÓTOIRO. SÓ CONSEGUIU ENCHER A ARENA “À FORÇA” DE PERDER DINHEIRO.
SEGUNDO: COM ISTO, A CAUSA ABOLICIONISTA SAIU MAIS REFORÇADA. COM MAIS ADEPTOS. O MUNDO FICOU A SABER QUÃO PODRE É O SUBMUNDO DA TAUROMAQUIA.
TERCEIRO: A PRÓTOIRO PERDEU O POUCO PRESTÍGIO QUE JÁ TINHA.
QUARTO: O TRIBUNAL ADMINISTRATIVO DE BRAGA ENVERGONHOU A JUSTIÇA PORTUGUESA, AO CONSENTIR QUE A ARENA FOSSE ERGUIDA, CONSIDERANDO QUE ESTAVA EM CAUSA UM “DIREITO CULTURAL”.
ESQUECEU-SE O MAGISTRADO QUE A TORTURA DE SERES VIVOS PARA DIVERSÃO DE SÁDICOS NÃO É CULTURA. E É LAMENTÁVEL QUE NÃO SAIBA DISTINGUIR CULTURA DE "COLTURA"...
VAMOS NO BOM CAMINHO.
A ABOLIÇÃO DA TOURADA EM PORTUGAL ACABA DE TER UMA GRANDE VITÓRIA.