Quarta-feira, 16 de Janeiro de 2019

Programa da Cristina - André Silva (PAN) vs. Rui Salvador (toureiro) – Mais um passo em direcção à abolição

 

O programa foi muito bem conduzido pela Cristina. Nota 10.

André Silva esteve politicamente correcto. Nota 10.

O toureiro Rui Salvador apresentou as falácias habituais, em que a tauromaquia assenta, desde que foi introduzida em Portugal, pelos monarcas espanhóis, a partir de 1580. Perdeu o debate e só enterrou a tauromaquia, mais do que ela já estava enterrada. Nota ZERO.

 

CRISTINA 50210410_1165010376981654_423448695810713

Origem da imagem:

https://www.facebook.com/o.programa.da.cristina.na.sic/photos/a.1143061482509877/1165010373648321/?type=3&theater

 

Mais um passo foi dado em direcção à abolição desta prática, assente em muitas mentiras, já bastamente desmascaradas pela Ciência.

 

Confesso que cheguei a ter dó do toureiro que, desesperadamente, tentou defender a sua querida "dama", mas não convenceu: cada sentença, cada machadada.

 

Dizer-lhe que a tauromaquia vai acabar, como acabaram outras práticas desumanas, teve um impacto tão destruidor na mente deste toureiro, como se lhe dissessem que os pais que ele conhece desde que nasceu e que ama profundamente, afinal, não são os seus pais verdadeiros. E isto custa a ouvir. E o desespero ficou bem patente no semblante de Rui Salvador.

 

André Silva baseou-se em factos comprovados pela Ciência, em estatísticas da IGAC, e em suportes humanísticos vistos à luz dos valores éticos do Século XXI depois de Cristo.

 

Os Touros - que não são mais do que mansos bovinos, torturados para serem “bravos”, ou seja, para se defenderem das sevícias provocadas pelos seus carrascos - seres sencientes, são retirados do seu habitat para serem cruelmente massacrados, rasgados, sangrados, humilhados, o que lhes provoca um sofrimento físico e psicológico atroz, antes, durante e depois da lide, acabando por morrer lentamente, sem os mínimos cuidados paliativos.

 

Dizem as estatísticas da IGAC que não só o número de touradas diminuiu consideravelmente nestes últimos anos, como também o número de espectadores, cada vez menos interessados em “espectáculos” bárbaros.

 

Esta será uma herança cultural (se é que a tortura é algo cultural) já ultrapassada pela evolução.

 

Rui Salvador, que frisou já ter recebido das mãos de António Costa (actual primeiro-ministro de Portugal) uma medalha de mérito (ficámos sem saber se foi pelo mérito de serviços prestados ao país ou ao bem-estar animal) disse que toureia há 44 anos, ou seja, tortura Touros há 44 anos, criou-se numa família apaixonada pelos animais, sobretudo Cavalos (sabemos que existem paixões doentias que retiram prazer fazendo sofrer o alvo da sua paixão, neste caso os Cavalos e os Touros), e disse que é com paixão que lida um Touro, que é o mesmo que dizer que é com paixão que tortura um Touro.

 

E o resto foi mais do mesmo. Mentiras, mentiras e mais mentiras, que reperidas ao longo dos séculos revestiram-se de verdade..

 

Fazem touradas para preservarem os Touros bravos, como se os Touros bravos existissem na Natureza! Santa ignorância!Os ditos Touros "bravos" são produto de uma selecção de bezerrinhos retirados às mães-vacas para, desde bebés, sofrerem as mais horríveis sevícias: os que aguentam, serão os tais Touros "bravos". Os outros são abandonados à pouca sorte de terem nascido. Quando as touradas acabarem, os bezerrinhos continuarão a nascer, e serão deixados em paz, junto das suas progenitoras.

 

“Produzir” seres vivos, para viverem durante apenas quatro anos (quando poderiam viver de 18 a 22 anos) uma vida mais ou menos, para depois acabarem numa arena e serem torturados cruelmente, é coisa de mentes deformadas. Também está comprovado pela Ciência.

 

Ficou comprovado que o toureiro Rui Salvador vive numa bolha onde a ilusão tem uma dimensão de mundo. Ele acha que os aficionados são meio milhão, negando as estatísticas; ele acha que a tortura de Touros e Cavalos faz parte do Património Cultural Português, desconhecendo que tal prática não passa de um costume bárbaro herdado dos bárbaros espanhóis; ele também acha grandiosa e coisa única no mundo, a actuação dos cobardes forcados que, no final da lide, vão para a arena atacar um Touro já moribundo e a sangrar abundantemente e em grande sofrimento; ele diz que em Portugal não se matam Touros nas arenas, esquecendo-se de Barrancos (acto legal, mas cruel) e de Monsaraz (acto ilegal, cruel e consentido pelas autoridades); ele diz que todos os bovinos nascem para morrer, esquecendo-se de que esse é o destino de todos os seres vivos, incluindo ele próprio, e que entre o nascer e o morrer há uma VIDA a preservar; ele também acha que as touradas não vão acabar nunca, quando já estão a acabar, nos outros sete países, em processo de evolução.

 

Senhor Rui Salvador, obrigada pela sua intervenção desastrosa. Só contribuiu para apressar a abolição desta prática, que nada tem de meritosa, e está assente na mais descomunal ignorância.

 

Isabel A. Ferreira

 

A entevista completa no vídeo:

 

(Nota em 21/12/2020: a entrevista já não está disponível, porque tudo o que demonstre que a tauromaquia é tortura,  sai do ar. Por que será, se é arte, cultura e tradição, como dizem?)

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:02

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