Comentários:
De Maria João Lopes Gaspar Oliveira a 1 de Março de 2017 às 20:18
Enviei este e-mail para os endereços electrónicos que a Isabel indicou:

Exmo(s) Senhor(es) :

A Queima das Fitas vai-se aproximando, e a minha angústia cresce à medida que o tempo passa. Mal posso acreditar que a garraiada (nem os bebés escapam à exploração e sofrimento físico e psicológico...) ainda se mantenha na "Cidade do Conhecimento", até porque a CULTURA é incompatível com a tortura.

Os bezerrinhos são animais dotados de sistema nervoso e de cérebro, logo seres sencientes. E as pessoas divertem-se, em pleno século XXI, com o sofrimento de um animal bebé assustado, perante a força física de jovens estudantes que ainda não se recusaram a praticar este acto cruel.

Sem a ética da compaixão, não é possível um mundo melhor. Interiorizar o sofrimento alheio é um grande passo em frente. Custa muito, confesso, mas... quando amamos, verdadeiramente, os animais, o nosso sofrimento é também inevitável, e não podemos, de modo algum, ficar de braços cruzados.

É urgente também uma revisão do conceito de tradição (se não evoluirmos, as nossas práticas continuarão a ser medievalescas...) e de arte, porque esta tem um papel humanizante e civilizador, pelo que não pode ser compatível com a tortura.

Além disso, há ainda o preconceito do especismo, que leva o homem a pensar que é um animal "superior", e que, por isso, os outros animais são objectos descartáveis ao serviço dos seus interesses, sofram o que sofrerem com isso. Com razão, Gandhi afirmou que o nível de civilização de um povo se pode avaliar pela maneira como os animais são tratados.

Por conseguinte, peço encarecidamente, a V. Exa(s)., o cancelamento definitivo da garraiada da Queima das Fitas. Anular um "espectáculo" que vai provocar a tortura de um ser senciente e indefeso, só dignifica quem teve a coragem de o fazer.

Convicta de que não solto um grito no deserto, mas sim um apelo bem ouvido e compreendido, envio os meus melhores cumprimentos.



Maria João Lopes Gaspar de Oliveira -

-COIMBRA






De Isabel A. Ferreira a 2 de Março de 2017 às 10:09
Excelente Maria João.
Vou aproveitar este seu comentário tão lúcido, e publicá-lo com destaque no Blogue.

Está uma obra-prima.
Muito obrigada.
Desta vez, Coimbra ver-se-á livre desta nódoa medievalesca.
Esperemos que a racionalidade vença a bestialidade.

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